1. Spirit Fanfics >
  2. Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin >
  3. Capítulo 5 - Amor Ardente

História Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin - Capítulo 5 - Amor Ardente


Escrita por: icebluegguk

Notas do Autor


Boa tarde! Como vão vocês?

Antes de começarem o novo capítulo, eu gostaria de anunciar algo muito importantes!

Eu criei uma conta no Ko-fi, uma plataforma onde artistas tentam ganhar um pouquinho com a arte deles, hehe. Já que sou escritora, criei 4 tipos diferentes de assinatura; então, há opção de membro para ter acesso exclusivo à spoilers das minhas obras em andamento e obras que pretendo postar futuramente (já postei o primeiro capítulo de duas obras futuras no ko-fi inclusive), além de receberem recompensas exclusivas quando as metas forem atingidas. O link está nas notas finais, quem puder compartilhar ou assinar como membro, eu ficaria muitíssimo agradecida!

CAPÍTULO BETADO.
#BlueDay

Capítulo 6 - Capítulo 5 - Amor Ardente


Fanfic / Fanfiction Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin - Capítulo 5 - Amor Ardente

☾ Seus beijos me elevam mais alto, como uma doce canção de um coral. Você ilumina meu céu de manhã com amor ardente. ☽

— “Burning Love”, Elvis Presley

 

 

Interpretação de texto é uma coisa muito importante.

Saber ler é fundamental, mas de nada vale ter essa habilidade se você não souber como se interpreta um texto; ler livros se torna inútil, ainda mais aqueles que é preciso um pouco mais de paciência e discernimento para que consigam ser compreendidos e refletidos. E, por mais que os professores de interpretação estejam recebendo muito bem para isso, ainda existem pessoas que continuam não prestando atenção e perdendo uma ótima oportunidade de ficar com a boca fechada para que não passem vergonha.

A escola está cheia delas.

Existe uma filosofia — de Nicolau Maquiavel — criada a partir de sua análise sobre a dominação dos homens no meio da política, que diz que o homem tende a ser mau, tendo sua natureza facilmente corruptível. No Capítulo XVII de O Príncipe, Nicolau explica que o homem acha mais seguro ser temido do que amado e, estudando a fundo todo o conteúdo que eu tive paciência para ler nas aulas de filosofia, posso dizer que aderi certa simpatia pelas palavras daquele italiano.

Eu não acreditava que o amor realmente pudesse existir naquela época; no entanto, então imaginava que aquele havia sido um sentimento criado pelos homens para que tivessem controle sobre as pessoas de alguma forma, porque — depois de um tempo — me pareceu ser algo que apenas atraía muita dor.

Ainda conseguia sentir a sensação incômoda de revirar os olhos sempre que ouvia alguém discordando daquela frase simplesmente por pura falta da capacidade de interpretação textual; aparentemente, eles relacionavam as palavras “tender a ser mau” com “nascer mau”, o que são coisas completamente distintas, e todos batiam o pé, reforçando seus argumentos sem nexo algum, mesmo que a professora estivesse explicando — pela milésima vez — que existe uma diferença enorme entre “tender” e “nascer”.

Nesses momentos, eu era um cosplay ambulante do vilão de O Rei Leão, Scar, massageando minha têmpora com os dedos e me segurando para não verbalizar meus pensamentos.

Eu estou cercado de idiotas.

Acho que a professora de filosofia era a única que entendia como eu me sentia dentro daquela sala de aula.

Mas, voltando à filosofia de Nicolau Maquiavel propriamente dita, eu acreditava piamente que ela era verídica; é claro que eu só tinha parado para analisar meu dia a dia para constatar aquilo. — o quanto me sentia sozinho, o fato de minha mãe me odiar e os colegas de classe horrendos com quem era obrigado a conviver todos os dias. Adotei aquela filosofia para a minha vida particular, usando-a como um escudo, porque, assim, eu não precisava sentir, não precisava me apegar a nada e a ninguém, já que era mais seguro ser temido do que amado.

Namjoon me disse que eu estava ficando louco e precisava arranjar uma namorada — ou um namorado, segundo ele —, eu respondia que amor era uma coisa que eu nunca chegaria perto de sentir, porque ele não existia. Yoongi me dava um cascudo na nuca e começava a falar que estava preocupado comigo e que, se eu não mudasse meu comportamento, me sequestraria e me levaria a um psicólogo por conta própria.

Como o esperado, por Seokjin, era apenas uma fase muita revoltada minha, e eu até me senti na obrigação de pedir desculpas porque não levei em consideração as coisas que eu sentia por eles. E, sim, foi a primeira vez que pensei que o amor pudesse ser algo real.

E… bem, depois que conheci Park Jimin, essa filosofia foi completamente esquecida por mim.

Jimin emanava bondade para qualquer um que o enxergasse verdadeiramente e, julgando pela vida que ele levava com a mãe, — naquela casa tão vazia quanto a minha — ele não foi ensinado a ser adorável e educado com as pessoas, ele simplesmente nasceu bom. Park aparentava ser tão facilmente corruptível, mas nunca havia deixado se abalar pelas situações à sua volta, eu conseguia afirmar com convicção, Jimin era forte à sua própria maneira.

Mais forte do que eu jamais fui.

Eu não queria admitir naquele tempo, estava determinado a enganar até a mim mesmo quanto a isso, mas Jimin já havia arrancado um pedacinho de mim e fundido a ele, era como se já estivéssemos ligados. Haviam momentos em que a velocidade das coisas realmente me incomodava, assim como haviam momentos em que eu simplesmente não me importava com esse detalhe.

Tudo bem, já haviam se passado algumas semanas desde que começamos a ficar as tardes juntos, mas a minha preocupação com ele aumentou, consideravelmente, em muito pouco tempo. Antes de conseguir dormir na noite passada, depois de chorar por causa do desespero que reprimi durante a crise de Jimin, fiquei procrastinando por horas, imaginando se ele poderia estar desconfortável em minha cama.

Levantei-me — no mínimo — três vezes durante a madrugada, apenas para me certificar de que Jimin ainda dormia. Perdi alguns minutos admirando sua feição durante o sono profundo; ele parecia estar em paz, apesar dos vergões avermelhados que haviam ficado em seu rosto e o lábio cortado, e eu agradecia imensamente por poder ter aquele momento; tentava não me demorar mundo nos instantes em que era levado pelos meus sentimentos secretos — que ainda não haviam se revelado totalmente para mim — antes que ele acordasse e acabasse se assustando com a minha presença, quase, fantasmagórica.

Dormir no sofá era desconfortável, mas eu podia ligar a TV caso não conseguisse e — eu sempre me lembrava — era mais aconchegante que o quarto de hóspedes. Então, enquanto repetia inúmeras vezes em minha mente que Jimin estava bem e que outra crise não viria por agora, peguei no sono gradativamente.

Assim que o mundo dos sonhos me atingiu de vez, tudo apagou de uma forma muito convidativa, acho que todo o cansaço do dia anterior obrigou meu corpo a se afundar naquela sensação confortável. Ignorei até mesmo o canto dos passarinhos, enquanto mais um dia se formava, mas não consegui ignorar quando senti algo cutucando-me o peito.

