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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo setenta e um


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 71 - Capítulo setenta e um


Bruna fez Luan tomar quase todo o milk shake antes de sair dizendo que iria procurar pela mãe.

- Sabe, eu não entendo uma coisa.

- O que?

- Sua mãe. Eu atropelei o filho dela e ela está preocupada em não ter causado uma boa impressão em mim? – Perguntei indignada

- Você não me atropelou.

- Não diretamente.

- Para de se culpar Luiza, não foi sua culpa. Eu que não vi o carro.

- Mas se eu não tivesse saído correndo infantilmente você não teria sido atropelado.

- Não foi sua culpa Luly, eu não devia ter dito aquilo daquela maneira.

- E tinha outra maneira de dizer? – Perguntei, sentindo a tristeza me invadir ao lembrar das suas palavras doces, porém letais.

- Não. – Ele disse baixinho. – Acreditaria se eu dissesse que fiz tudo aquilo para tentar te proteger?

- Acreditaria. – Disse sinceramente.

- Eu prometi que nunca te machucaria, mas eu não consegui cumprir, eu não consegui te proteger da minha vida. – Ele falou tristemente.

- Não é sua culpa. Nós sabíamos que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. – Disse tentando parecer forte, para que ele não se sentisse mal.

- E isso é o pior, eu sabia o tempo todo, e fui egoísta em não te deixar livre, em te expor a isso.

- Luan, você me deixou livre o tempo todo. – Eu disse me aproximando. – Mas não havia outro lugar do qual eu quisesse estar, a não ser ao seu lado. Não há outra direção que meus olhos enxerguem, a não ser a sua. E não há outro caminho que as minhas pernas saibam andar, a não ser o que me leva até você. – Ele levou a mão que estava com soro até o meu rosto, e vê-la fez meu coração despedaçar. Então ele tirou uma mecha de cabelo dos meus olhos e colocou atrás da minha orelha, e a sua mão quente pousou no meu pescoço.

- Você acreditaria que apesar de tudo que estou te fazendo passar, eu te amo? – Ele perguntou, seus olhos castanhos intensos queimando nos meus.

- Quantas vezes vou ter que te dizer que você só me trás felicidade?

- Quantas vezes eu precisar ouvir. – Ele sussurrou, e eu reconheci a frase de quando nos conhecemos. Senti meu coração pulsar violentamente no peito ao lembrar daqueles momentos tão bons, que agora pareciam tão distantes.

- Sim, eu acredito. – Disse, e senti seus lábios tocar os meus, macios como veludo e delicados como cetim. Eles se moviam gentilmente, enquanto suas mãos seguravam cada lado do meu rosto. 

Eu tentei resistir, eu lutei internamente para me afastar, para manter a minha promessa, mas foi em vão.  Eu não consegui, e totalmente sem forças eu me entreguei completamente, como um alcoólatra que se entrega ao vício após tentar resistir por tanto tempo. 

Senti uma de suas mãos apertar a minha cintura e a outra se enroscar em meu cabelo, enquanto ele intensificava o beijo devagar. Não joguei meus braços sobre ele, tinha medo de machucá-lo, então minhas mãos ficaram em seu peito, numa tentativa inválida de tentar afastá-lo.

- Senti tanto a sua falta. – Ele disse ao me soltar e me dar um beijo na bochecha. Abaixei a cabeça e encostei a testa no seu ombro, me sentindo devastada por dentro. Tentava reprimir a felicidade que me invadia por finalmente estar em seus braços, mas eu precisava ser forte, precisava me lembrar da decisão que havia tomado, me lembrar dos motivos que me fizera tomá-la, eu precisava me lembrar. Não podia mais machucá-lo, não podia ser egoísta. Eu tinha que protegê-lo. – Você está chorando? – Ele perguntou erguendo meu queixo. Percebi então a umidade embaixo dos meus olhos, e a limpei rapidamente com as costas da mão. Ele ainda me olhava e eu pude ver a confusão em seu rosto. – Eu estou aqui, eu estou bem.

- Eu sei. – Não queria dizer a ele o porquê de estar chorando, pelo menos não naquele momento, sei que não conseguiria.

- Não precisa chorar minha menina. – Ele disse limpando as novas lágrimas que caíram pelo meu rosto, tornando as coisas ainda mais doloridas. Então ele levou a mão até o canto do meu olho, retirando um cílio que havia caído.

- Faça um pedido. – Ele falou, me estendendo a mão. Encostei o polegar no seu e fechei os olhos, pedindo forças para nunca mais machucá-lo. E quando o abri novamente, retirei a minha mão, mas o pequeno cílio permaneceu no seu dedo.

- O que você pediu? – Perguntei.

