História Difficult Choices - Capítulo 3

Estou totalmente perplexa, não entendo absolutamente nada do que ele fala! É como se fosse outro idioma. Olho para Alex sem saber o que dizer, venator? Não sei nem o que significa.

- Desculpa se isso te deixou confusa mas não posso demorar, logo eles viram te procurar. – Ele tenta segurar em minha mão mas logo a puxo. Não gosto de contato físico e nunca gostei, acho melhor ele se acostumar. 

- A gente tá sem tempo pra enrolação! Ou você vem comigo para o Center ou fica e morre. – Alex se levanta do banco e olha para mim totalmente sério, sem demonstrar um pingo de emoção. 

- Você tá ficando maluco! Isso é algum tipo de pegadinha? Onde estão as câmeras? – Antes que possa fazer alguma coisa ele me puxa pelo pulso com força, o que me faz levantar também. Nossos corpos ficam juntos por mínimos instantes, o suficiente pra me fazer ficar sem ar tamanha surpresa. 

- Se quiser fazer algo útil para sua vida, me siga. – Nos se paramos, por incrível que pareça me sinto triste por não ter o calor de seu corpo junto ao meu. O que você tá pensando sua louca? Isso aqui não é um conto de fadas pra você se apaixonar no primeiro instante pelo “príncipe”.

Não sei o que eu tenho na cabeça para o seguir, mas suas palavras me trazem algo reconfortante em que eu posso confiar. Andamos até a saída com ele sempre indo a frente, confesso que me sinto meio perdida com tudo isso, não sei pra onde ele vai me levar mas pouco me importa no momento, sinto uma sensação de poder confiar nele pra qualquer coisa. 

Finalmente chegamos até a saída da escola, mas ele saiu pela do fundo não a da frente o que já me é estranho. A saída dos fundos fica aberta para os alunos mas os funcionários são os que mais usam ela já que da direto para o estacionamento de professores e essas coisas.  

- Pra onde estamos indo? - Digo após entrarmos em um beco sem saída, andamos bastante para chegar até aqui e minhas pernas já estão doendo. – Eu estou cansada de tanto andar. 

- Shii! – Ele colocou o dedo indicador sobre meu lábio, estranho a ação mas entendo o porque dele pedir silêncio, a alguma coisa se aproximando da entrada para o beco mas não me parece com uma pessoa, o barulho que ele emite é mais como de uma cobra. Rapidamente Alex corre até o final do beco que termina em uma parede de tijolos, posso ver ele retirar algo do bolso de sua calça, parece ser algo como o dente afiado de algum animal mas não posso distinguir qual. Ele desenha um símbolo estranho na parede que parece um X  com outros símbolos ao redor, com a parte mais afiada do dente ele toca o centro do X e me assusto com o que acontece. Não sei se posso descrever como um portal mas é muito parecido com um.

- Entra, agora! – Sou puxada pelo pulso para dentro do tal portal junto a Alex, se antes estava confusa agora estou mais ainda. Vejo um flash branco passar rapidamente por meus olhos, e quando percebo estou em cima de Alex totalmente constrangida, deve ter acontecido algo de errado e eu cai em cima dele. 

- ALEX! – Quase não escuto a voz feminina, estava ocupada demais em ficar completamente vermelha e não prestei atenção na garota idiota que me empurrou de cima dele, por sorte não cai de cara no chão e sim de costas. – Tá tudo bem? Você esta ferido?

Me sento no chão e olho para a garota ajudando Alex a se levantar, particularmente sinto raiva mas não por causa dele e sim porque pareço estar invisível pra ela. 

- Lucy fica calma, eu estou bem. – Ele diz segurando o rosto dela entre as mãos, como se fosse algo precioso que ele não poderia perder. A garota que provavelmente se chama Lucy não perdeu tempo e o beijo de uma vez. Não posso negar que aquilo me afetou, mas foi algo como uma dor física não emocional, minha visão fica turva por uns segundos mas volta ao normal logo. 

- Desculpa atrapalhar a cena filme de romance clichê de vocês, mas eu acabei de sair do que parece ser um portal depois de fugir da escola por um motivo que ainda não sei então se o casalzinho não estiver muito ocupado se pegando a fantasminha aqui quer explicações lógicas. – Falo sem dó muito menos piedade, eu quero saber o que é isso agora! Levanto do chão sem ajuda de ninguém, os dois se separam e ambos me encaram mas presto mais atenção no olhar de Alex. 

- Quem é ela Alex? É outra daquelas sem símbolo? Ou talvez só uma humana idiota. – A garota fala e já me da vontade de vomitar, que voz horrível meu deus parece que ela engoliu uma abelha e nunca conseguiu tirar ela. E ainda me chamou de idiota, como se ela não fosse uma. 

