História Difficult Choices - Capítulo 2

A escola estava cheia de pessoas conversando, outras correndo. Em meio a toda multidão é quase uma missão difícil me encontrar mas não tão difícil pra Camille, ela parece ter um GPS especial pra garotas estanhas.

- Aqui está a praga, finalmente te encontrei!

Ela para diante de mim, atraindo a atenção de alguns curiosos. Camille é uma garota perversa, maldosa, adora ser o centro das atenções por onde passa. Mesmo não sendo tão popular quanto a minha irmã ela ainda consegue ter sua fama, anda sempre acompanhada de uma multidão de amigos falsos que clamam por um pouco de atenção. Mesmo sendo má, eu a considero bonita, até porque uma menina ruiva de olhos castanhos esverdeados nunca é considerada feia. Hoje ela veste roupas extremamente chamativas, um vestido vermelho colado ao corpo como se fosse uma segunda pele com um cinto preto na cintura, lindos saltos pretos simples e uma bolsa marrom de alguma marca estranha que não conheço.

- O que você quer dessa vez? Eu vou chegar atrasada pra aula.

- Ui, que medinho da garota estranha, até parece que machuca alguém além dela mesma, ou acha que ninguém percebeu esses seus cortes idiotas no braço?

- O que faço ou deixo de fazer é problema meu, agora da licença.

Tento passar por Camille e seus seguidores idiotas mas sou barrada pela mesma.

- Vai fazer o que? Aposto que vai correndo chorar no colinho da mamãe, ah é mesmo, ela deve estar muito ocupada com as bebidas dela. 

Sou empurrada contra o chão de uma forma brutal por Camille, minha mochila cai de minhas costas e para no chão. Ela ri da minha cara e falta só um pouquinho para que eu perca a paciência e dê na cara dela. Por mais que não demonstre, a simples menção a minha mãe já me deixa triste mas faço questão de esconder essa tristeza de todos.

Me recomponho e levanto, não posso deixar ela estragar meu dia. Pego minha mochila do chão e a coloco de volta nas costas. Sigo em direção a minha sala sem mais interrupções.

Por sorte não chego atrasada, se tivesse ficado mais um minuto discutindo com Camille estaria ferrada. Logo depois de entrar na sala e me sentar no meu lugar costumeiro vejo Sra. Dickson entrar, ela é professora de matemática ( uma das matérias que mais odeio ) e é muito rígida com todos.

Apos ela se sentar ouve um estranho silêncio na sala, eu não estava prestando atenção porque cá entre nós, até ver a grama crescendo é melhor que assistir a aula de matemática mas logo entendi o motivo de tanto silêncio. Ele estava ali, o garoto dos meus pesadelos, usava as mesmas roupas e tinha a mesma aparência. Congelei no mesmo instante, deveria ser só uma coincidência boba.

- Bom classe, este é Alex Miller o aluno transferido pra nossa escola.

Como assim transferido? Estamos no meio do ano, não é normal termos alunos transferidos nessa época.

- Senhor Alex, poderia se apresentar pra nossa turma - Disse Sra. Dickson com aquela voz de sono dela.

- Não gosto de apresentações, a única coisa que vocês devem saber sobre mim é o meu nome e minha idade, Sou Alex Miller e tenho 18 anos. 

 Automaticamente alguns alunos levantaram a mão para fazerem perguntas, quase levantei a minha mas acho que a pergunta " você por acaso sempre aparece em pesadelos de garotas e diz ser o protetor delas ou é só um hobbie?" não cairia muito bem. Se ele tem 18 quer dizer que repetiu dois anos, e deve ter um bom motivo pra isso.

- Sem mais perguntas alunos, o senhor Alex não parece estar muito a vontade para responde-las. Por favor, sente-se em uma carteira vazia. 

 Não, ele não sentou perto de mim, na verdade ele sentou bem longe, logo atrás da carteira de Dylan, um garoto nerd que é constantemente zoado por nunca ter tido uma namorada. A aula segue normalmente até o sinal que indicava o início da segunda aula toca e todos saem apressados, espero até que a multidão de pessoas saiam pra assim me levantar e pegar minha mochila,  sou a penúltima a sair da sala, ao passar pela porta sinto alguém atrás de mim e por mais estranho que parece sei logo de cara que é Alex. Mesmo estando de costas pra ele isso não o impede de chegar perto do meu ouvido e sussurra uma simples frase que já me causa arrepios.