Franzi as sobrancelhas antes de abrir meus olhos lentamente, tentando acostumá-los à claridade que já tomava a sala — eu havia esquecido de fechar as cortinas.

Jimin estava com o rosto tão perto de mim que meus olhos se arregalaram e eu engoli em seco; não era normal estar tão próximo dele, sabia que Park não gostava de ser tocado e, por mais que eu o tivesse nos braços na noite anterior, estava tão nervoso naquele momento que nem ao menos parecia ter acontecido — além de que, Jimin estava inconsciente, então não havia o que aproveitar.

— Kookie? — chamou, com sua voz rouquinha pós-sono.

Acalmei minha respiração, antes de responder:

— E-Estou acordado, Minnie.

Jimin se afastou-se imediatamente, já recolhendo sua mão ao próprio colo, e eu me sentia um completo idiota por ter gaguejado.

— Hm… — sentei-me, esfregando os olhos para espantar o sono e encarando Jimin sentado no chão logo depois; alcancei meu celular e chequei as horas, arregalando meus olhos novamente, ainda faltavam duas horas até meu horário escolar — Por que me acordou, Minie? Ainda está muito cedo. Não consegue dormir?

Ele olhou para baixo e começou a remexer as mãos, aquilo era um sinal de que ele estava nervoso, — pelo que pude observar até o momento — mas eu não estava bravo com ele, só não sabia como demonstrar isso sem precisar estabelecer uma aproximação maior.

No entanto, identificar as linhas avermelhadas em suas bochechas fez meu coração acelerar, o corte no lábio continuava avermelhado e aparente. Ainda conseguia repassar todas as cenas da noite anterior em minha cabeça

— E-Eu queria p-perguntar… — começou a falar, olhando-me de soslaio, ao que eu apenas respondi com um arquear de sobrancelhas, incentivando-o a continuar. — Você p-pode me levar p-para a escola, por favor?

É, eu fiquei sem reação.

Ele está pedindo para ir… à escola?

— Ah…

— Eu s-sinto falta, Kookie.

Para ser sincero, como nunca tinha visto Jimin indo para a escola, e a mãe dele nem havia tocado no assunto quando me pediu para ficar com ele; eu não me lembrei desse detalhe. Mas é claro que eu sabia que era importante que Jimin voltasse para a escola, só não sabia que ele estava tão ansioso a ponto de me pedir para levá-lo — como se eu não quisesse fazê-lo.

Suspirei, porque ele ainda parecia estar muito ansioso com a minha presença.

— Tudo bem. — respondi, recebendo seus olhinhos brilhantes nos meus — Você trouxe seu uniforme?

Ele assentiu.

— Ele está passado?

Negou com a cabeça, acrescentando:

— T-Trouxe escondido, Kookie.

Minha garganta coçava com a vontade de sanar minha curiosidade sobre os motivos da senhora Park não levar o próprio filho à escola, mas não adiantaria nada perguntar a Jimin — ele provavelmente não saberia também.

— Vá tomar banho, então. — bocejei, espreguiçando-me — Vou arrumar seu uniforme, sim?

Eu nem precisei insistir, Park se levantou num instante e correu para a escada; quase gritei para que ele tomasse cuidado ao subir os degraus, mas me segurei porque poderia assustá-lo. Então, apenas ri com sua animação, já que nenhum acidente aconteceu.

Forcei-me a levantar do sofá que, como um passe de mágica, parecia tão confortável agora. Subi os mesmos degraus que os dedos de Park Jimin tocaram, mas com a preguiça explícita para qualquer um que pudesse ver; eu sempre agia assim em dias de semana — me sentia como um velho de sessenta anos com o simples pensamento de que teria de ir para a escola daqui algumas horas.

Entrei em meu quarto, que tinha a porta aberta e ouvi o barulho do chuveiro ligado vindo de meu banheiro… que também estava com a porta escancarada. Tudo bem, minhas bochechas ruboresceram naquele instante enquanto o fato de Jimin estar despido debaixo do meu chuveiro com a porta aberta passava pela minha cabeça.

E foi naquele momento em que estagnei, querendo afundar meus pés no piso gelado e virar um pedaço de porcelanato para tentar me esconder do mundo inteiro, porque aquilo não estava certo. Por que caralhos eu tinha tido aquele pensamento relacionado ao Park? E por que eu estava envergonhado por isso?

Isso era… droga… tão errado.

Agradeci pela mochila de Jimin estar bem longe daquele pedaço de madeira e abri seu zíper, logo procurando por algo que parecesse um uniforme e não demorando muito para encontrá-lo. Peguei as peças e as levei até o cômodo ao lado, onde a mesa e o ferro de passar roupa ficavam, juntamente com as roupas recémlavadas.

Passei a calça social azul marinho primeiro, seguido da camisa social branca e o blazer amarelo de detalhes azul marinho. Tudo com muito cuidado e atenção, porque eu sentia que poderia dormir ali mesmo, mas não queria estragar as roupas de Jimin — ele estava tão feliz por estar prestes a voltar para a escola.

Voltei para meu quarto com seu uniforme em perfeito estado, posicionando tudo sobre a cama e deixando a gravata com desenhos de estrelas amarelas em cima da camisa social. Notei que o barulho do chuveiro era inexistente agora, mas o Park continuava dentro do banheiro.

— Jimin? — chamei-o, num tom ameno.

— Hm? — grunhiu em resposta.

— Está tudo bem aí? Precisa de ajuda com algo?

— Não, Kookie. Já v-vou sair.

— Certo. Seu uniforme está em cima da cama. Vou preparar nosso café da manhã.

Ouvi mais um grunhido de confirmação antes de sair do quarto e fechar a porta para lhe dar privacidade, mesmo que ele não parecesse muito se importar com ela.

Parti para a cozinha e abri o congelador; foi a primeira vez em que não revirei os olhos ao ver os saquinhos plásticos etiquetados que Seokjin repunha a cada duas semanas, decidi preparar ovos mexidos; peguei o pão e a manteiga também, junto ao suco de laranja natural que minha mãe gostava de beber pela manhã.

Estava tão envolvido com a atenção que dedicava ao fogão, que não teria notado a presença de Jimin — minutos depois — perto da bancada da cozinha. Não teria notado, se aquele uniforme amarelo não fosse tão chamativo.

Sobressaltei-me com o calorzinho que senti ao que meus olhos focaram em sua figura parada, encarando-me com um semblante um pouco tristonho, seu blazer ainda estava todo desabotoado e a gravata embolada em sua mão, mas a camisa social estava perfeitamente lisa e por dentro da calça.

— Kookie, — disse, crispando os lábios, antes de estender-me a mão que segurava a gravata e me explicar: — não consegui colocar.

Ele é fofo até quando está frustrado, que maldição.

Deixei o fogo baixo para que pudesse me desgrudar da posição de cozinheiro, aproximando-me dele e tomando a gravata de seus dedos sem que tivéssemos que nos tocar muito — seu desconforto com a minha proximidade ainda era visível. Eu já havia visto muitos tutoriais de como fazer nós de gravata, uma professora havia me ensinado também, quando cansaram de me castigar por sempre chegar na escola sem a gravata e começarem a desconfiar de que — só talvez — eu não tivesse ninguém para me ensinar a fazer aquela porcaria.

