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História Deuses lendo O Ladrão de Raios - Capítulo 17


Escrita por: ViRayza

Capítulo 24 - Capítulo 17



DEZESSETE – Vamos comprar camas d’água. 
— A ideia não foi minha. — Grover se defendeu depois de ver os olhares que os deuses e Luke estavam dando a ele.
— Mas por quê? — Poseidon perguntou, nenhum dos deuses entendeu muito bem o porquê das compras naquele momento.
Apolo começou a ler porque também estava curioso.
 A ideia foi de Annabeth. 
— Claro que foi. — Luke disse rindo. Atena revirou os olhos, mas deu um sorrisinho.
— Legal que dessa vez ele já foi jogando a culpa em outra pessoa. —Hermes comentou rindo também.
— Foi o que eu estava dizendo, foi ideia de Annabeth. — Grover disse.
Ela nos meteu no banco de trás de um táxi de Las Vegas como se realmente tivéssemos dinheiro, e disse ao motorista: - Los Angeles, por favor. O taxista mascou seu charuto e nos mediu com os olhos. - São quatrocentos e oitenta e dois quilômetros. Para isso, vocês têm de pagar adiantado. - Aceita cartão de débito de cassinos? - perguntou Annabeth. 
Atena assentiu em aprovação ao plano da filha.
— Não o culpo por desconfiar de três crianças. — Hermes deu de ombros, pensando em como seria estranho se ele estivesse na mesma situação do taxista, ele também pensaria em ser pago antes de poder sofrer um golpe.
— Annabeth foi muito esperta. — Grover disse.
Ele deu de ombros. - Alguns. Funcionam como os cartões de crédito. Preciso passar o cartão primeiro. Annabeth estendeu o cartão GranaLótus verde para ele. O motorista olhou com ar desconfiado. 
— Exatamente meu ponto. — Hermes disse. Atena revirou os olhos, ninguém respondeu, já que todos sabiam que ele estava certo, mas sentiam que todo mundo lá sabia disso e não sentiram necessidade de dizer nada.
- Passe o cartão - convidou Annabeth. Ele fez isso. O taxímetro começou a crepitar. Luzes se acenderam. Por fim, um símbolo do infinito apareceu ao lado do cifrão.
— Eu preciso de outro desse. — Grover admitiu, seria tão melhor se tivesse dinheiro infinito para ajudar a salvar a natureza.
— Eu posso dar uma passado no Hotel Lótus com você enquanto estou por aqui. — Luke disse.
— Para os dois ficarem presos lá? Esquece. — Hermes disse balançando a cabeça em negação.
 O charuto caiu da boca do motorista. Ele olhou para nós de olhos arregalados. - Em que lugar de Los Angeles... ahn... Sua Alteza? - O píer Santa Monica. - Annabeth endireitou um pouco o corpo. Dava para perceber que ela gostara daquilo de "Sua Alteza.”
Afrodite e Apolo entenderam isso, mesmo sendo muito mais que deuses superficiais que só se importam com aparências, eles ainda gostavam muito dessas coisas. Atena revirou os olhos e Ártemis estava parecendo decepcionada e acostumada ao mesmo tempo. Grover e Luke riram.
 - Leve-nos depressa, e pode ficar com o troco. Talvez ela não devesse ter dito aquilo. 
— É, eu gostaria mesmo de ter um desses cartões. — Grover comentou se lamentando.
O velocímetro do táxi não caiu nem por um instante abaixo de cento e sessenta ao longo de todo o percurso pelo deserto de Mojave.
— Pelo menos isso, vocês podem chegar lá a tempo. — Poseidon disse mesmo sabendo que eles conseguiram, não conseguia deixar de se preocupar de novo.
— Você age como se isso não tivesse acontecido e tudo tivesse dado certo. — Hades disse revirando os olhos. Poseidon ignorou ele, mas murmurou “Eu não sou o único.” Para si mesmo.
Na estrada, tivemos tempo à vontade para conversar. Contei a Annabeth e Grover sobre meu último sonho, mas, quanto mais tentava me lembrar, mais imprecisos foram ficando os detalhes. O Cassino Lótus parecia ter causado um curto-circuito na minha memória. 
Hades, que conhecia bem o lugar por causa dos filhos, concordou com isso. O Cassino com certeza fazia isso com os mortais.
Eu não conseguia me lembrar de como era o som da voz do servo, embora tivesse certeza de que era de alguém que eu conhecia. O servo chamara o monstro no abismo de algum outro nome além de "meu senhor"... Algum nome ou título especial... - O Silencioso? - sugeriu Annabeth. - O Rico? Ambos são apelidos de Hades. 
Zeus e Poseidon deram risadas zombeteiras para isso, Hades revirou os olhos e olhou irônico para os irmãos.
— Vocês dois são os piores irmãos que eu tenho. — Hades afirmou. Héstia, Deméter e Hera balançaram as cabeças, mas estavam querendo rir também. Os três realmente só viviam discutindo.
- Talvez... - falei -, embora nenhum dos dois parecesse muito certo. - A sala do trono parece ser a de Hades - disse Grover. - É assim que costumam descrevê-la. Eu sacudi a cabeça. - Alguma coisa está errada. A sala do trono não era a parte principal do meu sonho. E aquela voz no abismo... Eu não sei. Simplesmente não parecia a voz de um deus. 
— E exatamente como a voz de um deus parece? — Poseidon perguntou rindo.
— Eu não sei, deve ser a mesma coisa do cheiro dos semideuses. — Luke disse dando de ombros. Grover assentiu. — Exatamente qual é o cheiro de um semideus? — O semideus quis saber.
— Depende de quem é seu pai ou mãe divino. — Grover respondeu.
