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História Dezesseis Anos e Meio - Atende logo esse celular!


Escrita por: LadyPadackles

Capítulo 32 - Atende logo esse celular!


Jared não tinha opção. Precisava falar com Jensen e levá-lo até Ben de qualquer maneira... Talvez apenas o amor do menino fosse capaz de salvar a vida do cãozinho... Ainda trancado no banheiro, ele tirou o celular do bolso, e já ia enviar uma mensagem para o louro quando notou um e-mail que o outro enviara para ele mais cedo. O assunto era simplesmente "SOS". Preocupado com seu namoradinho, Jared clicou para abrir a mensagem, mas nada aconteceu. Que péssima hora para se perder o sinal da internet...

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Jensen já havia tentado ligar para Roger milhares de vezes, mas o celular do pai estava desligado. Pelo jeito ele havia esquecido de carregar seu aparelho de novo... Que droga! O menino suspirou. Pelo jeito teria mesmo que enfrentar esse tal padre Mattews e sua baboseiras anti-gays. Depois, quando finalmente conseguisse falar com o pai, reclamaria. Aquela história toda não estava fazendo sentido nenhum... Mesmo que Roger tivesse caído na conversa de Brian, Jensen não acreditava que os pais ultra liberais de Christian tivessem.

O menino pensou em fugir. Poderia se esconder no quarto de um de seus amigos e só sair de lá quando estivesse seguro. Mas existia um impulso maior que não o deixava desobedecer. Ele dissera a Brian que encontraria com ele, e teria que fazê-lo... Desanimado, Jensen seguiu até o estacionamento, preparando-se para o desagradável passeio.

- Christian... - murmurou o menino em voz baixa assim que avistou o colega. Em seguida, Jensen foi até ele. Talvez o outro pudesse fazê-lo entender melhor o que se passava. - Não estou entendendo nada... - desabafou. - Por que os seus pais concordariam com isso?

Christian soltou um sorrisinho sem graça.

- Eu falei com a minha mãe, Jensen. Pedi pra ela concordar... Desculpa, aconteceu tudo tão depressa... Queria ter te alertado, e você poderia ter ligado pro seu pai antes do treinador... Desculpa mesmo...

- E você quer ir falar com esse padre pra quê? - perguntou o louro, surpreso.

Christian pareceu ficar ainda mais sem jeito.

- É que o Pablo tem ido a essas seções. Eu quero ver como é... Ele anda tão diferente... E pra falar a verdade, tenho passado tão pouco tempo ao seu lado que até isso parece uma oportunidade imperdível...

Jensen arregalou-se. Coitado do Christian... Isso sim era desespero. Aceitar ouvir o sermão de um padre homofóbico só para poder passar algumas horas a mais ao lado do Navalhada... Christian não merecia se apaixonar por um garoto com a mente tão fechada... Mais uma vez o louro agradeceu aos céus por ter o Jared, tão perfeito, para amar.

Jensen queria ter perguntado mais. Talvez Christian soubesse que tipo de conversa Brian provavelmente tivera com seu pai ao telefone... Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Brian e Pablo apareceram. Foi também nesse exato momento que o telefone de Jensen tocou. Era Jared... Mas ao lado de Brian, era arriscado demais atender. Agora não tinha mais jeito. Jared não podia mais ajudar... O menino desligou o telefone depressa. Dali os quatro partiram ao encontro do padre.

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A internet não funcionava, e Jensen não atendia o celular... Mas por que ele não atendia o celular? E se algo horrível tivesse acontecido com seu bebê? Que mensagem era aquela, com assunto "SOS"? Jared agora tremia dos pés a cabeça. Talvez Ben e Jensen fossem se reencontrar em breve, em um plano superior, e ele, apenas ele, ficaria na terra, vivo, sofrendo pra sempre...

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Enquanto isso, Tom esperava por Jared, alheio ao terror que assombrava o amigo. Prestava atenção ao cãozinho que dormia, se sentindo um inútil diante da situação. Não tinha jeito com animais... Muito menos tinha intimidade com eles... Torcia para que Jared voltasse depressa.

Quando Jensen chegou à paróquia, juntamente com Brian e seus dois colegas, sentia-se totalmente desanimado. Jamais imaginou que se divertiria tanto naquele final de tarde...

Pouco tempo após o treinador bater na porta, Padre Matthews apareceu. Era um senhorzinho de baixa estatura, nariz pontudo e uma careca lustrosa que cumprimentou-os de maneira formal.

