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História Diário de Uma Iniciante em Copa do Mundo - Fernanda - O maravilhoso mundo de Davilândia


Escrita por: Lina_B

Notas do Autor


E aí, pessoas o/
Não postamos por 4 dias e a culpa foi minha. Ah, aqui é a Fê. Eu viajei durante o fim de semana e acabei acumulando postagens e leituras. Mas agora voltamos à ativa. *Pausa pra alegria* YEEEEEEY
Pra quem está pensando: "Ei, e essa fic que estava no fim, cadê?" É, pois é. Já que vamos ter uma segunda temporada, tivemos que aumentar a 1ª temporada em alguns capítulos pra dar aquele fechamento bonito pra próxima. Então aqui vão alguns capítulos extras referentes às férias. *e o povo grita: HEEEY OOH LET'S GO*
Bom, muito obrigada a todos os comentários e favoritos que recebemos no fim de semana. Foi um surto de gente comentando em capítulos anteriores e eu de cara, rebolando. Sacam aquele menininho que rebola quando aparece no telão? (LINK DISSO NAS NOTAS FINAIS) Era eu a cada comentário e favorito.
<3 Por isso amamos todas vocês.
Enjoy.

Capítulo 41 - Fernanda - O maravilhoso mundo de Davilândia


Fanfic / Fanfiction Diário de Uma Iniciante em Copa do Mundo - Fernanda - O maravilhoso mundo de Davilândia

 

As cortinas tipo blackout do quarto estão parcialmente fechadas, ainda que uma fresta aberta deixe a luz solar invadir de forma incisiva o cômodo amplo e branco. Por essa réstia de luz, consigo ver partículas de poeira farfalharem um brilho difuso. Elas espiralam pelo ar, com o mínimo balanço da brisa constante e quase nula do quarto. Minhas pálpebras semi-cerradas não sofrem, e meu corpo inteiro parece mergulhado em um torpor leve. Talvez o silêncio seja referência da tranquilidade que me acolhe, e transforma os dias anteriores em um borrão indistinguível, um pesadelo que sopra minhas memórias como ondas fracas do oceano em dias de calmaria. Um silêncio que não forma completude, porque eu posso ouvir sua respiração, posso ouvir as batidas rápidas de seu coração.

O coração de David Luiz.

Sua voz rouca, de sotaque único, murmura palavras indistintas, que eu mal ouço. Porque me concentro no que seu interior me segreda. Quando minha mão acaricia seu abdome definido e quente, seu corpo responde de forma imediata. A respiração de David muda em sintonia com sua frequência cardíaca, que se torna incoerente e rápida. Ele está deitado abaixo de mim, com o tronco bem apoiado sobre alguns travesseiros macios e grandes. De tempos em tempos seu corpo se move, e ele baixa a cabeça até encostar os lábios no topo de meus cabelos. Seus beijos são demorados e absurdamente carinhosos, porque me passam uma espécie singular de sentimento. Uma emoção que reúne minha energia com um propósito. Ele me doa algo tão inexplicável, que me faz sorrir insistentemente. Faz com que eu me sinta amada, como se eu soubesse que ele estará aqui sempre, e me esperará de braços abertos para me acolher e me proteger de qualquer sombra que aflija meu sorriso.

David roça o nariz em meus cabelos, e passa os braços por debaixo dos meus. Iça-me até que possamos ficarmos de frente um para o outro. Estou deitada entre as pernas dele, e, dessa forma, preciso contorcer um pouco o corpo, para poder fitar seu rosto. David desce uma das mãos por minha barriga, até meu ventre, repousando-a ali, e beija minha têmpora. Desce os beijos por minha bochecha, até meu maxilar, até meu pescoço, até meu colo. Quando seus olhos voltam aos meus, sinto as palavras que ele quer dizer, através de seu olhar. É o tipo de intimidade que jamais sonhei ter com ninguém. Meus lábios sorriem tão insistentemente, que minhas bochechas doem. Ele perpassa os olhos por minha boca, e eu escorrego meu corpo pelo dele. Descanso a cabeça em seu ombro e encosto os lábios em seu pescoço, sem beijar no sentido mais literal da palavra. Eu roço o lábio inferior lentamente pela pele macia dele, e sinto os poros eriçados onde minha boca toca. Deposito um beijo, então, sobre a pele, e afasto-me, para olhá-lo de frente, novamente.