- Você não entenderia, Karma me enviou para a trazer até o center. Acham que posso ter a conexão com ela. – Posso reparar bem que ela não ficou feliz em ouvir isso, não tenho ideia do que é essa conexão mas fico feliz em pensar que sou alguma coisa no final das contas. 

- Impossível! Olha só pra ela, nem tem uma cicatriz no rosto, é só uma humana qualquer. – Tudo bem agora ela já me deixou com raiva, posso ser bem normal em relação aos outros mas não duvide de mim, odeio quando fazem isso. Penso em a responder com algo grosseiro mas acho melhor não, eu nem cheguei direito e já quero arrumar confusão.

- Não fale isso sobre ela, você nem ao menos a conhece. – Alex fala e juro que escurei um tom de raiva em sua voz, espera aí, ele tá me defendendo? Ninguém me defende, ele tem problemas? 

- Eu não estou nem ai pro que os dois estão falando, só me explica o que está acontecendo de uma vez e pronto. – Essa conversa está me dando sono, a confusão em minha cabeça só cresce e estou perdida. 

- Primeiro vamos as apresentações, muito prazer eu sou Lucy. – Ela estende a mão em minha direção esperando um comprimento mas o que eu faço é a ignorar, como já disse odeio contato físico com estranhos. 

- Eu sou Kira. – Imito um sorriso falso, não estou feliz de a conhecer e sei que ela também não gostou de mim. Só agora reparei em como ela era bonita, seus cabelos castanhos combinam perfeitamente com seu tom de pele meio pálido, os olhos azuis ficavam lindos com as sardas espalhadas por seu rosto. 

- De qualquer forma você já conhece meu namorado Alex. – Ela da ênfase na palavra namorado, deve achar que me importo suficiente com ele a ponto de gostar. 

- Ah claro, o sr. Não gosto de apresentações. -  Alex me encara sério, acho que não gostou da brincadeira. De qualquer forma antes que ele possa dizer algo a porta da sala em que estamos é aberta e uma mulher que aparenta ter em torno de uns trinta e cinco anos entra. 

- Aqui está ela, vejo que não teve problemas na vinda sr. Miller. – Me assusto pela forma repentina de sua chegada, mas os outros dois não parecem se importar muito. 

- Felizmente não, comandante Karma. – Alex continuando me olhando, isso me causa desconforto, saber que estou sendo observada sempre me deixa assim. 

- Ótimo, agora podemos descobrir a causa de tudo isso e saber que vocês tem a conexão ou não. Venham comigo os dois para a sala principal. – Lucy se despede de Alex com um beijo, e então seguimos a que parece se chamar Karma até fora da tal sala que estamos. Ao sairmos percebo que estamos em algo parecido com aquelas agências secretas de filmes, muitas pessoas andam de um lado para o outro, entrando em salas e passando por corredores. Ainda consigo ver mais dois andares então presumo que estamos no primeiro. Todo percurso pessoas param e nós encaram, até consigo escutar algumas falando algo como hominum, não sei o que significa, nem sei porque todos me olham com raiva e ódio. Poderia dizer que já estou acostumada com isso mas aqui é diferente, as pessoas da minha escola me olham assim porque me conhecem, mas essas pessoas aqui não sabem nem quem eu sou. 

- Não se preocupe eles ficam assim só com pessoas desconhecidas. – Até agora não tinha percebido que Alex esta do meu lado e Karma na frente, eu juro que quando ele falou isso minha única vontade era de enfiar uma faca na cabeça dele, mas não sei o porque. 

- Nossa que legal, isso melhorou muito a situação, continua falando pra mim me sentir melhor. – Falo irônica, a única coisa legal que eu tenho é meu sarcasmo então acho bom sempre usar ele. Alex fica calado depois da minha resposta, acho que ele se sentiu ofendido ou algo assim.
Depois de pouco tempo andando pelos diversos corredores paramos em uma porta um pouco maior do que as outras, ela é feita de madeira e tem escrito bem grande na porta summa. Karma abre a porta e nós entramos, a primeira coisa que percebo é que a sala é muito fria e não tem janelas, na verdade não conseguir ver nenhuma até agora. Varias prateleiras de livros se espalham o que me lembra a biblioteca da escola. No centro à uma grande mesa e pude contar doze cadeiras em volta dela, mas não tem ninguém sentado nelas.

- Podem se sentar, temos muito a conversar. – Karma fala já se sentando na maior cadeira da mesa que dica na ponta. Infelizmente me sento ao lado de Alex que não para de me olhar por um segundo. Que saco! Por acaso tem um peixe grudado no meu rosto pra todos ficarem me olhando?. 

