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História Devil Awake - Hallucination


Escrita por: yoongikaebjjang

Notas do Autor


Olá ~
Há quanto tempo! Eu pretendia voltar antes, mas aconteceram um monte de coisas que me impediram, portanto, peço mil desculpas!
Vou tentar ser mais rápida com o próximo capítulo. ;u;
Enfim, revisei várias vezes, e quase o reescrevi inteiro, mas espero que gostem! ❤

Boa leitura ~

Capítulo 2 - Hallucination


Raios solares atravessavam o vidro da janela, iluminando a cama onde dois homens dormiam tranquilamente enquanto cobertos parcialmente com um lençol fino, deixando a pele nua e arrepiada de seu tronco exposta à brisa suave da manhã. Kyungsoo abriu os olhos devagar, sendo desperto pela claridade, e virou-se para o lado, deparando-se com a face adormecida de Chanyeol. Ele mantinha a respiração suave enquanto abraçado a sua cintura. Kyungsoo sentiu um arrepio na pele desnuda ao notar que seus corpos se tocavam levemente fazendo-o se lembrar da noite passada no mesmo instante. Havia gostado, e muito, de tudo o que fizeram. E isso tornava tudo mil vezes mais confuso para si mesmo. Lembrou-se de como Chanyeol o havia beijado, com intensidade e devoção. Queria sentir isso novamente. Há muito tempo Luhan não o tratava com carinho.

Hesitante, tocou seus lábios com a ponta dos dedos, olhando fixamente para os mesmos, e se aproximou devagar, podendo sentir a respiração suave de Chanyeol tocando sua face. Imagens da noite passada rodeavam sua cabeça, consumindo-o por dentro, e cada célula de seu ser queria sentir todas aquelas sensações novamente.

Lentamente, juntou seus lábios aos dele, acariciando seu rosto de maneira lenta e suave. E assustou-se brevemente ao sentir o maior o envolver num abraço cheio de carícias, aprofundando o beijo de forma apaixonada. Segundos depois, Chanyeol quebrou o beijo, afastando-se o suficiente para fitar seus olhos castanhos, e esboçar um sorriso caloroso.

— Bom dia, Soo.

— Bom dia, hyung...

Kyungsoo sentiu um rubor em seu rosto. Ser pego assim, de surpresa, o havia deixado constrangido. Fechou seus olhos, sentindo as carícias do outro em seu rosto e seus lábios se juntaram uma vez mais, até que Chanyeol se levantou, puxando-o para o banheiro consigo. Ligou o chuveiro, deixando a água quente cair sobre eles, e agarrou Kyungsoo pela cintura, envolvendo-o por trás, dando leves mordidas em seu pescoço, incapaz de conter suas ações. O menor podia sentir o membro ereto do outro roçando logo abaixo de si. Chanyeol estava imerso em desejo, querendo aproveitar o máximo que podia e Soo apenas aceitava tudo de bom grado. Tudo o que mais queria era ter as mesmas sensações que sentira na noite passada.

— Channie...

Kyungsoo jogou sua cabeça para trás, quando um gemido involuntário escapou de seus lábios, encostando-se ao peito do maior, que havia se permitido explorar cada canto do corpo do moreno. Capturou seus lábios de maneira possessiva. Dentro de apenas alguns minutos, já sentiam-se ofegantes, e não aguentando mais segurar toda aquela vontade, Chanyeol encostou-o à parede, pressionando sua cintura e entrou de uma vez nele. Kyungsoo gritou, sentindo uma onda de prazer percorrer seu corpo. Queria sentir o máximo dele dentro de si, queria que Chanyeol o marcasse tão intensa e profundamente, que o fizesse esquecer de todos os pensamentos que preenchiam sua mente. Apoiou as mãos à parede, e empinou levemente seu corpo, deixando as nádegas mais à mostra. Chanyeol segurou em seu cabelo, entrelaçando os dedos aos fios escuros, e o puxou de leve para trás, enquanto o penetrava em um ritmo constante.

