História Diário de Desafios(Sasusaku,Naruhina,Nejiten,Shikatema,Gaaino,Suika) - 💀|Capítulo 67|💀

Onze anos antes...

Gostava de classificar os momentos e pessoas com cores, era algo que eu já fazia na automático.

Por exemplo, aquele momento em que minha família estava toda reunida em volta de uma mesa, eu dava a cor amarela, a cor da alegria.

Mamãe e tia Akira estavam bebendo um Cuba Libre cada uma—tio Madara que havia feito para elas, perguntei o que era e ele me disse esse nome—e conversando sob um guarda-sol grande e deitadas nas espreguiçadeiras. Tia Akane estava ninando Temaki em seus braços, mesmo ela já sendo bem grandinha para isso. Papai e tio Madara estavam na churrasqueira assando as carnes para almoçarmos. O vovô Hiro e a vovó Naomi ainda não tinham chegado mas mamãe disse que eles já já estavam vindo. Eu, Tenten, Itachi e Shisui estávamos brincando na piscina com Obito—o primo mais velho—tomando conta. 

Mamãe e tia Akira eram inseparáveis, melhores amigas e irmãs, estavam sempre juntas e parecia que o assunto nunca tinha fim, papai dizia que elas sempre tinham sido assim, desde pequenas. Minha mãe tinha ascendência chinesa assim como a vovó Naomi já a tia Akira e o vovô Hiro tinham ascendência mexicana, era um caos completo. Elas duas tinham tatuagens combinando com a da vovó e tia Akane, um dragão chinês, a da mamãe era no ombro, a da tia Akira era no antebraço, da tia Akane na perna e a da vovó no braço. As quatro haviam prometido para Tenten e Temaki que quando elas fizessem dezesseis, elas teriam uma também conforme a tradição da família Tanaka.

A tia Akane era legal até, era a irmã mais nova das Tanaka e havia sido mãe muito cedo, aos dezessete com o namorado da escola. O marido dela eu não gostava muito, ele era estranho e chato, muito chato. A Temaki era dois anos mais nova que eu e Tenten—que tínhamos a mesma idade—e era meio chata, meio mimada e nojenta...mas, era família. Mamãe dizia que devíamos cuidar dela e ter paciência.

Papai e tio Madara eram irmãos bem unidos e se pareciam muito. Tio Madara havia perdido a esposa há alguns anos, eu nem era nascido ainda, e aí se tornou ainda mais próximo, papai o apoiou e ficou ao seu lado o tempo todo e mamãe ajudou a cuidar dos meus primos, como se fosse mãe deles também, eu não me importava de dividir, ficava triste em pensar que eles não tinham mamãe mas feliz em saber que a minha cuidava deles assim com tanto carinho. A parte Uchiha da família era de ascendência italiana então não era estranho ver eles dois soltando palavrões em italiano por aí. Eu não tinha avós dessa parte da família...papai disse que eles viraram estrelinha quando ele era pequeno e o tio Mandara cuidou dele desde então, fez o papel de pai, mãe e irmão mais velho ao mesmo tempo que tentava concluir a faculdade de advogado. Eles também tinham tradições, aos dezesseis anos os homens da família faziam tatuagens, era um... "rito de passagem", foi o que o papai disse. Obito estava com quinze e vivia falando do que faria quando fizesse, estava eufórico como tudo o que o deixava ansioso. As melhores amigas dele, Shizune e Konan, estavam de saco cheio dele falando disso o tempo todo, Kakashi já o deixava falando sozinho quando começava.

Meus avós eram extremamente divertidos e carinhosos, eu adorava ir para a casa deles passar o dia ou às vezes o final de semana, Tenten também gostava muito. 

Bom, eu tinha todos aqueles primos e já tinha falado de Temaki.

O mais velho de nós era Obito, que tinha quinze anos. Ele era muito agitado e divertido, mas bagunceiro e vivia atrasado para tudo. Tio Madara dizia que ele era um...irresponsável, isso, irresponsável. Obito apenas dizia que chegar atrasado era um charme e deixava as meninas doidas. Realmente, quando ele atrasava para algo, Konan e Shizune ficavam doidas e faltavam querer esfolar ele vivo. Kakashi dizia que essa era apenas um dos vários motivos dele estar solteiro. 

Aí depois vinha Shisui que era dois anos e pouco mais novo que Obito, tinha treze anos. Shisui era calmo e equilibrado, ao contrário do irmão mais velho. Era bem quieto aliás, só via ele com Itachi, era meio antissocial.

Itachi era um ano mais novo que Shisui. Meu irmão era incrível! Ele era muito bom em tudo o que tentava! Era inteligente, jogava beisebol como ninguém, era esperto e rápido, gentil, divertido, sabia cozinhar e era corajoso—acho que ele só tinha medo de galinhas mesmo. Ele era o melhor irmão mais velho do mundo todinho! Eu adorava passar um tempo com ele, jogávamos videogame ou então saíamos para caminhar, jogávamos bola e às vezes praticávamos boxe na garagem do papai. 

