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História Disputa Acirrada - (XVIII) Essa festa virou um enterro


Escrita por: BunnyTeaser

Notas do Autor


Olá amores, 😙✌ boa leitura!

Capítulo 19 - (XVIII) Essa festa virou um enterro


Fanfic / Fanfiction Disputa Acirrada - (XVIII) Essa festa virou um enterro


 

“Essa festa virou um enterro”

(POV JEONGGUK)


 

Eu não era um cara com frescuras, muito longe disso, sempre me considerei corajoso e disposto para qualquer situação que não envolvesse baratas voadoras. Mas os rolês em que eu participava poderiam, no máximo: a) me trazer um porre; b) beijar Jimin em um mictório sujo ou c) esquecer a carteira no Uber. 

Não tinha nada que poderia potencialmente me matar, como estar em uma fucking FLORESTA.

Tudo bem, não era uma floresta alá Crepúsculo, não tinha vampiros brancos demais a espreita e nem fazia frio — muito pelo contrário. Porém, não mudava o fato de que, acampar em um local afastado e cheio de mato era o chamado “rolê de índio” que eu não estava disposto a participar.

Mas era isso ou ficar sozinho no hotel, porque, recapitulando tudo que eu disse para os que não estão entendendo como eu vim parar aqui, Jeju era uma ilha bacana para uma viagem escolar, ainda mais para uma viagem de despedida escolar, tinha praia, gringo vestindo camisa florida, hotel com ar condicionado, já disse praia? No entanto, não obstante, porém, todavia e entretanto, Namjoon resolveu não vir conosco, já que seu namoradinho capa da Capricho não estuda no Saint School e não poderia ir a viagem. O capitão preferiu fazer companhia a ele, passando a chefia imaginária do grupo para o mentinha — mais conhecido como Yoongi, o novo vegano do pedaço. E nesse meio tempo, a nova conexão com a natureza o fez inventar de acampar no mato. Como todo mundo topou essa maluquice? Não sei, mas agora estamos em uma trilha tentando chegar a lugar nenhum.

Resumi legal?

— Por que minha perna tá coçando tanto? — resmunguei, interrompendo a caminhada com um bico nos lábios. Minha coxa direita por debaixo da bermuda estava vermelha de tanto coçar.

Como eu era um dos últimos da fila, um tanto quanto irritado e lotado de protetor solar, Lisa, a minha frente, cruzou os braços com tédio, como se eu fosse uma criança fazendo birra no meio do supermercado.

— Não é nada demais, anda rápido!

— Andar rápido? Achei que todo mundo aqui fosse novo nesse lance de acampar, mas olha lá o Jackson! — Apontei para o primeiro da fila.

O loiro tinha reencarnado o Rambo versão asiática, com a camisa enrolada no pescoço e o tronco totalmente suado e despido. As mãos seguravam um facão cego e ele cortava todo e qualquer galho que cruzasse seu caminho mesmo com Yoongi xingando-o todas as vezes por machucar as plantinhas.

Jackson se virou e sorriu para mim, galanteador, piscou e, ignorando mais uma reclamação dessa vez de Eunwoo, voltou a cortar mais uma planta.

— É cansanção. 

Recebi um empurrão nos ombros e Jimin passou por mim, uma sobrancelha arqueada enquanto arrumava o chapéu de Seu Madruga na cabeça. Fiquei alguns segundos boquiaberto porque primeiro: ele não tinha o direito de ficar bonito com aquele troço na cabeça, segundo: também não deveria parecer tão relaxado andando na trilha, como se fosse um spa. 

— É o quê? — Fechei a boca antes de babar, apressado para alcançar Jimin, ao lado de Lisa.

— A coceira, seu idiota. Você deve ter esbarrado em uma folha de Cansanção.

— E desde quando você é tão sabido nisso? — Foi Lisa quem tirou a pergunta da minha boca e abanei a cabeça para cima e para baixo, concordando.

