História Diário de Desafios(Sasusaku,Naruhina,Nejiten,Shikatema,Gaaino,Suika) - 👑Capítulo 11👑

Três dias antes…

Um carregamento de tulipas estará chegando pela manhã na sexta-feira à noite.—Yuri Haoki, 10:30.

Certo, alguma média de horário?—Eu,10:50.

22h no máximo.—Yuri Haoki, 11:01.

Okay, obrigada.—Eu, 11:02.

É sempre um prazer negociar com vocês, Yamanaka.—Yuri Haoki, 11:05.

Yuri Haoki era um dos vários fornecedores da Floricultura Yamanaka, a floricultura da minha família. Eu costumava ajudar meu pai na parte administrativa enquanto meu irmão mais velho, Deidara, na loja com a mão na massa e o meu outro irmão, Sai, cuidava do marketing e propaganda. Éramos uma boa equipe. Eu ajudava na administração desde os meus quatorze anos quando meu pai percebeu que eu tinha um dom para organização, isso foi antes de descobrirmos que na verdade não era “dom”, eu havia desenvolvido TOC depois de passar quase dois meses internada com pneumonia aos doze mas até então todos nós não havíamos percebido que era um caso grave até ele se apresentar como tal.

Começou com coisas simples como carregar álcool para todo lugar ou lavar as mãos duas vezes antes de comer até que com o tempo evoluiu para não querer sair de casa com medo de germes e bactérias. Nesse meio tempo eu também passei a ser muito organizada e metódica. Depois de um caso muito específico em que eu me recusei a sair de casa para irmos à casa do tio Shikaku — melhor amigo de meu pai e pai do meu melhor amigo — para almoçarmos alegando que só de pisar na rua eu ficaria doente, não foi uma simples recusa, eu tive um ataque de pânico. 

Descobrimos que eu havia desenvolvido TOC* de limpeza, organização e simetria — esses dois últimos se misturavam na minha interpretação. Comecei a me tratar e tive muito apoio da minha família e melhores amigos, Choji, Shikamaru e Sakura — nessa época ainda éramos amigas. Entretanto, tinha vergonha disso, fazia de tudo para esconder que tinha, passei a ter uma necessidade de ser aceita, de todos gostarem de mim, a maioria pensava que eu era apenas “nojentinha” mas não, era caso de eu tomar algumas medicações diariamente e ter acompanhado psicoterápico. Hoje em dia eu levava uma vida bem normal, mas ainda tinha algumas “sequelas” que escapavam o tratamento. Eu ainda limpava com um lenço o local antes de pôr a comida e me certificava de que ela não seria contaminada e definitivamente se um restaurante não tivesse o certificado da vigilância sanitária em dia, eu não usava nem um guardanapo lá dentro.

 Já estava quase na hora do almoço e até que meu dia estava sendo tranquilo, falar o que pensava de suas aparências para as pessoas era até que fácil, mas meu cão de guarda — vulgo Tenten que tinha as mesmas aulas que eu na maior parte do tempo — estava começando a me irritar. Primeiro por ficar constantemente me observando e segundo porque hoje um de seus coques estava mais baixo que o outro, completamente assimétrico.

Havíamos esbarrado com Neji na aula química hoje, chegamos cerca de dez minutos atrasadas porque eu insisti em consertar seu cabelo no banheiro e para a minha surpresa seu cabelo era sedoso e extremamente limpo com cheiro de chocolate, ela havia dado bom dia ao moreno em um tom falso de gentileza. O Hyuuga que estava misturando algo em seu béquer para a experiência do dia deixou cair demais do conta gotas e vazou uma espuma enorme na mesa — admito, foi muito engraçado — acho que isso compensou para a Mitsashi, pois seu sorriso não saiu da cara o resto do dia. 

Nosso tempo depois de química seria de biologia, mas a professora Anko havia faltado então teríamos tempo livre e nenhuma pressa então estava parada na frente da sala de química conversando com umas garotas da equipe — e fingindo não ver Tenten fazendo caras e bocas imitando-as por suas costas, pois corria o sério risco de não aguentar e cair na gargalhada — quando vi a última pessoa que entrou na sala antes da porta se fechar. Só havia um lugar sobrando e era o ao lado de Hinata. Pobre Hinatinha. Sentia realmente pena dela e o pior que Sakura havia sido piedosa ainda,provavelmente não pensou no que poderia se desenrolar.

Falando em Sakura, eu havia ficado surpresa quando ela apareceu de fato com o uniforme como o de Temari, saia mais curta, meias longas e coturnos pretos de salto, — será que em algum universo alternativo ela me emprestaria? — blusa um pouco aberta e sem gravata ou blaser com os cabelos levemente bagunçados e brincos de argola pratas. O que mais chamava a atenção era a saia, me lembro que quando éramos mais novas as maiores inseguranças de Sakura eram sua testa e suas pernas, sempre zoaram ela por isso é eu sempre fiz questão de deixar claro que não havia nada de errado com sua testa ou pernas, havia até desenvolvido o costume de chamá-la de testa de marquise para ela nunca se esquecer de que não havia nada de mais em ter uma testa um pouco grande — apesar de que quando ela cresceu sua testa ficou de um tamanho normal — e ela também me chamava de porquinha pelo meu nome, éramos implicantes uma com a outra. Lembro que sempre que a via tentando se esconder em calças como as que ela usava hoje em dia, eu mandava ela subir e colocar ou uma calça do seu tamanho ou shorts para sairmos para brincar. Hoje em dia elas ainda eram grossas, mas torneadas e trabalhadas como as de uma ginasta e pelos comentários das meninas da equipe, mais da metade delas estavam se mordendo de inveja e isso me deixava… Satisfeita, pelos velhos tempos. Eu sentia falta de sua amizade, não sabia explicar o fim dela, um dia ela estava lá e no outro não, tentei procurar explicações algumas vezes, mas nada, ela sequer quis falar comigo então tive que deixar para lá.