Tenten vinha depois, ela era meses mais velha que eu mas às vezes agia como se fossem séculos mais velha! Chata! Apesar de discutirmos e implicarmos um com o outro bastante, éramos muito próximos e sempre nos defendíamos dos outros. Ela era corajosa e meio moleca, era gentil também, divertida e de todas as crianças da família, ela era a que melhor sabia as quatro línguas da família, na medida do possível.

E por fim, tinha eu, o caçula—não estou contando com a chata da Temaki. 

Hoje era aniversário da mamma, estávamos todos reunidos no casarão do tio Madara, as festas eram sempre aqui. Minha família havia virado uma só há muitos anos atrás, era impossível falar dos Tanaka sem relacionar aos Uchiha ou falar dos Uchiha sem relacionar aos Tanaka.

—O que você tanto pensa, pequeno?—minha mãe apareceu de repente atrás de mim e eu me assustei um pouco. Estava sentado na beira da piscina e por pouco não caí, pelo menos eu estava de boias!

Ah! Na minha família quase todo mundo tinha alergia à cloro, era complicado limpar a piscina sem cloro, tio Madara tinha colocado umas lâmpadas especiais pra manter a água limpa.

—Eu estava pensando na nossa família.—falei sorrindo animado.—Ela é tão doida.

Ela paralisou um pouco e pareceu confusa.

—Isso é...bom ou ruim...?—ela parecia meio triste?

—Muito bom, eu adolo nossa família doidinha, até a chata da Temaki.—falei sorrindo e ela pareceu aliviada agora e logo sorriu também.

—Nós já vamos almoçar, vem?—chamou e eu concordei animado. Ela estendeu os braços e me pegou no colo com carinho e me deu um beijinho na testa.

💀—💀

Onze anos antes...

Eu gostava muito de cores e normalmente ligava cores às pessoas. Havia aprendido o significado das cores em um dos livros da mamãe, se chamava "A Psicologia das Cores", eu não li tudo, era muita coisa, mas vi o significado de cada cor e aí passei a ligar o meu dia a dia a elas.

Mamãe eu ligava à azul porque ela era sempre tão calma, tão tranquila.

Papai eu ligava à marrom, ele era sempre meio sério e íntegro—essa palavra eu tive que pesquisar no dicionário quando li.

Itachi eu ligava à amarelo, ele mesmo que fosse calmo que nem a mamãe, seu otimismo e descontração chamavam mais atenção aos meus olhos.

Tenten eu ligava à verde, ela era sempre era muito cheia de vida e esbanjava disposição e saúde.

Naruto—meu melhor amigo—eu ligava à laranja porque era a cor da alegria e vitalidade e ele tinha isso pra dar e vender, além de ser sua cor favorita por coincidência.

Shikamaru—um outro amigo bem próximo—eu ligava à cinza porque ele era sábio e inteligente.

Mas aí vinha aquela coisa rosa e quebrava todo o meu raciocínio!

Tinham dias que quando eu olhava para ela, ligava à laranja porque era sempre animada mas tinham outros que ela parecia mais com preto—eu pessoalmente não gostava muito desses dias—e esses dias eram os dias que ela estava mais sozinha e triste. Quando a conheci, liguei na mesma hora à rosa, por causa do cabelo que ela pintava de papel crepom e também porque ela parecia ser fofa e amável mas aí no dia seguinte, vi ela correndo atrás de Naruto com um galho furiosa e liguei à vermelho, a cor tanto da paixão quanto da raiva.

Nunca conseguia escolher uma cor só! Ela era irritante!

Ela era Sakura Haruno, melhor amiga de Naruto.

Ela era uma confusão de emoções e sentimentos, nem mesmo suas roupas seguiam alguma lógica! Usava uma saia rosa choque com uma blusa verde limão, os cabelos róseos de sempre, meias que sequer eram pares estampadas e coloridas e botas vermelhas hoje, por exemplo!

—Sasuke, pode me dar a resposta da questão um?—a professora me veio de repetente. Eu arregalei os olhos assustado. Era aula de ciências...não...

—Er...plofessola...—engoli seco quando errei a palavra discretamente.

Eu costumava trocar o 'r' pelo 'l' e odiava isso, por esse motivo geralmente eu falava pouco, achavam que era só porque eu era muito fechado mas na verdade tinha vergonha de como eu falava.

—É a Lua, sensei.—Sakura respondeu. Ela estava sentada ao meu lado, de um lado estava ela e do outro Naruto, e provavelmente tinha ouvido eu errar.

—Correto, Sakura.—a professora sorriu e levantou uma sobrancelha.—Salvo pelo gongo, Sasuke.

A turma riu um pouco e a professora voltou a aula.

—Um obrigada seria bom.—Sakura resmungou.

—Hum.—foi a única coisa que respondi e eu me senti mal por isso, ela havia me ajudado e eu queria agradecê-la mas...não conseguia dizer "obrigado" ou um "arigatou" ou sequer um "grazie" sem errar e não queria passar essa vergonha na frente dela de novo...

—Idiota...—ela resmungou.

Irritante...—pensei.

💀—💀

Onze anos antes...

Eu realmente não gostava quando via preto em Sakura e aquele dia ela estava particularmente me lembrando muito a cor preta.

Itachi tinha me trazido no parquinho como costumava fazer toda quinta-feira, eu tinha trazido Aoda, minha cobra de pelúcia, eu adorava ele. Itachi estava em algum canto fazendo sabe-se lá o que, talvez alimentando os pombos, ele tinha um espírito de velho—como dizia Obito.