— Minha mãe é médica naturalista dãã, ela me ensinou algumas coisas. 

— Chique — ponderei. —  Como eu paro essa coceira dos infernos? 

— Não tem jeito pernalonga, vamos ter que te sacrificar.

Por um segundo eu realmente acreditei, já que Jimin parecia tão certo no que tinha acabado de dizer, mas ele ficou sério por dois minutos antes de começar a rir da minha cara. Lisa se segurava no tronco de uma árvore para não cair de tanto gargalhar, os dois achando muito engraçado meu tormento particular.

— Mas que caralho! Eu sou uma piada para vocês? Eu vou… Parem de trombar em mim, infernoooo! — Encarnei a melhor versão da Carminha em Avenida Brasil e devo admitir que em momento nenhum da minha história recente, lembro-me de ter um ataque de pelanca tão forte igual aquele montante de verde estava me causando. No final do “oooooo” que ecoou do meu “inferno” Taehyung, o sujeito que trombou em mim, tinha a mão no coração e me encarava com um semblante estranho.

Eu devia tá pagando muito mico.

— Jimin, fala o que vai melhorar a perna do menino, anda logo! — Hoseok parecia tentar não rir da minha cara, dando batidinhas nas costas do reduzido.

— Agora que tá ficando engraçado? — Jimin parecia ter ganhado na mega sena de tão feliz, o encarei com os olhos em chamas. — Tá, tá, depois eu que dou chilique... é só passar uma folha de camomila, corta o efeito do cansanção. Se eu achar uma, te aviso.

— Não vou confiar em você de jeito nenhum! — Cruzei os braços, ainda com um bico nos lábios e suor demais acumulado na testa. 

— Calem a matraca por um segundo! — Taehyung gritou no meio de nós dois. A voz grossa ecoou por toda a floresta, assustando um bocado de pássaros em cima dos galhos e o primeiro grupo também, mais a frente da trilha, que recuou alguns passos para entender o que acontecia. 

Um silêncio se seguiu com todo mundo estampando na cara um meme diferente, até ele falar de novo:

— Estão ouvindo isso? — sussurrou, os olhos semicerrados e os lábios crispados. 

Fiz a mesma expressão, pensando haver um sinal esquisito na floresta assustador o suficiente para tomarmos o caminho contrário e voltar ao hotel, alienígenas, seitas indígenas, um assassino em série ou a casa do Gusttavo Lima.

Mas apenas o som do facão de Jackson ecoou e Yoongi e os outros foram vistos por nós.

— É mosquito? — Jimin perguntou, dando passos receosos até se encolher atrás de mim.

— Não, mais alto... — Taehyung respondeu em um cochicho.

— Ah, mal aé, fui eu. — Yeri passou a mão na barriga. — Comi feijoada no hotel antes de vir...

— Não é isso! — Taehyung perdeu a paciência, passando por Hoseok como um foguete para dentro da mata. — É água! 

Nos entreolhamos por dois segundos, todos pensando se era mesmo seguro sair da trilha, já que a floresta parecia ser grande e aquele pequeno caminho sem mato era a única segurança que tínhamos. Mas Jackson foi o primeiro a dar de ombros, levando seu corpo malhado e o facão para o mesmo caminho que Taehyung seguiu.

E Taehyung encarnou a própria Dora Aventureira, só faltava um macaquinho sentado nos ombros. Se tornou experiente em seguir o barulho do riacho, o contrário do menino que passou a vida morando em um apartamento e há meia hora atrás havia descoberto que o leite de caixinha que tomava vinha das tetas de uma vaca.

Continuei com a cara de cocô mole por todo o caminho, sentindo a coceira na perna se intensificar e os mosquitos pairando sobre mim, até tropeçar ao sair da mata, estupefato com a vista. 

