História Discovery - She's back

O meu coração estava pulsando forte contra o meu peito. O quarto girou e Camila soltou meu rosto para passar por mim feito um flash. Meus olhos saltaram assim que meus pés acompanharam seus movimentos e viraram em sua direção. Danny estava olhando para os lados antes de Camila alcançar a lateral da cama.

- Dan, você acordou. – Falou com os olhos banhados em lágrimas. Um sorriso forte em seus lábios.

- Acordei de onde? O que eu estou fazendo aqui? – Danny perguntou com uma expressão confusa.

- Dan, você desmaiou em um restaurante e bateu a cabeça, está internada aqui tem algum tempinho. Eu fui a Seattle atrás de um neurocirurgião e ele conseguiu fazer a sua cirurgia. Você vai ficar bem. – Camila disse calma. Danny tinha uma expressão agora indecifrável. Olhou entre nós duas e tentou tocar a própria cabeça. – Como você se sente, Dan?

- Pare de me chamar de Dan. Eu nem conheço vocês. – Falou de imediato. – Podem chamar alguém que eu conheço?

Camila agora era quem parecia confusa. Ela me olhou quase em desespero. Danny ainda olhando entre nós duas com uma expressão séria.

- Danny, sou eu, Camila e essa é a Lauren, filha dos seus amigos Mike e Clara. Você não lembra? – Perguntou com cuidado. Os olhos da outra mulher nos analisaram mais uma vez.

- Não. Eu quero que chamem alguém com quem eu possa falar.

- Danny, somos nós. Como não lembra? – Lá estava ela prestes a surtar. - Lauren!

- Camila, ele disse que poderia ser meio confuso quando ela acordasse, vai ficar tudo bem. Ela vai lembrar da gente. – Falei me aproximando.

- Vocês poderiam pelo menos ter escolhido um outro lugar para ficar se beijando, não? – Ambas agora a olhamos confusas. Danny com um sorriso curto nos lábios. – Deixem de ser idiotas, garotas. Eu poderia acordar no inferno e ainda lembraria de vocês. Agora me tragam água. Eu estou morrendo de sede.

- Você está falando sério? – Camila começou a chorar. – Danny, eu vou te matar.

- Não vai não. Cadê minha água, Cabello. Estou com sede e preciso saber como minha revista está e sobre essa história de Seattle e cirurgia. Eu não acredito que deixou rasparem minha cabeça. – Tentou se sentar, mas Camila a empurrou levemente de volta.

- Você acabou de ter a cabeça aberta e teve uma hemorragia, se não quiser que eu te mate antes de morrer de verdade, é melhor ficar quieta enquanto o médico não chega. – Falou séria e autoritária. Danny fez uma expressão medrosa, mas logo sorriu. Camila pressionou o botão vermelho ao lado da cama e olhou pra mim rapidamente. – Eu não acredito que você acordou e fez essa brincadeira estúpida sobre não lembrar da gente. Eu queria poder bater em você.

- Eu acordo e tem duas garotas se beijando no meu quarto. O que queria que eu fizesse? Isso aqui não é motel ou o quarto de vocês. Eu deveria ter dado um grito e fingindo um AVC. Camila, eu estou com sede. – Danny tentou novamente se mexer. Outra bronca da de olhos castanhos.

Eu estava olhando as duas e só conseguia sorrir feito besta por Danny ter acordado bem. Depois de alguns segundos após Camila a ter mandado ficar quieta, as duas me olharam sérias.

- O que aconteceu com ela? Ficou muda enquanto eu estive morrendo? – Danny perguntou divertida. – Como está, pequena Jauregui? Camila deu muito trabalho?

- Eu... Eu estou ótima. – Sorri me aproximando mais da cama. – Ela foi ótima. Esteve com você aqui o tempo todo.

- Não era de se esperar o contrário. – Piscou. - Deus, eu preciso muito de água. E alguém faça minha cabeça parar de pulsar.

- Você está bem? Consegue sentir todo o seu corpo? Consegue mover os braços, as pernas, os dedos? Danny, quantos dedos tem aqui? Você lembra o endereço da sua casa? Quantos...?

