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História Disputa Acirrada - (IV) Mudanças de hábitos


Escrita por: BunnyTeaser

Notas do Autor


E aí? Como ces tão gurizada?
Chegamos com mais um capítulo maroto, espero que gostem e boa leituraa!

Capítulo 4 - (IV) Mudanças de hábitos


Fanfic / Fanfiction Disputa Acirrada - (IV) Mudanças de hábitos

    

“Mudanças de hábito”

(POV JEONGUUK)



 

    Eu tinha as mãos hesitantes, apesar que "hesitantes" era uma palavra bonitinha demais para dizer que eu estava tremendo para um grande caralho. Uma mistura de ansiedade com frio na barriga, olhos inquietos e uma vontade avassaladora de ir ao banheiro tomava conta de mim, — esse conjunto de sintomas eu nunca tinha experimentado dessa forma.    

    Me obriguei a parar de batucar o pé na cadeira, num ritmo constante que começava a tremelicar a mesa a minha frente, e fui com os olhos até o grande relógio no centro da sala de aula. Normalmente, eu conseguia controlar meus anseios em cima de algo que eu queria muito, mas era diferente ali porque o "algo" era Namjoon.    

    Consegui passar ontem, o dia todo, sem pensar muito no que eu ouvi com o Pimentinha na biblioteca. Tinha em mente que se tomasse uma atitude precipitada poderia botar as coisas a perder, e era exatamente o que o meu concorrente queria que eu fizesse. Porém, pensando melhor essa manhã, ainda mais vendo a cabeleira castanha do capitão a algumas mesas de mim, eu cheguei à conclusão que sim, valia muito a pena botar tudo a perder para conseguir uma casquinha dele.    

    Namjoon é o tipo de cara que não te chama atenção de primeira, o que pode soar contraditório, mas depois que te cativa é simplesmente impossível tirá-lo da cabeça. Tudo naquele corpinho foi feito de forma equilibrada; ele não era o arquétipo do capitão do time de futebol Hetero Padrão Topster Churrasco no Domingo Ouvindo Exaltasamba, bem longe disso. Namjoon gostava de MPB e rá, eu também, isso já é uma baita de uma coincidência de Afrodite nos juntando dentre todos daquela escola.  De brinde, ele não era só uma massa de músculos, tirava as melhores notas da turma depois de mim, óbvio, e do “Aquele que não podemos citar o nome”, e se quisesse poderia nos desbancar rapidinho. E também tinha a sexulidade muito bem resolvida, e nunca houve nenhum tipo de piadinha sobre isso, era quase um milagre se tratando do ensino médio, — que nada mais é que três anos humilhantes onde todos os seus defeitos são usados contra você.    

    Eu poderia ficar o dia todo falando sobre as qualidades do Kim Deus Grego Namjoon.    

    E é por entre essas e outras que eu iria jogar todos os meus preceitos de lado, me juntar à corte mimada e babaca da escola para ir à festa do Hoseok. Era uma chance que eu não poderia deixar passar.    

    O sinal do fim da aula soou pelo alarme dos corredores, levando uma manada de adolescentes para fora da sala sem ao menos esperar o professor se despedir, eu era vergonhosamente um deles. Era raridade os dias em que eu não conseguia prestar atenção nas aulas, o que era mais comum do que deveria nas aulas de ciências em que eu estava na mesma turma do capitão.    

    "Sexta, dia 12" a data que rondava a minha mente em um loop infinito, eu poderia parecer um maluco com o colete amarrado na cintura, segurando a mochila com as duas alças enquanto soletrava essa data baixinho como se pudesse esquecer. Nem se Lisa me desse um dos golpes de muay thai na cabeça eu esqueceria.    

    — Jeon Jeongguk! Até que enfim te encontramos! — A voz baixinha e trêmula da professora Go chegou aos meus ouvidos pelo corredor ainda cheio de alunos. Meus pés recuaram o tempo necessário para que duas hipóteses rondassem a minha mente: eu poderia continuar andando e fingir não ter ouvido nada mesmo que ela grite meu nome mais algumas vezes, ou me virar para responder, o que um bom estudante deveria fazer, diga-se de passagem.    

    E eu já tinha sido mal por toda a aula de ciências. Minha consciência pesou, e logo girei os calcanhares, respirando fundo ao encará-la.    

    — Olá, Senhorita Go. — fiz uma reverência como cumprimento enquanto ela chegava até mim lentamente, (lembra do que eu disse sobre idosos?), com nada mais nada menos que um “encosto” do lado.    

    Sorri ainda mais forçado quando vi Jimin. Inusitadamente ele estava no modo que eu chamo de "pré ataque de pelanca" quando ele quer surtar mas não pode, os olhos inquietos atrás dos óculos fundo de garrafa e as mãos sendo limpas na pancinha bem coberta pelo colete azul.    

