Dia XV A primeira geração dos cavaleiros de ouro. Parte final.
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- Auxiliar do Grande Mestre? – Questionava um homem alto de longos cabelos negros que chegavam espetados à sua cintura, usava apenas uma toga grega simples. – Tão difícil é lidar com todos nós?
- Bastante, principalmente quando o assunto é Mortalha e Astéria – Decretou em tom áspero, cabelos brancos volumosos e olhos sem íris de cor azul clara. – Eu preciso de apoio antes que acabe louco como Heracles e tenha que vagar pelo mundo fazendo trabalhos absurdos.
Isso apenas fez o outro rir.
- ...Astéria às vezes pode ser difícil de lidar – Disse com um claro deixe de carinho, que não passou despercebido para o outro – Mas ela teve uma vida difícil, suponho que isso seja natural.
Estavam sentados em meio a um grande terreno aberto e desolado, embaixo do homem de cabelo branco estava uma grande tapeçaria, sobre a qual havia vários pedaços de metais espalhados, de brilho dourado e prateado, além de três cântaros negros repletos de um pó brilhante.
- ...Justamente por isso pedi que viesse aqui, Asclépio, para tratarmos desse assunto, venho chamando cada um de vós a minha presença para tratar sobre o futuro, mais precisamente nossa descendência. - Disse, retirando as mãos de uma grande peça prateada com a qual trabalhava, que possuía aspectos retos. – Por hora, apenas eu e Polidoro tivemos filhos.
- ...Acabamos de enfrentar Poseidon, e mesmo que tenhamos ganhado, Athena presente que uma nova guerra logo se instaurará – Seguiu o semideus médico desviando o olhar para peças de metal que pareciam manoplas – Não é exatamente o cenário mais propício para pensar em criar uma família.
- Além das treze armaduras douradas, eu e meus filhos estamos trabalhando em mais armaduras de prata, como a de Serpens, e de bronze como àquela que um dia vestiu Aquiles, antes dele perecer por aquela flecha envenenada. – Seguiu explicando apesar da recusa contrária – Nosso exército ainda é pequeno, e, portanto, precisamos de mais soldados para as tribulações do futuro. Assim também pensa nossa deusa, por isso tentamos recrutar mais guerreiros de terras próximas, porém se não encontrarmos Pomos em nossos jardins, terremos que buscar em terras além das graças divinas, a Athena desagrada a ideia de confiar em estrangeiros, por isso está mais propícia a ideia de descendência.
- Nesse caso, nossa Deusa quer que tenhamos filhos simplesmente para servir-lhe em batalha? – Colocou o outro com desgosto encarando o rosto sem pupilas contrário com grande seriedade – E estás de acordo com ela, Sólon?
Quanto a isso o comerciante soltou um longo suspiro cansado.
- Eu sei que é uma visão dura, Épios, meus filhos ainda são mais novos até que Erisictão, que é o mais infante entre nós dourados, porém ainda que seja assim, Hegesias e Hegias já me ajudam a criar essas vestimentas que nos ajudam a guerrear contra os céus – Indicou as peças de armadura que encontravam-se espargidas pelo chão – Além disso, Hegesias já sabe que em seu destino cabe suceder-me como Cavaleiro de Áries, e justamente para Hegias faço essa armadura que vês, a Armadura de Altar, para que em um dia não muito longínquo, seja meu auxiliar ao posto de Grande Mestre.
Asclépio nada respondeu quanto a isso, agora encarando seus pés.
- ... Tudo que eu posso fazer, é dedicar toda a minha habilidade e empenho nessa vestimenta que protegerá meu filho um dia. – Seguiu explicando enquanto delineava a superfície metálica com zelo – Porém, te chamo aqui sozinho em especial não apenas para falar de futuro soldados e sim do futuro dos nossos – Encarou o mais novo em silêncio, até que este tornasse a erguer a cabeça e o encarasse de volta. – Estou preocupado com Astéria.
A expressão do médico azedou-se numa careta que denotava ódio, que manchava sua face naturalmente bela e tranquila.
