Brooklyn, 10 de setembro de 2016, 2h00
Em sua casa, um garoto de cabelos castanho-claros bagunçados dormia calmamente. Ao seu lado, na cama de casal, dormia um pequeno ser, similar a um cão terrier, com orelhas enormes, um chifre em sua cabeça, com pelo cor de creme, tendo alguns detalhes em verde. No criado-mudo, ao lado do dito ser, estava um dispositivo; ele era pequeno, branco com detalhes verdes em seus lados, tinha uma pequena tela, dois botões pretos e um pequeno botão violeta. A tela, até então apagada, começa a piscar. Em meio a um mapa, próximo a um rio, um pequeno ponto vermelho piscava freneticamente, emitindo um barulho baixo. O animal, que parecia ter uma audição aguçada, acorda e, sonolento, se dirige até o aparelho, pulando no criado-mudo. Esfregando um dos olhos com uma de suas orelhas, olhou intrigado para o dispositivo, um pouco confuso. Poucos segundos depois, retira a orelha de seu olho e observa mais atentamente o aparelho. Alarmado, de repente, salta de volta para a cama, se dirigindo ao garoto adormecido.
— Lucas! Lucas! — exclamava o pequeno ser — Temos problemas, Lucas! Acorda!
— Quê? — respondeu o garoto, sonolento, esfregando seus olhos — O que foi, Terriermon?
— Uma brecha, Lucas! — parecia mais exaltado a cada segundo que se passava — Uma brecha apareceu no mapa! Precisamos ir lá investigar!
Ainda confuso, Lucas olhou nos olhos de Terriermon e pareceu perceber o que estava acontecendo. Apressado, rolou pela cama até conseguir alcançar o pequeno aparelho que permanecia apitando; pegou-o na mão e fez esforço para enxergar o que aparecia na tela. Sem sucesso, tateou o criado-mudo até alcançar um par de óculos dobrado perto do canto do móvel. Pegou-o e levou até o rosto, colocando-o. Tentou novamente enxergar a tela do dispositivo e sua preocupação pareceu aumentar. Pressionou o botão roxo e um caminho surgiu no mapa, mostrando por onde deveria seguir para alcançar o local da dita brecha.
Alarmado, saiu da cama e correu até seu armário, abrindo-o e retirando de lá algumas peças de roupa; calças jeans, uma camiseta preta e uma camisa de flanela verde. Vestiu as peças correndo, calçou seus tênis Vans brancos, pegou uma mochila, branca, atirada em um canto do quarto, colocou seu notebook nela e saiu do quarto, sendo seguido por Terriermon. Desceu pelas escadas escuras da casa, alcançou a porta da frente e, fazendo o máximo de silêncio possível, deixou a casa. Com o pequeno ser em seus ombros e a mochila nas costas, correu o mais rápido que pôde pelo caminho indicado. O ponto que o mapa marcava era um pequeno armazém às margens do rio East, próximo à Brooklyn Bridge. Do lado de fora, era possível ouvir barulhos de explosões e ver clarões fortíssimos de luz azul, quase branca.
— Alguma ideia quanto ao que iremos enfrentar lá dentro, Terriermon? — perguntou Lucas, indo até a porta do armazém.
— Nunca vi nada parecido. Mas parece perigoso — olhou aflito para o garoto ao respondê-lo — Será que não seria melhor esperarmos alguém mais chegar?
— Quem? A Mimi foi pro Japão. Estamos sozinhos, carinha... — Terriermon se mostrou assustado quanto à resposta do amigo — Agora, vamos lá! Nós já enfrentamos muitos Digimon, esse vai ser só mais um! Vamos dar conta! Sempre damos! — abraçou o pequeno animal e, então, abriu a porta do armazém.
Dentro do prédio, aparentemente abandonado, se encontravam diversos lagartos com uniformes militares; suas peles eram azuis, com desenhos camuflados, e carregavam rifles de assalto. Junto a eles estava um lagarto maior, com o que parecia uma armadura cibernética cobrindo seu corpo; não mostrava um rosto, apenas uma lente e um laser vermelho. Em suas mãos, se encontrava uma pequena faca. Os menores, aparentemente soldados, atirava para todos os lados, destruindo caixotes que enxiam o armazém. Vendo isso, Lucas e Terriermon recuaram alguns metros e se esconderam atrás de uma empilhadeira estacionada próxima a porta. Sentando no chão, o garoto retirou seu notebook da mochila, ligou-o, pegou o pequeno dispositivo de antes, um cabo USB e conectou os dois aparelhos. Tomando o máximo de cuidado possível, foi para um ponto atrás da empilhadeira do qual poderia ver as criaturas que estavam atacando e, o mais rápido que pôde, apontou o dispositivo para elas e pressionou o botão roxo.
Lucas voltou para o lugar anterior e, após alguns segundos, janelas mostrando imagens dos seres que estavam no armazém e caixas de texto apareceram na tela do computador. O garoto lê rapidamente os textos e, pressionando fortemente as teclas do notebook, parece procurar algo, mas seu rosto frustrado mostra que não obteve sucesso. Fechando o computador e colocando-o de volta na mochila, chamou Terriermon para mais perto de si.
— Terriermon, tome muito cuidado com eles. São Digimon de elite! — os olhos do pequeno ser se arregalaram com o comentário — Os menores, com os rifles, são Commandramon. Eles são Digimon no estado Child, não devem ser problemas; mas seus rifles são poderosos e eles carregam bombas. Todos juntos podem causar um estrago tremendo.
— Okay! Como eu derroto eles?