Jimin ainda me usava de escudo, encolhido atrás de mim como um bicho preguiça, e quando seu corpo tombou atrás do meu quase fez com que nós dois caíssemos na beira do riacho, que na verdade não era um riacho, era uma cachoeira. A cascata parecia um véu infinito, caindo entre as pedras que se espalhavam por todo o campo verde.

Todos resolveram em uma reunião muda entrar na água, ainda meio receosos, ainda meio que morrendo de calor.

E o lugar que antes era um marasmo silencioso e intocado virou em minutos um acampamento, barulhento e divertido. Um sorriso leve estampava meu rosto, pronto para me desculpar e admitir que a ideia do acampamento não havia sido tão ruim assim, vendo Jackson e os meninos prepararem as barracas ao redor da cachoeira, Lisa, Yeri e as meninas brincando no riacho cristalino. Era um milagre não termos acabado em um filme de terror de baixo orçamento.

Procurei Jimin com os olhos e ele se virou quando percebeu que eu o encarava fixamente, ainda meio receoso, veio a passadas lentas para o cantinho em que eu estava, perto das pedras e longe da cascata de água.

Seus cabelos estavam colados na testa, o azul em destaque graças a pele levemente bronzeada, e gotinhas de água ainda escorriam pelas bochechas que espremiam os olhos, formando dois risquinhos felizes. De repente, quando os lábios dele começaram a tremer, pensei em cortar a distância que nos separava e fazê-los parar com um beijo ou ser mais ousado e encostar meu nariz no dele, em um beijinho de esquimó vergonhoso. 

A única coisa que eu fiz foi:

— Você parece aquele franguinho da logomarca da Sadia.

— Você parece uma arara filhote e nem por isso eu tô falando! — Jimin me deu um tapa. — Arh, por que eu ainda me preocupo com você? Estava esse tempo todo tentando achar a maldita folha de camomila!

— Por que quer fazer chá uma hora dessas?... Não, não! Jimin, pera aí! — Peguei o braço dele antes que se virasse para ir embora, e não pude segurar o riso ao ver um biquinho indignado se protuberar. — Eu estava brincando, é que você é tão irritante, sabia? Com essa… prepotência toda e… conhecimentos medicinais…

Ele semicerrou os olhos, desconfiando, antes de falar:

— Eu também te acho irritante e.... bobo.

— Você pode fazer mais que isso, Jimin-ssi.

— Escroto — reformulou. — Escroto é um bom xingamento. Você é um escroto.

— Você é tão desprovido de inteligência!

— Ei! Essa fala é minha! — Ele riu, batendo no meu peito novamente, mas dessa vez, deixou a mão descansar sobre meus ombros. 

— Hm… você tem uma boquinha…

— Suja?

— Ia dizer outra coisa. — Sorri de lado. — Suja. É, pode ser suja.

Não percebi que continuava sorrindo, dessa vez sem malícia alguma, só observando um tanto quando consternado — e tentando manter a expressão de bandido — o sorriso que recebi de Jimin. Ele pareceu ter desistido de fingir e maneou a cabeça de uma lado para o outro como se dissesse “o pernalonga não tem jeito mesmo” antes de respirar fundo, pairando seus olhos fixos nos meus. 

Isso me trouxe coragem o suficiente para findar todo e qualquer espaço que nos distanciava. Mas já ouviram falar que alegria de pobre dura pouco?

— Eaê cambada! Vamos começar o amigo oculto! — A voz de Jisoo emergiu pelo lago.

Enfia o amigo oculto no…

Deixa pra lá.


 

 

 

 

O sol já estava baixo, o que fez a água começar a gelar. Os barulhos das cigarras e do vento fresco de fim de tarde começava se tornar mais alto enquanto saímos da cachoeira, ainda preguiçosos, como um bando de crianças que foram obrigadas a abandonar a piscina para almoçar.