- Pare com isso, Camila. Eu estou bem. Sinto meu corpo, meu dedos, lembro de tudo. Eu estou bem. Você é minha médica agora? – Danny riu e o quarto foi invadido por médicos e enfermeiros.

- Ela acordou. – Camila abriu seu melhor sorriso e apontou para Danny como se fosse uma criança orgulhosa sobre algo bom. – Danny acordou e ela está bem.

- Finalmente, garota. Estávamos preocupados com você. Eu sou Dr. Shepherd e esse cara aqui esteve responsável por você antes de mim. Como se sente? – Ele se aproximou. Eu lhe dei espaço, mas Camila continuou grudada a cama. A enfermeira animada demais sobre ter um neurocirurgião como ele no hospital, estava boquiaberta ainda na porta e observava tudo imóvel.

Danny conversou com os médicos por alguns minutos e então eles fizeram exames rápidos apenas para checar como ela realmente estava. Ele explicou o porque de ela não conseguir abrir a mão esquerda tão rápido ou fecha-la também rápido. Ficou feliz por ser o único dano aparente da cirurgia, mas também nos manteve seguras de que poderia ser algo reversível e que ela ficaria normal após algum tempo. Marcaram outros exames para o final da tarde.

Ela reclamou de dores na cabeça um tempo depois, mas foi medicada e se sentiu melhor. Camila havia sentado novamente na cama enquanto eu ocupava a poltrona. A cama havia sido inclinada um pouco para que Danny pudesse nos ver melhor, mas qualquer esforço foi eliminado para essa fase, ela precisava de muito repouso para a recuperação.

Fiz uma chamada de vídeo com os meus pais e Danny, mesmo depois de ela prometer me bater por ter contado algo para meus pais e os deixarem preocupados. Eles provavelmente estariam em Nova Iorque em breve. Deixei que conversassem enquanto abraçava Camila por trás e sorriamos por ter finalmente nossa mulher de ferro de volta.

James e Halsey foram os primeiros a serem liberados para visitas no dia. Nada mais do que isso. Camila tinha um sorriso malicioso para James enquanto ele segurava a mão da mulher que nem ao menos sabia suas intenções agora. Lembrei de quando ela o chutou para fora de sua sala por ele insinuar alguma coisa suja para ganhar pontos sobre a promoção da Camila. Era engraçado o ver todo diferente agora.

Estávamos em Setembro e já haviam acontecido tantas coisas no ano. Percebi que minha vida nunca havia sido tão agitada. Havíamos tido quase duas mortes em menos de um ano. Primeiro James e agora Danny, mas é claro, Camila esteve com os dois e não os deixou ir. Eu esperei que isso fosse a deixar melhor sobre o perdão da família dela. Talvez estivesse passando da hora de limpar aquele quarto escuro.

O médico nos liberou depois das 19h. James se prontificou em passar a noite com a Danny e é claro que Camila não o recusou. Ela queria ver aonde toda essa história iria dar.

A volta pra casa foi animada. Nós relembramos como Danny havia nos feito cair de cara no chão com sua brincadeira boba sobre ter perdido a memória. Se ela realmente não lembrasse de nós, Camila surtaria e aí sim teríamos um problema maior.

Compramos o jantar no restaurante próximo ao nosso edifício. Camila parecia tão feliz que eu me enchia ainda mais de felicidade a cada novo sorriso em seu rosto. É claro que estávamos felizes. Danny havia acordado e eu teria minha primeira exposição. Deus!

- Meu Deus, estou morrendo. Preciso de um banho. – Camila disse sorrindo logo após entrarmos no apartamento. - Lauren, não me acorde se esse dia for um sonho, okay? Me deixe dormindo porque eu estou feliz.

- Você não está sonhando, amor. Se estiver, então também não me acorde. – Acompanhei seu sorriso. – Você pode ir tomar banho. Eu arrumo o nosso jantar.

- Pensei que fosse tomar banho comigo. – Tirou seu casaco e o segurou nos braços quando deu a volta perto do corredor para me olhar por segundo.