Eu estava no balanço quando vi a cena que me deixou furioso! Sakura estava chorando enquanto alguns garotos riam e debochavam, em seus braços pálidos estava o ursinho de pelúcia favorito dela, um rosa todo fofo com roupinha colorida, ele estava rasgado. Eles se afastaram e a deixaram ali chorando. Sabia que tinha sido um deles, tinha certeza. 

Esperei um pouco e fui atrás deles. Escondi Aoda e fui até eles.

Eu sabia que minha fama não era boa, que eu era muito briguento e outras coisas mas o que eu poderia fazer? O problema não estava em mim, por exemplo, se não tivessem idiotas como aqueles caras, eu certamente não viveria em confusões!

Acontece que Itachi não podia nem sonhar sobre isso então tive que esperar a oportunidade certa.

—Vocês acham legal implicar? Serem maldosos assim?—perguntei sério e adorei ver os dois mais baixos recuarem, o que ficou era o mais alto e mais forte, ele era um ano mais velho também. Torcia para que conseguisse segurar os meus erros de fala, seria bem humilhante errar nesse momento.

—Acho, acho extremamente divertido ver aquela pirralha estranha e testuda chorar.—falou ele com deboche e eu respirei fundo.

Eu não tinha um pingo de medo dele então parti para cima e os outros dois apenas se afastaram, eles sim tinham medo de mim.

—Se eu souber que você se meteu com ela de novo,eu volto e te dou outro olho roxo para combinar com este, entendeu?—indaguei irritado e o idiota confirmou com medo antes de eu o soltar e ele sair correndo igual um bebê chorão para o colinho da mamãe com os amigos.

Meu trabalho estava feito naquele dia.

Voltei ao parquinho para ir no balanço antes de meu irmão voltar do jogo dele e não me ver lá,ele ia me encher de perguntas. Às vezes Itachi é muito chato! E dedo duro!

Sakura estava sentada no balanço sozinha abraçada com o ursinho rasgado, estava tão triste...

Vi Aoda que eu havia escondido atrás de uma moita antes de ir lidar com aqueles chatos que estavam perturbando Sakura e acabei tendo uma ideia que eu colocaria em prática no dia seguinte.

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Onze anos antes...

O dia estava vermelho, a cor da excitação e energia, a cor da ansiedade. Eu estava nervoso com o que iria fazer, queria saber qual seria a reação da coisa rosa, queria ver aquela nuvem preta sair de cima da cabeça dela.

Havíamos sido trocados de turma pois a professora não estava dando conta de uma turma tão grande, eu  fiquei na turma de Iruka-sensei, ele era bem legal e vinha me ajudando na questão da fala.

Sair escondido do Iruka-sensei não havia sido fácil, por sorte o dobe havia me ajudado distraindo sem fazer muitas perguntas,apesar de eu saber que precisaria explicar depois para ele.

Deixei Aoda na mesa de Sakura e rabisquei um bilhete correndo. Quase assinei com meu nome,eu...queria ajudá-la, sentia essa necessidade mas ao mesmo tempo tinha muita vergonha e não era bom com interações sociais diretas...ao menos era o que Itachi dizia. Ele estava ficando um velho chato que gosta de palavras difíceis para parecer inteligente!

"Espero que Aoda possa te ajudar como sempre me ajudou. Ass.:Segredo."

Depois disso saí correndo e poucos minutos depois de eu estar de volta no pátio,o sinal tocou. Fiz um toque de mãos com Naruto agradecido e fomos cada um para sua sala.

Na hora da saída vi Sakura toda sorridente com Aoda e soube que tinha tomado a decisão certa. Ele faria a coisa rosa feliz e isso me deixava feliz. Me deixava feliz vê-la brilhar em oscilações de amarelo e laranja.

💀—💀

Dez anos antes...

Gostava de pensar nesse momento como um momento laranja, estava me divertindo e rindo bastante.

Eu e Tenten estávamos numa sorveteria em Suna com o vovô e a vovó. Esse ano eles nos chamaram para viajar durante as férias de verão mas só eu e a Ten quisemos e pudemos vir, Obito estava se preparando para seu penúltimo ano na escola, resolvendo algumas coisas do time de lacrosse como capitão do mesmo, Shisui e Itachi foram para um acampamento de verão que já estava programado e Temaki o pai dela não quis deixar ela vir conosco.

Nossos avós haviam encontrado velhos conhecidos e estavam na mesa deles conversando e vez ou outra nos olhavam para ver se estava tudo bem.

—Não tem graça, Sas!—ralhou Tenten irritada e eu ri mais ainda. Ela estava tomando milkshake de creme de avelã, só que ela bebeu muito rápido e agora estava com dor de dente e cabeça.—Aproveite seus últimos dias de liberdade, boi lambeu, quando voltar pra casa a tia Mikoto vai estar te esperando na porta com um pote de um quilo de gel e pente.

Tive um calafrio só de pensar nessa imagem.