    Se ela o deixou dessa forma eu estava feliz, e deixei transparecer isso no meu sorriso, agora sincero, à professora.    

    — Vejo que já agraciou o Park com a sua presença, professora.    

    Ela me retribuiu o sorriso, pobre senhora. Pelo canto de olho vi o Água de Salsicha soltar um barulho bem próximo de um rugido.    

    — Estávamos conversando um pouco antes das aulas terminarem, por ventura, Park Jimin estava na minha sala quando decidi a data das olimpíadas.    

    — Ah… que bom… acho. — Algo me dizia que, pela primeira vez eu não ficaria feliz por muito tempo vendo a desgraça dele. — E qual seria?    

    Ela me encarou por longos minutos. Não sei se havia esquecido ou se queria fazer trama, ela tem cara que ama uma novela mexicana.    

    — Sexta-feira! Dia 12!     

    Ô cacete.    

    Minha mente entrou em pânico por dois minutos até minha cara ficar igual ao do Park. O encarei, desnorteado, e nós conversamos por olhares tempo o suficiente para que eu entendesse que ele, mesmo na miséria como eu, não deixaria de fazer um comentário ácido em resposta.    

    — Vejo que a senhora Go te agraciou com essa maravilhosa notícia também, não é, Jeon? — A boca dele fez uma careta quando falou meu sobrenome, como doesse formar aquelas sílabas.    

    — Pois é, não é como se só eu estivesse animado pra sexta… — Nós tínhamos os mesmos planos, e me mantive pensado no que seria dessa festa com Park Jimin e eu por lá, tentando um pouco de atenção de Namjoon.    

    Ele riu, bufando.    

    — Convidaram animais pra festa também?    

    — Quer saber? Por que você não vai pra casa do…   

    — Crianças! — A senhora aumentou sua voz para se fazer presente no meio de nós dois, e eu inusitadamente tinha me esquecido dela ali, era quase um fenômeno da química, eu não conseguia prestar atenção em mais ninguém a não ser naquele bostinha. Tão odioso. — Sei que estão animados para trazer mais uma medalha para o colégio! E eu fico feliz por isso, então, estudem e vejo vocês na sexta! — Ela quase saltava, e se tivesse físico pra isso acho que faria, soltando alguns "Fighting!" como se isso fosse tirar a cara de desânimo dos nossos rostos.


     (...) 

 

    O fim de tarde era um borrão rosa e laranja no céu, que eu conseguia ver pelas portas de vidro da loja de conveniência. Eu gostava da mistura das cores e do tom de rosa que indicava uma coisa: meu expediente estava acabando.     

    A loja não tinha uma freguesia fiel. Como ficava na beira da estrada, recebia gente estranha o dia inteiro e mais ainda no meu expediente, dos mais inusitados possíveis, tipo, os caminhoneiros que achavam que ali era um motel e me ofereciam cinquenta wons para que eu não contasse ao meu chefe que eles fodiam gente no banheiro da área de serviço… não que eu aceitasse o dinheiro com frequência, a maioria fazia uma lambança no mictório de excreções que eu nem sabia que existiam (vai por mim, eu ainda tenho pesadelos com isso). E os mais insignificantes são os riquinhos da minha escola que hora ou outra dava as caras aqui e pasmem, achava que eu vendia algum tipo de droga.    

    Descansei a cabeça nas mãos, piscando lentamente na tentativa de dormir de dois em dois segundos num sono parcelado que eu estava devendo desde que eu nasci. Quando se é pobre e precisa trabalhar e estudar você aprende algumas técnicas evolutivas dignas de estudo, como dormir no ônibus e acordar exatamente no ponto que precisa descer e descansar metade do cérebro de cada vez, como os peixes. E eu estava um nível acima, estudando entre os intervalos de pouco movimento na loja, suportando o ar condicionado estragado que fazia um barulhão nos meus ouvidos e fazendo um esforço fora do comum para não pensar tanto no porrinha.    

    Não era fácil essa última aí não. Toda e qualquer coisa laranja me fazia crispar os olhos e me dar conta que era do mesmo tons dos cabelos dele. Tipo o céu, naquele rosa e laranja e… aarh pensei de novo caralho.   

    — Era só o que me faltava… — massageei as têmporas. — Não é como se ele fosse aparecer na minha frente… aquele imbecil arrogante.... —  Seria bom vê-lo novamente só para dar aquele soco que tanto queria na biblioteca ontem. Não que eu fosse dar mesmo um soco nele… acho, não chegou a tanto então eu não menti, mas a sensação foi próxima a isso, como se ele tivesse virado minha cabeça de ponta para baixo...    