- Dizes isso por causa daquele repugnante ser que ousou tocá-la? Sinceramente, nunca pensei que estaria a favor das ações hediondas de Mortalha até àquele dia. – Suas palavras eram carregadas de repulsa, seu cosmo emanando em ondas ao ponto que faziam Sólon começar a se sentir sonolento.
- Épios, controle-se, por favor – Recriminou o primeiro Grande Mestre, ao que o outro apenas respirou fundo, diminuindo sua energia aos poucos.
- Perdão Grande Mestre – Disse, tornando a encarar o chão.
- Eu também tenho enorme apreço por Astéria, graças a ela e Eri eu fui salvo de prematuramente adentrar as portas do Hades, por isso, gostaria de pedir-te que considere a possibilidade de casar-se com ela.
O semblante do cavaleiro de serpentário mudou drasticamente, passando do resquício do rancor a uma expressão colorada e repleta de constrangimento.
- E-eu?! Ca-ca...Ca...Casa...- E por mais que tentou não conseguiu terminar a frase fazendo Sólon rir sutilmente.
- Tu a amas, isto é evidente e inegável – Colocou com calma o lemuriano – O carinho com que a vês reconforta-me sobre o negro futuro que a aguarda. – Com isso sua expressão voltou a ser severa, fazendo o outro abandonar seu constrangimento frente ao receio que essa expressão grave lhe causava – Uma das irmãs de Astéria, a única a se casar, Hipermnestra, teve um filho varão a qual denominou, Abas. Com isso, mesmo sendo princesa de Argos, não lhe resta mais nada a esperar de sua nobre linhagem.
Frente a isso, o médico suspirou de alívio, estranhando o cavaleiro de Áries.
- Pensei que tratarias de tema mais irremediável, Astéria não se importa com sua herança de princesa, já havia abandonado isso de todo o modo quando jurou lealdade a Hipólita e se tornou amazona – Disse com tranquilidade – Mas admito que me causa certa curiosidade conhecer Abas, mas não sei dizer se Astéria ficaria feliz em saber que tem um sobrinho ou não.
- Esse não é o ponto Épios – Seguiu irredutível – Astéria precisa casar, caso contrário, incidentes como o de dias atrás podem voltar a se repetir. Casar com um homem que zele por ela, e que escolha o que for melhor para ela.
- E ela não pode simplesmente escolher por si mesmo o que é melhor para si mesma?! – Contestou a contragosto.
- Ela é uma mulher Asclépio – Decretou com firmeza, nenhum dos dois desviando o olhar do outro. – Não pode fazer isso por conta própria.
- Ela matou um marina apenas com um dedo! – Exclamou em defesa à guerreira – Destruiu o solo de Atlântida com um chute! Nenhum de nós pode fazer-lhe frente num combate sem sofrer vários agraves!
- Não duvido da capacidade dela Épios, mas isso não muda o fato de que ela é uma mulher – Insistiu com semblante cansado.
- Athena também é uma mulher, caso não tenho notado – Seguiu em tom colérico e impaciente que faziam o semideus simplesmente parecer outra pessoa, enquanto a temperatura começava a subir aos seus arredores, seus olhos ganhando um leve contorno amarelado.
- ASCLÉPIO! – Gritou fazendo o serpentariano exaltar-se, como se voltando a realidade, piscando surpreso – CONTENHA-SE!
Em seguida o lemuriano levantou-se, jogando com o pé um pouco de terra sobre uma parte da tapeçaria que começava a se incendiar devido ao calor gerado pelo filho do deus do sol, notando o que havia feito, ainda sentado e com as mão, o semideus tentou ajudá-lo.
- Me perdoe, por favor, me perdoe – Insistia com pesar, mesmo quando as chamas já haviam se detido – Eu não tive a intenção....!
- Eu estou acostumado com vós semideuses e vossos surtos – Decretou em tom firme e inflexível, que apenas fez Asclépio tornar a baixar a cabeça com expressão culpada. – Porém eu agradeceria se tu me poupasses do trabalho, já tenho minha suficiente cota com Póllux.
- ...Me perdoe – Tornou a repetir cabisbaixo.