Eu não gostava daquela quantidade de gel que a mamãe passava no meu cabelo nem dele todo puxado pra trás mas via que deixava ela feliz pentear e me arrumar então deixava, eu gostava de ver ela feliz. Claro que tinha que aturar Tenten e meus ouros primos e irmão me zoando mas só de ver ela exalando laranja e amarelo, compensava.

Como eu estava longe da mamãe, esses dias deixava meu cabelo como ele quisesse, lavava e então deixava ele cair do jeito que fosse.

—Nem sabia que gostava de sorvete de cereja.—ela comentou apontando meu sorvete e eu dei de ombros. Já estava na minha segunda taça e isso era realmente estranho. 

Na verdade, eu quase não comia doces, não gostava. Vovó e vovô nos trouxeram aqui, disseram que traziam nossas mães quando pequenas e então nos ofereceram sorvete, Tenten não pensou duas vezes antes de pedir um milkshake gigantesco já eu...como não costumava comer doces, não sabia bem o que pedir aí vi esse sorvete rosa com pedacinhos de cereja e senti vontade, não sabia porquê. Era muito bom aliás, não era muito doce e também não era amargo, era no ponto.

—Me dá um pouquinho?—perguntou Tenten sorrindo amarelo e eu bufei lhe empurrando a taça. Esquecia que ela sim era uma formiga humana...já tinha acabado seu milkshake e agora queria meu sorvete...

—Ei!—briguei quando ela deu uma colherada gigante e depois saiu correndo rindo. Eu fui atrás dela furioso.

Apesar de estar meio bravo com ela, não podia dizer que não era um momento laranja.

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Nove anos antes...

Hoje era um dia marrom. Não deveria ser mas era.

Acho que hoje deveria ser um dia alegre e divertido e não um sério e em que todos tinham os nervos a flor da pele, mas meus pais, meus tios de ambos os lados, meus primos, e meu irmão estavam com sangue nos olhos. Pareciam que estavam indo para a guerra mas era só a Competição Anual do Dia da Família em Konoha.

—Escuta bem aqui, Sasuke, só vou te falar uma vez...—Obito dizia. Eu engoli seco. Meu primo mais velho nunca era sério, em hipótese alguma, ele estava sempre rindo ou fazendo alguma gracinha mas naquele momento ele estava muito sério, igualzinho ao tio Madara.—Você vai entrar naquele saco e correr, correr como nunca. Saia pulando como se não houvesse amanhã!

Assenti.

—Quem sabe se ganhar não te deserdamos.—Tenten comentou dando de ombros enquanto encarava a parede de escalada como se fosse sua maior inimiga e eu bufei.

—Eu só não entendo porque vocês levam isso tão à sério.—falei revirando os olhos e todos os meus primos que estavam me cercando e me enchendo de instruções do que fazer ou não durante a competição soltaram um som que mostrava o quão absurdo eles consideravam o meu comentário. Aquele era o primeiro ano que eu e Tenten participaríamos de verdade, antes só ficávamos na torcida. 

Haviam outras crianças por ali que pareciam tão animadas quanto o resto da minha família, alguns tão sanguinários quanto. 

Talvez só houvesse uma outra família que estava me assustando tanto quanto a minha: a família Uzumaki Namikaze.

A tia Tsunade e a tia Kushina estavam realmente me dando medo. Sakura estava nos ombros do pai bem deprimida, ela ia jogar pela primeira vez esse ano também mas acabou machucando a perna e teria que ficar de fora. Naruto estava bem empolgado com a ideia de competir. Eu revirei meus olhos, era só um jogo.

—ATENÇÃO PEQUENOS! A corrida de sacos vai começar, o representante de cada família tem se apresente na linha de largada imediatamente! A corrida irá começar em cinco minutos!

—VAI SASUKE!—minha mãe gritou antes de assoprar um berrante gigantesco animada. 

Eu suspirei revirando os olhos e rumei a linha de largada.

Qual era a graça daquilo?

—Pronto para perder, teme?—Naruto disse em tom debochado ao meu lado fazendo um alongamento esquisito já dentro do seu saco de batatas.

Não sei, algo no tom de Naruto me deixou inquieto. Eu definitivamente me senti incomodado pelo desafio dele, senti uma vontade enorme de ganhar dele e tirar aquele sorrisinho ridículo da cara dele.

Acho que no fim das contas eu era igualzinho à minha família. Quem puxa os seus, não degenera.

💀—💀

Oito anos antes...

A expressão verde de inveja nunca fez tanto sentido para mim.

Verde significava esperança e outra pá de coisas boas, contudo, também era a cor da inveja. E eu estava morrendo de inveja daquele idiota ontem.

Me orgulhava disso? É claro que não.

Suigetsu Hozuki era irritante.

Ele me lembrava Naruto para falar a verdade, contudo, algo nele me dava uma perturbação sem sentido. 

Suigetsu havia chegado a cidade com os irmãos esse ano. O irmão dele mais velho, Kisame, havia virado amigo próximo do meu irmão. Eles moravam na casa ao lado da nossa, era menor e mais simples, estava até abandonada antes deles chegarem mas nas vezes que fui até lá sempre me pareceu aconchegante. No início ele não fez muitos amigos mas Sakura havia ido fazer amizade com ele, algo sobre "os de cabelo esquisitos devem se unir". Eles eram bem amigos, também havia feito amizade com Shikamaru e Naruto. Pessoalmente, algo nele me estressava e incomodava profundamente mas nada se parecia com ontem no baile da escola.

