Midoriya acordou no meio da noite ensopado, pelo menos ele imaginava que fosse noite ainda. Bakugou roncava baixinho ao seu lado, o rosto calmo, completamente diferente de quando estava acordado. Ele estava agarrado a um travesseiro, que tinha os vestígios do seu cheiro.
– Vamos, vamos — ele sussurrou para si mesmo — Volte a dormir seu idiota, volte a dormir.
Midoriya deitou ao lado de Bakugou e seu novo substituto, o enorme travesseiro fofo. Ele fechou os olhos e gradativamente adormeceu.
– Eles estão ali dentro? — Hawks encarou o vidro escuro.
– Sim, totalmente presos — afirmou Endeavor.
Hawks olhou para o enorme homem ao seu lado e viu uma expressão diferente da de sempre. Endeavor parecia zangado, preocupado, pensativo hesitante, todos os sentimentos misturados em sua face e Hawks semicerrou os olhos.
– Você está preocupado?
– Não — Endeavor cruzou os braços e voltou a cara séria de sempre.
– Está sim, eu consigo ver.
Hawks ficou nas pontas dos pés para alcançar o rosto dele. Ele pegou o queixo de Endeavor e o fez olhar no seus olhos.
– Não vem com essa cara pra cima de mim, bonitão. Eu conheço você muito bem.
– E você continua baixinho demais — Endeavor pegou a mão de Hawks e a afastou, seu aperto gentil enviando uma onda de arrepios a Hawks, deixando suas bochechas rosadas.
– Vá se danar!
Endeavor sorriu e descruzou os braços, observando Hawks se zangar.
Rumi saiu de outra sala próxima e viu os dois conversarem. Ela nunca entendeu como eles nunca haviam namorado nem uma única vez, mesmo quando Endeavor observava Hawks com um brilho diferente nos olhos e um pequeno sorriso. A marca horrível no canto esquerdo virava apenas uma grande e simples cicatriz quando Endeavor sorria para Hawks e suas orelhas sempre ficavam vermelhas quando Hawks estava por perto.
– Patetas! — ela chamou a eles — Quando é que vocês vão sair juntos, sério?
– Rumi! — Hawks arregalou os olhos, mas ela apenas sorriu diabolicamente.
– Na verdade, eu estava pensando em...te chamar pra comer num restaurante diferente hoje a noite, se tivermos tempo — Endeavor coçou a própria nuca e sentiu as próprias orelhas esquentarem.
Hawks piscou várias vezes e encarou Endeavor como se tudo que ele disse fosse algum tipo de ilusão.
– Você...vai querer?
– Eu... — Hawks franziu a testa e pensou em todas as coisas que poderia fazer com ele numa noite — Eu quero!
Endeavor soltou o ar aliviado e sorriu novamente. Rumi começou a gargalhar.
– VOCÊS SÃO TÃO HILÁRIOS!! — ela começou a chorar de tanto rir, caindo no chão e abraçando a própria barriga.
De repente, as portas do elevador do outro lado do corredor foram abertas, e Midoriya, Bakugou e Melissa Shield saiam de dentro do compartimento.
– Olha quem chegou — Rumi analisou os 3 adolescentes se aproximarem.
– Oi Rumi! — Midoriya a cumprimentou, lhe dando um forte abraço — Sentimos sua falta lá no prédio.
– Esses dias eu tava afim de ver umas animações — ela disse e Midoriya sorriu — E você deve ser Melissa Shield — Rumi se voltou para a menina alta de cabelos loiros e olhos azuis — Sinto muito pelo seu pai.
– Tudo bem — ela disse com tristeza —Pelo menos, eu não estou sozinha — ela olhou para Midoriya radiante. Atrás deles, Bakugou bufou.
– Quando é que vai começar essa merda? — Bakugou caminhou até a sala onde Aizawa supostamente estaria — Ei velha, quando começa?
– Nossa — Melissa observou os passos pesados de Bakugou — Ele é meio...
– Temperamental? — Rumi sugeriu — Com certeza.
– Não sei como Nighteye e Midnight conseguem aguentar — Hawks disse, analisando oque acontecia dentro da sala. Parecia que Recovery Girl estava brigando com Bakugou.
Aizawa e Toshinori saíram juntos da sala e chamaram o resto deles para entrar. Midoriya viu que para entrar, os dois tinham que pôr as digitais no dispositivo para destrancar a porta. Ele só boa esse tipo de coisa nos filmes.
A sala estava escura, mas no momento em que puseram os pés nela, luzes potentes acenderam. O lugar era grande e infestado de sensores de movimento e temperatura. Todos presos ali estavam presos a grandes macas metálicas de aço, com pulsos e tornozelos algemados, e as bocas cobertas por máscaras específicas. Pareciam ser as mesmas ferramentas que foram usadas para o teste que Midoriya e Bakugou praticaram. Lembrar daquele dia ainda o deixava envergonhado.
Eles mantiveram uma distância mínima da Liga Escarlate. Midoriya não tinha notado que outros médicos estavam dentro da sala até eles checarem os monitores de sinais de vitais.
– Acordem eles — Aizawa ordenou, e rapidamente os médicos ingetaram doses de adrenalina na corrente sanguínea de todos eles.
O primeiro a acordar foi Dabi. Ele pareceu confuso de primeira, mas ao pôr os olhos em Endeavor, ele riu.
– Olha só...se não é o Enji Todoroki — seus caninos afiados se destacaram em meio ao sorriso traiçoeiro — Que marca feia essa daí na sua cara, velhote.
Endeavor apenas franziu a testa, mas o resto deles ficou surpreso. Ninguém deveria saber o nome verdadeiro dele, pelo menos não a Liga Escarlate.