Bem, estava feliz por saber que Jimin não teria de passar por isso.

— Ob-brigado, Kookie. — ele disse, assim que terminei de ajeitar sua gravata e abotoei seu blazer.

Seus olhos desviaram para suas mãos quando ousei encará-los; sorri com aquilo, porque aquela era a maior aproximação válida que tivemos em semanas. Aliás, Jimin parecia mais acanhado do que desconfortável, depois de analisar melhor.

— Sente-se. — convidei, lhe dando as costas e voltando para o fogão — Já vai ficar pronto.

— Posso c-comer chocolate? — perguntou sorridente, enquanto se sentava.

Mas eu neguei com a cabeça, ao responder:

— Chocolate só depois do almoço, Minie.

Vi um um bico irritado se formar em seus lábios e minha única reação foi conter um sorriso.

Assim que tudo já estava no ponto, eu peguei algumas cumbucas metálicas no armário e servi cada prato em porções individuais para Jimin e para mim. Peguei uma colher para cada um de nós para que pudéssemos saborear os ovos mexidos junto ao pão.

Ficamos sentados de frente para o outro na bancada e, antes que o Park pudesse levantar a colher, me apressei em colocar um guardanapo no colarinho de sua camisa, para que ele não sujasse seu uniforme. Talvez não tenha sido a melhor das ideias, porque acabei tocando em seu pescoço e eu percebi que aquilo lhe despertou uma certa ansiedade, mas ele não disse — ou fez — nada. Apenas tomou seu café da manhã, como eu.

Enquanto eu acabava com tudo o que havia servido para mim, assim como Jimin também fazia, — mesmo que de forma menos afoita — usei aquele momento quieto e até um pouco incômodo para analisá-lo melhor. Ele ainda não olhava para mim e suas bochechas estavam levemente coradas, foi naquele momento que eu concluí de vez que era uma droga em leitura corporal.

— Vamos escovar os dentes. — foi a única coisa útil que eu pensei em falar quando terminei de comer, seguido por ele, que logo me encarou com seus olhinhos atentos.

Jimin assentiu e se levantou, andando apressadamente em direção àescada de novo, eu peguei toda a louça suja e coloquei dentro da pia, deixando para lavá-la quando chegasse da escola. Subi a escada e separei meu uniforme — já em perfeitas condições — sobre a cama, ouvindo o som da fricção da escova nos dentes de Jimin. Caminhei até meu guarda roupa e peguei uma cueca e um par de meias limpas, jogando tudo em cima da cama também.

Esperei até que Park saísse do banheiro, apenas para vê-lo sentar ereto em meu colchão. Mas não demorou muito para que eu percebesse a movimentação frequente, para frente e para trás, que seu tronco iniciava. Os momentos de pura calmaria haviam acabado para ele.

Alcancei meu celular e conectei os fones, deixando num volume aceitável para os tímpanos normais de um ser humano, e ofereci a Park. Eu não podia ligar o som, minha mãe devia estar no quarto do final do corredor, dormindo, e incomodá-la não era uma boa ideia, então meu celular era tudo o que eu podia oferecer no momento. Respirei aliviado quando Jimin encaixou os fones em seus ouvidos, apertei no modo aleatório e vi que “Burning Love” começou a tocar.

A visão que guardei durante todo o trajeto até o banheiro — assim como o tempo do banho — foi a de Park Jimin dando seu sorriso, fazendo os olhos se tornarem apenas um risquinho e as bochechas inflarem, tão próximo ao meu rosto, quando a voz do Elvis Presley tomou sua audição.

 

 

Depois de esvaziar a mochila de Jimin, guardar suas roupas no espaço vago em meu armário, lhe emprestar um caderno, lápis de cor que eu já não usava — já que ele se esqueceu de pegar seus materiais na noite anterior — e pesquisar o endereço de sua escola, usando o nome bordado em seu uniforme e constatando que era perto da minha, estávamos prontos para ir.

Deixei que Jimin continuasse ouvindo música em meu celular, porque ele ainda não parecia estar muito calmo. Enquanto caminhávamos pelas calçadas, eu tinha que ficar dividindo minha atenção com o GPS e o Park, que permanecia ao meu lado como o havia instruído. Em outras circunstâncias, eu o teria feito se segurar em meu braço ou algo assim, mas eu tentava sempre manter em mente: sem toques.

A escola ficava algumas quadras abaixo da minha — tomando uma direção um pouco diferente do que estava acostumado —, o que era uma boa notícia, porque significava que seria um caminho simples para levar Jimine buscá-lo todos os dias. Era uma construção simples, térrea, ocupava um quarteirão inteiro, e colorida — não pude deixar de notar que não havia nenhum tom vermelho presente… e que Jimin começou a sorrir assim que paramos em frente ao portão principal.

— Eu te deixo aqui? — pergunto, o encarando com expectativa.

Não houve resposta, porque os fones ainda estavam no ouvido de Jimin e eu sempre esquecia que ele não conseguia prestar atenção em muitas coisas ao mesmo tempo.

Me aproximei e tirei um dos fones, quase morrendo de doçura quando seus olhos arregalados se voltaram para mim.

— É aqui que eu te deixo? — repeti a pergunta, sorrindo dessa vez.

Jimin era menor que eu, então da posição que estava, — tão próximo e com meus olhos pairando sobre ele — de algum modo, eu parecia seu protetor. Ele estava completamente atento a mim, olhando para cima de forma adorável, e eu gostei daquilo.

Ele negou com a cabeça.

— Na sala, Kookie. — disse, passando pelo portão sem nem me esperar.

— E você lembra onde fica sua sala, Minie? — perguntei, rapidamente voltando ao meu posto ao seu lado.

— Lembro. — assente, ainda me guiando — Ela t-tem p-porta laranja.

Aproveitei para dar uma olhada no lado interno da escola enorme; o local parecia uma divisão de salas de aula em um lado e um espaço arborizado, com alguns brinquedos coloridos e mesas de madeira fixas ao solo — assim como as cadeiras que as rodeavam — do outro lado. Parecia um mundo à parte do verdadeiro e, então, eu entendi o motivo de Jimin sentir falta daquele lugar.

Enquanto eu apenas o seguia, percebi outros pais acompanhando seus filhos até as professoras que esperavam na porta das salas de aula, cada uma tinha uma cor diferente. Então notei que aquela escola, muito provavelmente, era exclusiva para pessoas especiais.

— Kookie, — Jimin chamou, roubando minha atenção — eu g-gosto muito de laranja.

Eu sorri de lado, mesmo que ele não pudesse ver.

— É bonito quando o céu fica laranja no final da tarde, não é? — perguntei, lembrando-me da conversa que tivemos dois dias atrás.

Jimin parou subitamente, quase fazendo com que eu tropeçasse nele, e — por um momento — eu pensei ter dito algo errado. Mas ele se virou para mim e, ao mesmo tempo em que seu sorriso estava radiante, com os dentes sendo exibidos sem acanhamento algum — até porque, aquele único dente tortinho deixava tudo ainda mais lindo —, seus olhos estavam brilhantes e as sobrancelhas erguidas.

Eu não sabia como agir diante daquilo, nem sabia como minha cara estava naquele momento.

— V-Você leu minha m-mente! — soltou, quase gritando de empolgação.