- Estou impressionado, porém, não pensei que tu poderias chegar a ser passional como Divino Apolo – Disse mais tranquilo, tornando-se a se sentar. – Quando se trata de Astéria e Eri tu não medes esforços ao parecer.
Não respondeu, ainda de cabeça baixa.
- É por isso que eu queria que tu ou Eri cassassem com ela – Seguiu com cautela – Porque eu sei que dariam a ela a vida que ela merece, tu mesmo disseste, ela já sofreu demais. Eu sei que não é um mundo justo para alguém que lutou a nosso lado sofrendo por igual, mas eu também sei que como mulher, em um casamento normal, ela não seria mais que um pertence. – Épios ergueu a cabeça para refutar novamente, mas Sólon o impediu com um gesto impaciente de mão. – Quando as guerras acabarem, eu quero entrar na vida pública – O semideus piscou frente a aparente mudança de assunto, mas o lemuriano seguiu – Eu te garanto que reformarei as leis, um pai não terá mais direito de vender a própria esposa e filhos como se fossem meros objetos, e uma mulher, a fim de poder usufruir da herança de sua família, poderá sair de um casamento que não lhe dá filhos, para outro em que possa obter herdeiros e garantir com eles o que é seu, também abolirei o dote das esposas, para que deixem de tratar essas alianças como meros comércios, tudo isso eu te garanto que farei um dia. Pode não parecer muito, mas já é um passo.
- Suponho que sim – Disse virando o rosto ainda descontente.
- Mas estando contigo ou Eri, eu sei que ela seria tratada tal qual um ateniense, homem, livre, por isso insisto para que ao menos, pondere o assunto – Findou buscando o rosto do médico, mas esse não voltou para encará-lo. – Pense nisso, pelo futuro dela, Épios.
-.-.-
- Amor, aconteceu alguma coisa?
Piscou, surpreso, estava em sua casa em Atenas, esperando seus filhos se aprontarem para irem de volta até a colina dos caídos ver o que Mortalha Estirpe tinha em mente, porém, ao ficar frente a frente com a urna da armadura de seu filho, a armadura de Altar, que o canceriano solicitou que também trouxesse, não pôde deixar de se lembrar dessa particular conversa que teve sobre o futuro com Asclépio, que agora ninguém, além de si mesmo, sequer recordava que existia.
- Nada, eu só estava me deixando levar pelos lamentos do passado – Disse com um sorriso franco para uma mulher de roupas finas, longos cabelos brancos presos atrás, e olhos como o seu, porém de cor amarela, além disso, possuía dois pontos vermelhos ao invés de sobrancelhas.
- Vós ireis para outra guerra? – Ela questionou com rosto franzido.
- Não, apenas iremos rever nossos velhos amigos – Respirou fundo vendo como seus filhos enfim vinham em sua direção, da soleira de sua porta – Um em especial, eu espero muito que vá.
Hegias era mais baixo, possuía cabelos curtos e lisos, ao contrário dos pais, de um tom rubro vibrante, enquanto Hegesias era mais alto, com cabelos longos de tom azul claro, ambos possuíam olhos brancos como o pai e pontos vermelhos como a mãe, junto com eles vinha um jovem de não mais que vinte, com longos cabelos loiros e lisos até sua cintura e um porte atlético.
- Pegaram tudo? Passaremos lá ao menos uma semana – Informou assim que os três chegaram.
- Sim senhor – Confirmou o mais velho, indicando a armadura de Áries em suas costas, ao tempo que o homem loiro indicava a de touro, Hegias se adiantou para pegar a de Altar que estava parada na frente de seu pai.
-Lábdaco – Disse voltando-se ao loiro – Será sua primeira vez teletransportando, talvez enjoe um pouco.
- Sem problemas! – Indicou o grande homem feliz e animado.
- Qualquer coisa eu te ajudo – Seguiu Hegesias com um sorriso compreensível.
- Vaaamos logo! – O mais novo impacientou-se, não tinha nem metade da altura adulta dos outros dois, a urna da armadura chegando aos seus joelhos – Eu quero rever todos!
