1. Spirit Fanfics >
  2. Diário de uma fã (versão Luan Santana) >
  3. Capítulo oitenta e cinco

História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo oitenta e cinco


Escrita por: ThataBernachi

Notas do Autor


Na última parte, tudo o que estiver em itálico são flashbacks.

Capítulo 85 - Capítulo oitenta e cinco


O relógio marcava quinze para as oito da manhã, e o painel a minha frente mostrava o meu destino. Eu havia tomado uma decisão, estaria longe de tudo aquilo que me tirava o sono, e me perturbava. Mesmo sabendo o que era certo a se fazer, as lembranças que eu tentava deixar em um passado distante, não queriam se desvencilhar de mim. 

Consultei o relógio mais uma vez, como estava fazendo a cada cinco segundos. Eu achava que quanto mais rápido a minha vida nova começasse, menos doloroso seria. Mas parte de mim sabia que eu estava errada, a dor iria comigo para a onde quer que eu fosse, pois ela não estava no lugar e sim no meu coração. 

Peguei meu diário na bolsa e resolvi escrever naqueles minutos que faltavam, talvez assim não demorassem tanto.

Querido diário,

Penso que nem todo final sensato é um final feliz, e nesse momento para mim, finais felizes só existem em filmes que você assiste na televisão. Não há um final feliz se não houver um final, e o “felizes para sempre” não existe, ninguém nunca é feliz para sempre. Mesmo que você consiga ficar com a pessoa amada não será um final, será um começo, o começo de um feliz a cada dia. 

Todos os dias enfrentaremos o desamor, a mágoa, as criticas, a falsidade, a inveja, e mais um turbilhão de sentimentos ruins, e se no final do dia você conseguir erguer a cabeça e superar os obstáculos, ai sim você estará conquistando a felicidade, dia após dia. 

A minha felicidade hoje está ficando nessa cidade, nesse país. Mas penso que o nosso trem já tenha partido e nós dois perdemos a hora, ou ele ainda demora e nós chegamos cedo demais. Hoje eu estou embarcando sozinha, com medo de estar na estação errada. Os acontecimentos dos últimos meses passam pela minha cabeça como um filme, do qual eu criei a história, e preciso escolher um final. Eu me lembro perfeitamente como tudo começou, cada detalhe, como foi intenso, e todos os motivos que me trouxeram até aqui.

Fiquei olhando as linhas que eu acabara de escrever, acho que estava evitando os sentimentos por tanto tempo, que estava ficando cada vez mais natural sufocá-los dentro de mim. Não é como se eu tivesse me transformado em uma pessoa fria, eu só estava tentando evitar a dor que insistia em querer latejar no meu peito. 

Comecei a observar as pessoas a minha volta andando de um lado para o outro com a sua bagagem. Alguns a trabalho, outros talvez a passeio. Crianças alegres com seus pais, pois deveria estar viajando de férias. E no meio daquilo tudo estava eu, tentando me desvencilhar dos acontecimentos dos últimos meses, e me convencer de que o que estava fazendo era o certo. 

Fechei o diário e o guardei de volta na bolsa, não queria mais pensar sobre isso. Já estava feito, eu entraria naquele avião e seria o que Deus quisesse. Meu vôo não estava atrasado, o que era bom. Então levantei rapidamente, pegando minha bolsa e o casaco. Conferi mais uma vez a passagem, respirei fundo e fui andando em direção ao portão de embarque. 

Não olharia para trás, seguiria em frente, para dessa forma poder encarar a minha vida nova. Assim que dei alguns passos adiante, senti uma mão no meu ombro.

- Luiza. – Congelei no lugar ao ouvir aquela voz. Me virei para que meus olhos comprovassem que minha mente não estava tendo alucinações. 

Vestindo uma blusa de frio preta, com a touca por cima do boné amarelo como sempre fazia, Luan sorria para mim. Senti meu coração sofrer um solavanco e minhas pernas tremerem.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntei sem entender.

- Eu não podia deixar você entrar naquele avião, sem antes te dizer tudo o que está entalado aqui, na garganta.

- Luan, nós já conversamos, por favor, não torna isso mais difícil do que já está. Você mais do que ninguém sabe tudo que está acontecendo.

- Luiza… – Coloquei a mão no seu rosto dolorosamente.

- Luan, eu amo você como nunca fui capaz de amar outra pessoa, mas nós não podemos ficar juntos, você não pertence a minha realidade.

- Luly, me escuta, por favor.