— Vocês podem discutir isso depois, vamos terminar logo esse livro. — Tritão interrompeu a conversa dos dois mais novos.
Os olhos de Annabeth se arregalaram. - O que foi? - perguntei. - Ah... nada. Eu estava só... Não, tem de ser Hades. Talvez ele tenha mandado esse ladrão, essa pessoa invisível, para pegar o raio-mestre, e algo tenha dado errado... 
— Eu tenho que aceitar isso, até eu preferia que tivesse sido eu. O pai era a última coisa que queria. — Hades confessou se lembrando da volta do pai.
— E isso fez com que Gaia quisesse se vingar também. — Atena concordou pensando que Gaia realmente era superprotetora dos filhos.
Apolo franziu as sobrancelhas, sabendo muito bem o que ajudou Gaia a se levantar mais uma vez e causou as duas guerras.
- Tipo o quê? - Eu... eu não sei - disse ela. - Mas se ele roubou o símbolo do poder de Zeus do Olimpo, e os deuses o estavam caçando, quer dizer, uma porção de coisas poderia dar errado, ou ele o perdeu de algum modo. De qualquer jeito, não conseguiu levá-lo até Hades. Foi isso o que a voz disse no seu sonho, certo? O cara fracassou. Isso explicaria o que as Fúrias estavam procurando quando vieram atrás de nós no ônibus. Talvez achem que recuperamos o raio. Não sabia muito bem o que estava errado com ela. Parecia pálida. 
— Ela sabia. — Deméter percebeu.
— Essa menina sabe demais. — Dionísio disse num tom de reclamação, Atena revirou os olhos para ele.
— Claro que ela sabe. —  Atena disse ofendida.
Apolo revirou os olhos e voltou a ler.
- Mas se eu já tivesse recuperado o raio - falei -, por que estaria viajando para o Mundo Inferior? - Para ameaçar Hades - sugeriu Grover. - Para suborná-lo ou chantageá-lo para devolver sua mãe. 
Hades assentiu concordando com as palavras.
Eu assobiei. - Você tem pensamentos perversos para um bode. 
Grover e Luke estavam rindo da afirmação de Percy.
— Mas isso seria o óbvio. — Tritão disse referindo-se ao que Grover tinha dito.
— Percy não usa muito o óbvio. — Grover disse rindo nostálgico. Poseidon deu um sorrisinho para isso.
- Ora, obrigado. - Mas a coisa no abismo disse que estava esperando dois - falei. - Se o raio-mestre é um, qual é o outro? 
Hades pegou o Elmo nas mãos de novo. — Meu Elmo, como eu espero que todos tenham descoberto por agora. 
— Não é possível alguém não saber. — Atena disse, mas depois olhou para Ares com uma sobrancelha levantada.
— Eu sabia e Ares também sabia. — Luke disse. — Eu pensei que vocês soubessem, ele tinha conseguido me alcançar. 
— Eu sabia também. — Grover disse. — Eu ajudei na missão.
Grover sacudiu a cabeça, claramente perplexo. Annabeth olhava para mim como se soubesse qual seria a minha próxima pergunta e estivesse desejando silenciosamente que eu não a fizesse. - Você tem ideia do que poderia estar naquele abismo tem? 
— Sim. — Atena disse com orgulho e satisfação. Grover assentiu com ela.
- perguntei a ela. - Quer dizer, se não for Hades. - Percy... não vamos falar sobre isso. Porque se não for Hades... Não. Tem de ser Hades. A desolação passava por nós. Passamos por uma placa que dizia DIVISA DO ESTADO DA CALIFÓRNIA, VINTE QUILÔMETROS. 
— Quase lá. — Poseidon disse, sabendo que antes disso Percy iria para o mar pegar o presente que ele deixou para o filho.
Tive a sensação de que estava deixando de notar alguma informação simples e crucial. Era como quando eu olhava para uma palavra que deveria conhecer, mas ela não fazia sentido porque uma ou duas letras estavam flutuando fora do lugar. Quanto mais eu pensava sobre minha missão, mais certeza tinha de que confrontar Hades não era a verdadeira resposta. Havia algo mais acontecendo, algo ainda mais perigoso. 
— Percy realmente é bem sensitivo. — Tritão admitiu sem vontade.
— O menino realmente deve ser um bom herói. — Anfitrite concordou com o filho.
— Claro que ele é, o melhor de todos. — Poseidon afirmou, um sorriso nos lábios. Zeus e Hades reviraram os olhos enquanto os outros deuses com filhos afirmavam que os filhos eram melhores que Percy.
O problema era: estávamos disparados na direção do Mundo Inferior a cento e sessenta quilômetros por hora, apostando que Hades tinha o raio-mestre. Se chegássemos lá e descobríssemos que estávamos errados, não teríamos tempo para corrigir o erro. 
— Os três sabiam que algo estava errado, não é? — Afrodite perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Sim, mas nenhum de nós queria realmente admitir. — Grover concordou.
— Eu entendo. — Apolo disse fazendo uma cara de desgosto para o pensamento de missões e salvar o mundo sem poderes divinos. Luke e Grover levantaram uma sobrancelha para o deus, principalmente pelo tom de compreensão que ele tinha.
O prazo do solstício passaria e a guerra começaria. 
— Sem pressão. — Hermes brincou.
— Claro, a gente adora trabalhar com prazos apertados, ameaça de guerra e ainda estar errados. — Luke ironizou revirando os olhos depois de falar.
— Eu, particularmente, adoro ser atacado a cada minuto. — Grover disse usando o mesmo tom de Luke. Estava chateado que os deuses ainda não levavam essas coisas a sério. Os dois melhores amigos dele estavam no Tártaro, por eles, e Zeus nem disse nada sobre ajudá-los na guerra.