- Então vamos. – Trocou um último olhar com sua esposa, e então desapareceu, levando os outros três consigo.
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- Olha, para alguém que se teleporta demoraste bastante – Ironizou Mortalha, deitado relaxadamente no chão.
- Se tu tivesses me avisado antes, eu teria me preparado – Retrucou em troca Sólon de braços cruzados, enquanto o som de vômitos enchia o ambiente, como suspeitava, o taurino não tinha reagido nada bem, mas ao menos Hegesias o estava ajudando com as técnicas do códex que havia tomado para si do agora deus da medicina, enquanto seu filho mais novo apenas ria da situação do herdeiro de Tebas.
- Naaah, perderia a graça se eu te contasse antes, era para ser surpresa – Disse o canceriano com seu sorriso zombeteiro.
- Não importa as décadas que passem, tu continuas sendo um homem sem postura, Mortalha – Recriminou um homem de cabelos volumosos e castanhos até os ombros e olhar estrito. Trajava roupas de bom caimento e aparentemente caras, as quais, ao contrário do outro rei que estava completamente deitado no chão, não as sujava ao estar sentado em um pano que preparou previamente de assento. – E para piorar. agora também é um rei sem postura.
- Sabe o que é engraçado Citerão – Comentou sério Câncer, sentando-se – Eu não me lembro de ter pedido a tua opinião.
Antes que o leonino pudesse retrucar, uma outra voz interrompeu. Um centauro de pelagem castanha e pele morena, seus cabelos eram castanhos claros e curtos, mesma cor dos pelos de sua cauda.
- Parem com isso – Disse com tranquilidade o único que se mantinha de pé, sobre as quatro patas, no circulo que formavam perto dos túmulos, enquanto esperavam o atual cavaleiro de touro se recompor. – Não devemos brigar assim, ainda mais depois que não nos vimos há tanto tempo.
Ao seu lado, sentado sobre suas pernas, estava um homem de cabelos curtos e espetados, vermelhos como o de sua mãe, possuía uma pele alva e observava aqueles que falavam com atenção, embora não emitisse opinião alguma.
- Caristo tem razão! – Concordou um homem de pele morena e porte musculoso, além de cabelos castanhos curtos. – Temos que celebrar por estarmos juntos, e não ficar em disputa uns com os outros!
- Tudo é motivo de celebração para você Quilon – Cortou o último do grupo, além de Sólon e Mortalha. Era alto, porém não tanto quanto Lábdaco. Possuía uma pele morena, um rosto fino de feições severas, cabelos espetados para cima, agora até suas orelhas, além possuía uma barba cerrada.
- Ao contrário de ti, não é mesmo Tales, que só parece ver graça nas estrelas – Espetou o libriano fazendo seu rei rir estridentemente, o que apenas ajudou a azedar ainda mais o humor do capricorniano.
-...Desculpem a demora... – Retornou Lábdaco com pesar, sendo guiado pelo atual cavaleiro de Áries que dava batidinhas em suas costas enquanto Hegias apenas ria da situação andando com eles com passos saltitantes.
- Muito bem, estamos todos aqui – Colocou rispidamente Citerão – O que, afinal de contas, tu tens em mente?
Mortalha então ficou de pé, no meio do circulo que formavam todos quando os cavaleiros de Áries, Touro e o de Altar se juntaram ao grupo.
- Me dê a armadura de Altar – Exigiu para o menino que foi o último a se sentar.
- O que vai fazer com ela? – Disse com desconfiança, abraçando sua vestimenta.
- Anda logo infante, eu preciso de um receptáculo, e a tua armadura é forte o suficiente para aguentar, além disso, é a mais apropriada até que tenhamos um local certo para armazenar isso, já que é a vestimenta do braço direito do Grande Mestre – Ao dizer tais coisas, lançou um olhar matreiro ao lemuriano mais velho que apenas franziu o rosto.
Mesmo a contra gosto, o menino levantou e a entregou ao mais velho, que abriu sua caixa e encarou o metal que formava um perfeito altar.