- Você vai primeiro. Eu vou quando terminar de arrumar a comida nos pratos. Estou faminta. – Fiz careta e ela gargalhou.

- Não coma sem mim, Jauregui. – Estalou a mão na parede e serrou o olhar na minha direção. Sorriu e desapareceu pelo corredor. – Eu te amo, Lauren!

- Eu te amo, Camila. – Gritei de volta e sorri mais largo segurando a sacola com a comida do nosso jantar. Era um dia ótimo.

Caminhei até a cozinha e peguei o que precisaria nos armários. Eu pude a ouvir cantar alto e ri sobre realmente sentir que ela estava bem agora com Danny realmente melhorando. Separei a comida nos pratos. Coloquei nossa bebida nos copos e a esperei voltar sentada em um dos bancos do balcão.

- O que tem nessa mente tão pensativa? – Me abraçou por trás e eu tremi com suas mãos geladas que se enfiaram debaixo da minha blusa e tocaram minha cintura.

- Estava pensando sobre hoje. Sobre eu ter conseguido algo, graças a você, claro e sobre Danny ter acordado no mesmo dia. – Sua cabeça pesou sobre meu ombro. As mãos geladas apertando minha cintura suavemente. – É como se tudo desse tão certo hoje. Eu só estou feliz.

- Sua vida se transformou em um caos depois que mudou para cá, não? – Se afastou e puxou o banco do lado para mais perto de mim. Eu a observei calmamente. – Eu quero dizer... Você tinha sua vida em Miami. Seus pais são incríveis e então Nova Iorque te parte ao meio desde que você chegou.

- Eu não estou reclamando, Camila. – Sorrimos. Ela negou com a cabeça.

- Não estou dizendo que está. Estou apenas comentando sobre o seu ano louco. Eu estou acostumada com todo esse caos, mas quando te vejo em uma situação complicada, você me olha como se pedisse ajuda para fugir e voltar para o conforto da sua antiga vida. E sabe o que é o melhor, garota? Você querer fugir, mas lutar contra isso e permanecer mesmo que esteja te ultrapassando os limites. Você fica e não reclama no fim. Você não pergunta se eu preciso de ajuda. Você apenas fica e se dispõem a tudo. É difícil encontrar pessoas assim da sua idade. A maioria queria estar lá fora curtindo suas vidas e ficando loucos em festas. Você é diferente e eu amo tudo isso sobre você. – Respirou fundo e sorriu.

- Você também é diferente, Camz. Teve que passar por coisas piores na minha idade. Eu só quero estar aqui para você mesmo quando não precisar.

- Sim, você pode destruir os demônios em mim. – Beijou minha testa suavemente e sorriu mais largo junto comigo. – Você não sabe o quão orgulhosa estou de você e feliz sobre ter conseguido sua exposição. Eu já esperava, certo? Mas estou tão feliz. Você merece muito. Eu disse que te ajudaria a alcançar o mundo e esse foi apenas o seu primeiro passo.

- O nosso primeiro. Você está nessa comigo, certo? – Ela olhou em volta e afirmou com a cabeça.

- Certo, agora vamos comer isso antes que esfrie. Tenho um monstrinho que come a cada 3 horas e ele disse estar faminto um tempo atrás. Talvez me devore se não se alimentar. – Falou de uma forma animada me fazendo gargalhar ao seu lado. - Hmm, Lauren... Eu estive com saudades do seu riso.

Eu falaria algo se ela não estivesse com um garfo a minha frente e pedindo que eu abrisse a boca para que ela me desse comida. Eu ri mais uma vez e ela me acompanhou enquanto eu sentia meu rosto ficar quente. Me puxou o rosto na sua direção e estalou um beijo sobre os meus lábios.

- Você é a pessoa mais linda que eu conheço. – Disse voltando a olhar o prato a sua frente. Eu nunca poderia me sentir mais apaixonada na vida. Eu nunca poderia amar alguém como eu a amava e sabe o porque de eu saber disso? Bem, ela era Camila. Ela era a minha Camila. Ninguém a alcançaria dentro de mim e se eu tivesse que correr o mundo para permanecer a mostrando que eu sempre ficaria ao seu lado, não importasse o quão difícil fosse qualquer situação, então eu o faria. Eu o faria sempre. Todos os dias, apenas para a provar o quão real o nosso amor era.