— Soo...

O menor iniciou um leve rebolar enquanto era penetrado, quase chegando ao seu limite. Chanyeol se moveu mais rápido, e com um gemido alto e arrastado, Kyungsoo se desmanchou, seu gozo espirrando na parede. O maior apertou sua cintura, penetrando-o com mais força, e logo se desfez também.

Ambos se sentiam ofegantes, respirando de forma descompassada. O maior saiu de dentro dele, fazendo escorrer sêmen entre suas pernas. Virou-o de frente para si e colou seu corpo junto ao dele, aproximando-se e tomando seus lábios novamente, num beijo lento e explorador. Kyungsoo sorriu em meio ao beijo, e lhe deu uma leve mordida nos lábios, sentindo seu rosto corar levemente. Tentaram prolongar esse momento ao máximo, mas sabiam que logo o guia turístico chegaria e teriam que estar prontos. Terminaram de tomar o banho, ainda se acariciando o quanto podiam, e foram para o quarto se arrumar.

Logo ouviram batidas na porta, e lá estava Zitao, o guia turístico, com um sorriso contido em sua face. Acompanharam-no por mais um tour à cidade, parando para tomar o café da manhã numa cafeteria numa grande praça movimentada e logo depois seguiram para alguns museus pequenos que haviam distribuídos ao redor da cidade.

Chanyeol estava maravilhado com tudo o que via, enquanto conversava animadamente com Zitao sobre as coisas que sabia a respeito da mitologia egípcia, feliz por finalmente alguém querer ouvi-lo sobre seus gostos.

Conversaram por horas a fio e, por fim, foram ao shopping ver a livraria, a grande paixão de Kyungsoo. Havia todo tipo de livros sobre lendas mitológicas egípcias, especulações de lendas e até conspirações, dizendo que as pirâmides abrigavam um grande mau que, se liberto, assolaria a humanidade, condenando-os à morte e a destruição do mundo. Não que Kyungsoo levasse essas coisas à sério, mas com o sonho que teve quando chegou ao Egito e de tanto Chanyeol e Zitao conversarem sobre isso, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, temendo que fosse real.

— E você conhece aquela profecia? — ouviu Chanyeol perguntar ao guia.

— Aquela sobre o escolhido libertar o mau?

— Sim, essa mesma!

— Claro, assim que a revelaram, essa profecia virou febre por aqui. Acredite se quiser, várias equipes científicas e arqueológicas já passaram nos últimos anos para investigarem essa profecia, mas desistiram com o tempo. Ninguém nunca encontra nada.

Zitao levou seus olhos à estante de livros a sua frente uma vez mais, e pegou um livro da prateleira de cima. Possuía a capa dura e vermelha, com detalhes e dourado contornando as extremidades do livro. Abriu-o, procurando uma página em especial, e quando a encontrou, o entregou ao Chanyeol, que ficou boquiaberto assim que seus olhos fixaram-se ao conteúdo daquelas páginas.

— A profecia... completa. Com imagens! — exclamou, mal conseguindo manter-se em pé de tanta felicidade. Zitao sorriu triunfante por impressioná-lo.

Kyungsoo tocou o braço de Chanyeol e se aproximou para ver o livro, estava curioso para saber o porquê de tanta euforia. E, mesmo não sendo tão fã quanto ele, ficou impressionado e assustado com o que viu.

“Não pode ser!” pensou ofegante. Se distanciou à passos lentos, e quando percebeu os olhares curiosos de Chanyeol sobre ele, tentou disfarçar. Virou-se de costas, fingindo estar interessado em um dos muitos livros que haviam ao seu alcance, e então perambulou por entre as muitas fileiras de estantes, indo parar perto de uma janela ao canto.

Engoliu em seco, encostando-se à ela, fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos enquanto tentava estabilizar sua respiração. Lembrou-se da pintura exposta no livro, sentindo o medo e a vontade insana de chorar o preenchendo.

