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História Dias de Paz - Dia IX - Kiki, o médico.


Escrita por: KimonohiTsuki

Capítulo 9 - Dia IX - Kiki, o médico.


Fanfic / Fanfiction Dias de Paz - Dia IX - Kiki, o médico.

Dia IX - Kiki, o médico.

O dia, por vezes, começava muito cedo, dessa vez era seis da manhã.

Nesses dias, o atual cavaleiro da primeira casa resmungava, virando-se no leito de pedra dos aposentos pessoais do templo de Áries e seguia praguejando, porém, quando notava que o som estridente não iria parar, conformava-se e levantava.

Ao seu lado, retorcia-se um objeto luminoso, única fonte de luz no momento naquele ambiente sem janelas. Um aparelho que causava grande confusão na maioria dos antigos cavaleiros de ouro, mas que ele havia se habituado a usar como qualquer pessoa moderna, um celular.

Por mais que o som fosse irritante, não gostava que o acordassem com mensagens telepáticas, era difícil discernir em meio a um sonho o que era real e o que era fruto do subconsciente adormecido. Desde o dia que sonhou com um rebanho de ovelhas com a voz de Shiryu, pedia que pelo menos seus aprendizes se comunicassem com ele de manhã através do telefone numa emergência.

No caso do Grande Mestre, que nunca conseguiu dominar bem o uso de celulares, continuava tendo que acordar depois de sonhos estranhos onde ouvia a voz do chinês em lugares peculiares.

- Alô - Questionou sonolento, com o aparelho de cabeça para baixo.

- Mestre, desculpa acordá-lo tão cedo - Dizia a voz abafada, até o ariano virar o celular para o lado certo - Mas precisamos de sua ajuda, dois aprendizes de prata sofreram ferimentos graves durante uma luta amadora. 

- Por que os aprendizes insistiam em fazer um treino pesado desses às seis da manhã?! - Não pôde deixar de questionar.

Houve uma certa hesitação do outro lado da linha, para o que Kiki logo respondeu.

- Em dez minutos eu estarei aí Irekuha. - Respirou fundo - Imobilize eles e não permita que façam mais alguma bobagem.

- Sim, mestre! 

Desligou, sentando-se a contra-gosto. Além do atual cavaleiro de Áries aos seus quase trinta e três anos, era o chefe responsável da Fonte de Athena, a ala médica do santuário, gostava de dizer que além de ser o reparador de armaduras, era o reparador de pessoas do santuário.

Ferreiro e médico era uma combinação peculiar.

Levantou-se, esticando-se, trocou de roupa, e foi ao banheiro minúsculo do templo tentar acordar com água gelada, escovou seus dentes e saiu o mais rápido que a sua letargia matutina permitia.

Vestia as roupas tradicionais dos lemurianos, só colocava seu jaleco na própria Fonte.

Quando chegou, o caos estava instaurado, sequer parecia que o sol nem havia nascido.

Os feridos gemiam de dor, enquanto os aprendizes, tanto da Fonte de Athena, quanto a cavaleiros, estavam aferrados numa enorme discussão sobre os procedimentos a serem feitos. Cinco futuros curandeiros pediam paciência, enquanto três escudeiros bradavam que seus amigos fossem atendidos o quanto antes.

Ao colocar o pé naquele desastre, Kiki respirou fundo, tomou ar e...

- ISSO É UM HOSPITAL, FIQUEM QUIETOS.

O silêncio foi imediatamente instaurado, vários olhares alarmados em sua direção. Todos ali sabiam que por mais tranquilo, pacifista e paciente que fosse o atual Áries, a igual que seu mestre, irritado podia ser tão terrível quanto Leão ou Escorpião.

- Muito bem, o que aconteceu? - Perguntou indo até uma bancada no fundo do longo salão retangular cheio de leitos médicos e equipamentos para pegar seus trajes, os mais jovens abrindo passagem para ele.