-Nunca mais me ignore assim. - O murmúrio é tão súplice e tão urgente, e suas sobrancelhas finas e claras se franzem de modo tão desolador, que eu assinto somente, e sinto outro beijo em minha bochecha. Rio sem voz, e ele repara em meu riso. David descontrai a expressão. - Você acha que eu estou brincando? Eu nem estou. Se fizer isso de novo, vou bater na sua casa, seja onde você estiver, com o circo do... Do... Beto Carrero morreu... Mas o circo ainda existe? - Eu assinto, e ele continua. - Eu vou até sua casa, com todos os artistas do Circo Beto Carrero e faço um circo na sua porta. Você vai passar a maior vergonha da sua vida, pode apostar.

-Meu Deus, David. Não vou te ignorar, Besta. – Eu digo, em meio as risadas que surgem do fundo de minha garganta, e sopram o ar em minha voz.

-Claro, depois dessa ameaça, é bom nem tentar. - Ele induz um tom de ameaça, e arqueia a sobrancelha, antes de erguer as duas. - Ops. - Ele murmura, e me rouba um selinho.

-Besta. - Eu repito, rindo, e dou um peteleco em seu abdome. David me responde com uma risada, e prende meu corpo com as pernas. Ele passa os braços por mim, e eu o olho. - Ei, que isso? Vai me dar falta de ar. Me solta.

-Promete.

-Promete o que? - Eu pergunto, e ele inclina a cabeça. David aprisiona meu lóbulo com os lábios, e o suga de forma lânguida, o que me faz contorcer o corpo com os arrepios quentes que descem abaixo de minha superfície. Ele solta o hálito quente contra a pele úmida por sua saliva, e sussurra:

-Promete? - Não tenho certeza do que ele quer que eu prometa, porque me perdi na conversa com o que ele faz. Entreabro os lábios, e sinto os dele sugarem o lóbulo de minha orelha novamente, vagarosamente. Ele arranha os dentes em minha pele, e minha voz rareia até sumir. Reviro os olhos nas órbitas. Maldito. - Fiz uma pergunta, Fernanda.

-Claro... Fez sim... - Murmuro, sem saber, na verdade, o que falo. Ouço uma risada dele, e ele afasta o rosto da lateral do meu. Meu olhar em sua direção é indignado.

-Por que parou?

-Promete?

-Prometo. - Eu respondo. E ele meneia a cabeça. - Que foi?

-O que está prometendo, Fernanda? - David pergunta, mas não há ofensa em sua voz. Há divertimento, e me faz corar as bochechas e a testa.

-Ah! - Eu resmungo, e desvio o rosto. Ele me traz de volta, pousando os dedos por meu queixo. Faz-me divisar seus olhos. Eu consigo sentir a respiração de David bater em minha fronte. Suas sardas estão mais evidentes por causa do sol e sua pele está mais queimada do que estava na primeira vez que o vi. Seus olhos castanhos esverdeados estão mais claros hoje. Nunca vi olhos tão lindos quanto os dele. - Tenha paciência, David. Dia desses eu comi uma colher de manteiga achando que era mamão só porque pensei em você. Daí você vem com isso aí e quer que eu pense? Por favor, né? - Ele me mantém em foco, enquanto ouve minha história sobre a manteiga, e ri gostosamente.

-Não acredito que comeu manteiga pensando que era mamão.

-Pode acreditar. E olha que eu só estava pensando em você. Aí você faz essas coisas aí, sei lá... E ainda quer que eu responda. Não dá. É exigir demais de mim. - Ele ri mais, e afrouxa o aperto em meu corpo, enquanto sua risada ecoa no cômodo.