O livro ilustrava um vasto espaço escuro e de chão pedregoso, onde enormes pregos estavam enfincados, com correntes grossas que subiam até o que aparentava ser um cubo gigante de pedra cheio de símbolos ancestrais, aparentemente desenhados com sangue. Dentre eles, havia um pentagrama invertido gigante dentro de um círculo, e um buraco no centro, que ficava bem no meio do cubo. Havia também uma escada de pedra que seguia exatamente em direção ao buraco no centro da parede, e bem aos pés dessa escada haviam duas estátuas em tamanho real de Anúbis, o Guardião dos Mortos na mitologia egípcia. O enorme cubo tinha várias fendas, das quais saíam luzes. Mas o que mais o havia assustado, fora a silhueta de um homem caminhando ao lado da corrente com uma tocha na mão. Essa era a imagem exposta no livro, e a forma desenhada de seu próprio pesadelo.

Respirou fundo, tentando acalmar-se, e virou-se em direção à janela, apoiando as mãos sobre o parapeito. Pôde avistar, ao longe das várias construções, o topo de algumas pirâmides, sentindo uma pontada em sua cabeça, uma dor muito forte, logo em seguida, fazendo-o levar os dedos às suas têmporas, massageando-as levemente numa tentativa de aliviar a dor.

Com o ato, havia fechado brevemente os olhos, e quando os abriu novamente viu no reflexo da janela um par de olhos amarelos atrás dele, o encarando de maneira intensa. Virou-se bruscamente, mas não havia nada ali, apenas o corredor vazio por onde viera. Ousou olhar novamente para as pirâmides, mas nada aconteceu dessa vez. Sentiu como se houvesse um aperto em sua garganta, mas era apenas uma lembrança de seu pesadelo, o fazendo ter falta de ar novamente.

"Foi apenas a minha imaginação..." repetiu inúmeras vezes, tentando estabilizar sua respiração acelerada. Andou novamente por entre as estantes, até chegar ao local em que Chanyeol e Zitao conversavam animados sobre a lenda. Assim que chegou ali, seu amigo olhou-o preocupado.

— Você está bem?

— Estou... Podemos ir à outro lugar? Estou cansado de livros — disse baixinho, visivelmente desconfortável.

— Tem um museu aqui perto onde vendem kits de exploração para iniciantes, e também têm muitas lembrancinhas sobre o Egito. Acho que vai ser útil pra vocês, afinal amanhã vamos explorar. — o guia sorriu de canto, olhando para Kyungsoo.

O menor sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Engoliu em seco, e concordou relutante, tentando disfarçar seu medo para não desmanchar a alegria de Chanyeol. E, ao se recompor, respondeu ao guia, olhando de canto para seu amigo que ainda estava focado no livro.

— Claro. Vai ser divertido.

 

♦♦♦

 

Kyungsoo ainda estava atormentado com aquela pintura no livro, e principalmente com aqueles olhos amarelos refletidos no vidro da janela. Perguntava-se o que estava acontecendo consigo mesmo, e pensava que talvez toda essa história de lenda estivesse mexendo muito com sua sanidade. Andava ao lado de Chanyeol que seguia conversando com Zitao. Poucos minutos depois já estavam na entrada do enorme museu.

O lugar era imenso, e seu acervo era impressionante. Chanyeol estava admirado com o tanto de pinturas modernas e antigas sobre o Egito, tapeçarias, estatuetas, papiros e até vestimentas antigas. Seus olhos pareciam brilhar de admiração ao passar por cada peça exposta no museu. E, devido à euforia dele, Kyungsoo ficou encarregado de tirar as fotos.

— Chanyeol — o guia chamou — Acho que vai gostar dessa pintura.

Kyungsoo puxou a câmera e direcionou-a para o enorme quadro exposto na parede. Arregalou os olhos, mas conteve-se. Era a mesma do livro.

— Até aqui? — disse baixinho.

— Incrível, não é? — Chanyeol respondeu com entusiasmo, olhando sorridente para Soo.