- Senhorita Flawrence quero pedir que seja muito sincera em relação as perguntas que farei a seguir, o seu futuro está em jogo assim como o do senhor Miller. – Ela diz como se fosse uma princesa da época medieval, o que confesso ser bastante irritante. Também estranho o fato dela saber meu sobrenome mas não acho bom comentar sobre isso. 

- Claro, se isso for o motivo pra mim estar aqui então não vejo necessidade de mentir. – Mantenho a expressão séria como se nada pudesse me atingir. 

- Ótimo então, vamos primeiro conversar sobre a sua mãe. Ela não é muito presente na sua vida, estou correta? – Abaixo minha cabeça e olha para minhas mãos, não me sinto confortável em falar sobre minha mãe, é um assunto meio íntimo. Mas espera ai, como ela sabe sobre isso? E além de tudo deve saber que é minha mãe!

- Como você sabe sobre ela? – Levanto minha cabeça e por mínimos segundos desvio meu foco para olhar Alex que também me olhava, nesses poucos segundos consigo esquecer tudo a minha volta e só prestar atenção nele. Infelizmente minha atenção é chamada quando Karma responde a pergunta. 

 - Nos já estamos te observando a algum tempo, pra ser mais exata a uma semana. E nesse tempo podemos perceber que ela quase nunca esta presente em sua casa.

- Opa espera aí, vocês tem me observado a uma semana? Isso tá estranho, o que vocês querem comigo? – Mesmo que queira saber pra que eles tem me espionado eu preciso mudar o rumo do assunto também,  nunca gostei de falar sobre a minha mãe.

- Nos queremos te proteger, se você for uma venator e ainda por cima tiver a conexão com o senhor Miller os dois correm grande perigo, então responde minha pergunta por favor. –Me remexo desconfortável na cadeira, não tinha jeito de mudar o foco da conversa então teria que responder a pergunta. Fez uma nota mental para lembrar de perguntar o que era um venator. 

- Ela só paga as contas da casa e deixa dinheiro suficiente pra nossa tia comprar comida e coisas necessárias, não sei no que ela trabalha e Pandora nunca quis me falar. – Isso era um fato, poucas vezes consegui conversar com a minha mãe, ela ficou comigo e Pan até eu ter três anos e minha irmã quatro. Depois nos ficávamos com nossa tia Esmeralda, e estamos com ela até hoje. 

- E seu pai, você chegou a falar alguma vez com ele? – Confesso que fiquei com raiva da pergunta, se odeio falar sobre minha mãe odeio mais ainda falar sobre meu pai. – Desculpe pela pergunta mas isso é necessário para sua ficha.

- Ficha?! Por que você quer tanto saber sobre mim? O que eu tenho com esse negócio de venator idiota?! – Digo praticamente gritando, eu estou em um hospício só pode! Todo mundo aqui é louco da cabeça. 

- Não sou a pessoa sensata para te explicar isso, senhor Miller leve ela para um alojamento e lhe explique a situação. – Karma se levanta de sua cadeira com uma postura ereta e eu trato de me levantar no mesmo instante. 

- Eu não quero ir pra alojamento nenhum, me leva de volta pra escola agora! – Alex se levanta também mas parece estar calmo. Minha única vontade é socar a cara dele e o mandar tomar naquele lugar!

- Kira fica calma por favor, estamos aqui pra te ajudar e não machucar. – Ele diz com total normalidade o que me assusta já que estou quase  e ele só tinha motivos pra ficar bravo comigo. 

- Vocês são loucos, todos vocês! Eu vou sair daqui. - Corro para a única porta da sala e abro com raiva e força, o que me faz ficar de cara com dois caras que parecem seguranças e um garoto aparentando ter a mesma ideia que eu. 

- Podemos levar ela? - O garoto fala e só agora consigo notar uma injeção com algum líquido dentro, o desespero bate a porta e só posso pensar que vão me drogar e eu vou morrer sem nunca ter pelo menos ido em alguma festa do colegial. Viro para frente na intenção de procurar outra escapatória mas Alex e Karma já estão parados ali.

- Façam isso e a levem logo para um alojamento. – Karma manteve todo tempo um olhar sério mas pude ver que Alex não me olhou por um segundo. Os tais seguranças aproveitam que estou de costa para eles e me seguram cada um por um braço. Grito e tento me soltar, não posso deixar ele fazerem isso comigo! 

- ME SOLTEM AGORA! – Escuto barulhos de passos atrás de mim e sinto a agulha perfurar meu pescoço, logo também sinto o líquido entrando e lentamente vou perdendo minhas forças. 

- Você não nos deu escolha. – É a ultima coisa que eu escuto sair da boca Karma antes de sentir meus olhos pesados e minha visão ficar turva.