-Eu... Ai... Eu pedi que me prometesse que não ia mais me ignorar, nunca mais. - Ele fala, quando consegue parar de rir, e eu exorto uma comoção que depreende significados dos mais íntimos em mim. Murmuro:

-Nunca mais? - Ele assente, e eu vejo que em seus olhos ele sente que me atingiu. David ergue os dedos e passa-os por meus cabelos, afastando-os um pouco de meu rosto. - Nunca mais. - Um sorriso perene constitui os lábios dele, mas ainda parece esperar que eu responda da maneira como ele espera.

Eu meneio a cabeça ligeiramente e estico meu corpo, até confundir nossas respirações e roçar as pontas dos narizes uma na outra. Entreabro os lábios, e vejo os olhos de David se fecharem, mesmo que minha visão seja embaçada pela proximidade. Essa ação de confiança cega em mim faz com que uma explosão se desenvolva em meu âmago, e encerra minhas pálpebras, transportando-me para a escuridão feita de riscos e pontos de luz imaginários.

-Prometo. - Sussurro sem resquícios de voz, refletindo meu hálito quente em lufadas sobre os lábios úmidos dele. Sinto suas mãos pressionarem minha cintura, e uma delas se arrasta com força por minha pele, até as costas, puxando-me para mais perto dele.

Porque nossos lábios se encontram.

O beijo dele me envolve e afasta qualquer outro pensamento em minha cabeça. Tudo vira poeira, que é soprada a favor do vento forte, e se transforma em nada, a medida em que se espalha pelo espaço. A sensação é de um calor febril, que condensa a pele em um suor pegajoso, porém confortável aos toques dele, que escorregam-se pelos dedos. Seu gosto, seu toque, sua respiração quente e rápida, meus impulsos. Meu corpo pesa como chumbo por quase um segundo, então se torna uma pena, por quase um segundo. Perco o equilíbrio, estremeço. Minha percepção é desatinada, e eu me embriago, me inebrio. É o tipo de droga que causa dependência mórbida e obsessiva.

Pessoal do crack, eu entendo vocês, completamente.

Mas a realidade é que nosso beijo não passa de um simples tocar de lábios. Nada além. É apenas uma experiência maximizada pelo olhar de alguém apaixonado. Eu deslizo minhas mãos por suas costas largas e definidas, e arrasto minhas unhas, sutilmente, arranhando-as na pele macia e uniforme. Os poros se eriçam abaixo do toque, posso sentir. Ele se afasta de mim, e me admira com o mesmo semblante brincalhão que sempre emite antes de uma piada.

-A senhora está me provocando, Fernanda Moraes? - David mexe as sobrancelhas. Eu não consigo conter a risada.

-Talvez. Mas só um pouquinho. - Aproximo meu rosto do dele novamente e capturo seu lábio inferior, mordiscando-o. Ele junta as sobrancelhas, e mantém os olhos abertos. Eu o solto, e ele suga o próprio lábio. David pisca para mim e eu sorrio.

-Sabe, acho que entramos em um vórtice temporal. - Ele murmura, ao olhar o rádio relógio que marca a hora ao lado da cama. Eu espicho o olhar até a hora, e ergo as sobrancelhas. Constato que passamos duas horas inteiras aqui.

-Minha nossa... Sua família deve estar toda do lado de fora. E a minha mãe... Meu Deus. Meu pai! Eles devem estar esperando por mim. - Eu me apresso, e David assente, mas me mantém deitada sobre ele.

-É, eu sei. E, por mais que eu queira ficar aqui a tarde toda com você... Não, não. O dia todo e a noite toda. Todos os dias e todas as noites, e não sair daqui nunca mais... Sei que todo mundo deve estar bem cansado.

-É... - Suspiro desconsolada e escondo meu rosto no tórax dele. David percorre meus cabelos com os dedos. - Não quero sair. Quero ficar aqui. - Faço um bico e David ri. Beijo seu peito nu, e ele me devolve um beijo no topo de minha cabeça, murmurando contra meus cabelos:

-Vamos dar um jeito nisso, porque, nem que eu tenha que rodar a baiana aqui, a gente vai dividir um quarto. - David fala de forma resoluta.