Jimin...

Droga!

Por que você faz meu coração doer tanto?

Aquele garoto ia me tirar dos trilhos, eu estava prevendo o caos em antecipação.

— Jimin? — uma voz feminina chamou.

Procurei a dona daquele tom e vi uma mulher nos encarando. Ela estava em frente a uma porta laranja, deduzi ser a professora do Park.

— P-Professora Sohyun! — dessa vez ele gritou mesmo e correu em direção à mulher.

A mulher — Sohyun — sorria e parecia realmente feliz em ver Jimin, então me aproximei lentamente. A professora olhou para mim com certa desconfiança, mas logo desviou sua atenção para o menor novamente.

— Pode entrar, querido. — disse — Seus amigos estão com saudade de você.

O sorriso de Jimin era enorme, eu nem conseguia explicar como o calor que sentia com sua felicidade me fazia bem; mas, antes que Park entrasse, chamei sua atenção e estendi minha mão.

— O celular. — expliquei, quando ele me lançou mais um de seus olhares confusos.

E, agora, seu semblante se transforma de um confuso para um irritado.

Segurei um riso.

— Você pode ouvir mais música quando eu vier te buscar. — eu disse, sorrindo — Eu prometo.

Jimin ainda mantinha as sobrancelhas franzidas e os lábios crispados quando estendeu seu punho fechado em minha direção. Apenas seu dedo mínimo levantado.

Eu nem consegui segurar o suspiro pesado que aquele ato me causou e, além disso, saber que Sohyun estava assistindo a tudo aquilo atentamente me fez corar. Mas eu não queria focar em meu constrangimento agora, pois Jimin estava prestes a me tocar por vontade própria.

Estendi meu próprio dedo mínimo, envolvendo o dele e selando nossos polegares. Só então, Jimin sorriu, retirou o outro fone do ouvido e pegou meu celular do bolso de sua calça para me entregar. Curvou-se para a professora e entrou na sala de aula. Fiquei observando-o até quando correu até um menino, praticamente se jogando em cima dele para abraçá-lo, sendo retribuído.

Aquele dever ser o Taemin, torci o nariz.

Ele abraçava um garoto daquele jeito, mas demorou semanas apenas para me tocar voluntariamente.

Bem, pelo menos você cruza mindinhos com ele.

E eu não estou com ciúme.

— Jimin não vem às aulas há meses. — a professora chamou minha atenção — Pode me explicar o porquê disso?

Na verdade, não.

— Ahm… — foi a única coisa que saiu da minha boca.

— Eu sei que a senhora Park não aprova o fato de Jimin estar em uma turma de adolescentes como ele. — continuou, sem me dar mais uma chance de resposta — Só que é o que o pai dele está pagando. Se ela não está satisfeita, terá de colocar Jimin em outra escola, mas ele não pode ficar sem estudar!

O pai… do Jimin?

Jimin tem um pai?

Tudo bem, eu sabia que a senhora Park não tinha feito Park Jimin com o próprio dedo, — já conhecia bem o processo — mas… bem… ela era uma prostituta e não era casada. Jimin passava quase cem por cento do dia sozinho, sem cuidados.

Então… se o pai do Jimin estava pagando a escola… Deus, qual era o problema dessa gente?

— Eu… — me pronunciei, antes que Sohyun jogasse mais coisas para cima de mim ou se retirasse — Sohyun, certo? Eu sou amigo do Jimin, somos vizinhos. Não conheço o pai dele, apenas a mãe, e ela pediu para que eu ficasse com ele durante a semana por causa do… trabalho dela. Então o trouxe porque ele me pediu, mas não sei de nada sobre os assuntos mais particulares.

A mulher, — claramente bem mais velha que eu — que possuía um olhar sério até segundos atrás, assumiu os olhos arregalados. Percebi que ela ficou envergonhada porque suas bochechas ficaram vermelhas e pressionou uma das mãos sobre a boca.

— Você é… amigo de Jimin? — perguntou, mais curiosa do que desconfiada dessa vez — Jimin sempre disse que se sentia solitário em casa, porque não tinha amigos.

— Nossa amizade é recente. — expliquei, sorrindo apenas ao me lembrar de como nossa relação desenvolveu-se rapidamente — Ele gosta de ouvir música comigo.

Eu não consegui evitar me sentir quente mais uma vez, nem percebia que o sorriso que sustentava era verdadeiro demais, e que meu coração batia mais lentamente ao sentir aquelas coisas que eu ainda não sabia distinguir, tomando cada detalhe de Jimin em minhas lembranças e transformando os sentimentos dentro de mim. Tentei evitar a sensação de estar flutuando no vácuo, sem a gravidade para fazer eu me sentir seguro e firme, porque isso era claramente um sinal de que algo além estava acontecendo comigo.

Mas não podia ser verdade.

Não, não podia.

Então tratei de afastar aqueles pensamentos logo.

Chequei o horário em meu celular, percebendo que eu precisaria me apressar para não chegar atrasado na escola agora.

— Preciso ir, — disse, curvando-me em respeito à professora — até mais.

Olhar para dentro da sala em busca de Jimin foi algo automático, mas, imediatamente, encontrar seus olhos foi maravilhoso, porque aquilo significava que ele já estava olhando para mim há um bom tempo. Park abaixou o olhar apenas por alguns segundos, parecendo se segurar para não ruborizar — o que não adiantou, é claro — e logo voltou a olhar para mim, dando seu sorriso característico e acenando em despedida.

Só a visão daquilo já afastava qualquer energia negativa que ousasse tentar se aproximar de mim.

Devolvi o aceno e o sorriso.

E me obriguei a dar as costas a ele para seguir meu próprio caminho.

Assim que pisei para fora daquela escola, não demorei muito para encaixar os fones em meus ouvidos, colocando “Burning Love” para tocar e começando a me sentir dentro de um filme musical. Eu podia ver todo o cenário tomar uma cor mais brilhante, conseguia me imaginar realizando alguns passos de dança e, aos poucos, pessoas comuns que caminhavam nas ruas se juntando a mim no espetáculo.

Meu Deus, eu estou tão ferrado.

 

 

Não aconteceu muita coisa na escola, como sempre; passei a maior parte procrastinando, algo que já era muito comum em meu cotidiano. Primeiro, eu tentava criar possíveis soluções para o mistério que era a vida de Jimin — a parte escondida dela — e qual era o motivo de toda aquela confusão com sua mãe e a escola; depois, pensei no fato de que sabia, agora, que Jimin tinha um pai mais presente do que imaginei… bem, era mais presente do que o meu, pelo menos; — ele até mesmo pagava a escola dele — por último, apenas pensei em Jimin.

Cem por cento das minhas horas na escola foram dedicadas a ignorar as provocações dos garotos da minha sala, — inclusive, um deles é meu vizinho — ouvir música e sempre voltar ao dono dos meus pensamentos mais confusos — qual é, não preciso dizer o nome dele novamente. E, como sempre, a hora de ir embora foi a melhor parte, só não dizia ser a minha favorita da manhã porque foi Jimin quem me acordou, e eu logo me prestei a descer as quadras e fazer a curva onde precisava, avistando a escola colorida mais uma vez.