Jimin se enrolou em uma toalha que Taehyung entregou e se encolheu atrás de mim, as mãozinhas enrugadas repousadas do meu ombro e o corpo frio hora ou outra encostando nas minhas costas. Tentei manter minha pose intacta, com os braços cruzados e a bermuda pingando água, até Lisa gritar como uma mãe consternada e me obrigar a entrar na barraca e trocar de roupa.

Passei ao lado dela o mais rápido possível a fim de um evitar um tapa e encontrei um matinho próximo, ainda ouvindo-a reclamar sobre os males do resfriado. O fogo foi aceso e a roda ao redor dele formada, Jimin se sentou ao lado de Eunwoo e Taehyung, mas um espaço entre ele e o Cha, me dizia que talvez, o pitoquinho estivesse esperando outro alguém.

Se antes eu estava irritado pelo passeio de índio, depois feliz pela cachoeira, agora eu era um poço de nervosismo encarando o embrulho do presente que peguei na bolsa, com as sobrancelhas juntas. Tentei me convencer que amigo oculto é só aquele jogo que gastamos mais do que recebemos. Uma caixa de chocolates a troco de uma bala macia meio comida, e vida que segue.

Mas o valor não foi estipulado, e para piorar não tinha a opção de não participar, o que elevou as coisas a um nível desesperador. Levei minhas pernas trêmulas e a lembrancinha para dentro da roda, deixando-a ao lado dos embrulhos bonitos e mais afortunados.

Jimin me soprou um beijinho de longe, com o único propósito de zoar quando me viu sentado tão distante. Acontece que eu era alérgico ao Eunwoo, e Enwoo e Jimin estavam sentados ao lado de Taehyung e Hoseok, e entre ficar perto do casal meloso gay e do casal meloso hetero, preferi a segunda opção já que Lalisa não parecia mais tão adepta a beijar Yoongi em público. Sorte a minha e azar o dele.

— Eu começo! — O boneco Ken sorriu, todo animado. Lisa me deu um marshmallow preso no graveto e me aproximei para colocá-lo no fogo, talvez minha expressão estivesse um pouco assustadora se Jimin me visse encará-lo entre as chamas. — Meu amigo oculto é um cara bastante animado, um tanto quanto… escandaloso e bonitão também.

Uma série de uivos se estendeu pelo grupo.

— Todos esses requisitos se encaixam em mim! — Jimin deu um beijinho no próprio ombro e eu sorri, sabendo que não era ele.

— Tá, vou dar mais dicas! — Eunwoo tentou apaziguar os ânimos. — Ele não é coreano.

— Pode ser a Lisa. — Taeyoung  apontou para minha amiga.

— É um homeeem! — Hoseok rolou os olhos. 

— Não tem como errar essa: meu amigo oculto conheceu a Anitta no carnaval deste ano! — Eunwoo respondeu.

— AMAS SOU EU! — Jackson se levantou como um touro. — Ela ainda me segue no Instagram! 

Eunwoo recebeu um abraço que o tirou do chão e entregou o presente. Todos nós nos inclinamos um pouquinho, curiosos.

Meu queixo caiu, não literalmente, mas bem que poderia. Semicerrei os olhos, pensando ver algo errado, cheirado alguma planta desconhecida durante a trilha, batido a cabeça na cachoeira, mas Jackson ainda balançava os três papeizinhos, todo risonho.

— Ingressos para os 3 dias do Coachella, com passagem paga! — ele se gabou.

— Quanto… quanto dá isso? — cutuquei Yeri, visto que Lisa também parecia chocada.

— Uns 16 mil, acho, foi o que eu gastei para ir ano passado — ela falou aquilo tão tranquilamente que maneei a cabeça, forçado a aceitar também.

Foi ali que eu descobri que eles levavam o amigo oculto muito a sério.





 

O presente mais barato que apareceu foi uma capinha de celular feita pelo próprio Romero Britto que Lisa deu a Yeri — um presente caro dado por Yoongi que minha amiga acabou não aceitando. A cada começo de “Meu amigo oculto” e a cada entrega de presente, um filete de suor descia pela minha testa.