- Fujam! Fujam, garotos! Corram enquanto é tempo! - Berrou uma voz sabe-se lá de onde.

Matthews, Brian e os três garotos olharam ao redor mas não viram nada. Em seguida ovos surgiram do nada, vindo estatelar-se bem na careca do padre. O senhor, vermelho de raiva, não sabia se limpava a melação que escorria por seu rosto ou se gritava com um tal de Patrick Vantouch.

- Patrick Vantouch! Eu sei que é você! Saia do seu esconderijo! - bradava o padre, enraivecido.

A cena era muito engraçada. Jensen não sabia quem era esse tal de Patrick, mas já virara seu fã. O menino olhou para Christian e ambos morderam a língua para não cair na gargalhada. Enquanto isso, Brian tentava ajudar o "santo" homem, oferecendo um lencinho para que se limpasse. Quanto a Pablo, permanecia tão apático quanto no treino. Nem ria, nem tentava ajudar.

- Saia de onde estiver, filho do demônio!

- Demônio é você, seu velho careca! Homofóbico, antiquado, intolerante filho da puta! - berrou a voz em resposta. E mais ovos vieram...

O padre procurou em cima das árvores, mas nada viu. Quando virava as costas, era atingido por outro ovo vindo de direção contrária. A essas alturas Jensen e Christian já não conseguiam mais segurar. Ambos riam até escorrer lágrimas.

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Jared estava demorando uma eternidade... Tom fitou o pequeno cachorro amarelo deitado na caminha. Notou que o animalzinho o fitava de volta, e parecia prestar muita atenção.

- Olá... - disse sem jeito. Nunca tivera um bicho na vida, e não tinha a menor intimidade com eles.

Ben continuou encarando com seus olhinhos grandes e redondos, deixando o homem ainda mais incomodado.

- Jared já vem pra pegar você... - explicou Tom. Mas o bichinho aparentemente não gostou da resposta, pois guinchou baixinho em seguida.

O homem esperou um pouco mais, mas Ben continuou a chorar. E nada de Jared voltar para perto deles... Talvez o filhote estivesse com frio. Cuidadosamente, e sem jeito, Tom resolveu pegá-lo nas mãos. Ele era quentinho e macio, e a sensação de segurá-lo era agradável. Ainda assim o olhar do animalzinho deixava-o um tanto desconfortável. Tom estava acostumado a conversar... Falar com as pessoas que o fitava nos olhos. Ahhh, e daí que Ben não fosse responder? Um monólogo era melhor que o silêncio...

- Eu nunca me desculpei com você... - falou o homem por fim. - Eu fiz uma enorme maldade contigo, cachorrinho, na nossa vida passada... Você se lembra? Provavelmente não. Eu também não me lembro... Foi Jared quem me contou.

O filhotinho estava agora bem quieto, aparentemente curtindo o calorzinho que recebia das mãos do humano. Mas voltou a fitá-lo, como a prestar atenção ao que ele lhe falava.

- Jared disse que você era um ratinho. E eu te atirei barranco abaixo... Você acredita, Ben, que eu tive coragem de fazer uma coisa dessas? Eu devia ser um perfeito idiota...

Ben não respondeu, mas Tom imaginou que concordasse com ele. Depois o moreno ficou pensativo.

- Eu devia ter vindo te ver antes... Nem tinha pensado nisso... Mas sabe que me sinto bem em te ver e pedir desculpas pessoalmente? Você me perdoa, Ben?

Tom acariciou os pelinhos amarelos e macios do filhote, e suspirou em seguida. Se ele tinha mesmo que ir para junto de Deus, que pelo menos tivessem feito as pazes antes disso.

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Padre Matthews, vermelho de raiva e de vergonha, finalmente desistiu de encontrar seu agressor. Enxugou a careca com uma toalha felpuda e chamou os três meninos para dentro da paróquia, para conversar.

A lenga lenga do padre era tão ridícula que chegava a ser engraçada. Ele citava a bíblia, e falava sobre o pecado do corpo e do desejo carnal. Falava na família constituída pelo homem, a mulher e os filhos. Nada daquilo fazia sentido em pleno século XXI... Jensen e Christian por vezes olhavam um para o outro e precisavam morder a língua para não rir. Pablo, ao contrário, parecia ouvir tudo com muita atenção e seriedade.

Enquanto isso, do lado de fora, Brian esperava os alunos. Já tinha também desistido de encontrar o rapaz dos ovos, quando ouviu uma voz, bem baixinha. Ele podia jurar que chamavam seu nome.

