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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e seis


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 66 - Capítulo sessenta e seis


Querido diário,

Hoje fazem três semanas que ele não aparece, e exatamente nove dias que ele não me liga. Acho que nem me lembro mais qual foi a sua última ligação. Na verdade, me lembro perfeitamente, foi por causa daquela matéria idiota que saiu naquele site de fofoca. Ele disse que ficaria tudo bem, que iria resolver e não me ligou mais. Eu sei que vida dele é corrida, que não sobra muito tempo para ele vir me ver, mas o que eu faço com a dor? O que eu faço com essa saudade que me sufoca e as lágrimas que insistem em sair?

Eu posso estar sendo idiota, mas eu não consigo fazer parar de doer. Eu preciso dele aqui, preciso sentir o seu abraço para saber que tudo está bem.  Tudo fica estranho, tudo fica errado sem ele, parece que falta algo em mim, na verdade me falta tudo. Me falta o ar, me falta o chão, me falta esperança e vontade de seguir em frente. E o que parece mais difícil é não saber de nada, não ter notícias, queria apenas que ele me ligasse para dizer que está tudo bem, que não pode vir me ver, mas que está bem. Sabe que ficaria feliz com isso, ficaria feliz em pelo menos ouvir sua voz por segundos que fosse.

Não consegui nem contar que fiz o exame de sangue e que definitivamente não estou grávida. Eu nunca havia o sentido tão longe e isso dói de uma maneira incontrolável. Não sei mais o que fazer. Hoje tomei coragem e liguei para ele. Estava tremendo, morrendo de vontade de desligar antes dele atender. Mas então eu ouvi alguém do outro lado da linha, e não era ele. Era o Roberval dizendo que o Luan estava em uma reunião e ligava depois.

Desliguei o telefone completamente dilacerada por dentro. Tinha a impressão de que ele não queria falar comigo e não sabia o que tinha feito para ocasionar isso. E continuo sem entender, eu só sei que dói, dói imensuravelmente. Eu preciso tanto dele, preciso sentir o brilho dos seus olhos, ouvir a sua risada. Será que eu estou sendo exagerada? Eu não sei nem o que pensar, mas desde que a saudade começou a apertar a única coisa que tenho feito é chorar e mentir para todo mundo que estou bem, que é apenas sono e que vai passar. Mas sei que não vai passar, enquanto não vê-lo isso não vai passar. O que eu faço agora? Me diz, porque eu não sei.

A única coisa que tem me mantido inteira é ir todos os dias até a praça para regar a nossa plantinha, nosso ipê rosa, que simboliza o nosso amor e eu não posso nunca deixá-lo morrer. Desculpa por não escrever muito ultimamente, mas a dor no coração está grande demais para conseguir ao mesmo pegar a caneta.

Fiquei olhando para as últimas linhas, as lágrimas pingavam no diário, borrando as letras tremidas. Não sabia mais o que escrever, tudo que sentia era grande demais para ser colocado em palavras. Peguei o papel que estava ao meu lado da cama e reli a matéria que me assombrava há quase duas semanas.

“Luan Santana pode ser pai.

O cantor Luan Santana foi visto na madrugada desta segunda-feira em uma farmácia em Londrina, cidade onde mora. Testemunhas contam que o cantor chegou a farmácia por volta das duas da manhã acompanhado de seu secretário.

Segundo informações, Luan teria ficado no carro, enquanto o homem entrou na farmácia, saindo alguns minutos depois carregando uma sacola. Ao especular o conteúdo, nossa equipe descobriu que se tratava de um teste de gravidez e que seria a pedido do sertanejo.

A assessoria do cantor não quis prestar esclarecimento, dizendo apenas que Luan não seria pai. O teste de gravidez teria dado negativo então? Acompanhe as próximas notícias.”

A minha vontade era rasgar aquela matéria em milhões de pedacinhos, mas ela já havia se espalhado por todos os sites de fofocas e programas de TV do Brasil. Há quase duas semanas eu estava completamente desesperada, com medo de tudo que poderia acontecer. Luan havia garantido que resolveria isso e que logo eles iriam esquecer. Eu imaginava que a vida dele estivesse um caos por conta disso, e me sentia imensamente culpada.

Se ele não tivesse comprado o teste de gravidez por minha causa, nada disse estaria acontecendo. Eu sentia um misto de tristeza e raiva que mal conseguia controlar. Eu queria estar com Luan, queria abraçá-lo, queria dizer que tudo iria ficar bem e que eles não iriam descobrir nada. Tinha medo de tudo que poderia acontecer a ele, e tinha medo também por nós. Mesmo com os pensamentos mais racionais possível, eu não conseguia minimizar a falta que Luan me fazia, e chorar era minha única opção.

