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História Diário de um Otário - Game Over e a Gótica


Escrita por: Silva_Writer

Notas do Autor


O conto do Boca Suja fica para o próximo

Capítulo 5 - Game Over e a Gótica


Fanfic / Fanfiction Diário de um Otário - Game Over e a Gótica

Game Over 

Meu primeiro contato com games (Ou o que eu me lembro pelo menos) foi jogar naquele celular Motorola que abria e fechava da minha mãe. Aquele clássico da cobrinha, mas o mais maneiro que tinha era um chamado Diamond Rush. Depois de um tempo, conheci o incrível Click Jogos através da internet.

Lá tinham os clássicos como Super Mario (Sonic > Mario e é isso), jogos do Sonic obviamente, Pac-Man e muitos outros.  Eu basicamente cresci indo na Lan House. Need for Speed, Counter-Strike e o clássico GTA San Andreas (I got a gun!). Nunca tive um Playstation (Maldito Yudi criando falsas esperanças) mas sempre ia numa casa de jogos aqui no bairro ou na casa do meu primo que teve o 1, 2, 3, 4 (E aposto que o burguês vai ter o 5)

Além dos óbvios de futebol, gostava muito de God of War, Dragon Z Budokai 2, Resident Evil 2, Assassins Creed (Bate uma saudade...) e além dos jogos Arcade (*Aquelas máquinas antigas pra dois jogadores) com Mortal Kombat (Subzero > Scorpion) , The King of Fighters (Existem os personagens apelões e existe o Rugal) Metal Slug e a lista continua...

Meu tio tinha um Xbox 360 e pra mim era como jogar um console de última geração. Jogos como Injustice (Lanterna Verde, Aquaman e Exterminador meu trio), Batman Arkham City, GTA V, Call of Duty, Battlefield até um jogo do Bob Esponja era maneiro naquele Xbox. E o melhor é que era destravado e os jogos piratas eram 10 reais cada. Minhas tardes nunca foram tão felizes.

Jogava até aqueles games do Facebook como Dragon City e Criminal Case lá em 2012. (Overdose de nostalgia) Pou? Joguei pouco mas era legal, Angry Birds também. Mas graças a dádiva dos emuladores pude colocar no meu celular jogos de Game Boy Advance o GBA dos anos 90, de Super Nintendo, Nintendo DS...  (Obrigado Emuladores!)

Alguns obrigatórios pra jogar antes de morrer: Pokémon Fire Red, The Legend of Zelda: The Minish Cap, A Link to the Past, Castlevania: Aria of Sorrow,  Castlevania Order of Ecclesia, Megaman Zero, Final Fantasy, Sonic Advance... (Desculpem a empolgação)

Enfim, na escola cada um tinha a sua válvula de escape. Gasparzinho tinha as músicas, Nescau tinha os memes, e eu os jogos. (Antes dos animes) Pode parecer saudosismo, mas eu sempre gostei mais de jogos antigos. (Nada contra Minecraft, Free Fire e outros, mas não me cativaram como os antigos. League of Legends eu até tentei, mas meu notebook rodou com 2 fps) 

Mas Pokémon tem um lugar especial no meu coração. Foi um dos meus primeiros animes e quando descobri os jogos foi muito incrível. (Pokémon Go não é isso tudo) Meu preferido é o FireRed de GBA (Fazer o quê? Fanboy da primeira geração e Charmander sempre!) E foi justamente durante minha jornada pokémon nesse jogo que tive uma das piores experiências da vida. Fui assaltado.

Isso quando voltava da escola. Largamos cedo por causa de uma falta de energia (O que não era lá grande coisa já que os ventiladores não faziam muita diferença) só eu esqueci meu Vem. A ida tinha sido de Kombi, mas como eu tinha lanchado, adeus passagem. Tive que voltar andando. Era um perto longe, perto pra ir de busão, mas longe pra ir andando. (Mas sendo sincero, não eu ia morrer se fosse andando pra casa, só ia chegar ensopado de suor)

Eu não andava escutando música na rua. (Andar com fones na minha cidade é brincar com o perigo.) Nem deixava o celular no bolso. Colocava no silencioso e jogava na bolsa. Passei a última semana jogando Pokémon FireRed e estava na fase de enfrentar a Liga da Elite 4. Horas de jogatina seguindo o mapa, batalhando, capturando pokémons, upando meu time (Charizard, Raichu, Vaporeon, Butterfly, Alakazan) até que veio o fatídico dia.  Pelo que lembro era mais de 12:00 e eu estava na rua da minha casa, quando uma cinquentinha da Shineray vinha atrás de mim. Não tinha ninguém na rua. Daí o cara me abordou, tinha um capacete quebrado e uma camisa regata. (Putz, podia ser uma Honda ou Yahama pelo menos)

- Passa o celular ou eu atiro em você!