- Para que tudo isso possa se resolver, mas principalmente para que a minha vida não te machuque. - Senti as lágrimas escorrerem novamente pelo meu rosto, Luan era muito mais do que eu merecia. 

Então ele me puxou, me fazendo deitar ao seu lado na cama. E eu não protestei, apenas encostei meu rosto em seu peito, enquanto ele apoiava o queixo na minha cabeça e me apertava em seus braços. 

Eu não sabia se as coisas entre nós haviam mudado sobre a sua decisão de não nos vermos mais, mas uma hora teríamos que dizer um ao outro tudo o que precisava ser dito, e eu então eu encontraria forças para fazer o que era o certo, eu teria que encontrar.

Após algum tempo ali deitada com Luan, sem dizer absolutamente nada, Sr. Amarildo entrou no quarto, me assustando. Ele pareceu sem graça, e eu levantei rapidamente me sentando no sofá. Alguns minutos depois a mãe e a irmã de Luan retornaram ao quarto. Dona Marizete se sentou no pé da cama, e a Bruna ao meu lado no sofá, enquanto Sr. Amarildo estava em pé próximo a mesinha. 

Eles começaram a conversar sobre várias coisas, desde a transferência de Luan e sobre o hospital de Londrina, dizia ser um excelente hospital, até histórias de quando ele era pequeno ou das vezes que ficou doente. Apesar de eles sempre tentarem me incluir na conversa ou puxar assunto comigo, na maioria do tempo eu apenas observava admirada ao ver Luan com a sua família. Ali estava muito mais do que o amor da minha vida, ali estava o meu ídolo como uma pessoa normal, rindo e conversando sobre histórias antigas. 

Dona Marizete estava me contando sobre a infância de Luan, de quando ele se escondia dela quando fazia algo de errado ou quando pegava o violão para cantar em todas as festas de família, quando Sr. Amarildo saiu do quarto dizendo que voltava logo. Luan protestava e ficava vermelho quando a mãe contava alguma coisa constrangedora, como da sua primeira namoradinha no jardim de infância, e eu e a Bruna ríamos sem parar. 

Percebi o quanto estava tarde quando a enfermeira entrou levando o jantar de Luan, mas não queria ter que ir embora. Sr. Amarildo voltou algum tempo depois trazendo duas pizzas de sabores variados e refrigerantes, e Luan rapidamente largou a sopa que estava fazendo caretas para engolir. Eu recusei a pizza envergonhada, mas ele me obrigou a comer um pedaço enquanto pedia ao pai para contar as histórias que ele sempre contava quando ele e a Bruna eram pequenos. 

E assim passamos várias horas, ouvindo o Sr Amarildo contar várias histórias e lendas antigas, a maioria era de fazenda, de violeiros, histórias que haviam virado músicas e algumas chegava até a arrepiar. Ainda permanecia a maior parte do tempo calada, mas estava me sentindo cada vez mais a vontade com aquela família, afinal, eles já faziam parte da minha vida há muito tempo. 

Foi só quando olhei pela janela e vi a escuridão lá fora que me lembrei que a minha mãe deveria estar preocupada.

- Preciso ir. – Disse levantando assustada, batendo a mão no bolso e percebendo que havia esquecido o celular em cima da pia.

- Fica mais um pouco, você vai gostar da próxima história. – Luan insistiu.

- Minha mãe deve estar enlouquecendo.

- Liga para ela.

- Eu saí de casa apressada e esqueci o celular.

- Liga do meu, depois o Amarildo te leva. – Dona Marizete falou, me estendendo o celular.

- Não precisa. – Tentei argumentar.

- Não discute e liga logo. – Luan falou sorrindo.

- Ok. – Disse derrotada, e peguei o celular. Minha mãe parecia preocupada, mas logo se acalmou, pediu para que eu não demorasse e eu concordei. 

Devolvi o celular para a mãe de Luan, quase não conseguindo controlar a felicidade de poder ficar um pouco mais ali com ele, e com todos aqueles que um dia quis tanto conhecer e tive tanto medo. 

A última história foi de um violeiro viajante e dessa vez foi engraçada. Rimos tanto que até me faltou o ar. É claro que todos eles já conheciam a história, mas riram abertamente ainda assim. Sr. Amarildo era um ótimo contador de histórias, e eu imaginava a todos eles em festas de família, contando lendas e tocando modas de viola. 

Eu estava no meio de um exemplo de família feliz, e eu entendia porque Luan apesar de ser tão famoso, um astro nacional, nunca havia perdido a sua humildade e as suas raízes. Ali naquele momento ele não era o Luan Santana, aquele nome em que todos conhecem e uns muitas vezes julgam. Não havia responsabilidades, não havia cobranças, ali ele era apenas o filho da Marizete e do Amarildo, o irmão da Bruna, e o meu Luan Rafael. 