— Minha parte favorita foi morrer. — Luke disse sarcástico. Apolo voltou a ler depois dessa.
- A resposta está no Mundo Inferior - assegurou Annabeth. - Você viu os espíritos dos mortos, Percy. Só há um lugar onde isso é possível. Estamos fazendo a coisa certa. 
— Não estava errada exatamente. — Grover concordou — As nossas resposta realmente vieram de lá.
Hades franziu as sobrancelhas e depois bufou — Sim certo, chegaram me acusando e descobriram que estavam errados, depois concertaram isso.
— Então o que Grover disse foi correto. — Poseidon respondeu revirando os olhos.
Zeus concordou com Poseidon e deu um risinho debochado para o irmão mais velho.
Ela tentou levantar a nossa moral sugerindo estratégias engenhosas para entrar na Terra dos Mortos, mas meu coração não estava naquilo. O fato é que havia muitos fatores desconhecidos. Era como estudar loucamente para uma prova sem saber qual é o assunto. E, acredite-me, isso eu já fizera muitas vezes. 
Poseidon riu enquanto os dois deuses da inteligência/sabedoria reviraram os olhos.
O táxi ia a toda para oeste. Cada rajada de vento no Vale da Morte parecia um espírito dos mortos. Cada vez que os freios chiavam atrás de um caminhão de dezoito rodas, aquilo me lembrava a voz reptiliana de Equidna. 
— Ele estava ficando paranoico. — Dionísio comentou.
— Quem não ficaria? — Luke disse, ainda com o tom irônico.
— Seu moleque insolente... — Dionísio disse ameaçante, mas não fez nada realmente. Primeiro porque de Hermes segundo porque Luke já estava morto mesmo.
Ao pôr-do-sol, o táxi nos deixou na praia de Santa Monica. Era exatamente como as praias de Los Angeles que se veem nos filmes, só que o cheiro era pior. 
— É claro. — Poseidon disse um pouco aborrecido com o estado das praias e rios.
— Pelo menos ele foi sem ser obrigado dessa vez. — Grover disse tentando ser otimista.
— É, mas só porque era o pai dele. — Luke riu zombando da situação.
Ares revirou os olhos e bufou irritado, mas não disse nada.
Havia carrosséis de parque de diversão ao longo do píer, palmeiras nas calçadas, sem-teto dormindo nas dunas e surfistas esperando a onda perfeita. Grover, Annabeth e eu caminhamos até a beira-mar. - E agora? - perguntou Annabeth. 
— Agora ele entra. — Tritão completou dando de ombros.
— Foi estranho. — Grover disse lembrando de Percy simplesmente entrando na água e demorando muito mais que qualquer um poderia conseguir.
O Pacífico estava ficando dourado ao sol poente. Pensei em quanto tempo se passara desde que estivera na praia de Montauk, do outro lado do país, olhando para um mar diferente. 
— Não tanto quanto pareceu. — Poseidon deu um sorriso triste.
— Pareceu que se passaram anos. — Grover concordou e suspirou.
Apolo voltou a ler para evitar o clima triste que estava se instalando.
Como podia haver um deus capaz de controlar aquilo tudo? O que meu professor de ciências dizia - dois terços da superfície da Terra são cobertos de água? Como eu podia ser filho de alguém tão poderoso? 
Poseidon sorriu orgulhoso, mas tinha tristeza escondida nos olhos.
— Sentindo falta dele? — Anfitrite sussurrou só para o marido ouvir.
— Alguma coisa estranha aconteceu com ele, além do Tártaro. — Poseidon respondeu, sentia que Percy estava cada vez mais distante, desde antes do Tártaro na verdade.
— Ele tem que começar a acreditar que ele é mesmo muito poderoso. — Grover disse com as sobrancelhas franzidas.
Entrei na arrebentação. - Percy? - disse Annabeth. - O que está fazendo? Continuei andando, até a água chegar à minha cintura, depois ao peito. Ela gritou para mim: - Tem ideia de quanto essa água está poluída? Há todos os tipos de coisas tóxicas... Foi quando minha cabeça submergiu. 
— Foi estranho e nojento. — Grover concordou consigo mesmo.
— Não faria mal a ele. — Poseidon respondeu dando de ombros.
— Mas não tente fazer isso. — Apolo disse, seu lado de deus da cura falando mais alto o deixando agitado por causa das doenças que poderiam dar nas pessoas.
De início, prendi a respiração. É difícil inalar água de propósito. Por fim não pude mais aguentar. Inspirei. De fato, eu conseguia respirar normalmente. 
— Então é água que ele respira? — Grover perguntou curioso. Luke também parecia querer saber a resposta para isso.
Anfitrite, Poseidon e Tritão olharam para eles como se eles fossem estranhos.
— O que mais seria? — Poseidon perguntou.
— Bom, eu nunca me perguntei exatamente isso, mas poderia ser oxigênio da água. — Luke disse dando de ombros. Grover concordou com Luke.
— O O do H2— Grover brincou.
— É água sim. — Tritão respondeu aos meninos, revirando os olhos.
Desci andando até os bancos de areia. Não deveria conseguir enxergar naquelas águas escuras, mas de algum modo podia dizer onde tudo estava. Conseguia sentir a textura ondulada do fundo. Podia distinguir colônias de estrelas-do-mar pontilhando os bancos de areia. Podia até ver as correntes, quentes e frias, rodopiando juntas.
Os deuses do mar sorriram.
— Isso é mesmo legal. — Luke comentou e Grover concordou.
— Exclusivo para deuses e filhos dos deuses do mar. — Poseidon se gabou e rejeitou qualquer pedido ao mesmo tempo.