Os mesmos pais de mais cedo entravam pelo portão principal, eu apenas imitei suas ações porque Jimin não me explicou exatamente como funcionava o ritual da hora da saída ali; segui direto pelos corredores sem paredes, já vendo a professora Sohyun acompanhando um aluno até o pai e se despedindo com um sorriso e um aceno. Ela parecia uma pessoa agradável de se ter como educadora.

Logo que me viu, seu sorriso aumentou e ele parecia insinuar que ela conhecia todos os meus segredos, os mistérios que os envolviam e as respostas de todos eles. Era uma sensação estranha, eu me sentia exposto.

— Jimin só falou de você hoje. — disse rindo, virou-se para trás e acenou para alguém.

E meus olhos se encontraram com os empolgados de Park Jimin, sorrindo enquanto reconhecia meu rosto.

— Ele pode demorar um pouco para estabelecer alguma proximidade. — Sohyun voltou a falar, enquanto esperávamos o Park guardar seus materiais. — Mas não é porque ele não gosta de você ou algo assim, Jimin só quer te conhecer melhor, entender quais são suas intenções… do jeito dele. Pode ter certeza de que ele gosta de você. Só continue fazendo o que está fazendo. E não o machuque. Em nenhum sentido.

Eu quis dizer que jamais faria isso. Só que, quando parei para pensar bem, concluí que não podia ter certeza. Então, quis dizer que nunca o machucaria de propósito, mas ela se pronunciou novamente, antes de mim:

— Pessoas autistas podem ser instáveis, mas não são incapazes. Elas podem tentar levar a vida da forma mais normal possível, respeitando as próprias limitações.

O tom de voz de Sohyun era casual, mas sabia que ela queria que eu realmente levasse aquelas palavras a sério. E eu levaria, tentaria ao máximo ser um bom amigo para Jimin. Era uma promessa.

— Jungkook! — O dono daquela voz doce gritou.

E o sorriso surgiu em meus lábios antes mesmo que eu pudesse dedicar toda a minha atenção ao garoto que a furtava para si. Olhei para seus sapatos pretos e percebi que precisavam ser engraxados, — tomaria a liberdade de resolver isso depois — seu uniforme ainda estava em perfeito estado e ele mantinha as mãos entrelaçadas a frente do corpo, o tronco remexia-se para frente e para trás; a pele alva apresentava apenas uma pincelada do tom rosado nas bochechas, as marcas avermelhadas estavam mais amenas, sobrando apenas o corte nos lábios ainda visíveis. Jimin exibia um sorriso aberto e os olhos quase totalmente fechados enquanto se aproximava de mim.

— Guardou todo o material direitinho? — perguntei, erguendo as sobrancelhas de forma descontraída.

— Sim, Kookie! — ele respondeu, agora me olhando com mais atenção — V-Vamos para casa ag-gora?

— Vamos, sim.

— Jimin, — Sohyun o chamou, seus olhinhos se voltaram para ela — posso conversar com o Jungkook só por um momentinho?

O menor assentiu, esfregando os pulsos logo depois — ele ficou nervoso.

— Converse com Taemin apenas mais um pouco, sim? — Jimin virou-se para dentro da sala e correu até o melhor amigo; encarei Sohyun com puro questionamento no olhar, ela apenas sorriu e suspirou, antes de dizer:

— Eu não sei exatamente quanto tempo passam juntos, mas Jimin parece confortável com a sua presença e eu nunca o vi agir assim com uma pessoa que conhece há pouco tempo.

Quis lhe contar a reação que Jimin teve quando o toquei durante sua crise — ou em qualquer outra ocasião —, mas fiquei com medo de ela mudar de ideia em me contar qualquer coisa sobre ele.

— Eu mando algumas lições para eles praticarem com os pais ou os responsáveis, exercícios de fala, leitura, escrita e coisas assim. — continuou, enquanto eu apenas assenti — Jimin está bem atrasado em relação aos outros, ele ainda tem muita dificuldade com as palavras, em pronunciá-las ou compreendê-las quando lê, e a escrita ainda não é muito legível.

Minhas sobrancelhas franziram involuntariamente, enquanto eu prestava atenção em cada palavra da professora, porque eu estava preocupado.

— Não sei qual é o estilo de vida que a senhora Park leva; quando Jimin foi matriculado aqui, ele mal conseguia se comunicar conosco. Mas ele precisa viver em um ambiente saudável e tranquilo para que consiga se desenvolver. — ela estava realmente séria agora — Ele precisa praticar, então peço para que o ajude nisso, já que você parece gostar dele tanto quanto ele gosta de você. Use isso para ajudá-lo. Pode fazer isso?

Não precisava pensar muito para dar a minha resposta:

— Claro. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo.

Depois daquela conversa, Sohyun voltou a sorrir e a chamar Jimin. Ela parecia mesmo confiar em mim e aquilo me deu um pouco de medo, era como se eu tivesse assumido uma responsabilidade agora — e responsabilidades são muito importantes. Mas o lado bom disso, é que havia sido voluntário. Adotei aquilo por conta própria e porque eu queria mesmo ter um papel importante na vida de Park Jimin.

Caminhei sob o olhar fulminante do garoto mais novo, que ficava extremamente lindo com aqueles fios escuros repartidos ao meio, as mechas laterais emolduravam seu rosto e o fazia assumir uma aparência quase angelical — não acredito que pensei isso.

— Por que está me olhando assim? — Resolvi perguntar.

— P-Prometeu de ded-dinho que ia ouvir m-música, Kookie. — respondeu, ainda com o bico nos lábios, andando ao meu lado — Disse que não podemos queb-brar p-promessas de dedinho.

O que posso dizer? Eu quis me jogar no asfalto e pedir para que qualquer força superior do Universo me levasse. Park Jimin estava acabando comigo e o pior era que eu ficava cada vez mais confuso com aquela sensação — era tudo muito novo para mim.

É claro que eu logo tirei o celular com os fones de ouvido de dentro da minha mochila e dei para ele, arrancando o sorriso bonito daqueles lábios novamente.

Ele me agradeceu e ouviu música pelo resto do caminho. Foi só naquele momento que eu percebi algo que aqueceu meu coração: há minutos atrás, Jimin chamou o lugar onde eu morava de casa. Não foi um “vamos para sua casa agora?”, mas sim um “vamos para casa agora?”.

Talvez fosse só uma conclusão boba, mas se esse era realmente o caso, então eu era um bobo muito feliz.

 

 

Quando entramos em casa, decidi preparar o almoço imediatamente, já que minha barriga começou a roncar e eu não sabia quais eram os horários das refeições de Jimin — os meus eram todos desregulados. Mas, bem, se Jimin ia passara maior parte de suas semanas comigo, entrar numa rotina era necessário.

Ele me seguiu até a cozinha e se sentou perto da bancada, agitando-se ao ritmo da música que ainda ecoava em seus ouvidos, enquanto eu bisbilhotava a geladeira para ter uma ideia do que fazer.

Assim que peguei tudo o que precisava para preparar o almoço, dei meia volta na bancada, parando ao lado de Jimin e retirando cuidadosamente ambos os fones ao mesmo tempo.

Tudo bem, esse olhar dele quase me mata, mas está tudo sob controle.