Após algum tempo Bruna confessou que estava com sono, e o Sr. Amarildo disse que levaria nós duas. Me aproximei da cama de Luan para me despedir, meio sem jeito por a família dele estar olhando.

- Se cuida, ok? – Disse pegando na sua mão.

- Promete que vem amanhã?

- Tem alguma dúvida disso? – Eu perguntei sorrindo.

- Eu só vou ser transferido a tarde, então você pode vir de manhã.

- Eu virei. – Disse lhe dando um beijo na testa. Então ele me puxou e me deu um longo selinho, me deixando completamente envergonhada. Sentia meu coração disparado e minhas bochechas queimando, e antes que eu pudesse me virar para ir embora ele me deu um beijo na mão.

- Não esquece que te amo.

- Eu também te amo. – Sussurrei, sentindo meu coração inflar. Acho que nunca me acostumaria com aquelas palavras saindo da sua boca. 

Quando me virei todos fingiam não estarem olhando para nós, exceto Bruna que sorria discretamente. Me despedi da mãe de Luan ainda sem graça, ela me deu um rápido abraço, e saímos do quarto após Bruna se despedir. 

O carro estava no estacionamento, e eu fiquei aliviada em ver que não haviam mais fotógrafos por lá. Sr. Amarildo ligou o rádio e uma dupla sertaneja que eu desconhecia começou a tocar. Fui lhe mostrando o caminho enquanto ele me contava sobre quando acompanhou Luan no seu primeiro show em Três Lagoas, pois ele era muito novo. Eu sabia que Luan já havia feito um show ali quando tinha seus dezesseis anos, e eu me arrependia de não ter ido, e de não tê-lo conhecido antes. 

Bruna me perguntou sobre a cidade, ela já conhecia a lagoa, pois estava hospedada em um hotel em frente, então não havia muita coisa que eu poderia lhe mostrar. Ela estava me contando sobre Londrina quando chegamos a frente da minha casa. Eu havia ficado quieta a maior parte do tempo, e ela também parecia tímida, mas ainda assim tentava puxar assunto com a sua voz doce e angelical.

- Você deveria ir qualquer dia para lá. – Ela sugeriu um pouco antes de eu abrir a porta.

- Eu adoraria. – Disse sinceramente. – Foi um prazer conhecer vocês.

- Acho que vamos nos ver mais vezes. – Sr Amarildo disse sorrindo.

- Sim, vou ver o Luan no hospital amanhã.

- Não por isso, você faz parte da família agora.

- Ah. – Disse sem reação. Eu deveria ter ficado feliz, mas na verdade fiquei abalada. Demorou alguns segundos até eu retomar a consciência e reorganizar os pensamentos. Agradeci aos dois sorrindo e saí do carro. 

Minha mãe estava no sofá quando entrei em casa, ela me perguntou como estava Luan, eu disse que estava melhor, dei um beijo nela e subi para o meu quarto. As palavras do Sr Amarildo ainda martelavam na minha cabeça. Meu Deus, e agora? Estava cada vez mais difícil ter forças para fazer a coisa certa. Parecia que quando finalmente havia decidido não ser mais egoísta tudo me fazia querer desistir. Mas eu precisava ser forte, precisava ser forte por Luan. 

Talvez aqueles fossem só obstáculos e provas que a vida estava me impondo, para ver se meu amor por ele realmente aguentaria qualquer coisa. 

Tomei banho rapidamente e antes de me deitar, resolvi ligar o computador. Luan havia sido estranho em me pedir para não olhar a internet, mas assim que abri a minha página eu entendi o porquê. 

Eu não sabia como havia me descoberto, mas ali havia centenas de xingamentos e criticas sobre mim. E uma das coisas que eu mais temia se concretizou, aquela que eu considerava a minha segunda família havia se voltado contra mim. Mensagens de pessoas com quem eu já havia falado, e até mesmo de pessoas que eu desconhecia, com palavras tão duras que chegava a machucar. Meu cérebro não conseguia raciociná-las perfeitamente, mas meu coração sentia cada uma delas, e quando percebi minhas lágrimas já estavam molhando meu teclado. 

Eu não as julgava por me odiar, pois eu me odiava mais do que qualquer um, mas não podia evitar que doesse tanto a ponto de sufocar. Não conseguia ler mais nada, arranquei os fios da tomada e virei o monitor para parede, como se ele tivesse culpa de tudo que estava acontecendo. Cambaleei até a cama aos soluços e abracei meu edredom como se estivesse a procura de um porto seguro, alguma coisa que me impedisse de desmoronar e não cair em pedaços sozinha naquele quarto. 

Apesar das circunstâncias, aquele havia sido um dia feliz, do qual eu sabia que talvez nunca mais se repetisse, mas que eu sempre o lembraria com muitas saudades no coração.



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