- Eu preciso ir, já está na hora. – Insisti segurando as lágrimas, eu sabia que se o deixasse falar qualquer coisa talvez não tivesse mais forças para continuar. Ameacei me virar, mas ele segurou o meu braço.

- Dois minutos, eu prometo.

- Está bem. – Concordei respirando fundo, sentindo meu coração doer.

- Eu ensaiei o que falar por todo o caminho, então por favor, não me interrompe. – Ele pediu aflito e eu assenti. – Hoje quando acordei a primeira coisa que me veio a cabeça foi você, e doeu pensar que eu iria te perder. Eu estava disposto a ceder, e a te deixar ir sem protestar. Pensei que estava te protegendo, te protegendo do meu mundo, mas então eu percebi que nenhum de nós estava feliz. Eu pensei muito sobre isso e cheguei a conclusão que todo mundo tem o direito de ficar com quem ama. Então eu tentei te ligar, como seu celular estava fora de área, eu liguei para aquele número em que você me deixou um recado, e seu irmão atendeu dizendo que você estava a caminho do aeroporto. – Ele respirou fundo, enquanto eu fazia um esforço incalculável para segurar as lágrimas. – Luly, eu cresci aprendendo que o amor é a base de tudo na vida, e a coisa mais importante que temos, a arma mais preciosa e poderosa. Então eu penso que se duas pessoas se gostam, elas tem o direito de ficar juntas. Noventa por cento das pessoas tem o seu coração partido por gostarem da pessoa errada. E se você por acaso tem a chance de encontrar a pessoa certa, aquele que desperta o que há de melhor em você, que faz seu coração querer sair pela boca e te faz ter a sensação de poder voar. Aquela que te faz sorrir sem motivos, que não sai da sua cabeça por um só segundo, e que você a olhe a tenha a certeza que ela é tudo aquilo que você estava procurando esse tempo todo. Se você finalmente encontra essa pessoa, nada no mundo deveria ser maior ou mais forte que isso, nada deveria atrapalhar essas pessoas a ficarem juntas. Eu sei que há infinitos problemas para se superar, ninguém disse que seria fácil, mas nunca há o arco-íris antes da tempestade, não é mesmo? Então se essas duas pessoas se gostam, não importa se elas sejam muito diferentes, se a outra mora do outro lado do mundo ou se elas são do mesmo sexo, elas devem ultrapassar as barreiras e ficarem juntas só pelo simples fato de se amarem e serem correspondidas, pois elas são privilegiadas por isso. Não importa se é alguém comum ou o príncipe da Inglaterra, pequenas coisas como essa não deveriam significar nada perto do amor que eles tem, e o mundo inteiro deveria conspirar para a felicidade dos dois. Então eu te peço, por favor, não vai, fica e dê mais uma chance para o nosso amor. Os obstáculos são difíceis, mas eu estou aqui, eu estou do seu lado, e nós superaremos isso juntos. 

Quando Luan terminou de falar as lágrimas já rolavam descontroladamente pelo meu rosto, e meu coração batia descompassado. Eu mal acreditava que estava ouvindo tudo aquilo que sempre sonhei saindo da boca do meu ídolo. Eu deveria me jogar nos seus braços e dizer que seria sua para sempre, mas eu não podia, eu havia tomado uma decisão e não dava mais para desistir.

- Luan… – Comecei a dizer, minha voz saindo falhada. – Eu não posso. – Estava sem palavras, minha cabeça rodava e eu não conseguia pensar em nada.

- Você pode Luiza, é só dizer que sim.

- Eu já decidi, não da mais para voltar atrás.

- Sempre dá para voltar atrás. – Eu precisava me lembrar dos motivos que me levaram até ali, precisava me lembrar. 

Eu balançava a cabeça negativamente, estava atordoada, as palavras que havia acabado de ouvir ainda estavam sendo processadas na minha cabeça. Então Luan tentou me abraçar, mas eu recuei. Não podia tocá-lo, sabia o quanto isso seria doloroso e acabaria com as forças que ainda me restavam.

- Adeus Luan. – Disse baixinho sentindo meu coração apertar no meu peito. Ele ficou me olhando aflito, congelado no lugar, enquanto eu me afastava, olhando-o pela última vez. 

A dor de olhar dentro daqueles olhos, virar as costas e partir era cortante, chegava a ser quase física. Esses olhos que uma vez me tiraram da realidade. Os olhos que me ensinaram a amar, e a acreditar que tudo pode ser possível quando se tem fé. Eu nunca irei esquecer esses olhos, mais brilhantes que a luz da lua, capaz de ofuscar qualquer estrela no céu. Era incrível como depois de ter olhado tantas vezes aqueles olhos, eu ainda ficava deslumbrada.