 Senti algo roçando a minha perna. Olhei para baixo e pulei para fora da água como um míssil. Deslizando ao meu lado, havia um tubarão-sombreiro de um metro e meio de comprimento. Mas ele não estava atacando, apenas esfregava o nariz em mim. Estava nos meus calcanhares como um cachorro. Vacilante, toquei sua barbatana dorsal. Ele resistiu um pouco, como se estivesse me convidando a segurar mais forte. Agarrei a barbatana com as duas mãos. Ele partiu, me puxando. O tubarão me arrastou para o fundo, para a escuridão, e me largou à beira do oceano propriamente dito, onde o banco de areia despencava em um imenso abismo. 
— Bem longe de onde estávamos então. — Grover disse. Poseidon assentiu.
Era como estar na beira do Grand Canyon à meia-noite, sem conseguir ver muita coisa mas sabendo que o vazio estava bem ali. A superfície tremeluzia a uns cinquenta metros. Eu sabia que devia ter sido esmagado pela pressão. Mas, por outro lado, o natural era que também não respirasse. Fiquei imaginando se haveria um limite até o qual eu poderia avançar, e se era possível descer direto até o fundo do Pacífico. 
— Não e sim. — Poseidon disse — Ele poderia andar por todo o mar sem se preocupar com nada.
— O chão incluído. — Tritão comentou complementando o que o pai ia dizendo.
Então vi algo reluzindo na escuridão abaixo, ficando maior e mais brilhante à medida que subia na minha direção. Uma voz de mulher, como a da minha mãe, chamou: - Percy Jackson. 
— De novo? — Hera perguntou ao irmão revirando os olhos. Poseidon sorriu inocentemente enquanto Hades e Zeus riam dele.
Quando ela chegou mais perto, sua forma ficou mais clara. Tinha cabelos pretos soltos e usava um vestido de seda verde. A luz tremeluzia a seu redor, e os olhos eram tão perturbadoramente bonitos que mal notei o cavalo-marinho do tamanho de um corcel em que ela estava montando. Ela desmontou. O cavalo-marinho e o tubarão-sombreiro se afastaram rapidamente e começaram uma brincadeira que parecia esconde-esconde. 
— Que fofo. — Afrodite disse. Héstia sorriu também, pelo menos alguém estava se dando bem, infelizmente eram só os animais.
A dama submarina sorriu para mim. - Você chegou longe, Percy Jackson. Muito bem! Eu não sabia muito bem o que fazer, então me curvei. 
Anfitrite e Tritão sorriram para isso.
- Você é a mulher que falou comigo no rio Mississipi. - Sim, criança. Eu sou uma nereida, um espírito do mar. Não foi fácil aparecer tão longe, rio acima, mas as náiades, minhas primas da água doce, ajudaram a sustentar minha força vital. Elas honram o Senhor Poseidon, embora não sirvam em sua corte. 
— Isso quer dizer que elas não estão sob seu comando? — Luke quis saber, tinha ficado um pouco confuso.
— Não, só que elas não vivem no meu reino, todas as criaturas da água estão sob um comando de algum modo, mesmo que alguns não gostem nem admitam isso. — Poseidon explicou.
- E... você serve na corte de Poseidon? Ela assentiu. - Muitos anos se passaram desde que nasceu uma criança do Deus do Mar. Nós o observamos com grande interesse. De repente me lembrei dos rostos nas ondas perto da praia de Montauk quando eu era pequeno, reflexos de mulheres sorridentes. Como com tantas coisas estranhas em minha vida, nunca havia pensado muito naquilo. - Se meu pai se interessa tanto por mim - falei -, por que não está aqui? Por que não fala comigo? 
Luke fez um som de compreensão, mas não disse nada realmente. Hermes se sentiu mal, tinha começado a conseguir fingir que nada tinha acontecido.
Uma corrente fria subiu das profundezas. 
— Ela ficou zangada. — Tritão comentou. Grover levantou uma sobrancelha.
— Por que ela ficaria? É uma boa pergunta. — Perguntou ele.
Poseidon balançou a cabeça, responderia esse tipo de coisa só para o filho.
- Não julgue o Senhor do Mar tão duramente – disse-me a nereida. - Ele está prestes a lutar em uma guerra indesejada. Tem muito com que ocupar seu tempo. Além disso, está proibido de ajudá-lo diretamente. Os deuses não podem demonstrar tal favoritismo. - Mesmo com seus próprios filhos? - Especialmente com estes. Os deuses só podem agir por influência indireta. E por isso que lhe dou um aviso, e um presente. 
— Pois é, além disso sempre que nos encontram é para mandar a gente fazer alguma coisa. — Luke murmurou para si mesmo, no Elísio ele tinha esquecido como ele ainda se ressentia dessas coisas. Grover teve que concordar com o antigo amigo.
Ela estendeu a mão aberta e três pérolas brancas brilharam. - Sei de sua jornada aos domínios de Hades - disse. - Poucos mortais já fizeram isso e sobreviveram: Orfeu, que possuía grande talento musical; Hércules, que tinha grande força; Houdini, que podia escapar até mesmo das profundezas do Tártaro. Você tem esses talentos? 
— Espero que sim. — Poseidon disse esperançoso.
— Ele e Annabeth com certeza vão sair dessa, eles sempre saem. — Grover tentou se convencer também.
- Ahn... não, senhora. - Ah, mas você tem algo mais, Percy. Possui dons que está apenas começando a descobrir. Os oráculos vaticinaram um grande e extraordinário futuro para você, desde que sobreviva até a idade adulta. Poseidon não aceitará que morra antes do tempo, portanto pegue estas pérolas, e quando estiver em apuro, esmague elas a seus pés. - O que vai acontecer? - Depende do apuro. Mas lembre: o que pertence ao mar sempre retornará ao mar. 