- Patrick, olha, é o Brian Scott !

Patrick havia acabado de subir na árvore, e assistia o homem de cima, juntamente com seu amigo Skye. Antes, estivera em cima do telhado. Era de lá que ele lançava os ovos, enquanto Skye o fazia da árvore, confundido o padre.

- Brian Scott? Tem certeza? - perguntou o rapaz incrédulo.

- Tem alguém aí em cima? - dessa vez foi Brian quem perguntou, ao ouvir os cochichos. O treinador então olhou para cima e finalmente pode ver os dois rapazes. Um moreno, de cabelos curtos, e belos olhos castanho avermelhados: era Patrick Vantouch. O outro, ruivo e sardento: era Skye. - Por que fazem isso? Que pecado! Humilhar e desrespeitar um santo homem... - desabafou.

Descobertos, Patrick e Skye finalmente desceram de onde estavam.

- A ladainha preconceituosa desse velho já destruiu a vida de gente demais... - justificou-se Patrick, com o semblante fechado. - Você não devia trazer esses garotos pra cá...

Skye, ao contrário de Patrick, olhava para Brian com certa admiração.

- Você é Brian Scott, não é? - perguntou por fim, enchendo-se de coragem.

- Sou eu mesmo - surpreendeu-se Brian. Como aquele rapaz podia saber seu nome? Vai ver era ex-aluno do colégio. Ou, quem sabe, sua fama como treinador de basquete já havia transcendido as paredes do Castelo. - Você me conhece de onde?

Skye deu uma rizadinha sem graça, e não respondeu. Patrick, com a confirmação da identidade de Brian Scott, pareceu ficar ainda mais irritado.

- Brian Scott? Como pode, logo você, um homossexual, ter boas relações com esse desgraçado? - perguntou o rapaz, indignado. - E ainda traz uns pobres garotos pra cá... - bufou.

Ele? homossexual? Como assim? Brian sentiu sua face queimar com o sangue que subia.

- Eu não sou homossexual! - respondeu enraivecido.

Skye se escondia atrás de Patrick. Não queria confusão... Mas o moreno não deixaria barato. Ele sabia muito bem do envolvimento do treinador com o professor de teatro. Paloma Fricote Padacotti relatava a história, parcialmente verídica, em sua fanfiction. Era de lá que eles conheciam Brian, pois a menina já havia postado diversas fotos, e inclusive, recentemente, uma dos dois se abraçando.

- Todo mundo sabe de você e do seu namorado, Jared Padalecki... - revidou Vantouch.

Brian sentiu-se gelar por dentro.

- Jared Padalecki não é meu namorado! De onde vocês tiraram isso? - bradou o homem, desesperado.

- Como falei... Todo mundo sabe disso... - insistiu Patrick, começando a se divertir com a situação.

Brian agora andava em círculos, arrancando os cabelos de nervoso. Ele iria matar Jared Padalecki! Quem mais haveria de culpar por aquela história absurda?

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- Padalecki! Você está aí?

Era a voz do veterinário. Jared, que agora andava pelo jardim tentando conectar seu aparelho à internet, estremeceu com o chamado. Pelo jeito seu bebezinho peludo já havia partido.

- Já vou! - respondeu o professor de teatro, engolindo as lágrimas.

- Seu amigo pediu pra eu te chamar... - justificou-se o médico. - Vem comigo... - disse ele, exibindo um sorriso que Padalecki não entendeu.

Quando o moreno finalmente entrou na sala, não pôde acreditar no que viu. Era Tom, segurando Ben nas mãos, e alimentando-o com a mamadeira. O bichinho tomava todo o leitinho com gosto, e já parecia bem mais esperto.

- Veja, Jared! - comemorou Tom, assim que viu o amigo a fitá-los sem acreditar na cena que via. - Eu conversei com ele... Pedi desculpas pelo que fiz no passado. Depois expliquei pro Ben que ele precisava mamar pra ficar forte e rever seu antigo dono. Não foi, neném? Acho que Ben quer mesmo se reencontrar com Jensen! - disse Welling abrindo um enorme sorriso.

Nessa mesma hora uma mensagem brotou no celular de Jared. "Está tudo bem, Jay. Foi até divertido. Não se preocupe". Jared, com lágrimas no olhos, sorriu. O maior sorriso do mundo. - Obrigado, Tom! Nem sei o que dizer... - disse emocionado. Seu filhotinho ficaria bem... Seu garotinho também.



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