Continuei caminhando em direção ao portão de embarque sentindo as lágrimas ainda caírem descontroladamente. Tudo estava bagunçado dentro da minha cabeça, e eu tentava me lembrar do porque havia tomado aquela decisão, mas naquele momento nenhum argumento que me fazia seguir em frente e entrar naquele avião parecia fazer sentido.

- Eu só não quero vê-lo sofrer ainda mais.

- Você realmente não vai ver se for embora, mas nós veremos. Eu entendo que você queira protegê-lo, mas qualquer um pode perceber que ele não está feliz.

Era como estar sufocando, mas as minhas pernas continuavam andando, por mais que eu achasse que iria cair no meio do caminho. Um homem estava no portão de embarque e no momento em que entreguei para ele a passagem, senti meu coração bater violentamente, e cada lembrança dos últimos meses voltaram a minha cabeça como relâmpagos em meio a tempestade.

- Eu estive pensando, e sabe quando você conhece alguém, e essa pessoa desperta algo especial em você? Faz seu coração bater mais forte e suas mãos suarem, e você não deseja outra coisa além de vê-la novamente, cada vez mais? Então, quando isso acontece é porque chegou a hora. O amor bateu a sua porta, e não adianta mais tentar fugir!

Senti meu corpo todo estremecer como quando ele me abraçou em meio a chuva em Araçatuba. Podia até mesmo sentir a emoção de quando acordei ao seu lado na cabine da lancha e quando ele disse que me amava pela primeira vez. Todas aquelas imagens entorpeciam e bagunçavam a minha mente de uma maneira incontrolável.

- Quando apenas um nome te faz sorrir e só de pensar em ficar longe te dói aqui dentro. Isso é amor?

- Acho que sim.

- Então eu acho que eu te amo.

Cada cena, cada fala, cada pequeno gesto, tudo passava pela minha mente, e eu sentia meu coração bater cada vez mais rápido. Por que estava deixando-o? Por que estava deixando o grande amor da minha vida ali? Eu queria protegê-lo, queria que ele fosse feliz, mas aquela menina tinha razão, ele não estava feliz.

- Luan, nós pertencemos a mundos tão diferentes!

- Mas quando existe amor verdadeiro entre duas pessoas, ele é capaz de criar pontes entre esses mundos diferentes.

O homem no portão de embarque me estendeu a mão, para me devolver o documento.

- O que eu estou fazendo? – Sussurrei atordoada.

- Como disse senhorita? – Ele perguntou confuso. Eu tinha certeza que aquilo era a coisa certa a se fazer, mas por que estava doendo tanto?

- Fred como você sabe que fez a coisa certa?

- Não há como saber, mas você sente.

- Como assim?

- Você sabe que fez a coisa certa quando se sente bem por isso.

Então tudo começou a se organizar dentro da minha mente, os pensamentos, as imagens, as coisas tão lindas que Luan havia me dito, o fato de ele ter ido trás de mim, tudo começava a fazer sentindo. Eu amava Luan mais do que a qualquer coisa, e nada o faria ir até aquele aeroporto se não fosse por amor, se ele não sentisse o mesmo. Então por que estava jogando fora aquele sentimento tão lindo que sentíamos um pelo outro por medo?  Por que estava impedindo que fossemos feliz? Tudo então parecia pequeno diante do nosso amor. 

E naquele momento eu soube qual era realmente a coisa certa a se fazer. Me virei de costas para olhá-lo, mas ele não estava mais lá. Sem pensar mais, saí correndo em direção a saída do aeroporto, desejando que não fosse tarde demais.

- Senhorita, a sua passagem, o avião já vai sair. – O homem gritou para mim, mas eu não o ouvia, qualquer obstáculo para mim naquele momento era pequeno perto do que eu mesmo estava impondo para a minha felicidade. 

Então eu corri como nunca havia corrido na vida. Não fazia idéia de como havia conseguido passar por toda aquela multidão, eu não prestava atenção em nada, nem nas pessoas que estava empurrando, nem naquelas que tentaram me deter. Eu só queria achá-lo, e eu procurava desesperadamente, até que finalmente o vi, andando devagar quase perto da saída, com as mãos no bolso e a touca da blusa na cabeça.

- Luan. – Gritei enquanto corria para tentar alcançá-lo.

