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História Dias de Guerra - Dia XIX - Astéria, a primeira amazona de Athena. Par. final


Escrita por: KimonohiTsuki

Capítulo 19 - Dia XIX - Astéria, a primeira amazona de Athena. Par. final


 Dia XIX - Astéria, a primeira amazona de Athena. Parte final

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- ...O...O que - Iniciou - P-pensas sobre...O futuro? Digo...Sobre um dia...Casar ou...- Engoliu em seco - Ou ter...filhos...?

A amazona não respondeu, sentando ao lado do médico e estendendo o braço congelado para que ele pudesse ajudá-la. Os olhos dele imediatamente brilharam, mesmo que suavemente, enquanto a temperatura ao seu redor lentamente começava a se elevar.

- ...Importa o que eu penso...? – Repentinamente respondeu, seu tom soava indiferente.

O semideus piscou quanto a isso.

- ...Do que está falando?! É claro que importa! –Exaltou-se.

- ...Eu tenho minhas dúvidas, estava me perguntando se Sólon tinha ido falar contigo sobre o mesmo assunto que veio tratar comigo. – Isso fez uma sensação gélida passar pelo estômago do serpentariano - ...Sobre eu começar a pensar na possibilidade de casamento, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele insistiu que arranjaria o melhor pretendente que pudesse, que garantiria o meu “futuro”.

Um longo silêncio se fez entre ambos, enquanto braço ia descongelando aos poucos.

- ...Não pude deixar de me lembrar do meu pai, Danao... - Antes que pudesse pensar em algo para dizer, porém, a amazona havia recomeçado por conta própria. – Quando ele decidiu nossos casamentos, na verdade, não havia muito que poderia fazer por nós, estávamos encurralados por Egito. Por isso ele nos orientou que matássemos nossos maridos e escapássemos. Sólon veio falar comigo não muito depois que...- Sua voz se perdeu por alguns instantes, estava para insistir que não tocasse no assunto quando ela continuou - ...Que aquele homem tentou me tomar a força, disse-me que apenas uma união como o matrimonio poderia ajudar a impedir que algo assim acontecesse novamente, ele nunca tinha tocado nesse assunto até aquilo acontecer. O matrimonio parece ser uma cruel consequência do meu destino do qual eu não posso fugir, não importa o que faça ou pense.  

O corpo dela tremeu ligeiramente, porém nada tinha a ver com o seu membro congelado, uma vez que a temperatura começava a se normalizar, enquanto o gelo desaparecia cada vez mais.

- ...Astéria, tenho certeza que Sólon...! – Tentou dizer, perdido, era a segunda vez que via sinais de fraqueza daquela impecável mulher, e como da última vez, isso simplesmente partia seu coração.

- Eu sei – Ela o cortou – Ele quer o melhor para mim, eu sei disso, meu pai também queria, mas há coisas que fugiam do controle dos dois quando se trata de mim. Eu sou como uma nuvem solitária no céu, por mais que eu tente trilhar meu próprio caminho por conta própria, o vento sempre será mais forte do que eu.

- Tu ser como uma nuvem?! De forma alguma! – Como poucas vezes na sua vida, havia levantado sua voz, fazendo a amazona virar o rosto em sua direção – Se fosse comparar-te com algo no céu, sem dúvida seria com as estrelas que te dão nome, mesmo que as nuvens tentem apagar seu brilho algumas vezes, tu mantem-se brilhante, firme, como Antares, vibrante, impecável, grandiosa...

E ao notar que a elogiava tão diretamente seu rosto se coloreou como os cabelos de Apolo, o que fez a temperatura subir drasticamente, terminando o descongelamento rapidamente.

- Obrigada...- Disse com uma voz genuína e suave, que geralmente dedicava apenas para seu pequeno protegido.

- N-não é nada, sabe qu-que curar vós sois meu trabalho – Desconversou, encarando as próprias sandálias.

- Não me refiro a isso – Um suave som de crack chamou sua atenção, por reflexo virou-se na direção do qual o som vinha, desviando o olhar rapidamente ao perceber que Astéria retirava sua máscara. – Mas acho que tu exageraste com o calor – Seguiu abanando-se com a caraça, pelo som metálico que fazia.

- Sinto muito – Disse sem voltar-se a ela - ...Eu ainda não controlo muito bem isso...

- Voltando a tua pergunta – Seguiu, sua voz ainda mais suave e ecoante agora que não possuía nada que a obstruísse – Se tu realmente quer ouvir minha voz nesse assunto, minha opinião é simples. Por que eu tenho que pensar no futuro? Isso não me importa minimamente.

- Como pode não importar? – Questionou aflito encarando seus pés – Nenhuma vez, ponderaste nem que seja por um segundo, o que será de tua vida quando essas guerras acabarem?

- Eu continuarei ao lado de Eri – Sua voz era convicta – Enquanto ele quiser que eu fique. Não tem como eu saber quanto tempo isso será, não depende de mim, talvez nem dele.

- Por ele, vós ficaríeis juntos por séculos a fio – Disse com uma voz vencida – Ele te ama, tu és tudo para ele desde que ficou sozinho, sem dúvida iria por ti a qualquer lugar que fosse, qualquer lugar. Sei que...A ideia de casamento te desagrada, mas se vós casásseis, tenho certeza que serias muito feliz e livre como sempre desejaste ser, afinal, além de tudo, um dia ele será o rei da poderosa Atenas. 