— Vá vestir algo mais confortável. — eu disse, escorando-me na madeira à nossa frente, ao que sustentamos o olhar do outro — Farei nosso almoço e depois você vai poder comer seu chocolate.

Park não me respondeu, apenas encarou seus pés e se dirigiu para fora da cozinha, deixando meus fones de ouvido junto ao celular, ainda tocando música. Coloquei toda a comida congelada numa panela e mantive um olhar cuidadoso sobre o fogão, ao mesmo tempo que falava com meus amigos no nosso grupo de mensagens.

 

Taemônio:

12h11|jeon jungkook

12h11|é vdd que tá tomando conta daquele teu vizinho fofo?

como ficou sabendo disso?|12h25

Yoon:

12h26|taehyung

Taemônio:

12h26|yoongi contou

12h26|aliás, pq tive que saber pelo yoongi?

yoongi!|12h27

Namu:

12h28|era pra ser segredo?

Seokjinnie:

12h30|ih

Seokie:

12h30|ih

não era pra ser um segredo|12h30

mas|12h30

ah deixa pra lá|12h31

Seokjinnie:

12h33|tá cuidando bem do menino né?

tô|12h35

tô sim|12h35

Namu:

12h40|hm

12h40|mas pq eu ouvi gritos ontem?

a|12h40

Taemônio:

12h40|q

Yoon:

12h41|eu ouvi tbm

Seokjinnie:

12h41|JUNGKOOK

E PQ NINGUÉM VEIO ME AJUDAR PORRA?|12h41

Namu:

12h42|...

Yoon:

12h42|...

Seokie:

12h42|acho que essa é a hora em que vc conclui que precisa de amigos novos

Taemônio:

12h43|cala a boca hoseok

Yoon:

12h43|cala a boca hoseok

Seokjinnie:

12h43|cala a boca hoseok

Namu:

12h43|cala a boca hoseok

Seokie:

12h44|ah pronto

tá tudo muito engraçado e supimpa|12h44

mas a pergunta era séria|12h44

Yoon:

12h46|vc disse supimpa?

Taemônio:

12h46|vc disse supimpa?

Seokie:

12h46|vc disse supimpa?

VÃO SE FODER|12h47

Namu:

12h48|seokjin

Seokjinnie:

12h48|namjoon

Seokie:

12h48|taehyung

Taemônio:

12h49|yoongi

Yoon:

12h49|meu deus

estou me retirando|12h50

Namu:

12h50|vai lá don juan

NAMJOON|12h50

 

— Kookie?

A capacidade que Park Jimin tinha de roubar minha atenção me assustava bastante. E, sabe, analisando tudo desde o momento em que o conheci de verdade, até semanas depois, eu sempre me lembrava de algo que Taehyung frequentemente reclamava muito sobre os livros que costumava ler: a demora do entendimento do protagonista em relação aos seus sentimentos.

O Tae sempre me dizia que protagonistas tendiam a ser teimosos e usava como exemplo os personagens de romances homossexuais que gostava de ler; quando a história não rodava em torno do fato do garoto se recusar a se descobrir gay, era em torno do orgulho do casal principal em admitir seus sentimentos pelo outro. Mas a verdade era que os autores faziam aquilo propositalmente, estavam apenas esperando o momento perfeito para que acontecesse.

Enfim, o ponto desse meu pequeno monólogo mental é que: se eu fosse o autor da minha própria história, eu com certeza teria escolhido aquele exato momento para que fosse o ponto final de qualquer dúvida que ainda tivesse.

Não foi o que aconteceu, é claro, mas poderia ter acontecido.

Porque Jimin realmente vestiu algo confortável — como o disse para fazer — e era um pijama azul escuro com estampa de coelhinhos.

Bem, ele estava com um olhar preocupado direcionado a mim, lábios entreabertos, chacoalhando o tronco pelo nervosismo e seus dedos de ambas as mãos não paravam de colidir entre si. Vestindo o pijama com coelhinhos. Eu queria tanto me esganar.

— O-O que foi? — perguntei, largando o celular sobre a bancada.

— P-Parece bravo.

Foi só nesse instante que percebi que meu semblante estava fechado. Mas era culpa daquela troca de mensagens com os meninos.

— Não é nada. — neguei com a cabeça, logo abrindo um sorriso sincero — Nosso almoço está quase pronto. Sente-se.

Ele fez como eu pedi e — não vou mentir — ter uma companhia para almoçar comigo foi quase como um presente, não trocamos uma palavra sequer enquanto comíamos, mas a presença de Jimin sempre era aquecedora. Quase como se morássemos numa terra com inverno eterno, mas Jimin sempre fosse meu sol particular.

Park me assistiu lavar a louça suja do almoço, apenas para me encarar com um olhar de expectativa quando terminei, até eu ir até a geladeira e pegar uma barra de chocolate para ele, que agarrou o alimento de minhas mãos em apenas um instante.

E eu só consegui rir.

Eu ria tanto quando estava com Jimin.

Fui para a sala e abri as cortinas, deixando o cômodo iluminado pela claridade natural do lado de fora e chamei Jimin para assistir desenho comigo e, sim, eu era muito fã de desenho animado — principalmente Hora de Aventura. O menor se aconchegou no sofá ao meu lado, mas não muito próximo, e cruzou uma perna sobre a outra, se atentando à TV e seu chocolate.

Dei uma olhada no celular e percebi que haviam muitas mensagens de Namjoon, Seokjin e Yoongi. Não queria preocupá-los, então decidi responder.

 

Namu:

13h02|aconteceu alguma coisa grave ontem, kookie?

ele teve uma crise, joonie|13h51

foi horrível|13h51

eu fiquei muito assustado, mas consegui cuidar dele|13h51

13h52|nossa, jungkook

13h52|me desculpa

13h53| eu realmente pensei que ir até aí não seria uma boa ideia

não precisa se desculpar, nam|13h54

pra falar a verdade, acho que não seria bom mesmo|13h54

13h55|se precisar de algo

13h55| não hesite em pedir

obrigado, nam|13h56

 

Seokjinnie:

12h51| não deixe ele ver a comida congelada

12h52|finja que não é um preguiçoso e que sabe cozinhar

obrigado pelos sábios conselhos|13h58

 

Yoon:

12h28|desculpa por ter contado ao tae sem falar com vc antes

hm|13h59

14h00|ah vai pra pachorra, jeon jungkook

14h01|namjoon contou pro jin e vc não deu nojo

eu não quero passar fome|14h01

não posso dar nojo com seokjin|14h02

 

Bloqueei a tela do celular, jogando-o ao meu lado e esticando meus braços, espreguiçando-me. Olhei para a TV e sorri ao perceber que aquele era o episódio onde o Rei Gelado se fantasiava de cavalo para vigiar Jake e Finn, meu episódio favorito. Eu sou um idiota, minha nossa.

Olhei para meu lado esquerdo, onde Jimin estava sentado com uma certa distância do calor da minha presença; ele ainda mordia um pedaço da barra de chocolate e mastigava pacientemente.

— Jimin. — chamei-o; ele se virou para mim, com dúvida no olhar e manchas de chocolate no rosto — O desenho está incomodando?