    — Então... além de desprovido de inteligência você é maluco?     

    Me endireitei no balcão, meus olhos demorando a focar no Chuck, o Boneco Assassino, pelo tempo que passei apertando-os segundos antes. Eu poderia ter mesmo ficado maluco já que ali era o último lugar do mundo que imaginei ver Park Jimin, de nariz empinado e cheio de não-me-toques se sujeitando a entrar numa loja de conveniência.    

    Ele estava parado a poucos metros do caixa, vestido dos pés a cabeça com um moletom cinza da Nike e tênis de caminhada como se fosse se exercitar, porém a cesta pendurada nos seus braços lotada de chocolates me dizia o contrário. Ri em escárnio, me segurando para não perguntá-lo o que fazia no meu serviço, mas não era da minha conta, eu não dava uma foda para descobrir o motivo.    

    — O que você tá fazendo aqui? — Okay, eu menti.    

    — Que eu saiba não te devo explicações sobre nada...     

    — Eu trabalho aqui.    

    — Isso já é um problema seu. — Jimin sorriu, jogando a cesta cheia de chocolates em cima do meu balcão. Os olhos brilhavam para as barrinhas, e eu queria tanto que a câmera não estivesse funcionando para poder jogar todo aquele doce na cabeça dele sem ser demitido.   

    Peguei a primeira caixa de bis e passei no censor a contragosto, observando-o impassível, como se estivesse fazendo feira. Tê-lo ali tão quieto, calado e sem nenhum chilique aparente me deixou puto. Sabe quando você odeia tanto uma pessoa que até mesmo a respiração dela te incomoda? Era o exemplo mais claro de como o ruivinho me tirava do sério.    

    Passei a língua pelos lábios, odiando todo aquele silêncio, o ambiente preenchido só pela respiração idiota dele, o “bip” do censor de compras e a porra do ar condicionado que precisava de manutenção.   

    — Trouxe o seu Iphone, é? Sabia que eles amam roubar riquinhos por aqui…    

    — Esquece, você não vai me estressar hoje, pode até tentar… mas não vai conseguir.    

    Bati as palmas no balcão, irritadiço.    

    — Olha aqui… tem diversas lojas de conveniência em outros trocentos postos de gasolina. Por que veio no que eu trabalho?     

    — Taehyung disse que os doces são mais baratos. — ele deu de ombros. — E realmente são.    

    Eu não estava preparado para uma resposta coerente sem um pingo de ironia ou raiva vinda dele, até esperei alguns segundos, mas Jimin só… estava esperando eu fazer o meu trabalho, então dei de ombros também, mas não soou tão natural.    

    — Nas quartas tem promoção de Ferrero Rocher, não que eu queira você de novo aqui, pode mandar seu amigo comprar.    

    Jimin sorriu, tipo, sorriu mesmo, não sorrindo de mim mas sorrindo comigo. Vê se pode?    

    — Boa ideia, vou mandá-lo também no meu lugar pra festa do Namjoon, quem sabe você não faz o mesmo com a loirinha?   

    — Nã... Lisa é uma péssima melhor amiga, capaz de atrapalhar mais do que ajudar no lance do Namjoon.    

    Embalei o resto dos chocolates, apertando o botão de "total" no teclado do caixa. Jimin demorou alguns segundos embaraçosos para tirar o dinheiro da carteira, jogando-o perto de mim para não termos mais contato que o necessário. Aquele papo todo sem um pingo de provocação já tinha sido demais para nós dois, eu implorava mentalmente que ele começasse qualquer briga idiota possível.    

    — Senhora Go é um pé no saco… né…? — falei antes que pudesse controlar, e aquela tentativa de conversa amena pegou tanto eu como ele de surpresa, mas o merdinha só arqueou as sobrancelhas, concordando com um menear.    

    — Demais… e quanto as olimpíadas, se formos os primeiros nas duas rodadas até que dá pra chegar na festa a tempo…. não que eu queira que você vá.    

    — Definitivamente, eu vou fazer de tudo pra te atrasar.     

    — Digo o mesmo, brucutu.    

    — Falou, pitoquinho.    

    Ele puxou as sacolas do balcão enquanto a minha gargalhada preenchia todos os cantos da loja.    

    Park mimimi Jimin rumou para fora com os punhos cerrados, tão fulo que se conseguisse falar um palavrão teria soltando um bem ali na minha frente. Ao chegar na porta, pensei que fosse arrancar o sino da entrada pela brusquidão, mas o fracote só seguiu para a saída.    

    Eu ainda sorria largo. Tudo tinha voltado ao normal.



 



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