Alguém se aproximou para informá-lo, o mesmo que havia ligado instantes antes. Irekuha possuía longos cabelos brancos, e dois pontos no lugar de sobrancelhas, sendo um lemuriano como Kiki. Tinha apenas quinze anos, mas era muito competente.

- Os dois colidiram golpes de nível médio de cosmo sem portar armadura - Informou seu principal aprendiz da Fonte, com uma expressão temerária.

Isso fez a postura de Kiki escurecer, enquanto seus olhos brilhavam ligeiramente, caminhou até os mencionados, braços em poses estranhas, fraturas quase expostas e sangue escorrendo por seus corpos, ainda assim, imobilizados em seus leitos, um rapaz de cabelos castanhos e outro de cabelo preto, engoliram sua dor, Kiki podia ser mais assustador do que alguns ferimentos.

- Quantas vezes tenho que dizer? A armadura serve para nos proteger, não apenas do inimigo, como também de nós mesmos. O cosmo pode ser muito perigoso, e se usado sem mediação das nossas vestimentas, um treino como o de vocês pode ser fatal. - Olhou fixamente para ambos, mais que severidade, seus olhos refletiam preocupação - Se vocês ainda não ganharam o direito de possuir uma, JAMAIS devem fazer treinamentos assim sem a orientação de um mestre, suas vidas aqui são mais importantes do que tudo.

Os aprendizes a cavaleiro, mesmo os feridos, baixaram a cabeça culpados, e os ânimos se acalmaram.

Com seu traje posto, agilmente, Kiki começou a emanar sua energia com gestos de mão sobre os hematomas do jovem moreno, enquanto orientava Irekuha a fazer algo similar ao outro, em menos de meia hora, o sangramento havia parado, os ferimentos se fechado, e os braços e pernas realocados aonde deveriam, os mais jovens observavam fascinado o trabalho do médico que, de fato, consertava o corpo como consertava armaduras.

Quando o serviço enfim foi terminado, e os dois pacientes agradeceram e fizeram menção de se levantarem, Kiki usou sua telecinese para segurar ambos através do metal da cama.

- Senhor...Kiki? - Perguntou o de cabelos negros, receoso.

- Onde pensam que vão? - Perguntou com um sorriso simpático que não convencia ninguém. - Não existe mágica na medicina, vocês permanecerão aqui em observação e tratamento, minhas técnicas não emendarão seus ossos ou refarão suas ligações completamente. Um mês.

- Um mês?! - Disseram todos, mesmo os de pé.

Kiki franziu a expressão, e todos voltaram a se calar.

- Um mês e duas semanas - Reforçou, cruzando os braços - E avisarei pessoalmente aos seus mestres e ao Grande Mestre da tamanha irresponsabilidade que tiveram, terei a certeza de que terão como castigo um treinamento bem cansativo quando estiverem recuperados, e quero ver se novamente me acordarão tão cedo para uma ocorrência dessas.

Apesar de contrariados, nenhum dos dois teve coragem de refutar aquilo, amargando o destino que teriam.

Irekuha, por sua vez, suspirou, já imaginando que aquilo ia acontecer assim que teve que acordar tão cedo seu mestre, quando esse tipo de coisa acontecia depois das oito, os pacientes ficam apenas três semanas internados, se estivessem de armadura e tivessem tentado se proteger devidamente, apenas duas, de qualquer forma qualquer ferido por imprudência que caísse nas mãos de Kiki não se livrava fácil.

Muito menos de manhã.

Naquele dia, mais aprendizes aprenderam porque todos no santuário tomavam muito cuidado com sua saúde, ninguém queria ter que parar na Fonte de Athena, com seu firme médico.

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Notas Finais


Esse capítulo era para estar em um dos últimos dos capis do passado de guerra e paz, mas eu acabei mudando de ideia, mas ainda assim vocês agora podem ter uma noção do porquê do receio de Irekuha quanto a um Kiki irritado rsrs


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