Eu beijo seu ombro e descanso o meu rosto nessa região. Fecho os olhos e sinto seu cheiro. Minha mãe já me disse que sempre que gostamos muito de uma pessoa e temos muita intimidade com ela, conseguimos sentir seu cheiro. Eu nunca tinha sentido isso com nenhuma outra pessoa. Apenas com minha família, mas jamais com um homem ou com alguma amiga. E o cheiro de David é único. Inexplicável. Eu poderia passar horas aqui, absorvendo odor que exala de sua pele quente. Preciso disso. Preciso muito extrair essa essência e fazer um perfume e jogar baldes disso em meu quarto e em meus lençóis, para passar o resto da eternidade no cheiro dele.

E nem se assuste. Essa sou eu sendo maníaca, não que seja a primeira vez. Crackolândia nada, eu vivo na Davilândia. Tudo bem, prometo que vou tentar me controlar. (Beijo pro pessoal do crack, de qualquer forma.)

Minha reclamação é expelida em forma de muxoxo quando David ergue o corpo nu da cama e se espreguiça, de costas para mim. Sua estrutura apresenta uma musculatura esguia e definida, um corpo de atleta que ele é. Não há exageros, e tudo é desenhado em seu devido lugar. Cada mínimo detalhe de David transparece perfeição para mim, dentro de cada mínima imperfeição que ele tem. Eu não me canso de olhar, muito menos consigo desviar os olhos dele. Suas pernas são fortes, e a musculatura é mais trabalhada e definida nessa região. Aquelas famosas pernas de jogador de futebol. É o tipo de corpo que eu nunca teria, porque não sou do tipo que ama musculação. Esportes? Sim, eu gosto. Musculação...? Não.

-Antes de ir é melhor tomar um banho, né? - David fala enquanto se vira, e estende a mão para mim. Eu engulo seco, e mordo o lábio inferior, focando a mão dele para não olhar para outro lugar e se flagrada por ele.

-Ah, David... Eu não sei... - Eu respondo, e ele franze o cenho, inclinando o corpo em minha direção e me puxando para fora da cama.

-Que mané não sabe, você vem. - David usa um tom imperioso e me gira ao redor de mim mesma, a frente dele, e me abraça por trás. Sua mão se instala em meu ventre e ele me guia até o banheiro. Dominante. Não há roupas a serem retiradas, e eu me deixo levar por ele, perdida. Rendo-me à sua força, que é transferida até mim em forma de delicadeza, que ele finalmente utiliza, enquanto a água cai sobre nós dois.

***

Quando saímos da recepção do hotel, depois de descobrir em qual chalé minha família está hospedada, eu abraço o braço dele, e David lança um olhar de esgueira, em silêncio. Eu não me incomodo, e continuo a andar. Do alto de meus 1.75 de altura, ainda pareço pequena perto dele. A presença dele me parece tão surreal, que eu não consigo deixar de crer que minha carência é natural. Eu vivi um romance com um jogador de futebol durante uma copa do mundo, e essa situação já é surreal, por si só. Mas então David se transporta para a realidade, e caminha ao meu lado, aqui, em um lugar cheio de pessoas comuns, e sem nenhum paparazzi a perseguir, nenhuma câmera da qual se esconder. Não há concentração, nem treinadores a vigiar. Não há pressão pelo próximo jogo, nem o êxtase de uma pós vitória, assim como não há o abalo do fracasso e da derrota. Lembro que não estive ao lado dele para ajudá-lo a se recuperar do sofrimento após o jogo contra a Alemanha, e tento imaginar como ele se sentiu.

Não há palavras para descrever o que ele deve ter sentido. O sonho de sua vida esfacelado em uma partida tão cruel. E eu não estava lá. 

-Me desculpa, David. - Meu timbre é apenas um sussurro delicado, e não há resposta dele. Meu primeiro pensamento é o de que ele não ouviu, e penso que repetir, num tom mais imposto, ajudará a obter uma resposta dele, seja qual for. Mas, antes que eu possa repetir o pedido, sua voz me corta.

-Pelo que?

-Por não... - Eu tento organizar as palavras de uma forma coesa, a fim de que atinja meu objetivo. - Eu queria... Eu não...