- Vamos fazer algum sacrifício? – Questionou Citerão finalmente mostrando interesse.
- Quase, eu diria – Sorriu misterioso – Sólon – Voltou-se ao mesmo – Pode invocar as demais armaduras? - Então se voltou aos demais - Vamos nos vestir para a ocasião, rapazes, não é sempre que nos reunimos assim.
Entre desconfiança e curiosidade, todos os dourados ficaram de pé, enquanto suas armaduras surgiam ao seu chamado e o vestiam prontamente, as demais, cujo usuário já havia falecido, foram chamados pelo mesmíssimo Sólon, e pararam fielmente e montadas dentro do círculo, fazendo um contorno em volta do altar de prata.
- Muito bem... – Mortalha então fechou os olhos, enquanto erguia o braço esquerdo ao céu – Eu vim treinando a invocação de espíritos, então em teoria, isso tem que funcionar.
- Invocação de...?! – Começou Sólon em choque, descrente – Não está querendo me dizer que –
Mas não pode terminar, porque o cosmo do canceriano já havia se elevado, sua voz ecoando para todos.
- MARCHA DOS ESPÍRITOS!!
Frente ao rosto descrente de todos, chamas azuladas saiam de cada uma das armaduras, mesmo aquelas cujo portador ainda seguia vivo. Elas avançaram em direção ao altar, fazendo um círculo maior ao redor das armaduras sem dono, das quais os fogos fátuos que saiam se juntavam as demais às suas costas.
Então o fogo começou a crescer, um a um, tornando-se corpóreo.
- PAAAI – O berro do atual cavaleiro de touro foi o que tirou todos, com exceção de Mortalha, de seu estupor.
Frente a eles estavam versões mais novas de si mesmo, de quando enfrentaram Poseidon pela primeira vez, porém, isso não era o mais desconcertante, pois ao lado de si mesmos havia também a presença daqueles que não estavam mais entre eles.
Polidoro com seu enorme porte e braços cruzados, Póllux e Castor, de mãos dadas um com o outro, seus olhos fechados e expressões franzidas, também havia Eniato, cujos curtos cabelos loiros e faixa sobre os olhos tremulavam de forma espectral, ao seu lado, para enorme tristeza e saudade de Sólon, estavam as exuberantes madeixas de Astéria, também flutuando de forma fantasmagórica, sua expressão oculta por sua máscara de ouro, quase ao seu lado, de rosto baixo, estava a alma do pequeno Erisictão, tão jovem quanto o atual cavaleiro de Altar em aparência, e fechando o círculo, estava Narciso, seus cabelos também levados pelo vento, sem expressão e com olhos cerrados como os gêmeos.
Mortalha observou a face do amigo com pesar, ainda assim, com um sorriso na face.
- Olá amigo, há quanto tempo.
Contudo, não houve resposta, ao tempo que as formas rapidamente começaram a se desfazer, voltando a ser apenas fogos fátuos, que um a um voaram para a mão estendida do cavaleiro, tornando-se uma única grande chama, que o mesmo então abaixou, até depositar sobre a armadura de Altar.
Então tudo desapareceu.
- Até que encontremos um lugar apropriado, deixemos aqui uma parte de nossas almas, e a de nossos amigos, nessa armadura - Proferiu Mortalha com força, lágrimas começando a formar-se em sua face, a igual que na de Lábdaco, Sólon e sutilmente na de Lason ao rever seu irmão falecido, mesmo que por alguns segundos - No futuro, quando as seguintes gerações busquem orientação, nós estaremos lá, juntos, para guiá-los em direção ao amanhã.
Esse foi um dia de reencontros e despedidas, que apontavam para o futuro. Mesmo que de forma turva e dolorosa, uma promessa unia a alma daqueles que por gerações voltariam, juntos, para lutar uma vez mais.
Separado do grupo, ao iniciar de uma colina, solitário, um homem de longos cabelos negros ocultos sob um capuz observava todo o desenrolar do pequeno ritual, soluços de tristeza e felicidade genuína em rever, mesmo que em espirito, aqueles que seu coração jamais esquecerá.
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