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História Diet Mountain Dew - Toji Fushiguro - Honey, I want to be mistreated


Escrita por: yamsyu

Notas do Autor


as narrativas se alteram no meio do capítulo.

Capítulo 6 - Honey, I want to be mistreated


36 horas antes.

Toji a observava dormindo como um anjo. Era tão leve. A palma grande e calejada de Fushiguro, já marcada pelas cicatrizes de trabalhos violentos— que em momentos como esse, ele se perguntava se existia algum arrependimento dentro de si, se existia algum tipo de humanidade dentro dele mesmo—, acariciou seu rosto, retirando os fios de cabelo que lá estavam. Sua pele é quente e macia, Toji gosta disso. Ele gosta de te ver tão vulnerável perante ao seu palmo. Ele acha adorável a confiança que você deposita nele, ou que você ao menos tenta transparecer. Mesmo não demonstrando, Fushiguro gosta quando você o questiona de maneira desesperada, praticamente implorando por atenção. Ele ama a forma que você faz de tudo para que ele te veja; mesmo que de forma indireta ou aberta.

Então, o celular de Fushiguro vibra, atrapalhando o desvelo. Ele olha a notificação e morde a bochecha. Estava na hora.

Estava na hora de Toji tomar uma decisão.

— Porra, eu deveria ter ido embora... — ele sussurra.

Se fosse qualquer outra pessoa, ele apenas escolheria o que seria mais proveitoso para ele. Só que toda vez que ele fecha os olhos, vem a lembrança. A lembrança de como você o olha com ternura enquanto ele mete em você. Você o olha como se ele fosse totalmente seu e ele pudesse fazer você totalmente dele.

Não é um receio por amor; Fushiguro é possessivo com as coisas que são dele. Com as pessoas que são dele.

E no final das contas, você é a garotinha dele.

O telefone começa a tocar já que ele não respondeu.

— Onde está ela, Toji? — uma voz rouca masculina em um tom nada calmo pergunta.

— Ainda não terminei o serviço.

Ele responde, passando o polegar pelos seus lábios. Um sorriso tenebroso nasce no rosto de Fushiguro.

— Não temos muito tempo.

— Eu já estou fazendo...

— Apenas não esqueça — Toji foi interrompido — Que foi você quem pediu para fazer isso. Se fosse para não dar conta, era melhor ter avisado que eu mandaria outra pessoa.

— Está duvidando de mim?

— Não... — a tonalidade do homem do outro lado da linha se tornou em deboche — Eu consigo entender que deve ser difícil dar um fim na sua princesinha. Mas você só queria uma bonequinha para fuder, não é? Você consegue outras.

"Sim, eu consigo", pensou Fushiguro.

— Agora termine a porra do seu trabalho, não quero ter uma guerra declarada.

— Mas isso já é basicamente uma declaração de guerra, você sabe.

Toji se levantou, vestindo suas roupas enquanto olhava a janela, ainda era noite. Uma risada foi solta e Fushiguro esperava uma resposta.

— Sim. Mas é da nossa parte.

— Da sua.

Ele corrigiu.

— Que seja! Só esteja aqui antes das nove.

A ligação foi encerrada. E o homem de cabelos negros bufou, sentando-se na beirada da cama. Ele olhou para o relógio da cômoda, vendo o ponteiro dos segundos passar o algarismo XII.

O relógio marcava exatas 4 horas da manhã quando tudo começou.

 

 

 

 

 

— O jantar está servido.

Foi dito em alto e bom som pelo mordomo do seu pai, deixando os pratos prontos para ele e para sua mãe. Ambos estavam sentados, de frente um para o outro na grande mesa de oito lugares. As pratarias brilhavam refletindo a luz do lustre. Tanto seu pai, quanto sua mãe, não tiraram as mãos da taça, olhando um nos olhos do outro.

— [Nome] não aparece desde ontem à noite — seu pai quebrou o silêncio começando a comer a lagosta do prato.

— Deve estar na casa de algum namorado... Ou namorada, não sei. Aquela garota faz de tudo para chamar atenção.

Sua mãe já respondeu dando um gole no vinho branco e olhando pela parede de vidro. Seu pai suspirou fundo e parou o jantar.

— Se você não tivesse enchendo a cara com aquelas peruas que chama de amigas você teria visto para onde ela foi!

— E se você não estivesse apenas com aqueles velhos calvos, também teria visto! E se desse um pouco mais atenção para aquela pirralha, ela não faria de tudo para chamar a atenção.

Sua mãe devolveu no mesmo tom.

— Eu estava trabalhando para termos dinheiro... — seu pai cerrou os punhos — O mesmo dinheiro que comprou a porra desse seu colar de pérolas!

Foi berrado com um soco na mesa. Com os olhos arregalados e molhados de lágrimas pelo susto, sua mãe levou os dedos até o pescoço, onde puxou o colar, o quebrando e derrubando na sopa. Sem parar de encarar seu pai, apanhou o talher e comeu as pérolas se levantando com a boca cheia e cuspiu quando ficou ao lado dele.

— Se você não escondesse tudo de nós... Eu sei que você não vai à polícia porque não pode, não é? Nossa filha vai ser morta e a culpa será sua que só pensa em dinheiro.

— Como se você fosse diferente...

— Pelo menos eu não finjo ser bom pai de família, dizendo que trabalha por nós. Você não ama ninguém além de si mesmo. Nós nunca fomos e nunca seremos uma família. Você nos usa como fachada e eu uso o seu dinheiro, feliz?

Encerrou, subindo as escadas e indo até o quarto. Pegando o telefone, seu pai olhou os contatos e parou em um que tinha certeza que saberia onde você estaria.