Tudo estava correndo bem até a aula de filosofia do professor Kakashi depois do almoço. Gaara se sentou ao meu lado. Era um trabalho em grupo.

“—E-eu te desafio à... Falar tudo o que pensa da aparência de todo garoto que falar com você a partir de segunda até quarta,tem que ser completamente honesta.”

Acho que eu nunca senti tanta satisfação na desgraça dos outros como senti lembrando da dupla de Hinata na aula de química.

—Elle Woods,precisamos debater sobre o trabalho, sabe? Filosofia é amizade pelo saber e saber é troca de informações.—bufei para Gaara. Ele sempre me chamava ou de Elle Woods,ou de Sharpay Evans,Regina George ou então de Cher.

Respirei fundo e contei até três.

—Vamos com isso de uma vez…—murmurei.—Se você falar isso para alguém, nunca vão acreditar em você, então nem se dê o trabalho.—rosnei.—Você é bonito, tipo, muito bonito. Nunca pensei que um ruivo em tom de vermelho com pele bronzeada poderia combinar tanto,você não é tão alto quanto Naruto, Shikamaru, Sasuke ou Neji, mas definitivamente isso não te torna menos bonito,lhe cai bem. A tatuagem do kanji que você tem no peitoral esquerdo me enlouquece, para não entrar em detalhes sobre o resto do seu tronco extremamente tonificado, seu desgraçado. Nunca havia visto alguém de olhos verde água e definitivamente é uma benção que não hajam muitas pessoas com eles porque se não a humanidade estaria com problemas. Por fim, adoro quando você sorri raramente e sua voz é… Sexy.—falei tudo de uma vez e ele me encarava piscando atônito.

—Que diabos…?—não deixei que ele dissesse mais nada.

—Platão? Mundo sensível e mundo inteligível?—comecei a puxar assunto sobre o trabalho desesperadamente enquanto compulsivamente organizava meus marca textos por ordem de cor no meu estojo retangular semelhante à uma caixa com muitas divisórias.

—Ino…—ele não ia desistir fácil. Ótimo,eu também não ia.

—Mesmo que ainda não tenhamos falado sobre isso esse ano,acho legal incluirmos o Mito da Caverna…—persisti e quase comemorei quando vi ele suspirar resignado.

—Você pode fazer aquela capa frufruzenta? Acho que vai nos dar pontos por esforço…—murmurou pegando seu caderno e eu sorri assentindo aliviada. 

Não,eu definitivamente não queria falar sobre aquilo. E eu não iria.

Principalmente,nunca admitiria ou deixaria na cara que havia tido uma queda por ele por um tempo depois de tê-lo visto acompanhando Temari numa competição de xadrez aqui em Konoha e eu acompanhando Shikamaru.

Eu ia matar Hinata Hyuuga.

👑—👑

—Por que dessa cara homicida?—Tenten perguntou ao nos encontrarmos para a próxima aula que faríamos juntas. Estar ao lado de Tenten não era ruim de maneira geral, depois de consertar seu coque e estar ignorando sua vigilância, ela era bem limpa, andava perfumada e sua falta de organização não era extrema, dava para ignorar, levando em conta que eu certa vez fiz trabalho em dupla com Naruto em sua casa… Tenten era um anjo do Senhor.

—Fiz dupla com Gaara.—resmunguei. O trabalho havia saído excelente e depois de se dar por vencido ele fingiu que eu não havia dito nada e eu fiz o mesmo mas ainda assim, não queria olhar em sua carinha bonita tão cedo.

—Que merda hein… Ah, você só disse o que pensa, certo? Não deve ter sido ruim ter passe livre para chamá-lo de tudo o que pensa, apesar de eu discordar, ele é bem bonito e…—ela dizia e sei que soltei um som que parecia até um gato engasgado porque ela me olhou confusa.

—Eu não disse isso…—murmurei e então tirei minha lixa da mochila. Havia feito as unhas na pressa ontem e olhando agora,a do indicador estava um pouco maior.

—Santo Cristo… E ele?—indagou.

—Obviamente ficou bem confuso,né?—retruquei mau humorada. Ela riu.

—Se te serve de consolo, falei “por favor” e “obrigada” para Neji hoje.—falou e eu me permiti rir após acertar minha unha e olhá-la. Um de seus coques caiu de novo.

Peguei um pote de pomada fixadora e comecei a ajeitar seu penteado mesmo com ela me encarando confusa.

—Pronto…—murmurei e ela sorriu.

—Valeu. Ele é muito rebelde, vive caindo.—revirou os olhos e eu ri.

—Só teve o por favor e o obrigada? Isso tá até tranquilo, Pucca.—falei e ela arqueou uma sobrancelha.

—Pucca?—questionou e eu apontei seus coques. Ela riu.—Minha família já me chama de Panda e agora você vai me chamar de Pucca?

—É.—enlacei seu braço a puxando para a próxima aula.—Acostume-se, algo me diz que vai me aturar por um bom tempo.