Pensando melhor, eu poderia muito bem ter ficado em casa, desde o começo aquela viagem não havia sido feita para mim, mas a gota d’água foi Taehyung ter tirado Hoseok e ao abrir a pequena caixinha dada pelo namorado, meu brother tenha encontrado uma chave.

De um carro.

A única coisa que me impediu de cair para trás foi o braço de Yoongi nas minhas costas. Minha mente só dizia: “Sem condições, Jeongguk, o que ele vai pensar quando pegar o seu presente? O que os outros vão pensar? Fuja pras colinas! Se finja de doido.”

Era uma boa ideia.

Engoli em seco, suando frio e tentado a correr pela mata igual um desembestado, se continuasse a ser encarado com tanta expectativa por Jimin. Não precisávamos ser inteligentes para saber que éramos os escolhidos um do outro,  já que todos estavam com seus presentes em mãos.

— Bora, Jeongguk! — Yoongi perdeu a paciente, sua face branca parecendo fantasmagórica pela fogueira.

Pensei em mentir, fazer uma cena de novela, desmaiar e depois dizer que havia formiga no meu cu, como ninguém olharia para ter certeza era só gritar um “aí” toda vez que sentasse até a dor de mentirinha passar. Mas antes que eu tomasse fôlego para começar, Jimin se remexeu.

— Já que o palerma não quer começar, eu começo! — Ele jogou os cabelos úmidos para trás, agraciado com a salva de palmas. — Meu amigo oculto é o responsável pela crise de oxigênio no mundo, já que por ser alto e ter um narigão acaba roubando o ar puro de todos nós e nos deixando com dificuldades respiratórias aqui em baixo…

Uma crise de riso tomou conta da fogueira, eu ainda estava pensando em fingir desmaio.

— Ele tem dentinhos de coelho e pernas de pernalonga e…

— Ta, tá, Jeongguk pega seu presente! — Jackson colocou as mãos ao redor da boca, como um megafone improvisado, e Yoongi empurrou meus ombros tensos até o redor da fogueira.

Jimin me olhava com uma expectativa palpável e a constatação que eu era um péssimo inimigo ganhava forma a cada passo curto que dei a fim de pegar o presente. Eu deveria ter comprado algo melhor, sabendo que abriríamos os presentes juntos. Onde caralhos eu iria enfiar minha cabeça quando Jimin visse o que eu havia comprado?

Então, em um surto alá Bolsonaro culpando Leonardo diCaprio pelos incêndios na Amazônia, misturado ao nervosismo de qualquer final de BBB, eu agarrei meu presente. O suor descia pela testa, dedo no cu e gritaria, a vozinha da consciência que parecia muito com um áudio ruim de Whatsapp do Ronaldinho Gaúcho tentava me acalentar, repetindo que isso era o melhor a se fazer, e ainda com as mãos trêmulas, empurrei — lê-se joguei — o presente no fogo.

Um segundo de silêncio se estendeu até todos perceberem o que eu fiz.

Depois de virar o próprio Jogos Vorazes.


 

(...)



 

— O que você tinha na cabeça?

— O presente escorregou da minha mão! A culpa não foi minha que Eunwoo tentou pegar! Onde já se viu enfiar a mão no fogo?

— Onde já se viu você! Quer mesmo me fazer acreditar nisso? — Jimin apontou o dedinho contra o meu peito. A voz dele era um sussurro agudo nos meus ouvidos, ao passo que as cigarras e a cachoeira acabavam de fazer o resto.

A outra mão dele ainda agarrava meu braço, resquícios da cena anterior, com Jimin me arrastando para longe do acampamento com o olhar misturado a tudo que eu nunca o vi me encarar desde a época onde estávamos dispostos a jogar um ao outro na frente de um caminhão, reluziam pelo semblante raivoso.