-Uh? - Ele emite, e me olha, mas não para de andar. - O que há? - Sua expressão passa a ser preocupada, e eu mordo o lábio. David tensiona o maxilar. - Aconteceu alguma coisa?

-Não. Não é isso. É... Eu queria me desculpar por não ter estado ao seu lado quando precisou de mim... Eu imagino o quanto sofreu no fim da copa, e eu... Falhei com você.

-Falhou? Quem precisa pedir desculpas, de novo, sou eu, Fernanda. - Ele retruca, e continua a andar pelo caminho feito de pedras. David olha as placas com os números dos chalés, e nós voltamos pelo caminho até o seu chalé, para atravessar uma pequena passarela acima de um córrego pequeno, para chegar ao chalé 1204, onde minha família está hospedada. - Fui um idiota com você. Te tratei mal. Te desrespeitei. Nem sei como você pode olhar pra mim e me pedir desculpas. Eu devia me envergonhar do comportamento que tive... Mas...

-Mas...

-Eu não penso quando estou de cabeça quente. Me torno esse tipo insuportável e cínico que você já viu. Minha mãe odeia quando eu a respondo dessa forma, e Belle... Bom... - Ele ri, e coça o queixo com a mão livre. - Isabelle arranca os cabelos. Eu contei a elas duas o que se passou entre a gente, e essa foi a razão do castigo. Minha mãe disse que isso não era jeito de falar com uma mulher grávida.

-Ah é... Sobre isso também, eu queria pedir desculpas por ter deixado você pensar que eu estava mesmo grávida. Deve ter sido agoniante pra você.

-Bem, eu realmente pensei... E tenho que admitir que fiquei um pouco decepcionado ao saber que não estava. - Ele sorri, mas há uma tristeza genuína ali.

-Já falei, era gastrite nervosa. Foram dias difíceis. Eu estava sob pressão da minha chefe, e os jornalistas sempre me paravam para falar sobre você, e tudo estava junto em minha cabeça, e teve o jogo, e eu pensei que minha coluna fosse acabar ali, que eu ia pra casa, que perderia o espaço que tinha conseguido e que não ia poder te acompanhar num momento de sofrimento. Eu sofri por te ver sofrer, e chorei por te ver chorar. Eu fiquei mal por te ver mal... E eu já tenho um histórico nesse sentido, da gastrite nervosa. E depois veio o vídeo, essa fama desgraçada. Então tudo contribuiu... Mas acho que estou melhor. Exceto por... Umas horas atrás. Mas tenta entender, eu achava que você ia pra França e que nunca mais eu ia te ver de novo. Daí você brota na minha frente, com esse sorriso e esse cabelo desgrenhado. Meu sistema não aguenta essas emoções fortes. - Ele ri, e para de andar.

David Luiz me para e desliza sua mão por meu braço, até enroscar os dedos nos meus, e puxar minha mão para cima, até seus lábios. Ele beija as costas de minha mão e não deixa nem por um momento sequer de olhar em meus olhos. Como o caminho é íngreme, ele se posiciona na parte mais baixa, e nós ficamos quase do mesmo tamanho. Trocamos uma conversa silenciosa, enquanto ele move os dedos sobre os meus. Seu sorriso flui naturalmente.

-Certo, eu entendo essa história de gastrite e tal. Mas... Sabe? Eu já tinha até pensando nos possíveis nomes para o bebê. E, nos meus planos, se fosse uma menininha, tinha que ter o cabelo cacheado. Me desculpe aí esse seu cabelinho liso. - Ele ri. Eu também, mas bem menos contida que ele. Eu gargalho.

-Nomes, David? Sério? Mas que ideia... A gente se conhece faz um mês, só.

-E parece um mês pra você? - Ele levanta uma das sobrancelhas e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

-Bom... Não. Não mesmo. - Digo com o fio de voz que eu consigo produzir. 

