História Devil Side - Capítulo 2

Kara Pov.

Saí da casa do Mike antes que ele acordasse, praguejando a todos os deuses por dormir com aquele babaca de novo.

Bom digamos que eu estava devendo algum dinheiro á ele, uma quantidade um pouco grande mas estava pagando aos poucos já que meus pais não poderiam sonhar com isso, porque se eu sacasse essa grande quantidade de dinheiro eles provavelmente iriam questionar. E não seria legal dizer "Hey família esse dinheiro foi para pagar as drogas", eu seria uma pessoa morta se fizesse isso.

Eu não sei qual foi o momento em que eu cheguei a esse ponto, mas a verdade é que eu também não faço nenhum esforço pra parar de usar, de alguma forma ela tem um efeito positivo nos meus pensamentos perturbadores.

Abri a porta de casa evitando fazer barulho e corri para tomar um banho, coloquei o uniforme da escola que era uma calça marrom clara e uma camiseta azul escura, meio brega, mas fazer o que. Tinha o outro uniforme que eu achava ridículo, saia de pregas azul escura, camisa social branca, gravata azul, colete azul e o blazer também azul. E aquelas meias ridículas? Parecia um encontro de atrizes pornô.

Minha mãe vivia dizendo para eu ir com o outro uniforme, porque era mais apresentável mas eu já fico na escola o dia inteiro, Deus me livre de ficar desconfortável com aquelas vestes.

Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto, até porque eu teria treino hoje, infelizmente teria que olhar na cara de Lena Luthor.

Eu não odeio ela, eu apenas não concordo com algumas de suas opiniões, tentamos até mesmo uma amizade mas como ela é meio babaca as vezes e tem um comportamento completamento estúpido com outros alunos eu nem faço questão mais.

Ela é aquele clichê de todo filme, aluna babaca que prime qualquer outro que não seja popular. Quem liga pra isso naquela escola? Eu mesma não ligo.

Eu já entrei em umas três brigas por causa das suas implicâncias com as outras pessoas, o que acabou em um nariz sangrando e um corte na boca.

Okay, as vezes ela é legal mas quem liga? Eu não.

Entrei no carro jogando a mochila no banco ao meu lado e acelerei em direção a escola, não queria chegar atrasada, mais uma vez, e correr o risco de acabar fora de algum treino ou até mesmo do time.

Assim que cheguei na escola vi uma rodinha na entrada, revirei os olhos por imaginar mais uma briga no começo das aulas. Mike estava com a mochila de alguém em suas mãos e logo depois abriu e começou a jogar os pertences tudo no chão.

O Matthews, Spheer, Olsen não podiam ficar juntos que alguma merda saia.

Suspirei sabendo que mais uma vez me meteria em uma discussão que não tinha nada haver comigo.

Saí do carro pegando minha mochila e ativando o alarme, andei em direção à rodinha e assim que meus olhos se encontraram com um Winn, chorando no chão e pedaços de papel picotados eu não era mais dona da minha razão.

Virei um soco no rosto do Mike e ele só não caiu no chão por conta dos seus amigos babacas o terem segurado. Vi Jack se aproximar e empurrei ele.

- O que aconteceu Winn? - Ele soluçava e não conseguia me responder, meu peito doeu só de ver a cena.- Me fala o que aconteceu? - Disse entredentes e ele engoliu em seco.

- Eu...meu trabalho e minhas pesquisas.- Ele apontou para os papéis picotados no chão e eu abracei ele com força.

Vi Jack cair ao meu lado desacordado e olhei para cima dando de cara com aqueles malditos olhos verdes olhando de forma preocupada para Winn enquando balançava a mão.

Tínhamos uma coisa em comum, o amor por Winn. Ninguém mexia com ele, pelo menos não na nossa frente e se alguém ousasse fazer isso, a briga era feia. De qualquer modo deixavámos sempre nossas desavenças de lado para proteger nosso melhor amigo.

- Vem, vamos.- Levantei com a ajuda dela e olhei em volta percebendo que a maioria dos alunos já tinham entrado.

Recolhi suas coisas do chão e peguei os papéis rasgados colocando tudo dentro da sua mochila.