Resolvi tentar dormir, talvez nos sonhos esses problemas teriam desaparecido e Luan estaria aqui novamente. Por mais que tentasse não consegui sequer fechar os olhos, sentia o coração apertado e as lágrimas molharem o travesseiro. Por que tinha que ser tão difícil? Então ouvi o barulho de mensagem no meu celular, e me surpreendi ao ler as palavras; “Me encontra em meia hora no mesmo lugar”. Meu coração pareceu não se aguentar no peito de tanta felicidade. Uma parte de mim esperava que ele viesse, mas a outra me lembrava que ele estava muito além da minha realidade.

Levantei as pressas enxugando as lágrimas e peguei a primeira roupa que vi jogada no chão. Parei na porta do banheiro, eu estava horrível, com os olhos inchados de tanto chorar, mas não importava, eu precisava ver aquele sorriso de novo, precisar saber que era real.

Tentei enrolar o máximo que podia andado pelo quarto ansiosa, e esperar os trinta minutos que ele havia me pedido. Quando já não aguentava mais, saí tomando cuidado para não fazer barulho, ainda não era nem onze horas, minha mãe poderia estar acordada. Achava estranho Luan ir me ver tão cedo, ele nunca fazia isso, mas resolvi não questionar.

A noite estava fria, o que me fez lembrar de que havia esquecido o meu casaco. Havia várias pessoas passando pelas ruas, mas eu não conseguia prestar atenção em nada. Andei os poucos quarteirões quase correndo, queria chegar o mais rápido possível, eu precisava sentir o toque da sua pele e o calor dos seus braços para me sentir viva de novo.

Quando virei a última esquina e pude vê-lo, senti meu coração dar um solavanco. Ele não estava no mesmo banco, dessa vez estava sentado de costas para mim, vestindo uma blusa de frio cinza e um boné preto, quase irreconhecível aos olhos de quem passasse, mas eu sabia que era ele. Ele poderia vestir qualquer disfarce, meu coração sempre me guiaria em sua direção. Assim que ouviu meus passos ele se virou, e quando seus olhos pousaram nos meus eu desejei poder voar, só para chegar mais rápido até ele. Como se minhas pernas me impusessem um limite muito grande que me irritasse. Ele sorriu de canto um pouco sem jeito e meu coração pareceu se dissolver.

Assim que me aproximei ele se levantou e me puxou para seus braços e eu pude sentir seu abraço quentinho que sempre me fazia tão bem. Eu poderia ficar a noite inteira ali sem me cansar, apenas ouvindo as batidas do seu coração. Mas então ele me apertou tanto que quase não conseguia respirar.

— O que houve Luan? – Perguntei baixinho.

— Você está tremendo. – Ele disse, se afastando, tirando o seu casaco e colocando sobre os meus ombros. Eu não protestei, havia algo em seus olhos que estava me preocupando. Foi quando duas lágrimas escorreram deles, dilacerando meu coração. Vê-lo chorar era pior do qualquer dor física, era cortante e agonizante. Levei a mão até o seu rosto limpando aquelas lágrimas, sentindo meu mundo todo doer. Ele pegou minha mão e beijou delicadamente.

— Por que você sumiu? – Perguntei. Ele me puxou para o banco, me fazendo sentar ao seu lado.

— Eu não pude vir. – Ele disse baixinho. Eu senti dor nos seus olhos, aquela dor que eu tanto temia. Sentia cada parte de mim se desesperar. O que estava acontecendo com ele? O que estava havendo com o meu Luan?

— Pensei que tivesse me esquecido.

— Em nenhum segundo. – Ele disse e as pontas dos seus dedos roçaram de leve meu rosto, tão delicadamente como se pudessem quebrá-lo com um simples toque. – Não sabe quantas vezes quis te ligar, quantas vezes disquei seu número e não tive coragem de colocar para chamar.

— Por que não ligou?

— Eu não podia. Cheguei a vir até aqui, fiquei horas sentado sozinho pensando no que fazer.

— Por quê? – Perguntei, as palavras saindo fraca demais. Ainda o olhava sem entender nada.

— Porque eu não posso Luiza, eu não posso mais fazer isso com você. Eu não posso achar que tudo vai ficar bem. Eu tenho sido tão egoísta por todo esse tempo. – Ele disse, as palavras atropelando uma as outras, enquanto meu cérebro ia compreendendo o que ele estava querendo dizer.