Eu ainda não havia esquecido o episódio da noite passada — e ouso dizer que jamais esqueceria. Ver Jimin desesperado por algo que eu não entendia, causado por motivos que eu não conseguia identificar, causar-se mais dor por estar sentindo dor… foi horrível. As provas do que aconteceu noite passada estavam em sua pele e, por mais que eu não pudesse ver todo seu corpo, conseguia ver as linhas avermelhadas em seu rosto decorrente aos arranhões que ele próprio causou.

— N-Não está, Kookie. — respondeu, lançando-me um sorriso reconfortante.

— Por que te incomodou ontem?

Minhas sobrancelhas estavam franzidas, aquilo não fazia sentido. Não sabia se era uma boa ideia falar da própria crise com Jimin, ele parecia se sentir desconfortável, mas eu precisava saber e entrar um pouco mais no mundinho dele

Só assim eu conseguiria cuidar do Park devidamente.

— Eu n-não sei, Kookie. — admitiu, olhando para minha mão, que jazia ao meu lado sobre o sofá — As c-cores ma-machuca-caram meus olhos.

— E tem certeza de que não está machucando agora? — perguntei, recebendo uma resposta negativa — Está bem. Pode me avisar se começar a incomodar, certo?

Jimin apenas assentiu e voltou a assistir o desenho, assim como eu.

Deitei minha cabeça sobre meu braço direito escorado no encosto do sofá, o silêncio — com exceção dos sons do desenho — começando a consumir todo o ambiente e a me deixar agoniado. Em alguns momentos, era complicado interagir com Jimin, porque por mais que estivéssemos confortáveis com a presença do outro depois de semanas ouvindo música na varanda de sua casa, a distância que ele estabelecia pela falta de confiança em me tocar era bastante incômoda.

Quando não falávamos sobre música, escola ou as cores do céu, simplesmente não tínhamos muito o que conversar e era exatamente a situação em que nos encontrávamos agora. E foi nela que seguimos pelas próximas horas.

Já era noite e eu havia ligado a luz da sala, para que ficasse tudo mais iluminado; estava quase caindo no sono quando Jimin se levantou subitamente e, afoito, correu até os degraus da escada.

— Eu preciso fazer esse garoto parar de correr assim. — resmunguei para mim mesmo — E de me assustar.

Não demorou muito para que ouvisse o impacto de seus pés contra a madeira dos degraus, logo ele já havia voltado para cima do sofá, mas não me incomodei em perguntar o motivo de sua ida, estava um pouco frustrado por não conseguir manter uma conversa coerente com ele por pura falta de saber o que dizer mesmo — eu sempre tinha medo de falar algo errado…

— Kookie? — até ele me chamar.

Como um ímã, Jimin atraía toda a minha atenção, porque — eu querendo admitir ou não — ele era minha prioridade agora.

O Park se encontrava na mesma posição de horas atrás, mantendo seu costume de balançar o tronco e me olhar inquietamente, desviando as orbes escuras sempre que se certificava de que minha atenção estava nele. Em suas mãos havia uma folha arrancada de um caderno e, ao que eu pude ver, parecia ser de um caderno de desenho.

— O que foi, Jimin? — perguntei carinhosamente, inclinando minha cabeça para o lado em curiosidade.

Ele mordeu o lábio inferior — coisa que não passou despercebida por meus olhos atentos — e aquela cena se repetiu, como um replay indesejado, na minha mente. Eu estava ficando louco, era a única coisa que conseguia pensar como um motivo de estar me sentindo tão… em queda livre.

Jimin respirou fundo e me estendeu o pedaço de papel.

E eu o peguei com muito cuidado; dessa vez, eu estava com medo de seu toque. Medo de que ele me causasse mais borboletas no estômago.

Assim que a folha deixou a mão de Jimin, ele abaixou o olhar, começando a esfregar os pulsos como fazia sempre quando estava muito ansioso — mas percebi que não parecia fazer aquilo com tanta força, como antes.

Assim que meus olhos focaram naquele desenho e minha mente assimilou o que eu estava encarando, todas as minhas reações foram involuntárias; meus olhos estavam arregalados e minha respiração desregulada, estava inspirando muito demoradamente.

Deduzi que aquele era o desenho que Jimin fazia há dois dias, quando fui passar mais uma tarde ao seu lado. A página estava quase inteiramente tomada pelo azul turquesa, tendo alguns detalhes “apagados” — o que pensei ser imitações de como as nuvens eram num tempo limpo — e identifiquei duas silhuetas no final da folha. Era como se fossem duas pessoas sentadas, observando o céu acima delas; não havia um contorno exato, era só um amontoado de cores com formas diferentes e distinguíveis. A silhueta da esquerda usava algo semelhante a um moletom preto e tinha o capuz sobre a cabeça, a da direita usava uma blusa branca de mangas compridas e listras azuis, seu cabelo era escuro.

E eu demorei exatos dez segundos para que a ficha caísse e eu concluísse que aquelas duas pessoas eram, na verdade, eu e Jimin.

— Você fez isso, Jimin? — perguntei, mesmo que a resposta fosse bem óbvia, sem olhar para ele porque estava corando.

Ele grunhiu afirmando.

— T-Terminei hoje, na escola. — continuou e, mesmo que não pudesse ver, sabia que suas bochechas estavam igualmente avermelhadas e que talvez estivesse beliscando o próprio braço agora — G-Gostou, Kookie?

Ah, Jimin.

— Eu amei. — respondi, não me aguentando e simplesmente liberando o riso entalado em minha garganta, havia tanto carinho dentro de mim naquele momento — É lindo, Minnie.

Respirei fundo duas vezes antes de levantar meu olhar até ele de novo.

E, enquanto eu encarava o garoto sorridente, de olhos pequenos e bochechas adoravelmente grandes — parecendo agitado agora, mas pelo fato de estar alegre — vestindo aquele pijama de coelhinhos e que também olhava para mim, me forcei ao máximo em não admitir que meu coração havia perdido duas batidas… por causa de Park Jimin.

A campainha tocou e eu levei alguns segundos para me recuperar, me levantei e abri a porta.

Era a mãe de Jimin, já toda vestida e maquiada para o trabalho.

Ela sorriu e eu devolvi, forçadamente, um cumprimento educado, dando espaço para que ela entrasse.

— Mamãe! — Jimin gritou, levantando-se daquele jeito que me assustava mais uma vez e correndo até a mulher, ele a abraçou e ela correspondeu sem a mesma animação — Kookie me lev-vou á e-escola hoje, mamãe!

Engoli em seco quando o semblante da mulher assumiu uma careta para a última frase de Jimin, mas logo ignorei por perceber o quanto o pequeno estava feliz, agora eu tinha um sorriso sincero nos lábios.

— A c-comida do Kookie é m-muito gostosa! — continuou, fazendo meu sorriso aumentar ainda mais — Ele m-me deu chocolate, d-deixou eu escutar m-música e as-sistimos desenho. Estou me d-divertindo muito!

Eu poderia morrer de felicidade naquele momento, se não tivesse percebido o desinteresse da sra. Park — que ainda tinha Jimin agarrado ao seu corpo, com todo o carinho. Eu quis perguntar sobre o que Sohyun havia me falado, sobre o pai de Jimin, mas aquele não era o melhor momento.

— Que bom, Jimin. — foi sua resposta.