Ele estava dançando com seu par—Sakura—no meio do ginásio como vários outros.  Ele usava como sempre uma camisa sem mangas, dessa vez na cor branca, e calças pretas com tênis na mesma cor. Sakura por outro lado estava simplesmente...deslumbrante, ela usava um vestido verde folha com tênis allstar rosa claro de cano alto que combinava com seu corsage, seus cabelos estavam presos em um coque enfeitado com pequenos pontos de luz verde e seu rosto tinha um pouco de brilho discreto. Ela sorria tão lindamente para o idiota do Hozuki...

Eu sabia o que aquele incômodo era: inveja. Mas do que exatamente?

E agora, Itachi e Kisame haviam nos obrigado a ficar no meu quarto trancados enquanto eles davam uma festa aproveitando que meus pais não estavam em casa, estavam viajando pelo aniversário de casamento. Algo sobre Las Vegas.

Ele estava irritado com o fato de terem nos deixado aqui mas nem de longe estava tão irritado quanto eu.

—Qual é a tua, Uchiha? Tá mais do que óbvio que você não gosta de mim mas porquê?—ele questionou repentinamente e eu o olhei desconfiado.

Abri minha boca para responder mas nada saiu.

Não tinha resposta para isso.

Suigetsu nunca havia de fato feito nada para eu implicar tanto com ele.

Bufei e desviei o olhar. Ele riu pelo nariz.

Meu estômago roncou de repente e então ele se virou lentamente para me encarar e abafou o riso.

—Bora ver se a gente arruma alguma coisa pra comer.—ele sugeriu e eu concordei liderando o caminho.

Minha casa nunca esteve tão lotada e eu nunca havia previsto que meu irmão estaria tão ferrado. Tinha um cara bebendo vinho sentado no tapete branco favorito da mamãe que agora estava cheio de manchas arroxeadas. 

Eu e Suigetsu passamos rapidamente entre as pessoas até chegarmos na cozinha. Ninguém nos notou ali, afinal, éramos anões do lado deles.

Peguei um pacote de batatinhas e virei para Suigetsu que balançou a cabeça positivamente animado. Abri a geladeira e procurei por suco mas não encontrava nada além de latas grandes muito coloridas. Peguei uma lata rosa escura escrito cereja e uma vermelha escrito morango entregando para Suigetsu, acho que era suco.

—Energy...que bosta é essa?—ele questionou com uma careta. Dei de ombros.

—Deve ser um suco esquisito.—falei abrindo a minha lata e dando um gole grande.

Tinha um gosto meio esquisito, não parecia muito com suco. Suigetsu seguiu o meu exemplo e bebeu também fazendo careta.

Depois de vários goles daquele suco viciante eu me sentia agitado e...energizado. Suigetsu também não estava muito diferente. Nós estávamos rindo atoa.

—Eu me fiz meio de idiota lá no quarto, sei que não gosta de mim porque gosta da Sakura!—exclamou Suigetsu rindo e eu franzi o cenho entortando a cabeça de lado.

—Nem morto. Ela é irritante.—falei e ele gargalhou.

—Negação. Acho que sua mãe psicóloga deve ter algo a dizer sobre isso.—ele zombou e eu bufei irritado.

—Por que eu gostaria da coisa rosa?—perguntei e ele zombou baixinho.

—Por que não gostaria?—retrucou e eu tentei pensar em motivos.

Não achei nenhum muito justificável.

Talvez eu gostasse dela.

Não sei.

Meus pensamentos estavam muito acelerados.

—Vamos pular na piscina? De repente me deu uma vontade de fazer algo...agitado, sei lá.—Suigetsu disse.

Eu prontamente concordei e ambos corremos rindo entre tantos adolescentes que dançavam e pulamos diretamente na piscina gritando. 

—SASUKE?!

—SUIGETSU?!

Nossos irmãos estavam horrorizados e nós apenas ríamos juntos. Atrás deles estavam meus pais, aparentemente tendo chegado mais cedo da viagem, com uma cara nada boa.

Eles estavam completamente ferrados.

💀—💀

Sete anos antes...

Eu particularmente gostava de vermelho, adorava na verdade, era uma das minhas cores favoritas, contudo, realmente vermelho naquela ocasião não estava caindo bem em nenhum dos pontos de vista que se olhasse. Naquele momento não estava representando paixão, energia ou excitação, representava a indignação e fúria de Fugaku Uchiha.

Meu pai olhava para mim e Itachi como se tivéssemos assassinado seu cãozinho—embora eu tivesse certeza que o Shiro estivesse brincando no quintal com as borboletas.

Estávamos na cozinha, papà estava de pé do outro lado do balcão enquanto eu e meu irmão estávamos sentados um ao lado do outro sem saber como reagir.

—Quem. Foi. Que. Comprou. Isso.?—perguntou.

Qualquer pessoa com senso de discernimento equilibrado pensaria que meu pai se referia à algo muito caro, bebida ou drogas mas não, o que ele indicava com tanta veemência e irritação nada mais era do que uma lata de molho de tomate pronto.