Pela condição do ladrão, podia ser só um pedaço de ferro debaixo da camisa, mas eu não ia pagar pra ver. Senti um incômodo como se tremesse por dentro. Nunca tinha passado por algo parecido antes. Eu não reagi. Abri a bolsa e entreguei o celular. Ele rapidamente deu a volta e saiu da minha rua. Continuei os passos até chegar em casa enquanto processava o que tinha acontecido. Falei com a minha família e fizemos até um boletim de ocorrência, e eu nunca mais vi o celular. Claro que fiquei chateado pelo aparelho, mas na verdade o que me deixou triste mesmo foi perder os jogos salvos e de estar tão perto de finalizar um deles.

GTA

Quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? No mesmo ano eu quase fui assaltado pela segunda vez, depois de ter ganhando um celular novo. Mas dessa vez foi quando eu ia para a escola. (O primeiro era um Moto E, o segundo um Galaxy simples, mas o importante era que eu podia jogar)

Eu cochilei no busão e acabei perdendo a parada. Com isso ganhei mais 20 minutos de caminhada até a escola. Depois de ter descido atravessei a pista e segui o caminho de volta. Foi aí que invés de ir pela avenida eu tive uma péssima ideia. Cortar caminho indo por dentro. (Eu não queria chegar na escola só para ser barrado pela Sra Iguana e ter que voltar pra casa por chegar depois do horário) 

Tive um deja vu, exatamente como da última vez. Não tinha sequer uma alma na rua. Eu olhava sempre para lados, observando as travessas, vez ou outra passava algum carro.  Mas como disse antes, sem grande movimentação. Apesar dessa insegurança, sentir a brisa do vento e ouvir o canto dos pássaros não era tão ruim assim. Mas logo esse cenário mudou. Não sei o que me levou a olhar pra trás, mas sei que senti algo estranho (É isso que chamam de sentido aranha?)

Quando olhei pra trás vi um cara de bicicleta me olhando distante. Ele tinha uma corrente no pescoço e um cap virado pra trás. (O pokémon que ele queria capturar estava na minha bolsa.) Apressei o passo e logo comecei a correr. Ele gritou: - EI!

Corri como nunca tinha corrido em todas as aulas de educação física. (Meu nome é Barry Allen e eu sou o virgem mais rápido do mundo!)

Eu precisava chegar na rua da escola onde muita gente passava (Ok, se ele tivesse uma arma não ia adiantar muito, mas eu não estava disposto a entregar outro celular tão fácil). Entrei na travessa à direita e ele vinha atrás. Ele iria me alcançar, mas por sorte (Obrigado Deus) ao fazer a curva, ele caiu da bike quando passou perto de um lodo. O miserável soltou um PQP.  

Isso me deu mais tempo. Continuei correndo até conseguir chegar na rua da escola. Quando olhei de volta vi o cara fazendo o retorno com a bike. Cheguei no portão acabado e todo suado, mas ao menos, meus jogos estavam salvos. Dessa vez eu tinha jogado o GTA reverso na vida real e com certeza não foi legal como na época da Lan House.

A gótica

Junto com Barbex uma garota gótica entrou na minha sala. Ela só vestia preto, pintava as unhas de preto, a bolsa era preta e até o caderno era preto. Eu realmente não entendia como ela aguentava usar um casaco preto num calor infernal daqueles. Apesar do visual diferente, ela era quase imperceptível, não falava com quase ninguém.  Exceto na chamada ou quando fazia alguma pergunta. Nescau tentou falar com ela, e a gótica prontamente o mandou tomar naquele canto.