– Vocês trouxeram a janta, que fofos — Dabi sorriu para Melissa e Midoriya.
– Quer fazer o favor de calar a boca? — Aizawa perguntou com irritação, o cabelo solto desgrenhado e os olhos vermelhos de cansaço, e mesmo assim ele continuava normal — Se quer tagarelar, vai voltar a dormir.
– Tudo bem, tudo bem, eu parei! — Dabi riu novamente.
– Como você sabe meu nome? — Endeavor se aproximou mais um pouco.
– O seu filho se parece muito com você, sabia?
Endeavor arregalou os olhos e se afastou assustado.
– Ele tem os seus olhos e uma cicatriz feia do lado esquerdo, oque deve ter sido aquilo? — Dabi forçou uma cara pensativa e voltou a sorrir — Deve ter sido a relação maravilhosa que a família Todoroki tem, não é?
– Escuta aqui, seu...
– Ah qual é velho, não sabe brincar?
Ao lado esquerdo de Dabi, Twice acordou.
– Da pra ouvir você falando até quando eu tô dormindo, seu animal — Twice reclamou, piscando os olhos várias vezes até de acostumar com a claridade repentina — Perai, a gente foi mesmo capturado?
– Sim pateta.
– Não foi um sonho?
– Claro que não porra — Dabi revirou os olhos e bufou — Você é burro por acaso?
– Talvez.
Twice deu uma boa olhada na sala, nos médicos e nos outros a poucos metros de distância. Ele levantou as sobrancelhas ao ver Endeavor.
– Caramba! Você se parece muito com o Dabi!
– Você acha? — Recovery Girl indagou.
– Claro que sim, eles tem os mesmo olhos! — Twice olhou para Dabi e Endeavor várias vezes — Ele é uma versão mais velha sua e sem as queimaduras feias que você tem Dabi!
– Interessante — Recovery Girl murmurou.
O resto da Liga acordou e diferente da maioria deles, Shigaraki não disse uma palavra.
– Foi você quem matou meu pai?! — Melissa apontou para Stain — Porque você matou meu pai?!
– Ele não era mais necessário — Stain respondeu sem muito interesse e Melissa ferveu de raiva — Ele não era quem nós queríamos de verdade — Stain olhou para Midoriya — Seu sangue é mais extraordinário do que você e a sua doutora pensam.
– Se me explicar, talvez eu possa entender — Recovery Girl se aproximou dele — Oque você acha?
– Outro dia talvez.
– Porque essa coisas são tão apertadas? — Toga reclamou, se remexendo por baixo do aço que a prendia.
Midoriya percebeu que Stain o encarava, então decidiu ir até ele.
– Oque você pensa que tá fazendo nerd idiota?! — Bakugou agarrou seu braço.
– Vou perguntar uma coisa pra ele — respondeu sério, surpreendendo Bakugou — Pode ficar do meu lado se quiser.
– Tá bom.
Midoriya chegou bem perto de Stain, mas ele não teve medo. Stain o analisou da cabeça aos pés.
– Qual é o gosto do meu sangue?
A pergunta surpreendeu o vampiro, mas logo ele sorriu feito um demônio.
– Porque não pergunta pra ele? — Stain esticou o queixo para Bakugou — Pelo que eu sei, ele também ganhou poderes bebendo seu sangue.
– Mas eu tô perguntando pra você — Midoriya se aproximou ainda mais.
– Hum... — Stain o analisou fixamente. Midoriya estava determinado a ouvi-lo — Tem um gosto...doce, um cheiro forte, que dá água na boca — ele mostrou os dentes afiados, mas Midoriya nem piscou — Dabi disse que nunca tinha provado uma coisa tão gostosa em toda a vida.
– Hum — Midoriya pensou — David Shield descobriu uma coisa não foi, uma coisa importante que vocês com certeza devem estar pondo em prática.
– Oque te faz achar isso, coisinha linda? — Dabi perguntou malicioso.
– Vocês não são burros, e David Shield era um inventor excelente. Devem ter usado muito da capacidade mental dele antes de mata-lo — Midoriya concluiu.
– Vocês chantagearam David Shield eu suponho? — disse Aizawa com uma cara nada agradável.
– Quem sabe — Twice murmurou misterioso.
– Isso é uma perda de tempo! — Aizawa se irritou — Talvez eu venha aqui depois, mas por hoje já chega pra mim!
Aizawa saiu da sala batendo a porta e em passos rápidos, barulhentos. Os outros saíram de sobrancelhas arqueadas. Era a primeira que Midoriya o via perder a calma assim.
Bakugou desferiu um tapa na cabeça de Midoriya, que logo pestanejou.
– Porque fez isso?!
– PRA VOCÊ PARAR DE BANCAR O ESPERTÃO! — Bakugou esbravejou.
– Eu gostei de como você enfrentou Stain! — Rumi comentou animada — Foi coisa de filme Izuku!
– É melhor calar a boca porra — Bakugou a ameaçou — Não é pra incentivar esse tipo de atitude!
Enquanto Rumi e Bakugou discutiam, Hawks analisou a expressão pensativa de Endeavor. Ele parecia inseguro, talvez por causa das palavras de Twice e o fato de Dabi saber seu nome verdadeiro.
– Tá tudo bem? — ele pegou o braço dele gentilmente e Endeavor pareceu voltar a realidade.
– Sim, eu estou bem — ele soltou o ar — Ainda vai querer sair comigo?
Hawks arregalou os olhos.
– Vou!
– Ótimo, podemos ir agora.
– Sério?!
– Sério, Aizawa não vai reclamar.
– Tudo bem então.
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