- Às vezes eu tenho vontade de te sequestrar e te levar para algum lugar a onde poderíamos ficar completamente juntos, sem nada para nos atrapalhar ou nos impedir.

- E onde seria esse lugar? 

- Em alguma cidadezinha da França talvez. Eu e você sentados em algum café ás cinco da tarde, decidindo quem lavaria a louça do jantar a noite.

- Parece ótimo, mas o que acha de Cancun, no México?

- Dizem que é lindo!

- Tenho muita vontade de conhecer. Eu e você caminhando sem rumo em uma daquelas praias desertas ou deitados na areia como estamos agora. Ou até mesmo assistindo a algum filme no sofá em uma noite chuvosa. Dizem que chove muito no litoral.

- É verdade. E então eu pegaria no sono no meio do filme, deitada no seu colo, sentindo a sua respiração.

- Acho que a água salgada nos tornou muito poéticos!

- Mas sabe qual é o melhor de sonhar tudo isso com você?

- O que?

- Abrir os olhos e te encontrar aqui.

Ouvia as pessoas falando comigo, mas eu não os entendia, eu só queria alcançá-lo.

- Luan! – Gritei com toda a força dos meus pulmões, não me importava com o tumulto que poderia causar gritando o nome dele no meio de tanta gente, eu só queria detê-lo, queria pará-lo e dizer que nunca mais iria deixá-lo. – Luan! – Então ele finalmente virou de costas e me viu correndo em sua direção. Um sorriso se formou em seu rosto, e eu reconheci ser o meu sorriso favorito, aquele que me tirava o fôlego e me tele transportava para um universo só nosso, do qual eu queria habitar para sempre.

- Ninguém nunca está totalmente preparado. Mas o amor é assim, ele chega sem aviso prévio, sem pedir licença. Simplesmente bate a porta e se instala no seu coração.

- E te transforma na pessoa mais idiota do mundo. 

- Mas dizem que as pessoas mais idiotas são as mais felizes, pois conseguem rir dos próprios defeitos.

- Eu adoro o modo com você vê as coisas. 

- Você me faz enxergá-las de um jeito mais bonito.

- Eu esperei a minha vida inteira por você, mesmo sem saber.

Quando finalmente preenchi a distância entre nós estava ofegante, e sem pensar duas vezes me joguei nos seus braços quentes e macios.

- Eu amo você. Egoistamente, mas amo você. – Disse com a voz entrecortada, e então pude sentir seus lábios urgentes nos meus. 

A felicidade me invadiu novamente e eu deixei o meu coração tomar conta de mim. Me soltei dele mal acreditando que ele realmente estava ali. Toquei o seu rosto, seus lábios, seus ombros, seus braços, enquanto olhava-o atentamente, sentindo as lágrimas caírem sem parar. Então ele pegou a minha mão e levou até o seu coração, que estava tão acelerado quanto o meu, e lágrimas de felicidade rolaram pelo meu rosto.

- Está sentindo? Ele te ama mais do que qualquer coisa no mundo.

- Me desculpa, eu fui uma idiota. Você falou coisas tão lindas, mas eu estava com tanto medo. – As palavras começaram a sair desesperadamente pela minha boca, uma atropelando a outra. – Eu achava que era a coisa certa a se fazer, mas quando me dei conta de que ia ficar sem você doeu muito, e eu… – Ele interrompeu colocando o dedo indicador sobre os meus lábios e sorriu.

- Sabe, em uma coisa você tem razão, sempre haverá um oceano que separa os nossos mundos diferentes. Mas por você eu seria capaz de atravessá-lo a nado se fosse preciso.

– Eu não sei mais viver sem você. – Disse num suspiro.

- Eu sempre estarei aqui minha menina. – Ele disse segurando meu rosto entre as mãos, e eu o abracei apertado. 

Eu sabia que agora tudo ficaria bem, pois qualquer problema no mundo não era nada perto da dor de deixá-lo. E eu não precisava mais ter medo, pois eu estava nos braços do meu herói, o meu motivo para sorrir, o responsável por cada batida acelerada do meu coração. Nos braços do meu príncipe encantado, que me tirou do mundo real e me levou para o conto de fadas mais lindo que alguém já sonhou. Nos braços daquele que me arrancava suspiros com um acorde de violão e me arrancava lágrimas apenas com o timbre da sua voz. Aquele que mesmo sendo humano, estava mais perto da perfeição do que qualquer um que eu tivesse conhecido. Nos braços do meu orgulho, da minha inspiração, do meu exemplo. Nos braços do meu ídolo.


Notas Finais


Fim!!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...