— Foi você que disse para ela dizer isso, não foi? — Hermes perguntou rindo junto com Zeus, Hades e Apolo. Poseidon revirou os olhos.
- E o aviso? Os olhos dela brilharam com uma luz verde. - Faça o que seu coração manda, ou perderá tudo. Hades se alimenta de dúvidas e desesperança. Ele o enganará se puder, o fará desconfiar de seu próprio julgamento. Depois que estiver nos domínios dele, Hades jamais permitirá voluntariamente que você parta. Mantenha a fé. Boa sorte, Percy Jackson. 
— E ainda assim eu sou o mais moralmente correto de todos os deuses. — Hades respondeu revirando os olhos.
— Claro que você é. — Poseidon disse irônico.
Ela chamou seu cavalo-marinho e partiu para o vazio. - Espere! - gritei. - No rio, você disse para não confiar em presentes. Que presentes? - Adeus, jovem herói - gritou ela de volta, a voz desaparecendo nas profundezas. - Você deve ouvir seu coração. - Ela se transformou em um ponto verde luminoso e depois desapareceu. 
— E eu que sou dramático. — Zeus disse revirando os olhos e depois encarando o irmão zombeteiro.
— Você é. — Poseidon respondeu e os irmãos deles tiveram que concordar.
Eu quis segui-la para as profundezas escuras. Quis ver a corte de Poseidon. 
Anfitrite e Tritão se sentiram mal por isso.
Mas ergui os olhos para o crepúsculo que se transformava em noite na superfície. Meus amigos estavam esperando. Tínhamos tão pouco tempo... Tomei impulso para cima em direção à arrebentação. Quando cheguei à praia, minhas roupas secaram instantaneamente. Contei a Grover e a Annabeth o que acontecera, e mostrei as pérolas a eles. Annabeth fez uma careta. - Nenhum presente vem sem um preço. 
— Sabiamente dito. — Atena elogiou a filha.
— Todo mundo sabe disso. — Apolo respondeu. Antes que Atena falasse mais alguma coisa ele voltou a ler.
- Elas foram de graça. - Não. - Ela sacudiu a cabeça. - "Não existe almoço grátis." É um antigo ditado grego que se aplica perfeitamente hoje em dia. Haverá um preço. Aguarde. Com esse pensamento feliz, demos as costas para o mar. 
Grover suspirou tristemente se lembrando do que Percy teve que fazer naquele dia.
Tomamos o ônibus para West Hollywood com um pouco dos trocados que sobraram na mochila de Ares. Mostrei ao motorista o recibo com o endereço do Mundo Inferior que eu pegara no Empório de Anões de Jardim da Tia Eme, mas ele nunca ouvira falar nos Estúdios de Gravação M.A.C. - Morto ao Chegar. 
— Não brinca. — Hades disse sarcástico revirando os olhos.
— Ele só tinha que ver o endereço. — Poseidon concordou.
— E parar de fazer hora. — Zeus completou.
- Você me lembra alguém que vi na tevê – falou - ator infantil, ou coisa assim? - Ahn... eu sou dublê... de uma porção de atores infantis. - Ah! Está explicado. 
— E ele melhorou milagrosamente. — Apolo disse rindo junto com Hermes e Dionísio revirou os olhos, mas achou graça também.
Agradeci e desci rapidamente na parada seguinte. Perambulamos por quilômetros à procura do M.A.C. Ninguém parecia saber onde era. Não constava da lista telefônica. 
— Não brinca? — Hades disse novamente irônico. Poseidon revirou os olhos.
Duas vezes nos esquivamos para becos, para evitar viaturas de polícia. Fiquei paralisado na frente da vitrine de uma loja de eletrodomésticos porque uma televisão mostrava uma entrevista com alguém que pareceu muito familiar - meu padrasto, Gabe Cheiroso. Ele estava falando com Barbara Walters - parecendo uma grande celebridade. Ela o entrevistava em nosso apartamento, no meio de um jogo de pôquer, e havia uma jovem loira sentada ao lado dele, afagando-lhe a mão. 
— Corajosa. — Afrodite disse com desgosto.
— Nem brinca. — Deméter disse com o mesmo tom.
Hera só suspirou revoltada.
Uma lágrima falsa brilhou na bochecha dele enquanto ele dizia: - Honestamente, sra. Walters, se não fosse aqui pela Fofinha, minha conselheira nas horas tristes, eu estaria um caco. Meu enteado levou tudo o que me era caro... Minha esposa... meu Camaro... Eu.. desculpe. Sinto dificuldade em falar sobre isso. 
— O que te era caro, hein? — Ártemis disse em um tom perigoso. Adorava caçar homens exatamente assim.
- Aí está, América. - Barbara Walters voltou-se para a câmera. - Um homem destroçado. Um menino adolescente com sérios problemas. Deixem-me mostrar agora a última foto desse problemático jovem fugitivo, tirada há uma semana em Denver. A tela cortou para uma foto granulada em que eu, Annabeth e Grover do lado de fora do restaurante Colorado estávamos falando com Ares. - Quem são as outras crianças nesta foto? - perguntou Barbara Walters com dramaticidade. - Quem é o homem que está com elas? Percy Jackson é um delinquente, um terrorista ou uma vítima da lavagem cerebral de uma nova e assustadora seita? Quando voltarmos, vamos conversar com uma renomada psicóloga infantil. Fique conosco, América. 
— Nossa vida parece mesmo uma seita. — Grover comentou, quando viu os deuses e Luke olhando para ele com sobrancelhas levantadas ele disse. — Vivendo reclusos, temos treinamentos secretos e deuses também.
Atena fechou os olhos e soltou um suspiro alto, preferindo não responder àquela besteira.
Apolo, Hermes, Ares e Dionísio, por outro lado, estavam rindo disso.