- Eles te machucaram? - Lena perguntou e ele negou com a cabeça mas eu vi que seu cotovelo sangrava e ele não conseguia mexer o braço direito.

- Vamos para a enfermaria.

Não dei tempo para que ele negasse e arrastei até a ala médica daquele inferno de colégio, Lena nos seguia sem dizer nada, o que era incomum já que ela vinha sempre munida de algum comentário sarcástico.

Assim que chegamos a enfermeira não nos deixou entrar, sentei no banco que tinha ali e Lena sentou ao meu lado.

- O que aconteceu? Eu estava na biblioteca devolvendo uns livros, não vi quem começou.

- Eu não sei, assim que cheguei no estacionamento vi a rodinha e entrei para parar mais uma vez aqueles idiotas.- Revirei os olhos e ela permaneceu me encarando de forma avaliativa.

- Me desculpe pelo jogo de ontem, eu sei que você não teve culpa. - Ela engoliu em seco e enfiou as mãos no bolso do seu casaco.- Eu não estou acostumada a perder.

- Tudo bem, me desculpe por ter gritado com você. - Suspirei e tirei meu celular do bolso vendo algumas ligações perdidas do meu pai.- Mas isso não quer dizer que seremos amigas ou algo do tipo.

- Eu não espero por isso.- Vi um vislumbre de um sorriso e neguei com a cabeça engolindo a vontade de sorrir também.

Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos, desejando que Winn não tivesse se machucado tanto ou eu cometeria um assassinato em massa nessa escola.

Depois do que me pareceu uma eternidade Winn saiu com uma careta e uma tipoia no braço. Que droga!

- Vai me dizer quem começou isso? - Ele negou com a cabeça e eu quis matar ele.

- Ninguém mexe com com o nosso nerd.- Lena e eu falamos ao mesmo tempo, bufei e revirei os olhos cruzando os braços.

- Vamos deixar isso de lado, eu tenho que ir para a aula e vocês também. Nos vemos na hora do almoço.

Ele pegou sua mochila com o braço bom e saiu praticamente correndo.

- Droga.- Lena murmurou e saiu da enfermaria, me deixando sozinha com uma puta dor de cabeça e os nervos à flor da pele.

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Eu estava me sentindo fraca, minhas mãos estavam trêmulas e um incômodo no estômago começou. Eu passei o dia inteiro sem comer nada, comi apenas uma maçã na hora do almoço, porque estava tentando perder alguns quilos já que meu pai disse que engordei dois quilos do mês passado para esse.

Ele e as suas dietas malucas e ainda tenho que aguentar minha mãe também controlando tudo que eu devo ou não comer.

O fato de de eu ter consumido álcool e drogas na noite passada só piorou, ainda mais hoje que eu teria que correr com a maioria dos atletas assistindo.

A treinadora faria uma pequena competição entre as turmas de atletas e uma peneira para os novos que se inscreveram para entrar.

Do time de Handebol apenas Lena, Sam e eu que corríamos, a professora sempre ressaltava que éramos as melhores e mais velozes corredoras. Isso era verdade até porque dificilmente perdiamos alguma corrida, por a escola ser conhecida por formar os melhores atletas de quase todas as modalidades e os alunos mais inteligentes então tínhamos o melhor treinamento possível.

As primeiras corridas foram simples, as outras meninas que também faziam parte da corrida eram rápidas e muitas vezes acabavámos sempre pegando algumas para algum time que estivesse em desfalque ou com um rendimento muito baixo. Funcionava como uma troca, então a maiorias dos alunos faziam parte de duas ou mais equipes, mas confesso que fazer parte de duas já é muita dor de cabeça.

- Credo Kara você está pálida, aconteceu alguma coisa? - Lucy me perguntou e eu neguei com a cabeça, ignorando o fato de realmente não estar me sentindo bem.

Terminei de amarrar meus tênis de corrida e desci até a pista para começar a me alongar, mais quatro corridas e seria minha vez.