— Bem, no Digimon Analyzer não consta isso... Mas talvez você possa prendê-los... — disse pensativo — Tá vendo aquela corrente? — apontou para o teto do armazém, mais especificamente para uma viga, que tinha uma corrente enorme enrolada nela.
— Posso usá-la para prendê-los! Boa ideia, Lucas! — comemorou brevemente — Mas, e o grandão?
— Aquele é o Sealsdramon. Se os Commandramon são perigosos, ele é ainda mais. Ele é um Commandramon escolhido para, e somente para, Digievoluir e assassinar outros Digimon. Mas, pra nossa sorte, ele tem um ponto fraco!
— Que seria...?
— A armadura dele é feita para suportar disparos espaçados, ela absorve o impacto lateralmente. Segundo o Analyzer, se alguém acertar múltiplos tiros em locais próximos muito rápido, podemos quebrar sua armadura! Logo, o Galgomon pode derrotá-lo com o...
— Dum Dum Upper! Você é demais, Lucas!
— Chega de papo, tá na hora de Digivolver! — Lucas coloca a mochila de volta em suas costas. Depois, pega o aparelho verde e corre até um local visível — Ei! Commandramon! Sealsdramon! Parem de destruir esse armazém!
— Por que faríamos isso, pirralho? — perguntou o lagarto-ciborgue.
— Bom, se quiserem sofrer as consequências dos atos de vocês, podemos dar um jeito nisso.
— Como você, um simples humano, poderia nos fazer "sofrer as consequências"? — continuou, zombando.
— Tem razão, eu não poderia fazer isso... — olhou para onde Terriermon estava e piscou para ele — Mas quem disse que eu estou sozinho?
Terriermon flutua, usando suas orelhas, de onde estava até pousar sobre a cabeça de Lucas. Prestes a dizer algo, Sealsdramon foi interrompido por um salto de Terriermon em direção à viga onde estava a corrente. No meio do ar, uma luz, que havia saído do dispositivo que Lucas carregava, atingiu o pequeno ser e o fez emanar uma luz verde ofuscante.
Terriermon digivolve para... Galgomon!
A criaturinha antes pequena agora era maior, da altura de Lucas. Seu pelo agora era verde, com detalhes escuros. Suas orelhas permaneciam enormes e seu chifre continuava no mesmo lugar. Em suas pernas, calças jeans; em seu torso, um cinto com balas. Seu rosto agora tinha marcas vermelhas e, no lugar de suas mãos, carregava manoplas com metralhadoras. Ainda no ar, Galgomon agarra a corrente e a desenrosca da viga; então, enrola-a em seu torso, junto do cinto de balas. De cima da viga, onde pousou, começou a atirar nos Commandramon, direcionando-os para um canto do armazém com os disparos. Quando estavam todos juntos, saltou e, ainda atirando, se aproximou o máximo que pode. Depois enrolou-os com a corrente, prendendo-os no lugar.
— Scouter Monoeye! — exclamou Sealsdramon, iluminando o armazém com seu scanner laser. Um ponto vermelho surgiu nas costas de Galgomon. Disparando em sua direção, Sealsdramon tenta deletar Galgomon.
— Dum Dum Upper! — gritou Galgomon, segundos antes do lagarto-ciborgue acertá-lo com sua faca — Muito rápido para você?
Galgomon acerta diversos tiros a queima-roupa em Sealsdramon, destruindo facilmente sua armadura e o lançando para o outro lado do armazém. Enquanto isso, Lucas encontrou um pequeno HD externo no chão, sob alguns pedaços de madeira; decidiu colocá-lo na mochila, poderia ser importante... A criatura voltou para seu parceiro e parou ao seu lado. Lucas retirou seu notebook da mochila e preparou o dispositivo. Apertou novamente o botão roxo, direcionado o aparelho para a tela do notebook.
— Digiportal, abra! — exclamou. Uma janela surgiu na tela do computador — Galgomon, faça-os atravessar o portal.
Quando Lucas terminou a frase, foi possível ouvir um barulho de carro estacionando do lado de fora do prédio. A criatura com as manoplas agarra o garoto e salta para a viga. Pousaram bem a tempo de ver um homem, vestido com um terno e usando óculos escuros, entrando no armazém. Ele foi até Sealsdramon.
— Decepcionante... Pensei que um Digimon de elite, escolhido entre os melhores soldados Commandramon para, e somente para, assassinar conseguiria encontrar um simples HD.
— S-senhor Carter... U-um garoto veio até a-aqui...
— Você foi derrotado por um garoto? — debochou o homem — Vocês são imprestáveis! Como a CIA pode confiar nesse programa estúpido! "Armas letais vivas", eles disseram... "Podem derrotar exércitos com apenas um golpe". Podem nada! São um bando de imprestáveis que perdem para um garoto! E agora vou ter que explicar pro diretor que não conseguimos o HD e que gastamos milhões de dólares para nada!
— O garoto... Não era um simples garoto... Ele... Ele tinha um Digimon...
— Ele o quê?
— Ele tinha um... Um Digimon...
— Como isso é possível? Achei que todos os tais Digiescolhidos estivessem presos no Japão!
Preocupado com o que poderia vir a acontecer depois, Lucas e Galgomon saem por uma janela do armazém que os Commandramon tinham destruído. Galgomon carregou Lucas por cima dos prédios até chegarem a casa do garoto. Em silêncio, entram na casa e Galgomon volta a ser Terriermon. Os dois sobem até o quarto de Lucas e lá se atiram na cama.
— O que será que tem nisso de tão importante? — perguntou Terriermon, olhando o HD que Lucas estava retirando da mochila.
— Não sei, Terriermon... — respondeu, olhando fixamente para o aparelho eletrônico — Mas amanhã vamos descobrir...
Continua...
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