- Vamos – disse-me Grover. Ele me arrastou para longe antes que eu abrisse um buraco na vitrine da loja de eletrodomésticos com um murro. Anoiteceu, e personagens de aparência esfomeada começaram a sair para as ruas para representar seus papéis. Não me entendam mal. Sou nova-iorquino. Não me assusto facilmente. 
Hades revirou os olhos e disse algumas coisas sobre nova-iorquinos.
Mas estar em Los Angeles era bem diferente de estar em Nova York. Onde eu morava tudo parecia perto. Embora fosse uma grande cidade, era possível se chegar a qualquer lugar sem se perder. O padrão das ruas e o metrô faziam sentido. Havia um critério de funcionamento das coisas. Desde que não fosse bobo, um garoto podia se sentir seguro lá. Los Angeles não era assim. Era espalhada, caótica, ficava difícil se locomover. Fazia lembrar Ares. 
Hefesto abafou uma risada enquanto Ares parecia querer fulminar o livro nas mãos de Apolo.
Para Los Angeles, não bastava ser grande; era preciso também provar-se grande sendo barulhenta, estranha e difícil de navegar. 
— Não é tão ruim assim. —— Ares disse, mais conformado dessa vez. Afrodite deu um sorrisinho para ele e Hefesto revirou os olhos e se afastou um pouco dela.
Eu não sabia como iríamos encontrar a entrada para o Mundo Inferior até o dia seguinte, o solstício de verão. Passamos por gangues, vagabundos e camelôs, que nos olhavam como se tentassem avaliar se nos atacar seria um bom negócio. 
— Não valeria porque a gente não tinha nada. — Grover riu da própria desgraça.
Quando passamos apressados pela entrada de um beco, uma voz disse no escuro: - Ei, você. Como um idiota, parei.
— Pelo menos isso ele sabe. — Grover riu, sem nenhum ofensa na voz.
 Antes que nos déssemos conta, estávamos cercados, uma gangue de garotos estava ao nosso redor. Seis ao todo - garotos brancos com roupas caras e expressão perversa. Como os garotos da Academia Yancy; moleques ricos brincando de ser malvados. Por instinto, destampei Contracorrente. Quando a espada apareceu do nada, eles recuaram, mas seu líder ou era muito estúpido ou muito valente, porque continuou avançando em minha direção com um canivete de mola. Cometi o erro de desferir um golpe. O garoto deu um grito agudo. Mas ele devia ser cem por cento mortal, porque a lâmina passou inofensiva por seu peito. 
— Que pena. — Poseidon disse, odiava que ameaçassem seus filhos. Hades e Zeus reviraram os olhos. Hera e Héstia sorriram para o carinho de pai de Poseidon, ignorando o que ele realmente disse.
Ele olhou para baixo. - Mas que... Calculei que teria mais ou menos três segundos antes que o choque dele se transformasse em raiva. - Corram! - gritei para Annabeth e Grover. Empurramos dois deles para fora do caminho e disparamos pela rua, sem saber aonde estávamos indo. Dobramos uma esquina numa curva bem fechada. - Ali! - gritou Annabeth. 
— Ah sim. — Atena percebeu que o plano aconteceria agora.
— Então na verdade a culpa foi de Percy. — Apolo disse se referindo à primeira linha do capítulo. Grover deu de ombros.
— De qualquer forma, eu só fui vítima.
Somente uma loja do quarteirão parecia aberta, as vitrines brilhando em néon. O letreiro acima da porta dizia algo como LACIÁPO ADS MASCA Á’GDUS OS SCRATO. 
— Como você conseguiu ler isso? — Dionísio perguntou a Apolo. Apolo riu e deu de ombros.
- Palácio das Camas d'Água do Crosta? - traduziu Grover. 
— Obrigado, Grover. — Teve um coro dizendo.
Não parecia o tipo de lugar onde eu entraria a não ser em uma emergência, mas sem dúvida era essa a situação. Irrompemos pelas portas, corremos para trás de uma cama d’água e nos abaixamos. Uma fração de segundo depois, a gangue de garotos passou correndo do lado de fora. - Acho que os despistamos - ofegou Grover. 
— Que bom. — Poseidon disse aliviado, ainda não queria ouvir sobre o filho sendo machucado... de novo. Atena assentiu com ele.
Uma na voz atrás de nós retumbou: - Despistaram quem? Nos três pulamos. Logo atrás, em pé, estava um cara que parecia um tiranossauro em trajes de passeio. Tinha pelo menos dois metros e tanto de altura, completamente careca. A pele era cinzenta e curtida como couro, olhos de pálpebras grossas e sorriso frio, reptiliano. Aproximava-se lentamente, mas tive a sensação de que poderia se mover depressa se precisasse. Seu traje parecia saído do Cassino Lótus. Era dos gloriosos anos 70. A camisa era de seda estampada, desabotoada até a metade do peito sem pelos. As lapelas do casaco de veludo eram largas como pistas de pouso. Eram tantas correntes de prata no pescoço que nem consegui contar. - Eu sou o Crosta - disse com um sorriso amarelo de tanto tártaro. 
— Ah. — Poseidon disse franzindo a sobrancelha sabendo o que viria a seguir, seus filhos brigando um com o outro, ele não gostava disso, mas sabia para quem tinha que torcer também.
— Foi horrível. — Grover disse se lembrando exatamente da sensação.
Resisti ao impulso de dizer, Sim, está na cara. - Desculpe a invasão - falei. - Estamos só, ahn, dando uma olhada. - Você quer dizer, se escondendo daqueles garotos mal-encarados - resmungou ele. - Eles ficam vadiando por aqui todas as noites. Entra uma porção de gente na loja, graças a eles. Digam, querem ver uma cama d'água? Eu já ia dizer “Não, obrigado” quando ele pôs uma pata enorme no meu ombro e me empurrou mais para dentro do salão da loja. 