Tá certo, eu não tirava certa razão dele, era meio insultuoso para nós de sangue italiano, contudo, era ainda mais insultuoso ele pensar que havia sido um de nós dois!

—Já dissemos, papà, não foi nenhum de nós dois!—disse Itachi exasperado.

—É bom me responderem logo se não vou deixar vocês passarem uma noite na cadeia.—falou com os olhos estreitos e eu e meu irmão não entreolhamos. Ele não podia estar falando sério...certo?

—Mas papà, eu e o nii-san estamos falando a verdade! Não fomos nós, tem que acreditar na gente!—falei igualmente desesperado.

—O que diabos está havendo aqui, a Santa Inquisição?—nossa mamma chegou questionando confusa. Ela havia acabado de chegar do consultório mas não parecia nada cansada, ela sempre estava animada por uma noite de filmes de ação conosco.

—Algum desses dois pestinhas trouxe isto para dentro da nossa casa! Uma afronta direta, Mikoto! Eu não posso suportar tamanho desgosto!—exclamou nosso pai. Eu e meu irmão entortamos a cabeça de lado com uma careta para ele. Certo, também considerávamos o molho pronto um pouco insultuoso o molho pronto, na verdade, muito insultuoso mas dissemos que não foi nenhum de nós.

—Ah, na verdade Fugaku...—minha mãe pegou água no filtro tranquilamente.—...quem comprou fui eu.

Todos soltamos arquejos de ultraje.

—Como...como ousa...? Não nos ama mais....?—meu pai perguntou de olhos arregalados. Itachi abriu o berreiro e ela o encarou horrorizada.

—Que diabos...? Ah, por favor!—ela reclamou abismada.—Precisava de molho de tomate para fazer a lasanha do final de semana para o almoço do pessoal da faculdade mas alguém....—ela me encarou.—...andou comendo todos os tomates dessa casa!

—Eu ainda disse que deveriam ter parado em mim! Mas não... "vai ser legal ter um irmãozinho!" E agora está aí o resultado! Que vergonha! Que lástima!—meu irmão dramatizava surpreendentemente se esquecendo de suas lágrimas de jacaré.

—Sossega, Itachi.—minha mamma revirou os olhos.—Comprei tomates para vocês, seus italianos doentes.—falou erguendo a sacola de compras e todos nos animamos.—Mas não estão merecendo. Você, Fugaku, parecia que os garotos tinham trazido drogas pra casa? Itachi, sem drama! E Sasuke...

Eu a olhei com os olhos arregalados e piscando e já ouvi os murmúrios e reclamações do meu pai e irmão.

Minha mãe tentou de manter firme mas logo cedeu.

—E ainda torturaram meu filhotinho, jogaram ele na lenha.—ela disse fazendo carinho no meu rosto e eu me esfreguei contra sua mão.

—Você sempre cai nessa mãe, essa cara de Gato de Botas do Sasuke. Mais falso impossível.—Itachi resmungou e eu lhe dei um sorriso irônico e o dedo do meio quando nossos pais se viraram.—Ô MÃE! Olha o Sasuke fazendo um gesto obsceno!

Mamãe se virou e a única coisa que ela viu foi Itachi enfiando o dedo no olho do pobre caçulinha dela.

—ITACHI UCHIHA!

Ah, ser o irmão caçula era bom demais...

💀—💀

Sete anos antes...

Embora o momento não tivesse nada de preto em relação à emoções, eu não poderia associar a qualquer outra cor. Não com todas aquelas gravuras escuras nas paredes.

Na família Uchiha tínhamos uma tradição: aos dezesseis anos, nosso pai nos levaria para fazer nossa primeira tatuagem. Não era uma coisa obrigatória mas todos ansiávamos pelos nossos dezesseis anos e pela primeira vez que tinta marcaria nossa pele. Nunca havia nascido uma menina na família mas acho que não teria porquê uma não participar da tradição caso nascesse. 

Essa era a vez de Itachi. Estávamos eu, ele e nosso pai no estúdio de tatuagem da Akatsuki. Obito havia recomendado o estúdio. O Complexo Akatsuki pertencia aos irmãos Namikaze e Konan Namikaze era uma das melhores amigas de Obito. Ela era responsável pelo salão de beleza no térreo, Nagato pela loja de discos no segundo andar e Yahiko pelo estúdio de tatuagem no último andar. 

O estúdio de Yahiko girava em torno de tons de cinza, preto e grafite com alguns pontos de destaque em laranja. As paredes estavam repletas de desenhos, decalques e fotos de tatuagens de clientes. Vi a de Kisame ali, eram os nomes de Suigetsu e de Mangetsu, um em cada antebraço em letras cursivas bem marcadas com fundo de aquarela roxa para Suigetsu e azul para Mangetsu. A mais recente de Obito também estava, ele quis ser diferente do resto da família com tatuagens pretas então fez um arco-íris envolvendo seu braço direito, a sua tatuagem dos dezesseis anos era a árvore genealógica da família em suas costas, inclusive a parte Mitsashi. Quando perguntaram o porquê dela, ele disse que a família era a coisa mais importante para ele na vida, que éramos a base dele então ele nos queria tatuados em seu corpo, nos queria sempre com ele. Shisui fez uma frase meio besta e prepotente há pouco tempo, Itachi o achou sábio mas qual era a novidade? Era a inspiração de vida dele. Nii-san idiota. Havia uma competição na família de quem fazia a maior tatuagem aos dezesseis, até então Obito estava na frente tendo gasto uma boa quantidade de tinta na época, Shisui se achava bom demais para isso mas eu tinha certeza que ele só era medroso demais para fazer alguma grande. Papá havia perdido seu posto apenas para Obito mas suspeitava que Itachi estava prestes a superar todos eles. Nii-san era meio besta mas ele era incrível também.