Ele apenas meneou a cabeça e andou até a próxima pintura, enquanto uma gota de suor escorria de sua testa. Sem notar, os olhos do guia o acompanhavam, interceptando cada olhar nervoso que Kyungsoo direcionava para a pintura. Quando Zitao voltou a olhar para Chanyeol, recebeu um olhar de reprovação deste.

— Nem pense nisso, ele é meu.

Zitao engasgou, contendo o riso.

— Não se preocupe. Estou interessado em outra pessoa.

Chanyeol ergueu uma sobrancelha, desconfiado, e foi ao lado do Soo, puxando-o pela cintura enquanto apontava para outro quadro na parede. Zitao ria do mal-entendido que havia se formado, pensando na ingenuidade dele. O guia só tinha olhos para uma pessoa, mas, infelizmente, essa pessoa não estava em seu alcance.

— Hyung — Kyungsoo falou baixinho, com a face ruborizada — Se continuarmos assim, vão nos olhar estranho.

Chanyeol deu um sorriso de canto, e aproximou-se dando um beijo em seu rosto. Ao se afastar, viu a face do Soo ficar ainda mais avermelhada.

— Não se preocupe com isso. Ninguém aqui parece ligar pra esse tipo de coisa.

Deu uma piscadela para ele, e andou até mais uma das muitas pinturas que haviam ali. Kyungsoo se aproximou, observando com espanto o rio retratado na pintura, com árvores e plantas em suas margens.

— Pensei que não havia rios aqui.

— Erro comum — Zitao apareceu ao seu lado — A maioria das pessoas que vêm aqui pela primeira vez pensam que só existe areia e nada mais. Há rios, lagos e plantas, assim como em outros lugares, a diferença é que há mais areia do que rios, mas ainda assim eles existem. Um exemplo disso é o rio Nilo. Conhece? — um sorriso debochado surgiu em sua face.

— Ah, sim! — disse com entusiasmo — Aquele que atravessa a cidade, o único que vi desde que cheguei aqui.

— Sinceramente, Kyungsoo! Há cinco anos nos conhecemos e não há um dia sequer que eu não fale do Egito. Eu devo ter mencionado o rio Nilo umas cem vezes.

— Sabe em que cidade estamos? — Zitao questionou, divertindo-se com os olhares preocupados que Kyungsoo lançava de um para outro.

— Egito? — perguntou baixinho.

— Cairo! Estamos no Cairo, a capital — Chanyeol riu, balançando a cabeça em negativa — Você não tem jeito mesmo. A sua sorte é que eu te amo, por isso vou deixar essa passar — pegou em sua mão, ignorando a expressão confusa ainda presente em seu rosto — Apesar de que algumas aulas de geografia e história não fariam mal algum.

Saíram da ala das pinturas, e entraram em um extenso corredor onde haviam enormes janelas laterais pelas quais a luz do entardecer adentrava o ambiente, dando um tom alaranjado à parede cheia de hieróglifos do museu, deixando o lugar ainda mais belo.

— Zitao, tira uma foto nossa?

Chanyeol perguntou de repente, pegando a câmera das mãos do Kyungsoo e entregando rapidamente ao guia. O menor tentou protestar, mas não havia argumento que o fizesse mudar de ideia. Vencido, o moreno tentou sorrir para a câmera, então, Chanyeol encostou-se à janela e puxou Kyungsoo para si, abraçando-o por trás. Surpreso, e constrangido, se encolheu no abraço dele.

— Soo, olhe para a câmera — sussurrou em seu ouvido.

Levantou os olhos em direção ao aparelho, sentindo seu peito apertar. Estava feliz, mas ao mesmo tempo não estava. Sentia-se feliz em ser amado tanto por uma pessoa. Mas também se sentia culpado. Alguma coisa dentro de si dizia que não seria capaz de retribuir esse amor, que seu coração pertencia a Luhan, mesmo ele o tendo rejeitado. Mas uma parte de si queria muito amar novamente.