— Foi declarada.

 

 

 

 

Em alguma parte do meu coração, eu pensava que o via claramente. Em pé, de uma forma não estóica, sem tato e resumido a sua própria violência. Seus olhos brilhantes, sempre sedentos por algo; um alvo que por mais que seja fácil, traga um desafio. Ele não queria ser esquecido ou desaparecer, ele apenas queria fazer coisas que o fizessem sentir vivo.

Mas ele mentia. E ele mentia de uma forma tão bonita. Eu nunca o vi chorar.

"Aquilo que eles fizeram com você, não foi amor; o amor não pode ser violento. O amor não te faz chorar, querida..."

Lembro-me de ler... ou escutar essa frase em algum canto. E pensei nisso todos os dias. Mas mentia para mim mesma. Talvez tenha sido. Talvez tenham amado da forma que foram ensinados. Amaram-me da forma que juraram e demonstraram ser amor. Se o amor dele era minha dor, o que posso fazer se não aceitar ser amada daquela maneira?

Eu faço e faria de tudo para ser amada e me sentir amada. Pois alguém que é pária¹ desde o nascimento, merece, ao menos, ter o seu amor reconhecido por outrem que também o ame.

Mesmo que não me faça bem.

Mesmo que me doa

ou que me faça chorar.

Abri os olhos, mas tudo continuava escuro. Ao tentar mexer as mãos, uma dor nos pulsos, eu estava amarrada.

— Toji?

O chamei, mas sem resposta. Meus pés também estavam amarrados em uma cadeira. Escutei algo abrir e passos se aproximarem. A luz se fez presente e uma ardência em meus olhos. A venda que cobria minha visão foi tirada e sorri quando vi Fushiguro em minha frente.

— Onde estamos? O que é isso?

Perguntei assustada, parecia uma espécie de porão.

— [Nome]... — ele me chamou — Você confia em mim?

Segurei a respiração de forma automática.

Não... Eu...

— Confio.

Toji sorriu e deu um beijo em minha testa. Sua palma envolveu meus cabelos e um carinho genuíno foi feito. Eu me sentia apavorada. Meus pés e até meus ossos tremiam. Meu coração palpitava tão rápido que chegava a doer. Quando o carinho se transformou em aperto e eu escutei Toji sussurrar em lamentação, minha ficha caiu.

A minha última visão antes de apagar foi da lágrima escorrendo pelo belo rosto de Fushiguro, antes de cobrir minha boca com um pano branco e me fazer desmaiar.

 

Pelo menos eu o vi chorar.

 

 

 

A dor da traição é pura e cruel. É como se você morresse milhares de vezes. Quando se vive em um mundo onde tudo o que importa é o dinheiro e a aparência, sua visão de valor em pessoas fica distorcida. Tudo se torna sobre sexo, ganância, lúxiria, desejo. Amor não existe, por mais que você implore por ele.

Por isso, essa não é uma história de amor. É  sobre sexo. Sobre o uso. Sobre desejo. Vontades. Trocas. Suplência.

Mas não há amor no sexo?

Eu sempre soube que era usada pelo meu pai. E no fundo sabia que ele tinha negócios ilegais. Mas pouco me importava de onde vinha aquela merda de dinheiro. Sempre fui chula, mimada, vulgar e carente de atenção. Então, desde que me dessem o que eu queria, eu me colocava e aceitava situações desprezíveis. Por essa razão, aceitava que meu pai me usasse em troca do seu dinheiro.

Por essa razão, aceitava que Toji me usasse em troca da sua atenção.

Eu nunca fui inocente e nem santa. Mas isso não quer dizer que eu não sinta medo. Muito pelo contrário. Se fosse para me resumir em uma palavra, eu diria que sou um covarde, pois não quero melhorar, eu não quero alguém que me salve. Eu só quero que lábios macios se encontrem aos meus e mãos grandes me segure pela cintura de maneira firme para que doa e me faça gemer contra sua boca.

Ser humano, é ser permitido sentir desgosto. E o desgosto da traição é o pior. Ser usada como mecanismo para que seu pai declare uma guerra entre uma máfia e outra, é como se ele retirasse o meu direito de existir. Como se eu fosse um mero objeto de uso.

Mas eu nunca neguei que fosse isso. É isso que sou. Para ele e para qualquer outro.

Mas para Toji, eu me sentia como um objeto de valor. Um objeto palpável. E eu sei disso pois Toji queria se sentir tocado também. Ele queria que algo o sentisse respirando. Sentisse que ele também estava vivo e que havia humanidade nele. Até mesmo no momento em que a insanidade do desejo pelo sangue o contaminasse. Eu sei que ele é humano igual a mim.

Coisas e pessoas se mexiam ao meu redor, se posicionando em hierarquias obscuras, participando de sistemas a respeito dos quais não sabia e jamais saberia. Uma rede complexa de objetos e conceitos. Você costuma passar por algumas coisas antes de entendê-las. E eu nunca fui muito racional. Não fazia questão de ser. Sinto que entreguei-me a sina da libitina.

E a procurei em uma cama queen-size, sempre que ele dizia: "Querida sua aparência pode matar".

Então, agora, eu estava morta. Eu não me importo mais com o seu dinheiro, eu não me importo mais em viver.

 

 

 

Eu sei que ele não faz bem para mim. Eu sei que você não me faz bem, Toji... Mas eu amo tudo isso, é tudo o que eu mereço. Permita-me morrer pelas suas mãos e ser sua essa última noite, para que quando você me pegar pela cintura e me fazer gemer contra seus lábios, verá que eu quero e desejo ser maltratada.

 



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