Bom, tinha uma razão bem específica para ele e querer superar o resto da família.

Ele achava que escondia bem mas eu, apenas eu, sabia que ele tinha um precipício pela Konan Namikaze. Por coincidência do destino, ela estava ajudando o irmão hoje nas perfurações e observava atentamente Itachi folhar o catálogo.

—Nada ainda?—indagou Yahiko retornando do banheiro. Meu irmão sorriu daquele jeito dele meio como um sábio da montanha e deu de ombros.

—Seus desenhos são muito bons mas queria algo que significasse algo para mim... Eu tive uma ideia mas não sei se concordaria.—meu irmão sacou o celular e entregou a ele que franziu o cenho.

—Espera, foi ele...—Yahiko não precisou completar o pensamento, meu irmão assentiu sorrindo orgulhoso e meu papá riu como se entendesse tudo.

Que bom que o velhote estava entendendo porque eu estava bem longe disso.

—Uau...vai ser uma verdadeira honra fazer isso para você.—Yahiko sorriu amplamente como eu raramente o vi fazer por aí e começou a organizar suas coisas.

Arrastei minha cadeira até Itachi que rapidamente desligou o telefone e me olhou com uma sobrancelha arqueada.

—O que foi, baixinho?—perguntou bagunçando meu cabelo.

—Decidiu o que vai fazer? Espero que algo intimidante, nii-san, e não uma frase besta que nem a do Shisui.—falei de braços cruzados e ele gargalhou.

—Ah, é bem intimidante. Você vai ver.—ele me deu um empurrãozinho com os dois dedos na minha testa. Eu ri e empurrei a dele de volta.

—Não entendo porque Naruto e Sakura falam tanto que ele é ranzinza, ele é fofo.—Konan disse divertida e nós dois olhamos para ele.

Fofo?!

—Ele só está de bom humor porque vai me ver sofrer, geralmente ele é bem rabugento. 

—E não gosto de ser chamado de fofo.—resmunguei.

—Sua mãe te chama assim o tempo todo.—papá fez o favor de comentar. Bufei.

—A mamma é a mamma.—resmunguei e Konan gargalhou.

—É, você é fofo.—disse rindo mas notou minha cara fechada e rapidamente segurou mesmo continuando com um sorriso divertido.—Fofo mas de um jeito bem foda, é claro.

Eu estreitei os olhos mas assenti em aprovação.

—Aí baixinho, por que não vai olhando os catálogos? Daqui a cinco anos é a sua vez.—meu irmão disse e eu me empolguei indo até a pilha que ele havia deixado num canto.

Fiquei ali um tempo até ver Yahiko começar a tatuar as costas de Itachi. Ele fez uma careta engraçada mas não gritou, só parecia um pouco desconfortável.

Acabei cochilando encostado no papá e quando acordei, Itachi já estava de pé vestido. Parecia meio cansado e dolorido mas contente.

—Vamos, nossa família deve estar se corroendo de curiosidade.—Itachi disse me estendendo a mão.

—Posso ver a sua tatuagem???—pedi animado mas ele negou.

—Vai ver com toda a família, é surpresa.—me deu uma piscadela e eu bufei cruzando os braços. Pro Shisui ele mostraria...

Chegamos em casa e todos estavam lá. Todos estavam extremamente ansiosos para ver mas eu estava um pouco chateado. Por que eu não podia ver? 

Itachi tirou a camisa e sorriu para todos que estavam em silêncio.

—Bom, eu queria algo com significado para a primeira mas nem de longe eu queria copiar a de ninguém. Procurei durante mais de uma hora no catálogo mas nada.—ele suspirou e sorriu amplamente.—Então me lembrei de algo que eu tinha no telefone que era bem especial para mim.

Ele se virou e meu queixo foi ao chão.

—Deus!—minha mãe exclamou chorando e indo até meu irmão emocionada. Todos ficaram empolgados porque todos sabiam o que era aquilo.

Era um desenho meu.

Corvos sempre foram os animais favoritos de Itachi e eu quis fazer algo para ele no seu aniversário há uns dias. Fiz o desenho de dois corvos, representavam nós dois. 

Itachi se virou com um sorriso hesitante.

—Você...gostou, onii-chan...?—perguntou e eu não o deixei responder pulando em seu pescoço o abraçando apertado.

Era bom que eu estivesse de costas para todos, assim ninguém veria que eu estava chorando.

💀—💀

Seis anos antes...

Dizem que laranja era a cor da amizade. 

Eu gostava de saber a explicação para muitas coisas mas definitivamente não entendia a amizade, assim como não entendia as pessoas que gostavam daquela cor berrante—cof, cof, Naruto….