A partir daí, comecei a me sentir um lixo.

Não é como se eu fosse o culpado pelo comportamento daquela mulher, esse não era o caso, mas saber que ela foi a única pessoa com quem Jimin conviveu nos últimos dezesseis anos me deixava muito mal. Ela era completamente forçada e desinteressada sobre a vida do próprio filho. E o que mais me machucava era ver, com meus próprios olhos, que ele realmente a amava e se preocupava em contar sobre seu dia a ela, sem nem ao menos perceber o quanto ela não ligava.

Após alguns minutos, minha mãe apareceu e a Park afastou Jimin, despedindo-se de nós e saindo pela porta com minha progenitora ao seu lado — que deu apenas um aceno sem esforço algum.

Nós assistimos desenho por mais um tempo, eu fiz nosso jantar e o chamei para comermos na cozinha. Depois de mais uma sessão de desenhos, Jimin começou a coçar os olhos e bocejar, dizendo que estava com sono; subi até meu quarto com ele, convencendo-o a tomar um banho, enquanto eu arrumava sua cama e me lembrava de que não tinha nem dado uma olhada nas tarefas que Sohyun havia deixado para que ele praticasse.

Fiz uma nota mental para que me desculpasse com ela no dia seguinte, prometendo a mim mesmo que as faria amanhã.

Esperei que o Park me assegurasse que estava confortável sob a coberta para que descesse de volta à sala, aconchegando-me em meu único parceiro do momento — o sofá.

 

 

A manhã seguinte seguiu exatamente como a anterior, com a única exceção de que acordei um pouco atrasado para preparar o café da manhã. Então, pedi para que Jimin tomasse o dele enquanto eu me arrumava para a escola; porém, quando eu voltei para a cozinha, ele sequer havia encostado na comida.

— N-Não quis tomar sozinho — explicou — T-Temos que tomar j-juntos, Kookie, c-como uma família.

E — sim — eu sorri.

Sorri tanto que fiz até Jimin rir e dizer que eu parecia os coelhos de seu pijama.

Dividimos os fones de ouvido enquanto o levava para a escolha, ouvimos “I’m On Fire” do Bruce Springsteen mais de duas vezes e eu notei que Jimin estava mais próximo, não a ponto de chegar a me tocar, mas era um avanço.

Eu o deixei na porta de sua classe e acenei quando ele se despediu de mim, sua professora sorria um pouco mais quando assistia ao jeito que ele agia comigo, aparentemente — segundo ela — ele sorria demais e isso era fofo. Não posso discordar da última parte. Expliquei que não havia realizado as tarefas do dia anterior, como havia prometido a ela, mas jurei que o faria assim que almoçássemos naquele mesmo dia.

— Posso tirar uma dúvida? — perguntei, ficando um pouco nervoso dessa vez e recebendo um aceno positivo de Sohyun — Jimin teve uma crise há dois dias. Eu… Eu consegui acalmá-lo, mas admito que fiquei bem assustado, nunca havia presenciado algo do tipo. Quando perguntei a ele o que havia acontecido ontem, Jimin só disse que as cores da TV haviam machucado seus olhos, mas… ontem nós assistimos desenhos normalmente.

— Você já lidou com pessoas autistas alguma vez? Tem alguma experiência? — neguei com a cabeça — Bem… é comum que autistas tenham hipersensibilidade sensorial. Mas as crises podem ser desencadeadas devido ao excesso de estresse acumulado também. Pode ser que o estímulo visual não tenha, necessariamente, causado a crise, mas tenha sido o gatilho para ela.

Eu assenti, entendendo vagamente, ainda um pouco confuso.

— Eu sugiro que pesquise um pouco sobre, sim? — disse, com um sorriso reconfortante nos lábios — É importante para Jimin que você saiba lidar com esse tipo de coisa; não é fácil identificar todos os elementos que possam deixá-lo estressado, nem peço que o faça, mas você precisa tentar perceber quando ele não está bem e evitar o que já sabe que pode se transformar num gatilho. É tudo uma questão de paciência.

Na tarde do mesmo dia, eu sugeri a Jimin que fôssemos tomar sorvete antes de começar a fazer as lições da escola com ele. Ele ficou tão animado que quase me puxou para fora da casa, mas se contentou em apenas ficar dando pulinhos na sala até eu achar o dinheiro que deixava no guarda-roupa e dizer que já podíamos ir.

Deixei-o ouvir música sozinho já que — enquanto voltávamos para casa naquela manhã — percebi que ele ficava muito nervoso perto de aglomerados de pessoas, e o caminho em que tomávamos era bem movimentado. O mantinha sempre do meu lado esquerdo ao subir as ruas pela calçada, deixando-o longe de carros, ele podia perder a atenção por um momento por causa da música e acabar indo parar no meio da rua.

Quando chegamos na sorveteria, Jimin quase gritou para que eu pegasse o sorvete de Blue Ice para ele — simplesmente porque era azul. Algumas pessoas nos encaravam com certa compaixão, mas não me fez ter simpatia por nenhuma delas, eu sabia o que estavam pensando e isso era ainda pior.

Dividimos os fones de ouvido quando nos sentamos nas poltronas acolchoadas e acopladas à parede; o lugar era todo rosa por dentro e sua decoração o dava um ar meio retrô.

Nos sentamos um de frente para o outro para tomarmos nossos sorvetes — o Blue Ice dele e o meu morango. “Down Under” estava tocando e eu cantarolava num tom de voz esquisito, fazendo Jimin rir a cada dez segundos — e essa era a principal razão para eu continuar fazendo papel de idiota publicamente. Ele colocava a mão em frente a boca quando ria demais.

— Kookie, — me chamou — m-minha língua está a-azul?

É, ele colocou a língua para fora.

E ela estava azul.

— Sim, Jimin — eu respondi, gargalhando — Ela está muito azul.

Um momento de silêncio entre nós dois seguiu no decorrermas não foi nem um pouco incômodo dessa vez. O olhar daquele garoto sobre mim possuía um brilho diferente e eu sabia que o estava encarando do mesmo jeito, porque ele sorria e “Time After Time” começou a tomar todos os nossos sentidos.

Eu estava me sentindo um clichê ambulante, mas era a melhor sensação que já havia se apossado de mim em toda a minha vida. Tudo parecia estar acontecendo exatamente do jeito que era para acontecer. Devo dizer que, por um momento, eu achei que Jimin sabia de todos os efeitos que tinha sobre mim nos últimos dias, porque ele se aproximou de mim e sussurrou, como se fosse me contar um segredo:

— Eu t-tomei todo o s-sorvete azul e e-estou cheio, Kookie.

Ele deve ter achado que eu era um idiota burro, mas eu realmente não estava entendendo nada.

Contudo, ele sorriu e minha mente esqueceu de tudo ao nosso redor, como se nós dois fôssemos as únicas pessoas existentes no mundo e a voz da Cyndi Lauper estivesse tocando como a trilha sonora de um filme, não apenas através de nossos fones encaixados em nossos ouvidos.

Mantendo aquele cenário em minha cabeça, ouvi Jimin sussurrar novamente, explicando sua frase anterior, e foi quando eu percebi que interpretação era algo muito importante:

— E-Estou cheio de amor, Kookie.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...