- Eu sei sobre os pesadelos.

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As duas aulas de história seguintes foram normais, o professor somente explicou o tema e não tivemos que copiar nada. Isso me deu mais tempo para pensar, como Alex poderia saber sobre os pesadelos sendo que ele nem me conhece? Ele chegou hoje na escola, só deve estar querendo zoar com a minha cara pra poder entrar no clube dos populares. Estou tão perdida em meus pensamentos que não noto a voz do professor me chamando.

- Hey senhorita Flawrence, já que está prestando tanta atenção na aula poderia nos dizer o que é uma banshee de acordo com a mitologia celta.

Droga! Justo a parte que mais odeio, mitologia.

- Não sei dizer ao certo o que é. – Disse e abaixei minha cabeça, sabia muito bem que as pessoas presentes na sala estavam me encarando e isso me causava desconforto.

- Entendo, menos um ponto de participação. As banshee de acordo com a mitologia celta são espíritos da maldição. Quando alguém avistava uma banshee sabia logo que seu fim estava próximo, elas contavam os dias de vida de uma pessoa através dos gritos, se dessem um grito significava que aquela pessoa morreria na mesma noite. 

Antes dele continuar sua história chata sobre mitologia o sinal bateu e indicou o recreio. Sigo o mesmo roteiro e espero até que todos tenham saído para assim começar a guardar meu material. O professor de história ao qual apelidei de careta para a minha frente bem quando término de arrumar minhas coisas.

- Você deveria estudar mais, suas notas não são as melhores.

- Eu sei disso, não precisa repetir sempre a mesma coisa pra mim. 

- Tudo bem, só se esforce.

Saio da sala já com minha mochila, odeio quando ele chama minha atenção, até parece que sou a única que erra naquela sala idiota. Qual o problema se eu erro uma pergunta? Saber o que é uma banshee não vai influenciar em nada na minha vida. 

Na hora do intervalo nem chego perto da cantina, além da comida horrível que eles entregam eu teria que olhar pra cara de vômito da Camille. Não tenho um cantinho que possa chamar de meu na escola mas os bancos do corredor sempre são bem-vindos pra mim. Sento-me em um dos bancos que ficam bem longe da cantina e observo as pessoas passarem e me ignorarem. Se eu fosse um fantasma não faria diferença nenhuma, parece até que não existo, qualquer adolescente vai se sentir assim um dia; largado e sozinho mesmo estando com uma multidão ao redor, eles vão se sentir inúteis e sem valor assim como eu.

- Posso me sentar aqui? – Escuto uma voz perto a mim e quase tenho um ataque do coração quando vejo ser Alex.

- Se tá falando comigo? – Olho para ambos lados pra ter certeza de que não há ninguém mais próximo a nos dois.

- Sim, praticamente só tem você aqui.

- Tudo bem então. 

Ele se senta ao meu lado no banco, sinto meu coração disparar como se fosse sair da boca. Ainda não havia esquecido o que ele disse, mas não tenho coragem o suficiente pra perguntar como ele sabia sobre os pesadelos.

- Não gosta do lanche que distribuem na cantina?

- Tem gosto de remédio pra vómito.

- Já tomou remédio pra vômito?

- Sim, mas não é uma historia muito importante.

Um silêncio se formou, não sabia como continuar o assunto, as únicas pessoas com quem converso são Matt e Pan, a aproximação de alguém além deles já me é estranha.

- Sobre o que te disse na sala, os pesadelos, eu sei mesmo sobre eles. 

- Que pesadelos? Não sei de nenhum pesadelo, quem tá tendo pesadelos? – Falo apressadamente por estar nervosa.

- Os que você tem comigo – Ele sorriu, não parecia nem um pouco constrangido ou nervoso de falar sobre isso – Eu sei que você sabe sobre o que estou falando. 

- Como sabe sobre eles? Você lê mentes ou coisa assim?

- Na verdade não, só tenho tido o mesmo pesadelo com você, e por isso o Center me mandou para te conferir. – Como? Estou confusa, ou ele esta tentando fazer uma brincadeira comigo ou esta totalmente louco, o que é Center? Por que ele está aqui? – Eles acham que você é uma venator.