Eu era um cara quieto, mau humorado e com um senso de humor um tanto sarcástico mas estava cercado por amigos...completamente distintos de mim.

Naruto eu já havia desistido de tentar entender, estávamos fadados a sermos amigos. Tem uma foto minha agarrado com ele no berço da casa dos Uzumaki-Namikaze. Ele era a carne da minha unha. O queijo do meu vinho. A pipoca do meu filme. O molho de tomate da minha pizza. 

Bom, não que eu fosse dizer isso para aquele loiro aguado de qualquer jeito. Eu era orgulhoso demais para isso e também, ele sabia que podia contar comigo.

Shikamaru de certa forma era o mais próximo em personalidade. Éramos mais discretos e silenciosos. Pensávamos antes de falar.

E aí havia Suigetsu.

Digamos que depois do nosso pico de energia com energéticos—no final não eram exatamente sucos—nós viramos amigos. Acho que foi tipo um acordo tácito. Ele era um cara legal, completamente pirado mas legal e acabou que ele não queria nada com Sakura. Era bom ter companhia nas reuniões de amigos do meu irmão.

Ah sim, as benditas reuniões de amigos do meu irmão.

Era esse o caso caótico.

Itachi havia decidido investir em Konan, na verdade, era mais como ter tomado coragem. Ele estava com um plano bem insano em mente.

E eu, Naruto e Suigetsu pagaríamos o pato.

Suigetsu e eu como sempre estávamos acompanhando Itachi mas hoje Naruto estava conosco já que seus pais estavam viajando e era de longe o mais empolgado com aquela loucura do meu irmão. Maldito romântico incurável.

—AH! Ela gosta de rosas brancas! Diz que tem um toque dramático e diferente!—exclamou Naruto empolgado enquanto meu irmão tomava notas como um stalker psicopata.

—Chocolates?—perguntou Itachi.

—Só meio amargo.—Naruto falou.—Ah! Ela queria ir na peça que ia ter na cidade hoje!

—Aí, Uchiha, sem querer ser estraga prazeres mas já sendo…—Deidara Yamanaka, um dos amigos do meu irmão começou.—Mas não acha ela muita areia para o seu caminhãozinho não? Ela é bem mais velha também.

—Na verdade, são três anos.—afirmou Itachi solenemente.

—Na verdade, são quatro. Konan repetiu um ano.—Naruto comentou.—Mas e daí? Idade é só um número.

—911 também…—murmurei e os dois me fuzilaram com o olhar. Ergui as mãos em rendição e eles logo voltaram sua atenção para seu plano genial.

—Vou precisar da ajuda de vocês três…—Itachi falou olhando para nós e sorrindo maquiavélico e eu recuei junto com Suigetsu. Naruto pareceu empolgado ainda assim.

Ele pensa que eu não tinha visto as asinhas de anjos e as fraudas debaixo da cama dele…

Nem fodendo.

—Peguem-nos se puderem!—gritei e saí correndo com Suigetsu no meu encalço.

Nós corremos como se nossa vida dependesse daquilo com meu irmão, seus amigos e Naruto no nosso encalço. Eu pulei a primeira cerca que vi mas Suigetsu continuou correndo.

Respirei esbaforido quando olhei ao meu redor.

Vi apenas um pontinho rosa no meio da grama.

Sakura estava cochilando em cima de uma toalha de piquenique e seus olhos estavam bem avermelhados assim como seu nariz. Ela andou chorando.

Sabia que provavelmente tinha a ver com Ino, ela havia afastado bastante Sakura ultimamente, talvez não de propósito, mas estava dando prioridades à amizades que um dia foram pessoas que fizeram muito mal à Sakura.

Cheguei perto dela e fiquei observando-a por um tempo até que ela acordou assustada e me viu.

—Sasuke?—questionou confusa.

—Tcs. Foi mal invadir seu quintal, estava fugindo do Itachi e foi o primeiro lugar que achei.—falei casualmente e ela assentiu meio perdida.—Por que está dormindo aqui?

Ela hesitou em me responder.

Por que ela responderia? Não éramos exatamente amigos, não que nos odiássemos, mas também não éramos amigos próximos, estávamos mais para conhecidos talvez. Colegas?

—Era para Ino vir fazer um piquenique comigo hoje…—murmurou olhando suas unhas pintadas de um verde que parecia com o dos seus olhos.—Eu…talvez ela não estivesse se sentindo bem…

Não, eu sabia que não era verdade. Deidara chegou lá em casa dizendo que havia deixado Ino no shopping com umas amigas.

Talvez Sakura no fundo também soubesse que ela simplesmente havia se esquecido ou não se importado com ela.

Caso não, eu que não iria puxar seu tapete.

Sentei ao seu lado e peguei uma tiara de princesa com detalhes roxos que repousava ao lado de uma com detalhes vermelhos. Pus a roxa na minha cabeça e depois dei a vermelha para Sakura que me olhava embasbacada.

—Já vou logo avisando que sou uma decepção com modos a mesa. Minha mãe vive resmungando na minha cabeça.—avisei e ela despertou do torpor soltando uma risada leve e começou a nos servir puxando algum assunto aleatório.

Talvez ela nem se lembrasse no futuro mas naquele momento eu fiquei feliz de estar fazendo-a sorrir.