Amar e ser amado.

— Vamos, sorria.

Chanyeol abraçou-o forte, apoiando sua cabeça no ombro do Soo, olhando-o enquanto sorria, encorajando-o. Kyungsoo sempre gostou desse jeito dele. Sempre quando estava deprimido, ele o alegrava. Talvez essa seja uma das coisas que o moreno mais gostava nele. Sorriu contente para Chanyeol, e encostou sua cabeça à dele, olhando para a câmera.

Assim que a foto foi tirada, o guia devolveu a câmera, e resolveram entrar na ala seguinte, a Ala dos Papiros. A sala era enorme e em formato de cubo, com uma parede atravessando em diagonal de uma extremidade à outra, e um pequeno portal em arco ao meio da parede diagonal.

— Aqui é a Ala dos Papiros, mais conhecida como Divisor de Eras. Do lado de lá da parede diagonal, pode-se dizer que é a Era da Luz, que são os papiros e registros depois da construção das pirâmides — o guia explicava — O lado de cá é chamado de Era das Trevas, onde estão os papiros e registros de antes da construção das pirâmides. Tudo o que está na parede em diagonal são os registros entre essas eras, mais conhecida como A Transição.

Kyungsoo correu os olhos pela Ala das Trevas, uma certa ansiedade o preenchia. E, enquanto Chanyeol fotografava alguns dos papiros à mostra, Kyungsoo notou um estranho detalhe, que percebeu estar em quase todos os papiros dali. Havia uma mancha pequena, sempre no canto direito, pensava que seria apenas coincidência, mas ao aproximar-se viu que era um nonagrama — uma estrela de nove pontas.

— Zitao — chamou-o — O que dizem esses papiros?

O guia olhou-o atentamente, percebendo a expressão apreensiva de Kyungsoo.

— São relatos antigos sobre uma divindade desconhecida. Foi antes da construção das pirâmides, por isso não há muito o que saber sobre isso, apenas que foi escrito no idioma antigo dos nobres egípcios — se aproximou de Kyungsoo, falando em um tom mais baixo — Mas, há quem diga que naquele tempo sombrio, uma entidade poderosa atormentava os egípcios, tanto que os obrigava a venerá-los e a construir templos para esse propósito.

Zitao andou até um quadro que havia na parede próxima de onde estavam, e apontou para o mesmo, indicando o quadro para Kyungsoo. Quase tudo no quadro pegava fogo, parecia uma grande caravana em chamas, pessoas correndo aterrorizadas, e um grupo de homens machucando um homem caído ao chão, nu e ensanguentado. Talvez fosse por causa dos tons escuros nos quais o quadro fora pintado, ou por ser perturbador demais, mas ninguém parecia realmente notar aquele quadro. Kyungsoo se espantou ao vê-lo, ficando minutos em silêncio. Zitao o olhava com atenção, percebendo suas reações se transformarem de admiração, para espanto e medo e, por fim, uma pontada de curiosidade. Ele ergueu a mão para o alto, apontando para o quadro e olhou para o guia.

— O que está escrito ali no canto direito?

O chinês arregalou minimamente os olhos e um sorriso discreto se formou em seu rosto.

— Escolhido, em latim.

— Latim? — perguntou confuso.

— O autor do quadro é um francês, e na época em que a pintura foi finalizada, o latim era a língua universal.

— Latim, onde? — Chanyeol apareceu animado e fotografou o quadro.

— Ali, no canto direito — Kyungsoo apontou.

— Não estou vendo nada — franziu as sobrancelhas, confuso.

— Aqui, olha.

Kyungsoo pegou a câmera de sua mão e procurou a foto do quadro enquanto Chanyeol apoiou o queixo em seu ombro para ter uma melhor visão do aparelho. Quando o moreno a encontrou começou a aproximar a imagem.

— Onde? — Chanyeol tentou forçar os olhos para enxergar.