Um dia durante o horário do almoço, Gasparzinho foi comprar comida numa barraca com Nescau, Barbex provavelmente estava com uma garota nós corredores e eu iria almoçar a comida de casa mesmo.   Eu sempre tive afinidade com pessoas antissociai, até porque eu era antissocial. Quando voltei do banheiro, a gótica cobriu a manga direita ao me ver. Mas eu não pude deixar de notar que haviam alguns cortes no braço dela.

Eu sempre tive afinidade com pessoas antissociais, até porque eu era antissocial. Arrisquei um aceno já esperando ser ignorado. E realmente fui a princípio. Voltei para o meu lugar. Para minha surpresa ela falou comigo.

- Eu detesto o seu tipo. (Direta...)

- O meu... tipo? - Eu olhei tentando evitar um contato visual. Ser tímido era de praxe, e com garotas eu mal conseguia falar olhando para a pessoa diretamente. Mas tentei ao máximo olhar pra ela. E apesar de ela parecer assustadora para a maioria (Nescau dizia que ela sempre olhava como se quisesse comer o fígado de alguém), eu  achava que ela tinha uma beleza peculiar. Os cabelos curtos na altura do pescoço envolvidos por uma touca preta e apesar da maquiagem pesada nos olhos, o castanho se destacava.

- O tipo certinho/bonzinho. Acho isso é só uma fachada das maiorias das pessoas, pra agradarem todo mundo.

- Sou amigo do Nescau, então acho que não sou tão certinho assim. E com certeza acho melhor agradar a mim do que a outros.

- Se acha um bom aluno?

- Minhas notas são boas.

- Se acha melhor do que os caras que sentam lá trás ou das garotas que passam a p0rr@ das aulas gritando?

- Não me acho melhor que ninguém. - Com essa minha resposta ela riu. Mas não do jeito quando você ouve algo engraçado. Foi tipo quando alguém fala alguma besteira e você ri como se já esperasse aquilo.

- É o que você diz, mas sabe que não pensa assim. Caso contrário porque disse que tem boas notas? As pessoas são assim, nos dão notas, salários e tratamentos diferentes, mas no final dizem: "Não sou melhor que ninguém" "Todos são iguais" como uma falsa humildade.

- Olha, as pessoas são diferentes, mas acho tudo é consequência das escolhas delas.

- Você escolheu passar três anos neste lugar. Você termina os estudos aqui e faz o Enem. E se você não passar, o que você é?

- Bom aí eu tento de novo e... -  Ainda estava falando quando ela interrompeu: 

- Não perguntei se vai tentar de novo. Perguntei o que você é se não passar. Você sabe, mas não admite. Você é alguém que não foi bom o suficiente. Um fracassado.

- Onde quer chegar?

- As pessoas insistem em dizer as escolhas são delas. Que fazem o seu próprio caminho. Mas ninguém tem o controle da m3rd@ da vida. Nós nos vendemos por dinheiro. Passamos nossa vida tentando ganhar pedaços de papel até que estejamos velhos demais. Por isso odeio todo esse fingimento.  - Ela levantou depois de falar e aquilo me irritou. Soou pra mim como uma revolta de uma pessoa convencida. Eu levantei e perguntei:

- É o que acha das pessoas que apenas estão tentando sobreviver? Que estão fingindo?

- A maioria finge que é livre quando está fadada a escolher ser alguém na "vida". É um ciclo mentiroso maquiado por meritocracia.  - Ela passou por mim e fiz algo que não devia ter feito. Com a cabeça quente, eu falei: 

- Por isso tem esses cortes no braço? Não consegue lidar com seus problemas e procura alguma coisa pra culpar? E ainda se mutila por causa disso... Me diz, funciona pra você? Acha mesmo que seus problemas vão sumir com isso? (Eu queria dizer que não, mas eu realmente fui babaca aqui)

Quando eu perguntei isso ela chegou perto de mim. Eu recuei um pouco. Não por vergonha, mas aquele olhar me intimidou. Um misto de raiva e tristeza.

- Porque é isso que todo mundo faz né? Alguns vão à igreja, outros bebem, fumam, transam. Todo mundo tenta esquecer que a realidade é uma m3rd@. Hoje alguns cortes bastam pra mim. Mas talvez algum dia, apenas um seja suficiente.

Isso foi um soco no estômago. Eu não consegui responder nada e ela saiu andando. Me senti culpado. É uma sensação horrível. Eu tinha feito uma burrice e sabia que precisava consertar isso.

 

 


Notas Finais


Eita...


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