História Deviant Tales - Vale tudo no amor e na guerra

Vale tudo no amor e na guerra

Havia um barzinho nas proximidades da casa de Jin. Às vezes, músicos iniciantes se apresentavam em troca de bebida ou uma miserável bagatela para entreter a clientela pouco exigente.

__Seiji-kun... Quer beber alguma coisa?

Fitou Jin meio distraído, estavam debruçados no balcão.

__Não sou de beber, Jin... Meu pai tinha problemas com bebida, sempre o desprezei por isso.

__Hum?... Teu pai morreu?

__Não... Mas, eu sai de casa e não sei mais dele, não é como se eu o tivesse enterrado?

__Que sinistro, cara...__ Jin retrucou, com o cotovelo apoiado no balcão do bar.__ Se soubesse como é ruim enterrar um pai que morreu pra valer... Não ia dizer isso do seu velho.

__Desculpa, Jin... Mas, seu pai devia ser legal... Já o meu é um perdedor, talvez eu seja como ele...

__Quer saber, cara... Uma cerveja não vai te matar, nem te fazer virar um perdedor, sacou?__ Jin riu, abraçando-o pelo ombro.__Tu não é um perdedor, Seiji...

Jin conhecia o sujeito que atendia no balcão, era um morador antigo de sua rua. Pediu a ele duas latinhas de cerveja, abriu a sua puxando o lacre e pelo canto do olho viu Seiji Hiroshi encarando sua latinha sobre o balcão, as gotículas desciam frias pelo alumínio da lata e molhavam a superfície.

__Escuta, cara... Tem um telefone público bem ali no canto.__ Jin retrucou como se não quisesse nada.__ Para de se torturar, Seiji... Liga de uma vez pr‘o Raiden.

Hiroshi encarou Jin como se fosse uma sugestão inconcebível!

__Que tu tem a perder, cara?... Pelo menos resolve a situação.__ Jin deu os ombros, roubando um gole ou outro da latinha.

__Não sei... É tão tarde... E...

...E se o Raiden estiver com o Misato?

__Ah... E desde quando o Raiden dorme cedo? Se vier com outra desculpa eu parto tua cara!

Ainda não estava muito certo do que estava fazendo ao discar o número do celular, estava estremecendo por dentro, queria tanto ouvir a voz suave de Raiden...

Sentiu o celular vibrar encostado no seu pé, debaixo do edredom. Estava começando a tocar, o som abafado e o agarrou depressa, sentando na beira da cama.

__Quem é?...

__Raiden?...__ Hiroshi indagou com o coração arrítmico.

__Não... __Misato sorriu para si reconhecendo aquela voz de garoto.__ É Misato...

__O que você... Por que está com celular do Raiden?...

__Não estou apenas com o celular... Eu estou com Raiden, ora.

__Está... Com...

Hiroshi não conseguiu terminar de falar. Levou a mão ao rosto, completamente perdido... Bateu com o fone no gancho encostado perto do telefone preso a parede do bar, mal conseguindo se mover.

De seu lado da linha, Misato fechou o flip do celular com um sorriso contido e malicioso, retrucando para si mesmo:

__Garoto otário...

Foi nesse exato instante que Raiden entrou no quarto e pegou no flagra aquele sorriso malvado emoldurado no rosto de Misato.

__O que está fazendo com meu celular, Misato-san? Alguém me ligou?

Raiden estava sério e desconfiado, mesmo assim Misato não se desfez de seu sorriso.

__Era engano... O maior de todos os enganos, Raiden.

__Me dá isso, Misato.__ Raiden mandou, estendendo a mão.

Mas, Misato de repente puxou a mão estendida de Raiden e num gesto brusco o jogou na cama, se colocou sobre ele enquanto se encaravam e Raiden o segurou zangado pela blusa branca desabotoada na altura do tórax.

__Era o Seiji! Não era, Misato?!

Adorava ver Raiden enfurecido, na verdade amava todas as facetas dele, eram todas passionais e repletas de uma intensidade vívida. Por isso sorriu dessa vez apenas de uma forma suave e sedutora para ele antes de roubar-lhe um beijo e encarar mais uma vez seus olhos com profundidade.

__Que diferença faz se era aquele garoto?...__ Misato questionou com a voz cava.__ Quase fizemos sexo agora mesmo...

__Você disse isso a ele...?

Não respondeu, mas apenas a expressão em sua face parecia afirmar que tinha contado o que não devia. Raiden ficou por um momento desnorteado, mas se refez de forma súbita pegando de volta seu celular e empurrando Misato para fora da cama.

Saiu do quarto e se trancou no seu escritório, ligando para o último número que constava na bina de seu celular...