É que meus problemas de dar branco perto de David Luiz são os mesmos. Talvez, se ele conhecesse a palavra "Limites", eu me sairia melhor em disfarçar o quanto sou apaixonada por ele. Entretanto, ele não conhece. E a fofura da expressão dele destrói qualquer tendência a indiferença que qualquer ser humano vivo possa sentir. Eu sorrio, e meneio a cabeça, sentindo-me em casa. Isso é algo tão real que eu consigo sentir-me... Bem. O rosto de David é tão palpável, e sua pele é fresca. Seus olhos permanecem focados nos meus, e o sorriso é algo tão familiar a ele.

-Então...

-Ainda assim é pouco tempo, David. - Eu murmuro em resposta, e ouço o canto dos pássaros ao fundo.

-Hm... Pode ser, mas da próxima vez eu acerto. Teremos tempo suficiente pra continuar tentando. - Ele fala sério, e ri de si mesmo. Eu mesma rio, e ele passa o braço por meu ombro. Voltamos a andar até o chalé 1204, e vemos a porta branca e grande aberta, mesmo que de longe.

-Parece cheio, lá dentro.

-E está. Estou vendo dona Regina Célia conversando daqui. - Ele comenta, e eu rio.

-Sua mãe é ótima. Mas... Quantas pessoas você chamou pra passar as férias aqui? - Pergunto porque vejo uma quantidade anormal de pessoas dentro do chalé de minha família.

-Muita gente... E nem veio todo mundo. Um exemplo é Sara. - Ele continua, num tom natural, e eu o olho.

-Sara vinha?

-Vinha, ué. Nós marcamos a viagem antes da copa e como ela estaria de férias agora, chamei pra ela vir ficar com a gente aqui. Sara adora tomar sol, e fazer esse tipo de viagem. - David conta. Eu pestanejo e paro de andar novamente, soltando-o. Eu cruzo os braços, e ele pisca algumas vezes, acho que influenciado por mim. - Que foi? Não vai ficar com ciúmes, não é? Porque eu falei numa boa.

-Não. Não estou com ciúmes, eu sei que ela é sua amiga. Mas se a menina está de férias e vinha, porque ela não está aqui? - Eu pergunto, e David ergue as sobrancelhas.

-Ah... Ué... Por... Por sua causa, oras. Depois que aconteceu aquilo na comemoração do jogo da Colômbia, ela voltou pra Barreiro. Não tinha clima, você lembra. E depois, quando você ficou afastada, minha mãe mexeu os pauzinhos dela e tenho certeza de que ela acha que Sara aqui atrapalharia os planos dela. Por isso... - David deixa algumas reticências, e eu assinto.

-Entendo. Mas não acho justo. Ela foi descartada demais, e ela é sua amiga, não é?

-É uma ex-namorada, mas sim, uma amiga. - David me lembra. E eu dou de ombros.

-Você a considera uma amiga, dessas bem íntimas, não é? - Eu continuo em meu raciocínio, e ele aparenta estar intrigado.

-Não sei qual o objetivo da pergunta.

-Anda, você são amigos próximos, não são? Eu penso que ela deve ser uma confidente sua, não é?

-É...

-E você ainda faz uma coisa feia dessas? - Eu rolo os olhos nas órbitas e estendo a mão. - Me empresta seu celular.

-O que vai fazer?

-Anda, David.

-O que vai fazer? - Ele repete, sério, e eu continuo com a mão estendida. Ele suspira e me entrega o aparelho. Eu procuro o número entre meus contatos e encontro. Há algumas chamadas de alguns dias atrás, e eu me pergunto, com uma centelha de ciúmes, o que eles conversaram, mas engulo isso e coloco o número dela em chamada. Quando ponho o celular no ouvido, David arregala os olhos. - O que vai fazer?

***


Notas Finais


Link da comemoração das notas iniciais: http://www.youtube.com/watch?v=aTLPq-SN34s

Agora, respondendo a uma pergunta feita pela ~MaryDi1D, que eu não lembro se respondi...
A história do forninho é a seguinte: http://www.youtube.com/watch?v=UXuAM_qOc4s

E Tha, mais uma vez, obrigada pela homenagem lá na sua fic. <3 Ficamos muito lisonjeadas e felizes.

Até a próxima!
Isso é tudo, pessoal! o/
Ass.: Fê.


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