Eles chegaram ao cafofo e organizaram o quarto do Vitor para que ficasse mais confortável para o bebê, agora teriam que se acostumar com mais um membro naquele lugar. Eles estavam iniciando um novo capítulo da vida deles, seriam uma família e fariam de tudo pra que desse certo. Vitor estava muito empolgado com o filho, ainda era tudo muito recente, tantas novidades boas que mal poderia acreditar que era possível estar vivendo tudo o que sempre quis e ao lado de uma mulher que ele amava e que agora o correspondia com todo amor que tinha. Eles estavam apaixonados e confiantes num novo começo.
– Amor, você pode fazer uma papinha pro Vitório enquanto eu troco a fralda dele?
– Tá bom. – Ele vai para a cozinha pegar os matériais necessários para fazer a papinha de Vitório. E observa de longe Maria Pia, toda cuidadosa com o filhinho deles.
– Até que você leva jeito pra ser mãe, Maria Pia! A-há, a-há, a-há – diz rindo, divertindo-se com a cena.
– E pelo visto você já recuperou o seu humor tão “contagiante” né, Vitor? – diz com o tom carregado de ironia, mas no fundo ficou feliz ao perceber que aos poucos ele voltava a ser quem era, ainda que não lembrasse.
– Eu to brincando, meu amor. – aproximou-se da loira, dando um beijo no rosto dela. – Só tô impressionado com o jeito que você cuida do Vitório. Você leva jeito mesmo, nem parece mãe de primeira viagem.
– Na verdade, eu não sou mãe de primeira viagem. – diz com a voz triste.
– Não? Tem outros filhos? – diz assustado com a novidade.
– Não! – disse com urgência, nervosa. – Vitório é meu único filho. O único que eu peguei no colo, amamentei, criei e amo.
– Maria... – Ele a olhou segurando uma das mãos de Maria Pia entre as suas, beijou seu rosto e se aproximou um pouco mais dela, que o olhava fixamente.
– O que? – ela disse num fio de voz, olhando-o.
– Você sabe que pode confiar em mim, não é?
Ela sorri docemente e acariciando seu rosto, que beija palma da mão dela, ela aproxima seus rostos de modo a deixar suas testas coladas uma à outra. E ele deposita um beijo rápido nos lábios dela.
– Claro que eu sei. – Ela sorri, meiga. – Você é a única pessoa que eu confio na vida, Vitor.
Ele a encarava com ternura, queria decifrá-la, entender o porquê da tristeza no olhar dela ao tocar naquele assunto. Eles ainda tinham tanto o que conversar. Vitor queria ser capaz de lembrar-se de tudo, mas ainda tinha muita dificuldade em juntar suas memórias que vinham pra ele de forma confusa. Mas ele não precisava de muito pra saber que amava aquela mulher e estava disposto a tudo pra defende-la.
...
– Cadê ela? – Bruno entra no apartamento sem rodeios, com um semblante sério.
– Bom dia pra você também! Cadê seus modos? – Lígia, fica irritada com a maneira que ele chega ao local, cruza os braços e o encara.
– Eu não vou perguntar de novo, é bom você me responder! – Ele se aproxima da área de bebida, enchendo um copo de whisky e ingere o líquido em uma única dose. Estava visivelmente alterado.
– Em primeiro lugar eu acho bom você mudar o tom de voz pra falar comigo! Em segundo, eu não sei cadê a Maria Pia!
– Você sabe! – Bruno pega no braço dela com força, arrancando uma cara de dor da mulher em sua frente. – Eu não gosto que brinquem comigo, você sabe bem disso. Então é bom você colaborar. –
– Me solta! – Ela se desvencilha dos braços dele. – Ela saiu daqui com o Vitor. Eu cheguei em casa e ela estava aqui com ele, depois saíram e levaram até o Vitório.
– Droga! – Bruno chuta o criado mudo, derrubando o abajur. Lígia olhava pra ele assustada, mas estranhou a reação dele.
– Você escutou o que eu falei? O VITOR estava aqui com ela!
– Sim, escutei perfeitamente. Só não entendi porquê você deixou ela ir embora daqui com ele.
– Espera, você não tá surpreso com o fato dele estar vivo?
Lígia olha pra ele, surpreendida.
– Por que estaria? – Bruno riu de forma sarcástica, irritando Lígia.
– Você sabia o tempo todo que ele estava vivo? – Ela disparou, olhando-o com incredulidade ao ver que ele sorria diante tudo que ela falava. – Você me deixou acreditar que tinha morrido no acidente que eu ajudei você a armar?
– Sim, e você acreditou. Sabe Lígia, eu até cheguei a acreditar que você estava chorando no enterro do seu genro. – Disse irônico.
– Deixa de ser ridículo, garoto! Como você pôde deixar eu acreditar que sou uma assassina?
– Você é uma assassina! Esqueceu do acidente da Mirella? Posso lembrar você, deixa só eu abrir um arquivo na nuvem do meu celular...
– Você não vale nada! – disse o olhando com raiva mas ele apenas riu, frio como pedra.
– Ainda bem, senão você teria mandado me matar também.
– Anda, diz logo o que você ainda quer aqui!
– Eu só vim te deixar um aviso. Se eu souber que você deu a língua nos dentes e contou qualquer coisa sobre o que sabe pra alguém, eu acabo com você na mesma hora. E acredite, você não terá a mesma sorte que o seu genro.
– Você deve ter mais alguém te ajudando, não é? Pra me descartar agora que o Vitor apareceu e está mais vivo que todos nós.
– Isso não é mais problema seu. É bom que você se preocupe agora só em tentar conseguir me manter informado sobre a Maria Pia.
– Senão o que? – Disse desafiadoramente, Lígia estava cada vez mais irritada com Bruno pelo modo em que ele estava tratando-a, mas principalmente por ter omitido a suposta morte de Vitor.
– Ou você vai acompanhar seu maridinho na cadeia. Uma linda lua de mel na carceragem. Capaz de vocês serem eleitos o casal do ano: O corrupto e a Assassina. – diz em um sorriso carregado de deboche, provocando a ira dela.
– Você me paga! – Ela avança pra cima dele, tentando dar um tapa, mas ele segura o braço dela no ar. E a empurra no sofá, olhando-a com desprezo.
– Não, Lígia. Vocês que vão me pagar! Em dólares. – Ele diz vitorioso e sorrindo com ar de superioridade, deixando Lígia furiosa no apartamento. Bruno tinha deixado ela de fora dos planos dele, e aquilo não a deixava numa posição boa, porque ele a tinha nas mãos. Ele tinha provas que ligavam ela diretamente ao caso do acidente de Mirella, e se isso chegasse a polícia, ela poderia ser presa a qualquer momento. E agora ela não tinha Ataíde pra livrar a barra dela e Maria Pia estava ocupada demais seguindo a própria vida ao lado de Vitor.
Algumas alianças se quebraram, mas o objetivo ainda era o mesmo para Bruno e Lígia sabia o que era. Mas afinal:
De que lado Lígia estava agora?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.