— Sumiu — disse incrédulo, depois olhou para o próprio quadro pendurado à parede — Mas está bem ali!

— Vai ver o zoom da sua câmera não seja suficiente para capturar a palavra — o guia sugeriu.

— Ah, então vamos seguir em frente — Chanyeol andou animado para a Ala da Luz.

O guia o seguiu, mas o suficiente para manter os olhos em Kyungsoo, que ao olhar para a câmera, e depois para o quadro, pensou em fotografá-lo ele mesmo. Ao erguer a câmera e dar o zoom, pôde ver os detalhes mais de perto, os rostos aterrorizados das pessoas correndo, o brilho sádico no olhar dos homens espancando o homem caído e indefeso. Mas ao chegar ao lado direito, não havia nada. "Se consegue captar todos esses detalhes, como é que não consegue captar uma única palavra?!" pensou irritado. Abaixou a câmera, e olhou para o quadro, vendo a palavra novamente.

Um toque em seu ombro o fez despertar de seus pensamentos, mas, estranhamente, quando virou-se para trás não havia ninguém; parecia estar completamente sozinho naquele espaço. Voltou o olhar para a pintura, deu zoom e passou lentamente pelo quadro, intrigado. Em meio às chamas da pintura pôde ver um homem de joelhos, com um dos braços esticados em direção ao homem ensanguentado e jogado ao chão, ele estava quase desaparecendo, como se o próprio autor quisesse escondê-lo.

— Soo.

A voz de Chanyeol ecoou pela Ala, mas não o fez dar um passo sequer. Sentiu uma pontada em sua cabeça, fechando os olhos com força logo em seguida.

— Soo? Você está bem?

Chanyeol o abraçou preocupado. Kyungsoo sorriu para ele, disfarçando a dor, e meneou a cabeça, dizendo que sim.

— Só vou tirar mais uma foto...

Voltou a câmera para o quadro e deu zoom novamente, mas o homem em meio às chamas não estava mais lá. "Será que estou enlouquecendo?" pensou.

— Você gostou mesmo desse quadro, né? — perguntou, recebendo um meio sorriso em resposta — Vamos?

Com uma sensação estranha, entregou a câmera a ele, o seguindo para a próxima Ala. Alguma coisa estava estranha, podia sentir em seu interior. Mas mesmo que tentasse, não saberia dizer o quê. Seu peito queimava por uma tristeza infundada, uma dor que desconhecia, mas era tão viva quanto à dor de perder o amor de Luhan. Com um esforço enorme, resolveu deixar essas preocupações de lado, afinal, não conseguia e nem queria entendê-las.

Andaram por todo o museu, tiraram muitas fotos e, por fim, chegaram à lojinha na saída, só  então percebendo como estava tarde. Assim que fizeram suas compras, despediram-se do guia, e caminharam até o apartamento.

Chegando ao quarto, Chanyeol colocou as sacolas de compras na cama dele, e entregou umas roupas para Kyungsoo, olhando-o sorridente, enquanto o outro lhe retribuía um olhar cauteloso.

— Veste essas roupas pra eu ver?

— Hyung... — Kyungsoo ia recusar, mas ao ver aquele olhar pidão não teve como negar.

Trocou-se ali mesmo, de costas para o amigo. E quando se virou, se deparou com o olhar admirado dele.

— Está incrível.

Sua roupa era inteira bege, estava com uma bermuda um pouco curta, camisa com mangas curtas e um pequeno chapéu; em seus pés, havia um par de coturno marrom que subia até metade de sua canela, e o cadarço preto caía a sua frente num trançado apertado. Chanyeol andou até o moreno e desenrolou o lenço vermelho que tinha em mãos e ajeitou no pescoço do menor, piscando para ele logo em seguida.

— Agora sim. Está perfeito!

A face de Kyungsoo ficou da cor do lenço em segundos. Todas as carícias discretas que trocaram no museu não saíam de sua cabeça, e ser admirado desse jeito o deixava constrangido demais.