Poseidon estava cada vez mais nervoso, não queria que Percy se machucasse, mas também não queria que seu outro filho morresse.
Havia todos os tipos de camas d'água que você possa imaginar: diferentes tipos de madeira, lençóis de padronagem variadas; queen-size, king-size, gigantescas. - Este é meu modelo de maior sucesso. - Crosta passou as mãos orgulhosamente sobre uma cama coberta com cetim preto, com lâmpadas de lava embutidas na cabeceira. O colchão vibrava, e a coisa ficava parecendo gelatina de petróleo. - Massagem de um milhão mãos - disse Crosta. - Vão em frente, experimentem. Tirem uma soneca, mandem ver. Eu não importo. Tem pouco movimento hoje. - Ahn - falei. - Não acho que... - Massagem de um milhão de mãos! - exclamou Grover, e mergulhou na cama. - Ah, gente! Isso é legal. 
— Até estragarem minha experiência. — Grover reclamou.
Poseidon suspirou pesadamente. Se Grover e Annabeth e Percy estavam aqui significava que eles tinham vencido Procusto. 
- Hummm - disse Crosta, coçando o seu queixo de couro. - Quase, quase. - Quase o quê? - perguntei. Ele olhou para Annabeth. - Faça-me um favor e experimente aquela lá, meu bem. Pode servir. Annabeth disse: - Mas o que... Ele lhe deu algumas palmadinhas tranquilizadoras no ombro e a levou para o modelo Safári Deluxe, com leões de teca entalhados na armação e um acolchoado de leopardo. Como Annabeth não quis deitar, Crosta a empurrou. - Ei! - protestou ela. 
Atena levantou uma sobrancelha, ameaçadora, não gostando de alguém querendo forçar sua filha a fazer algo que ela realmente não quer.
Crosta estalou do dedos. - Ergo! Cordas pularam das laterais da cama e envolveram Annabeth como chicotes, prendendo-a ao colchão. Grover tentou se levantar, mas cordas pularam também de sua cama de cetim preto, e o prenderam. - N-não é l-l-legal! - gritou ele, a voz vibrando com a massagem de um milhão de mãos. - N-nnada l-l-legal! O gigante olhou para Annabeth, voltou-se para mim e arreganhou um sorriso. 
— Próxima vítima. — Atena disse. Grover negou com a cabeça, não tinha sido isso que aconteceu.
- Quase. Droga. Tentei me afastar, mas a mão dele se arremessou e me agarrou pela nuca. - Opa, garoto. Não se preocupe. Vamos achar uma para você em um segundo. - Solte meus amigos. 
— Claro que ele está mais preocupado com os amigos. — Atena disse com um sorriso irônico e satisfeito.
— É automático. — Grover concordou com a deusa da sabedoria.
- Ah, certamente, eu vou. Mas vou ter de ajustá-los primeiro. - O que quer dizer? - Todas as camas têm exatamente um metro e oitenta, sabia? Seus amigos são baixinhos demais. Tenho de ajustá-los para servir nas camas. Annabeth e Grover continuaram se debatendo. - Não tolero medidas imperfeitas - resmungou Crosta. – Ergo! 
— O engraçado é que Annabeth era mais alta que Percy na época. — Grover disse.
— Era mesmo. — Luke se lembrou rindo.
Um novo conjunto de cordas pulou dos pés e da cabeceira da cama, enrolando-se nos tornozelos e axilas de Grover e Annabeth. As cordas começaram a se esticar, puxando meus amigos pelas duas extremidades. - Não se preocupe - disse Crosta para mim. - É um servicinho de estiramento. Talvez uns oito centímetros a mais nas colunas deles. Podem até sobreviver. Agora, por que não achamos uma cama de que você goste, heim? 
— Não é assim que a anatomia funciona. — Apolo teve que se interromper para dizer, revoltado com as ideias do monstro. Atena concordando veementemente com ele enquanto Poseidon revirava os olhos, mas só porque Percy não era um deles.
- Percy! - gritou Grover. Minha cabeça estava a mil. Sabia que não conseguiria dominar sozinho aquele gigante vendedor de camas d'água. Ele quebraria meu pescoço antes mesmo que eu pegasse a espada. 
— Então ele, mais uma vez, vai usar o cérebro em vez de músculos. — Atena elogiou o uso da estratégia.
- Seu nome de verdade não é Crosta, é? - perguntei. - Na certidão é Procusto - admitiu ele. - O Esticador. Lembrei-me da história: o gigante que tentara matar Teseu excesso de hospitalidade a caminho de Atenas. - Sim - disse o vendedor. - Mas quem é capaz de pronunciar Procusto? É ruim para os negócios. Agora, "Crosta' um pode dizer. - Tem razão. Soa muito bem. Os olhos dele se iluminaram. 
Atena teve que rir surpresa que Percy teve essa ideia tão rápido.
- Acha mesmo? - Ah, sem dúvida - disse eu. - E o acabamento dessas camas? Fabuloso! Ele abriu um enorme sorriso, mas os dedos não afrouxaram em meu pescoço. 
— Mas está funcionando. — Atena balançou a cabeça, ainda em surpresa e contente que Percy estava mostrando que sabedoria e inteligência eram mais importantes que força bruta.
— Não pode ser tão apressado. — Apolo concordou.
- Digo isso aos meus fregueses. Sempre. Ninguém se preocupa em examinar o acabamento. Quantas lâmpadas de lava embutidas você já viu? - Não muitas. - Claro! - Percy! - gritou Annabeth. - O que está fazendo? - Não ligue para ela - disse eu a Procusto. – Ela é impossível. 