— Por que você está falando isso Luan? – Disse desesperadamente, sentindo as lágrimas começarem a cair pelo meu rosto.

— Eu pensei muito sobre isso, e cheguei a conclusão que é melhor não nos vermos mais. – Ele disse dolorosamente. Senti como se tivesse perdido o chão sob meus pés. Aquilo não podia ser verdade, não podia.

— Você não me quer mais? – Perguntei em meio aos soluços.

— Não diz isso Luly, eu amo você como nunca pensei que pudesse amar alguém, mas eu não posso mais ser egoísta. Eu preciso te deixar livre, livre para ser feliz, para encontrar alguém que possa ser um namorado normal para você, como eu não posso. – A cada palavra dele eu sentia meu coração despedaçar um pouco mais. As lágrimas escorriam sem parar, aquelas palavras doíam tanto quanto uma lâmina sendo enfiada pelo meu peito.

— A minha felicidade é ao seu lado. – Disse quase numa súplica.

— Por favor entende, eu não tive escolha. – Ele disse.

— É a sua vida, você tem escolha. – Eu não queria aceitar, não queria aceitar que estava perdendo-o. Perdendo o motivo de cada batida do meu coração, perdendo o meu mundo, o meu sol, perdendo o sentido da minha vida. Ele fechou os olhos por alguns segundos, e quando abriu mais lágrimas caíram deles.

— Eu já escolhi. – Ele disse baixinho. Senti como se um buraco no meu peito estivesse em chamas, doendo a ponto de me sufocar.

— Quer dizer que tudo foi uma mentira? – Eu disse me levantando. Não sabia se as minhas palavras faziam sentido, mas nada parecia se encaixar na minha cabeça.

— Não, não. Tudo foi real, tudo foi verdadeiro. – Ele disse desesperadamente ao se levantar também e me puxar para os seus braços. Tentei me desvencilhar, estava doendo, estava doendo muito. Por que ele estava fazendo aquilo comigo? Mas ele me segurou firme, encostando meu rosto no seu peito. Minhas lágrimas molhavam sua camiseta branca e minha cabeça parecia rodar. – Eu preciso que você entenda Luiza, por favor, eu preciso que você seja feliz minha menina. – Parecia que cada vez mais a cratera em meu peito aumentava, provocando uma dor dilacerante no meu coração.

— Por que Luan? – Sussurrei. Ainda não conseguia entender, ainda não conseguia aceitar.

— Eu só preciso que você seja feliz, e em troca eu prometo te deixar em paz e nunca mais te procurar. – Senti meu coração se mutilando no meu peito. Estava perdendo-o, estava perdendo o meu anjo, o meu menino, o meu ar. Era como se eu estivesse caindo em um buraco negro, um buraco cheio de pedras e cacos de vidros, que me cortassem, me cegassem e não me deixassem mais respirar. Como iria viver sem Luan? Como iria acordar todas as manhãs sem saber que ele estaria ali, que mesmo a distância ele estaria ao meu lado e que logo eu teria o seu abraço. Como iria conviver com a dor de nunca mais poder tocá-lo, de nunca mais sentir o calor da sua pele e o seu perfume doce me entorpecendo?

— E nós Luan? Nunca mais irá existir? – Perguntei entre as lágrimas. Queria poder me soltar dele, queria poder abraçar o meu peito e segurar meu coração que estava se desmanchando. Ele se afastou alguns centímetros e segurou meu rosto entre as mãos. Ainda havia lágrimas em seus olhos e elas me machucavam mais do que qualquer coisa.

— Nós sempre iremos existir Luly. Vai estar sempre aqui. – Ele pegou minha mão e levou até o seu peito. – Sempre. – Ele sussurrou.

— Mas sempre como uma lembrança. – Disse dolorosamente.

— Por favor Luly, está difícil para mim também. – Ele disse fechando os olhos, ainda segurando meus pulsos. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, as ideias estavam todas distorcidas na minha cabeça, e a única coisa que eu queria era poder ficar sozinha.

— Me solta, por favor. – Tentei me desvencilhei dele, mas ele continuou me segurando. – Por favor Luan! — Puxei meus braços de uma vez e sem pensar saí correndo para qualquer lugar longe dali, sentindo que a qualquer hora poderia cair no chão e não ter mais forças para continuar.

— Luiza para, não faz isso! – Luan saiu correndo atrás de mim. – Luly, por favor! – Não queria olhar para trás, não queria vê-lo e descobrir que aquela seria a última vez, que não teria mais seu abraço, e que a sua risada não iria mais me confortar nos momentos mais difíceis.



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