— Você fica lindo quando está com vergonha.

Chanyeol levou sua mão até a face dele, encostando seu polegar nos lábios macios de Kyungsoo, enquanto mantinha o olhar fixo nas íris do outro. Envolveu sua cintura com a outra mão e o puxou para um beijo lento. Desceu seus lábios até o pescoço do menor, dando leves mordidas, fazendo com que vários gemidos contidos escapassem do moreno.

Kyungsoo tinha as mãos nos cabelos de Chanyeol, puxando levemente os fios lisos. Desceu suas mãos até a camisa dele, e a puxou para cima, interrompendo as carícias. Jogou a peça de lado, passeou os dedos no abdômen dele e olhou-o com os lábios entreabertos, imaginando o que ele faria a seguir.

Chanyeol mantinha os olhos naqueles lábios carnudos e avermelhados. E, sem pensar duas vezes, carregou-o e o colocou na cama — alcançando o interruptor de forma desajeitada para apagar as luzes do quarto no meio do processo —, abriu sua camisa, passeando os dedos vagarosamente pelo abdômen reto do moreno, causando-lhe arrepios. Tirou sua bermuda e coturno logo em seguida, sentindo a euforia o dominar. Kyungsoo vestia apenas o lenço em seu pescoço, e a cueca box preta. Estava deitado, olhando luxurioso para o homem entre suas pernas, roçando as intimidades ainda encobertas, provocando-se ao mesmo tempo em que o provocava.

O maior tocou seu membro por cima da box, e então retirou a peça. Abaixou-se, buscando os lábios de Kyungsoo, mordiscando levemente enquanto sua mão brincava com o membro dele. Chanyeol desceu os beijos e mordidas para o pescoço, enquanto os olhos do Soo vagueavam sem rumo pelo quarto iluminado apenas pelos postes da rua.

Seus olhos prenderam-se ao amontoado de sacolas e objetos em cima da outra cama. Fechou-os, concentrando-se nas carícias de Chanyeol, mas, antes que percebesse, seus olhos foram atraídos àquela direção novamente.

Haviam algumas roupas próprias de filmes antigos de exploração de pirâmides, lanternas, mochilas, cantil, uma miniatura da esfinge, e uma pirâmide dourada. Nada que não tenha visto antes.

Fechou os olhos e gemeu ao sentir Chanyeol pressionando seu membro contra o dele, sussurrando palavras sujas em seu ouvido. Agarrou seu corpo, arranhando levemente suas costas sentindo a pele dele se arrepiar em resposta.

Abriu os olhos, e eles foram levados novamente em direção à pirâmide. Gemendo, notou alguns detalhes no topo dela. Um deles era o desenho do olho de Hórus, o outro era um pentagrama invertido. Franziu as sobrancelhas, sentindo uma forte pontada na cabeça, cobrindo-a com as mãos no mesmo instante.

Olhou novamente para a pirâmide, e os símbolos, antes nítidos, não estavam mais lá, porém, bem atrás desses objetos, pôde ver o loiro de seus sonhos, observando-o com aqueles olhos amarelos e aterrorizantes enquanto um sorriso sádico brincava em seus lábios. Kyungsoo deu um grito e fechou os olhos. Quando olhou para aquela direção novamente, ele não estava mais lá. Chanyeol o olhou assustado, perguntando o que havia acontecido. Kyungsoo fitou seus olhos, e sentiu a segunda pontada, sem conseguir responder qualquer coisa.

Kyungsoo começou a chorar e sua respiração se tornou irregular. Desesperado, e sem saber o que fazer, Chanyeol deitou-se ao seu lado e o aninhou em seus braços, acariciando sua cabeça com uma das mãos. Beijou sua testa algumas vezes, observando sua expressão de frustração e medo ao mesmo tempo.

Depois de longos minutos, Kyungsoo parou de chorar e olhou em direção aos objetos, constatando que não havia nada ali. Fitou os olhos preocupados de Chanyeol, e baixou o olhar, envergonhado por sua reação.

