Midoriya sentia cheiro de mofo e coisa velha. Ele sentia estar em cima de uma coisa nem tão dura e nem tão macia, talvez uma cama. Podia sentir seus pulsos presos a algo, rodeados por um tecido que se fizesse muito atrito, machucaria. Suas pálpebras estavam pesadas e mesmo que tentasse, era como se o sono fosse mais forte.
Midoriya ouvia vozes, não muitas, talvez um grupo pequeno. Aí ele começou a lembrar da noite anterior. Tinham o sequestrado, massacrado centenas de pessoas naquela praça. Só de pensar dava ânsia de vômito.
Ele finalmente conseguiu abrir os olhos e se viu num lugar grande, talvez uma fábrica abandonada, um depósito, eram tantas hipóteses que sua cabeça doía.
– Olhem, ele acordou! — alguém avisou de longe.
Um pequeno grupo apareceu na sua visão ao seu redor. Ele reconheceu Dabi e o cara de cabelo branco e pele ressecada.
– Oi, eu sou Twice! — um homem de cabelo loiro curto se apresentou e logo recebeu um soco no ombro — Aí!
– Não faça amizade com a vítima seu besta — Dabi o repreendeu — Quando o doutor chega? — perguntou a Shigaraki.
– Calma, não é fácil sair do meio do mato e vir pra cidades.
Dabi revirou os olhos e continuou a analisar a face de Midoriya, que estava apavorado.
– Ele vai se cagar todinho — brincou, seus olhos azuis tão brilhantes como uma chama intensa — Posso beber um pouco?
– Não! — Shigaraki negou.
O coração de Midoriya martelava no peito. Ele estava amarrado e não sabia oque fariam. Imaginava só as piores coisas.
– Não se preocupe — Toga assertou — Não vamos fazer nada com você, não somos tão otários assim. No máximo vamos te morder, mas só isso — ela estendeu as mãos num gesto de rendição — Estamos apenas esperando o doutor.
– Deixa eu pelo menos cheirar ele? — Dabi sugeriu e Shigaraki quase meteu um murro na sua cara.
– Meu deus se eu deixar você cala a porra da sua boca? — Shigaraki perguntou de dentes cerrados e Dabi assentiu rapidamente.
Dabi desamarrou os pulsos e pernas de Midoriya e ele começou a se debater, usando toda a sua força, que parecia ser nada contra o vampiro. Dabi o puxou para mais perto e cheirou seu pescoço, sua nuca, seu cabelo, a língua molhada e morna traçou um caminho pela veia principal até seu maxilar. Midoriya esperneou, se contorceu, mas nada funcionou.
– Calma garoto — Dabi sussurrou ao seu ouvido — Não vou matar você.
Midoriya nem quis saber. Da última vez que se encontraram, o vampiro o arremessou contra uma parede.
Toga também se aproximou sorrindo. Ela cheirou o pulso esquerdo de Midoriya e lambeu seu braço. Ele sentia agonia e nojo.
– Parem com essa sacanagem! — Shigaraki ordenou — Ele chegou.
Dabi e Toga se afastaram e os portões do depósito foram aberto. Midoriya foi amarrado novamente a cama velha e parecia que um senhor de idade se aproximava.
– Vou tirar uma amostra do sangue dele — o senhor avisou a Shigaraki — Os resultados vão confirmar a minha teoria.
Midoriya remexeu um pouco, achando que talvez ele fosse envenena-lo. Twice e Kugogiri tiveram que segurar seus ombros e braços para que a agulha entrasse sem machuca-lo.
– Perfeito! — o doutor levou a agulha até uma mesa.
Com ele haviam mais vampiros, homens e mulheres que trouxeram vários equipamentos estranhos. Midoriya só reconhecia agulhas e um microscópio.
– Vai demorar apenas alguns minutos — o doutor disse — Já fiz testes em outros humanos com marcações genéticas específicas. Esse apenas vai confirmar se ele é diferente ou não.
– Já não tava óbvio? — Twice perguntou incrédulo — O cheiro dele é a coisa mais forte que meu nariz já cheirou e olha que ele já cheirou muita coisa.
– A última parte soou bem estranha — Toga riu e Twice também.
Midoriya percebeu que eles estavam distraídos o bastante para tentar se desamarrar. Ele começou a esfregar os pés dentro do sapato, tentando tirá-los e ao mesmo tempo puxar para fora das amarras de couro. Tinha que ser paciente e tomar cuidado para não fazer barulho.
Suas tentativas não estavam dando certo e Midoriya ficava cada vez mais nervoso, apavorado. Ele não tinha para onde fugir.
– Eu sabia! — Twice gritou — O menino tem sangue de ouro!
Eles se aproximaram novamente, mas quem chegou bem perto foi Twice.
– Você deve ser tão doce... — pensou e Midoriya arregalou os olhos.
– Não, NÃO!
– Calma rapaz, eu só estou dizendo oque eu acho — Twice deu de ombros e sentou entre as pernas de Midoriya, puxando-o para levantar — O seu sangue tem algum poder extraordinário e um de nós vai ter ele.
– Ainda estou decidindo — Shigaraki falou rapidamente.
– Mas que porra, não dá pra beber nem um pouquinho?! — Dabi soou desesperado.
– Não.