Já o boneco Ken propenso a Katniss Everdeen estava sendo acudido pelos dois vestibulando e meio de medicina: Hoseok, Taeil e Yeri, me fazendo recorrer ao olhar de Jimin novamente, culpado demais pelo ocorrido.

Isso que dá fazer as coisas sem pensar duas vezes.

— Por que está tão nervosinho? Ao menos me lembro o que era.

— Você é inacreditável, sabia? — Jimin tinha os olhos nublados e seus passos encurtaram a nossa distância, a respiração baixinha batendo na minha.

Empurrei a mão dele que prendia meu braço, agarrando sua cintura e me inclinando o suficiente para beijá-lo, porque eu nunca fui bom em assumir meus erros, mas era bom em mostrar estar arrependido, o que de fato estava.

— Jeon Jeongguk, me solta, droga! — Ele me empurrou, espalmando meu peito uma, duas, três vezes até me fazer soltá-lo. A respiração de nós dois sobrepôs as cigarras e a cachoeira. — Não faz isso, não faz o que você sempre faz!

— O que eu faço? Jimin! É você que tá fazendo uma cena por um presente de merda. Eunwoo já está bem, não é como se ele fosse perder a porra da mão! Vamos voltar para o hotel, está feliz? Pare de render esse assunto! 

— Isso! Isso que está fazendo agora! Sendo um escroto completo!  Não era “um presente de merda” era o primeiro presente que você comprou para mim, o chamou de insignificante e ainda me diz que não se lembra o que era!? O jogou no fogo e ao menos consegue admitir isso… — Lágrimas ininterruptas desciam por suas bochechas, ele passou o dorso da mão para limpá-las, mas não foi o suficiente. — É um turrão orgulhoso que nunca assume quando está errado e ainda coloca toda a culpa em mim.

— Não acha que deveria lavar a boca antes de chamar alguém de orgulhoso?

— Pelo menos eu assumo meus erros e peço desculpas! Você não consegue! Quase perdeu sua melhor amiga e mesmo assim não admitiu que estava errado, como não admitiu até hoje que me fez chorar na loj- 

— Era um conjunto de pincéis!

— O quê...? — Jimin fungou, os olhos inquietos passeando por mim.

O esforço para não encarar Jimin era o mesmo que eu usava para não encarar a verdade, e doía.

— Era um conjunto de pincéis, o presente. Foi a primeira coisa que pensei quando tirei o papelzinho com o seu nome, você estava radiante por voltar a pintar, pensei que seria perfeito, mas… olha os presentes que eles deram, Hoseok ganhou um carro! Eu nunca teria como te dar algo assim.

— E quem disse que eu te pedi algo assim? Alguma vez eu já me importei com dinheiro?

— É fácil não se importar com dinheiro quando você tem dinheiro! — Tentei me aproximar novamente, mas ele recuou, o semblante prestes a se debulhar em lágrimas de novo.

— Jeongguk? — A voz de Lisa pairou sobre nós. 

Jimin me encarou por segundos, como se perguntasse se eu responderia, mas aquela era uma deixa que eu não poderia recusar. Lisa parou na metade do caminho, semicerrando os olhos ao perceber Jimin e eu na escuridão da mata.

O Park virou de costas, limpando as lágrimas na manga da blusa. Eu só cruzei os braços, envergonhado.

— Desculpa atrapalhar, vim avisar que não podemos ir embora.

— O quê? Por quê? — O rosto de Jimin mudou de chateado para preocupado.

Lisa continuava com os olhos em mim, sem responder a pergunta dele, e eu soube, pelo “help” que quase pulava das pupilas dela, que Lisa gostaria que eu desse a notícia a Jimin. No fim, apenas maneei a cabeça, não poderia ser o precursor de nenhuma briga, mais do que já fui segundos atrás.

— Pode dizer. — Dei de ombros.

— Hoseok voltou sozinho. Parece que Taehyung se perdeu na mata — ela finalmente falou, baixinho.






 



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