— Desculpe... — sussurrou.

Chanyeol acariciou sua cabeça, e deslizou as pontas dos dedos para seu queixo, puxando-o levemente para si, notando o misto de sentimentos transparecendo pelos olhos de Kyungsoo.

— O que aconteceu, Soo? Eu te machuquei?

Balançou a cabeça em negativa, e mordeu o lábio, pensativo.

— Vai pensar que sou louco... — disse por fim.

— Só se você não me contar.

Os olhos de Chanyeol se fixaram nos dele, em expectativa pelo relato. Kyungsoo, inseguro, demorou alguns longos minutos, descrevendo, por fim, seu sonho, suas dores de cabeça, e o medo que está o perseguindo e atormentando por toda parte. Por último, contou sobre o que viu a pouco, seu medo em explorar as pirâmides e seu sonho acabar se tornando realidade.

Kyungsoo não fazia ideia do que se passava na cabeça de Chanyeol, mas com certeza não era coisa boa, presumiu. Os longos minutos de espera o fez acanhar-se, questionando-se mentalmente se fora a decisão certa ter contato tudo a ele. Poderia ter inventado alguma desculpa, qualquer outra coisa seria mais crível que uma estátua sendo liberta das pirâmides e atormentando sua cabeça por onde quer que vá.

— Hyung? — tocou seu rosto, atraindo sua atenção — Esqueça o que eu disse, está bem? Vamos apenas... dormir — disse consternado.

Aproximando-se, selou seus lábios rapidamente, puxou o lençol que estava nos pés da cama, e os cobriu, virando-se de lado, para deitar abraçado a ele.

Eles não conseguiram dormir a princípio. Chanyeol tentava processar as novas informações nada convenientes. E Kyungsoo se doía por tê-las revelado. Talvez não devesse. Ou talvez esse fosse o certo a se fazer. E, com pesar, já se preparava para um possível término do que nem teve a chance de começar direito — não que Kyungsoo realmente tivesse alguma esperança de que daria certo, mas saber que perderia a única chance de tentar, o deixava frustrado.

Naquela madrugada, Kyungsoo acordou chorando, com seu corpo todo tremendo, e uma voz ressoando em sua cabeça. Sentou-se na beirada da cama, e se levantou, não querendo acordar Chanyeol de seu sono pesado. Andou até o banheiro, e tomou um banho de água fria, tentando esquecer aquelas palavras ressoantes que o atormentavam.

Secou-se e vestiu uma cueca, postou-se em frente à janela, e percorreu o olhar pelo horizonte, parando-o sobre uma construção pontuda ao longe, e sem que percebesse, deu por si recitando as mesmas palavras que o fizeram acordar.

— Estarei te esperando. Onde ninguém mais entrou. E onde ninguém mais entrará. O único lugar onde você conhece o caminho como ninguém, jamais, conheceu. O lugar onde tudo mudará.

Esperava que acontecesse alguma coisa. Talvez alguma aparição, ou um brilho no céu, qualquer coisa que indicasse que ele não estava enlouquecendo. Mas nada aconteceu. Desolado andou até a cama, e se deitou, sendo acolhido pelos braços de Chanyeol, que não havia desperto ainda.

Kyungsoo sentiu-se confuso, e decidiu deixar isso de lado, toda essa história de profecia, estátua ganhando vida. Nada disso era real. Não passava de um aterrorizante delírio que sua mente havia criado para fazê-lo parar de pensar em Luhan. Quando adormeceu, não sonhou com nada, e sentiu-se vazio, até um pouco calmo.

Mas é o que dizem, sempre vem uma calmaria antes da tempestade.

O pior ainda estava por vir.


Notas Finais


Então, gostaram? Estou muito curiosa sobre o que estão achando da fanfic! ❤
Muito obrigada pelos favoritos e comentários no capítulo passado! Me deixou muito feliz ❤

Espero vê-los logo, logo ❤
Até o próximo ~


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