Camila não era apenas a pessoa mais bonita que eu conhecia. Ela era isso e tanto mais que me faltavam palavras para expressar a imensidão de tantos sentimentos. Eu a tinha fotografado na minha mente pela primeira vez na noite de ano novo, e mesmo dias depois, eu a fotografava novamente para me certificar de que ela sempre estaria gravada em mim. Ela era minha obra de artes favorita e nem precisava se esforçar, porque mesmo pela manhã quando acordava, ou quando não dormia por dias, ela ainda era a mais bonita. Se Camila deveria estar em um museu de artes? Eu aposto que sim, mas egoísta eu fui e a quis só pra mim.

O meu estômago vibrou com o seu olhar divertido. O seu sorriso leve e encantador. Os olhos diminuindo com o aumentar do sorriso. O nariz franzindo. A língua entre os dentes e o cabelo se desfazendo do seu coque mal feito enquanto ela balançava a cabeça divertida em minha direção. Tão minha. Tão ela.

- Você perdeu a fome ou eu estou sendo devorada por esses seus olhos hipnotizantes? – Perguntou limpando o canto dos lábios. Eu suspirei e sorri.

- Estava apenas te olhando. – Ela fez careta e fingiu cobrir o rosto com sua blusa grande demais para o seu corpo pequeno.

- Não me olhe assim, garota. Eu estou desarrumada. – Fingiu estar com vergonha.

- Você está linda sempre.

- Estamos lindas sempre, mas você ficou me olhando aí por tanto tempo que esqueceu de comer e eu já terminei o meu. – Apontou para os nossos pratos. – Vou te ajudar a comer o seu agora.

- Não!! – Gritei rindo quando ela tomou meu maior pedaço de carne e o enfiou na boca de uma vez. Ela tentou não rir dando de ombros, mas a carne mal cabia em sua boca. - Camila, eu ia comer isso.

- Você ia comer, mas demorou demais e eu ainda estou com fome. – Falou com dificuldade com a boca cheia. Ela estava tentando mastigar o pedaço de carne.

- Precisa me dar outra coisa em troca. – Cruzei os braços e a encarei com as sobrancelhas elevadas.

- Depois. – Outra vez quase caiu na gargalhada. – Eu não consigo mastigar.

- Vai ter que engolir assim então. Depois eu que sou o monstrinho. Sou apenas um unicórnio. – Tomei um pouco da minha bebida. Ela riu após engolir um pedaço enorme.

- E todo unicórnio precisa do seu dragão. – Disse firme antes de endireitar a postura no banco. – Serei o seu dragão, unicórnio.

- De onde você tirou que unicórnios e dragões formam par? – Gargalhei.

- Da Terra do nunca, é claro. Você aceita que eu seja seu dragão, senhorita Lauren Unicórnio Jauregui? – Fingiu me pedir em casamento e é claro que eu parei o minuto para entrar no seu jogo.

- Aceito, senhorita Camila Dragão Cabello. – Outra vez tinha meu rosto em suas mãos e outra vez me beijou. – Sua boca tem gosto de carne mal mastigada.

- Dragões não mastigam muito bem. Desculpa. – Voltou ao seu lugar e sorriu feito criança. Sim, ela estava bem e estava feliz. - Vamos, Lauren. Chega de enrolar. Coma isso de uma vez. Eu vou escovar os dentes. Você lava os pratos, apaga as luzes e vem pra cama.

- Por que tenho que fazer tudo sozinha? – Perguntei séria a assistindo levar seu prato para a pia.

- Porque você é um unicórnio e entre dragões e unicórnios, é claro que sou mais forte. Leve o lixo para fora também. Seja uma boa garota. – Passou por mim batendo suavemente sobre meus ombros, beijando minha cabeça e correndo para o corredor.

- Camila!!!