Atena também não disse nada sobre isso, sabia que Percy estava fazendo isso para manter o foco de Procusto longe dos amigos dele.
O gigante riu. - Todos os meus fregueses são. Nunca têm um metro e oitenta exato. Muito desatencioso. E depois se queixam do ajuste. - O que você faz quando eles têm mais de um metro e oitenta? - Ora, isso acontece sempre. É um ajuste simples. Ele soltou meu pescoço, mas antes que eu pudesse reagir esticou o braço para trás de um balcão próximo e de lá tirou um enorme machado de bronze com lâmina dupla. 
— Conseguiu a confiança dele. — Apolo elogiou.
Os dois deuses mais inteligentes estavam animados com a estratégia desesperada e de última hora dos três heróis.
Ele disse: - É só centralizar o freguês o melhor possível e aparar o que estiver sobrando nas duas extremidades. - Ah - falei, engolindo em seco. - Sensato. - Estou tão satisfeito em cruzar com um freguês inteligente! Agora as cordas estavam realmente esticando meus amigos. Annabeth estava ficando pálida. Grover fazia sons gorgolejantes, como um ganso estrangulado. 
Atena e Dionísio respiraram fundo para se acalmar, tinham certeza de que não demoraria muito mais.
- Então, Crosta... - falei, tentando manter a voz despreocupada. Olhei de relance para a cama Lua-de-Mel Especial, em forma de coração. - Esta aqui tem mesmo estabilizadores dinâmicos para compensar o movimento ondulatório? - É claro. Experimente. - Sim, talvez eu experimente. Mas funcionaria também para um cara grande como você? Sem nenhuma ondulação? 
Atena riu mais uma vez. Apolo só parecia olhar com aprovação. Poseidon ainda estava dividido.
- Garantido. - Não acredito. - Pode acreditar. - Mostre. Ele sentou com vontade na cama e deu uma palmadinha no colchão. - Nenhuma ondulação. Viu? Estalei os dedos. - Ergo! 
Hera era a que estava mais orgulhosa porque Poseidon ainda estava pensativo demais.
As cordas saltaram em volta de Crosta e o achataram no colchão. - Ei! - gritou ele. - Centralizar bem - falei. As cordas se reajustaram ao meu comando. A cabeça inteira de Crosta ficou para fora da cabeceira. Os pés ficaram para fora na outra ponta. - Não! - disse ele. - Espere! É só uma demonstração. Destampei Contracorrente. 
— Sim. — Dionísio disse, depois disfarçou a preocupação quando Grover e Luke olharam para ele surpresos, principalmente Luke na verdade.
- Alguns ajustezinhos... Não tive nenhum escrúpulo quanto ao que estava prestes a fazer. Se Crosta não fosse humano, eu, de qualquer jeito, não poderia feri-lo. Se fosse um monstro, merecia ser transformado em pó por algum tempo. 
— Ele merece. — Atena concordou.
— Não só porque ele é um monstro. — Apolo disse, lembrando das visões do futuro.
- Você negocia duro – disse-me ele. - Dou-lhe trinta por cento de desconto nos modelos em exposição! - Acho que vou começar com a parte de cima. - Ergui a espada. - Sem entrada! Financiamento em seis meses sem juros! Desci a espada. Crosta parou de fazer ofertas. 
Poseidon fechou os olhos e deu um suspiro, pelo menos foi rápido, pensou.
Cortei as cordas nas outras camas. Annabeth e Grover puseram-se em pé, gemendo e se encolhendo e me xingando muito
 — Compreensivel. — Grover disse se defendendo.
— Com certeza. — Luke riu.
. - Vocês parecem mais altos - falei. 
— Abusado. — Deméter disse divertida.
— E tão engraçado. — Grover disse irônico.
Poseidon revirou os olhos e ignorou as palavras dos dois e as risadas de Luke e Hermes.
- Muito engraçado - disse Annabeth. - Da próxima vez seja mais rápido. Olhei para o quadro de avisos atrás do balcão de Crosta. Havia uma propaganda do Serviço de Entregas Hermes e outra do Guia Completo dos Monstros na Área de Los Angeles - "As únicas Páginas Amarelas Monstruosas de que você vai precisar!". 
— A gente precisava daquilo também. — Grover percebeu.
— Como ele conseguiu ler? — Luke perguntou, Grover deu de ombros.
Embaixo daquilo, um panfleto em laranja vivo dos Estúdios de Gravação M.A.C. oferecendo comissões por almas de heróis. "Estamos sempre à procura de novos talentos!" 
— Claro. — Poseidon revirou os olhos.
— Obviamente estamos sempre aceitando novatos. — Hades riu e deu de ombros.
O endereço estava logo abaixo, com um mapa. - Vamos - disse a meus amigos. - Espere só um minuto - queixou-se Grover. - Fomos praticamente esticados até a morte! - Então estão preparados para o Mundo Inferior - falei. - Fica apenas uma quadra daqui. 
 — Ele não estava tão errado assim. — Atena teve que concordar mais uma vez.
— Ele estava muito certo. — Poseidon retrucou.
Apolo estava rindo quando disse que o capítulo acabou.
— Eu vou ler o próximo. — Hermes disse e Apolo jogou o livro para ele, apesar dos protestos de Zeus para não jogar o livro por aí.
— Então a partir do próximo eu vou fazer minha aparição à qualquer momento. Que maravilha. — Hades fingiu comemorar, não querendo saber como o sobrinho o descreveu sabendo que nunca esqueceriam se fosse algo ruim ou estranho.

— Eu queria mesmo era saber qual era a cama ideal para Percy — Afrodite disse, o que fez todos olharem para ela desacreditados.



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