Dabi bufou e cruzou os braços. Toga sentou com Twice também e ficou olhando Midoriya. Ela cochichou alguma coisa ao ouvido dele e os dois sorriram com malícia.
– Ei garoto — Toga cutucou Midoriya, que analisava todos os cantos do depósito — Você é virgem?
Midoriya franziu a testa e pensou num monte de palavrões para soltar, mas se conteve.
– Por que quer saber? — questionou com frieza, tentando se afastar dos dois.
– Você tem cara de virgem — Toga observou suas expressões e riu ao vê-lo ruborizar — Então você é virgem!
As mãos de Midoriya tremiam de medo e seu coração parecia que ia explodir no peito. Toga foi para trás dele sentar, aproximando os lábios do seu ouvido.
– Queríamos brincar com você, Izuku — Toga sussurrou, suas mãos foram lentamente rodeando o tronco dele.
– Não, por favor — ele suplicou com medo, se encolhendo.
Toga continuou acariciando lentamente a barriga dele, descendo para as coxas e subindo para os ombros, os braços. Ela apertou o pescoço dele até quase deixá-lo sem ar.
– Você é tão fraquinho — ela continuou brincando com o pescoço dele — Uma pena que...
De repente, o portão do depósito fez um barulho alto, como se alguma coisa pesada tivesse batido contra o metal, alguma coisa grande e forte. Dabi lentamente se aproximou e se concentrou para ouvir melhor. Ele escutou um berro furioso.
Em vez de amassar mais o metal, ele foi arremessado para dentro, quase matando Dabi. O portão se arrastou até perto de onde todos estavam, no fundo do depósito. Bakugou estava de costas para a luz, sua sombra gigante cobrindo boa parte do chão.
– Achei vocês seus filhos da puta — falou de dentes cerrados — Me dêem o garoto e eu não mato todo mundo nessa porra.
Seus olhos vermelhos cintilantes ficaram em Midoriya, sentado a uma cama velha com Toga lhe tocando em várias partes do corpo e Twice assistindo. Suas unhas cresceram rapidamente e seus dentes tornaram-se maiores, saindo da boca. Bakugou rosnou feito um animal feroz.
Um grupo de vampiros se agrupou, cobrindo a visão da Liga Escarlate no fundo do depósito. Bakugou queria matar todos eles.
Uma manada de demônios velozes avançou na sua direção. Bakugou saltou o mais alto que podia e correu em direção a Midoriya sem olhar para trás. Seu reforço cuidaria dos outros vampiros. Apenas tinha que pegar Midoriya e sair dali o mais rápido possível.
Midnight atravessou os vidros nas paredes atrás do inimigo, aterrissando em cima de Dabi. Com sua super velocidade e força, Bakugou avançou em Shigaraki e o jogou na mesa cheia de equipamentos médicos, destruindo tudo.
– Não! — o doutor gritou — Oque você fez!
Bakugou chutou a barriga dele, que se chocou contra uma parede e desmaiou. Kugogiri voou em cima dele e quase arrancou sua cabeça com os dentes, mas Bakugou era experiente e com um chute na barriga, ele derrubou o vampiro e socou sua cabeça.
– Seu loiro idiota! — Toga foi para cima, mas ele nem se precisou de tanto esforço. Ela caiu no chão hum segundo desmaiada.
Twice pulou em Bakugou com garras e dentes para fora, a saliva pingando no rosto dele. Ele era forte e estava impedindo-o de chegar perto de Midoriya a qualquer custo.
– SAI SEU ARROMBADO! — Bakugou o empurrou até o chão e o imobilizou, apertando seu pescoço até não ter mais ar par mantê-lo acordado.
Midnight já tinha cuidado de Dabi e no momento estava acabando com os outros vampiros com chutes, cotoveladas, dentadas, socos, cabeçadas. Ela era uma mulher forte.
Ao olhar para onde tinha jogado o doutor, percebeu que o mesmo tinha sumido. Bakugou apenas se concentrou e correu até Midoriya, desamarrando seus tornozelos e braços.
Ele se jogou nos braços de Bakugou e começou a chorar e soluçar. O vampiro não sabia muito bem oque fazer, então apenas massageou a costa dele e o abraçou gentilmente.
– Vamos — Bakugou murmurou — Temos que ir Izuku — ele levantou e carregou Midoriya, correndo para a saída.
No momento que entraram no camburão, Bakugou suspirou aliviado e Midnight veio logo atrás.
– Feliz que o seu namoradinho está nos seus braços, bravo príncipe? — Midnight perguntou com sarcasmo e Bakugou mostrou o dedo do meio para ela — Tá bem óbvio que você tava morrendo de ciúmes pombinho, doido pra matar todo mundo só por causa dele! — ela riu ao ver as bochechas dele rosadas.
– Vai tomar no cu, idiota — xingou, evitando contato visual.
– Vocês sabem que eu ainda tô ouvindo tudo né? — Midoriya levantou a cabeça. Bakugou arregalou os olhos e Midnight começou a gargalhar.
– EU VOU MORRER DE TANTO RIR PORRA! — ela caiu para trás e encostou na parede do camburão, gargalhando sem parar.
Eles seguiram até o novo esconderijo com Midnight rindo até chorar e Bakugou de braços cruzados, evitando a todo custo olhar para Midoriya.
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