De longe eu via Lena conversando com uma uma das líderes de torcida, acho que era Jess o seu nome, não ligava muito. Se tinha algum grupo que era pior que os atletas esse com toda certeza eram os das líderes de torcida. Se achavam as donas da escola, destilando veneno por onde passavam, raramente você esbarraria em alguma líder sensata que tivesse um papo legal. As vezes eu até achava que o pré-requisito para ser uma líder de torcida era ser burra, não é só porque você é popular que você não possa ser nerd parece até um pecado ter essas duas palavras na mesma frase.

Bebi um isotônico que estava na mesa e fechei os olhos sentindo meus músculos relaxarem, eu não queria correr o risco de sofrer alguma lesão e ter que ouvir mais coisas ruins do meu pai.

- Kara, está tudo bem? Você está um pouco pálida. - A treinadora Fields perguntou e eu assenti, já me preparando para a minha corrida.

Me coloquei em posição e a garota ao meu lado fez a mesma coisa, eu nunca tinha visto ela nos corredores deveria ser aluna nova.

Assim que a professora autorizou a largada eu disparei na frente da garota, meus pés pareciam flutuar pelo chão e eu controlava minha respiração muito bem mas senti uma pontada na região do fígado e ignorei, droga beber aquele isotônico não foi uma boa ideia.

Não perdi a velocidade, a garota estava quase na minha cola, então forcei meus pés a correrem mais rápido, minha respiração já estava difícil e meu coração estava completamente acelarado, completei a primeira volta e vi que a garota tinha diminuído a velocidade, ela estava cansada e dar duas voltas naquela pista enorme era um verdadeiro desafio até mesmo para alguém como eu que estava acostumada a correr igual uma louca, comecei a sentir uma fisgada na coxa direita mas ignorei e continuei a correr.

Meus passos diminuíram também e logo ela me alcançou. Okay, talvez eu tenha diminuído propositalmente para ela me alcançar e não fazer feio na frente dos outros alunos ou adeus liberdade e privacidade.

- VAMOS KARA, NÃO DIMINUA SUA VELOCIDADE.- Lena gritou e eu revirei os olhos ao escutar algumas risadas. Toda vez ela botava pressão e isso era extremamente irritante. Seria um desperdício não dar um belo soco em sua face.

Alex sempre dizia que nunca era bom correr de estômago vazio ou praticar qualquer exercício e eu vou me lembrar de agradecer ela depois porque acho que foi a pior besteira que eu fiz.

Assim que acelerei senti outra pontada no fígado e uma dor horrível no músculo na coxa, eu sentia queimar e parecia que qualquer passo que eu desse a dor aumentaria, dei alguns passos mais largos para não parar de correr de forma brusca e acabar por piorar a situação. Fiquei estática no lugar e minha feição deveria ser de dor porque assim que a treinadora viu, atravessou o grande campo de futebol, porque a pista era envolta dele, correndo em minha direção.

Sentei no chão e a dor me atingiu em cheio, deitei meu corpo na pista e a aluna nova se abaixou ficando na minha frente.

- É câimbra?

Assenti porque tampei a boca para abafar um grito de dor que queria sair, sem que eu percebesse lágrimas caíam do meu rosto, eu esqueci como essa droga doía como o inferno.

- Droga, sua coxa está muito vermelha, será que lesionou algum músculo?

Ela tentou manter minha perna erguida mas foi em vão e eu acabei soltando um grito estridente enquanto um soluço cortava minha garganta.

- O que você está fazendo sua idiota? - Lena empurrou a garota para longe e segurou minha perna, fazendo massagem aonde eu tinha apoiado minha mão antes.- É aqui que está doendo? - Balancei a cabeça concordando e ela suspirou.

- Tragam a maca, é câimbra.

A professora respirou mais aliviada assim que chegou e logo um carrinho entrava em campo.

- Para de chorar Kara.- Lena falou e eu respirei fundo, sentido muita dor para discordar.

Me colocaram na maca e me levaram até a enfermaria, a nossa sorte é que sempre tinha um fisioterapeuta e um médico a nossa disposição para casos assim. Até que pagar mensalidades altas servia para alguma coisa.

Lena me acompanhou até a sala do médico, de uma forma bem estranha nós duas nos preocupavámos uma com a outra, mesmo ela sendo uma babaca.