Para sua surpresa, a jovem riu, sua risada era suave e graciosa, dando um grande contraste a sua figura sempre violenta e ríspida. Um contraste perfeito como todo seu ser.

- Qual a graça? – Perguntou sem jeito quando ela enfim se acalmou.

- Eu pensei que me pedirias em casamento, e não que tentarias convencer-me a casar-me com Eri – Disse ela em tom jocoso  - Justamente Eri, que sequer sabe a diferença de uma vulva e um pênis.

- B-bem...Ele crescerá um dia, e sem dúvida será um grande homem – Tentava dizer, ao tempo que em seu interior se chamava de idiota.

- Sim, um dia ele crescerá, tenho certeza que será um homem encantador, confio que ele poderá cambiar Atenas e quem sabe mais que isso, um dia. Isso é o máximo que posso forçar-me a pensar quando se trata do futuro – Seguiu encarando o céu que indicava a presença das primeiras estrelas, entre elas, encontrou sem falta Antares reluzente.

Quanto a isso, Asclépio suspirou com tristeza.

- És incapaz de pensar em si mesma Astéria, nem que seja por um instante?

-Eu só estou viva por causa de Eri, todo o meu destino a partir do momento que ele me tirou daquela praia está nas mãos dele. – Declarou com convicção.

- Eu também te salvei –Contestou com tom ferido – Mesmo que seja através de Eri, eu também estive lá por ti.

A amazona tornou a rir com suavidade, porém dessa vez isso apenas frustrou o ser quase divino.

- Com ciúme de uma criança, Épios? – Questionou com sua voz melodiosa.

- Não é ciúmes – Rebateu com teimosia – Eu amo Eri como se fosse meu irmãozinho, quero que ele seja feliz, seja o rei que Atenas merece, o rei grandioso que ele pode ser, mas eu também quero que tu também sejas, quero que saiba ser egoísta também, e que não viva sempre sob a sombra da ânfora de Aquário.

Respirou fundo, decidido a encará-la. Imediatamente sua respiração engatou, seus olhos azuis pareciam ter roubado as estrelas do céu, possuíam pequenos brilhos inexplicáveis que tiravam seu folego, seus lábios eram vermelhos e carnosos, e seu rosto pálido como a neve.

Ela não pareceu se incomodar em ser vista pelo outro, apenas encarando-o diretamente em seus olhos com uma profundidade que não parecia humana nem divina.

- Não existe absolutamente nada nesse mundo, que tu não queiras por si mesma, Astéria de Escorpião?

Quanto a isso a jovem sorriu, lateralmente.

- Na verdade sim – Ela fechou seus preciosos olhos – Três coisas. Que todos deixem de falar sobre o futuro e simplesmente vivam o presente – Então levantou-se – Eu não desejo casar, seja Eri, ou mesmo com Mortalha que tentou me cortejar semana passada.

- ELE FEZ O QUÊ?! – Seu berro ecoou no penhasco.

- E terceiro, eu quero dar um mergulho, já passou quarenta minutos e eu disse a Eri que ele teria uma recompensa.

Antes que pudesse opinar sobre isso, para seu completo pânico, a amazona começou a se desvestir na sua frente, forçando-o a fechar os olhos imediatamente.

- O que...O que está fazendo?!

- Não espera que eu entre de roupa, certo? – Questionou ela em tom óbvio – Vamos, a água parece estar maravilhosa. Talvez seja por causa da temperatura que tu aumentou, mas eu realmente preciso de um mergulho.

Em seguida foi brindado pelo som de algo grande lançando-se na água, e enquanto ainda tentava acalmar seu coração e processar a informação, pôde ouvir a voz feliz do aquariano retornando a superfície.

- Eiiiiii! – Ele gritava alegremente – ÉPIOS!! VENHA TAMBÉM!! - Estava sem dúvidas ilusionado de poder, finalmente, passar um tempo de lazer com quem tanto amava. 

- Vamos Épios, o que está esperando? - Ela seguiu a par.

O semideus engoliu em seco, virando comicamente o rosto para o lado garantindo-se que, de fato, a amazona tinha tirado absolutamente toda a sua roupa, e sim, não havia dúvidas disso.

- Qual o problema Épios? - Perguntava desapontado Aquário - Por que tu não vens?

- T-tem certeza que é uma boa...Ideia...Astéria? - Questionou com o coração batendo disparado em seu peito.

- Por que não seria? - A voz dela soava em tom misterioso. - Venha, estamos te chamando.

Respirou fundo, preparando-se, tirou apenas suas roupas de cima, porém, ao se aproximar do penhasco para mergulhar, foi acertado em cheio a cara por uma torrente de água partindo de um contrariado Eri, que não sabia se devia fazer isso ou não, sendo guiada por uma escorpiana cujo corpo, completamente submerso sob as águas escuras, causava ondas ao seu redor de tanto rir da pequena peça.

Esse foi um dia de paz, como poucos que existiram em tempos amargos e escuros de guerra, onde o futuro não importava, e todos viviam apenas o presente.

Enquanto esse durasse.

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