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História Disputa Acirrada - (VII) Dose Dupla


Escrita por: BunnyTeaser

Notas do Autor


Quase que eu não vinha, viu, tava no trabalho o tempo todo lembrando de D!A, aí quando chego em casa esqueço completamente kkk levei um choque aqui quando me dei conta.
But, whatever, antes tarde do que nunca, né?

Boa leitura

Capítulo 7 - (VII) Dose Dupla


Fanfic / Fanfiction Disputa Acirrada - (VII) Dose Dupla

 

“Dose dupla” 

(POV JIMIN) 


 

       — Grito, Taehyung, me dá um oscar, eu estou muito lindo! 

       Um surto de faniquito me escapou quando o meu reflexo deslumbrante se fez no espelho e eu pude ver que ninguém poderia me barrar em quesito beleza. Meu cérebro poderia ser de nerd, mas meu rostinho era digno de galã de novela. 

    Bom, foi minha mãe que me disse para ser assim. Amor próprio é tudo, né amigue? 

       — Coitado, isso é apenas uma ilusão de ótica…— Taehyung, que parecia limpar a bagunça que fizemos segundos atrás, deu de ombros, me fazendo girar nos calcanhares, incrédulo. — Está parecendo uma calopsita azul com esse cabelo. 

       Calopsita azul? 

       — Por um acaso você está com inveja, amigo??? — Me dispus a ser completamente debochado, e ele riu com os ombros balançando exageradamente, negando com a cabeça. 

       — Você é louco e tremendamente exagerado, apenas isso. 

       Exagerado? 

       Só poderia ser recalque porque a ideia de pintar o cabelo de azul foi a melhor que tive em anos. O pernalonga é desproporcional e não iria ser páreo para mim. Namjoon iria ter que me notar, não existe muitos caras de cabelo azul por aí… 

       Pausa dramática (Respira Park Lindo Jimin). 

       — Tae, me segura antes que eu caia! — Eu não estava acreditando naquilo que meus lindos olhos enxergavam despontando por entre a multidão de alunos no corredor. 

       Okay, poderia ser essa lente azul fajuta que Taehyung tinha me arrumado hoje pela manhã me afetando a visão, fazendo com que eu enxergasse coisas azuis em dose dupla, mas eu não queria acreditar no que eu estava vendo. Lá na frente se via uma cabeleira chamando mais atenção do que a Pabllo Vittar fazendo seus high notes e eu não poderia crer que aquele sorriso nojento e extremamente largo de tão egocêntrico pertencia ao chapa de roedor. 

       Por Deus, que merda era isso, universo?! Eu não vim ao mundo para ser tão injustiçado! 

       O pior era que, se antes toda a atenção dos colegiais e cochichos estavam direcionados a mim, agora era o merdinha lá que arrancava olhares e barulho ao redor. Estavam abrindo ala para ele, e eu só queria abrir um janela no meio da boca dele. 

     Eu estava completamente possesso. 

       Enquanto meus pés batucavam no assoalho, eu tremendamente a ponto de explodir pelo imitão querer me copiar em tudo, Taehyung ria ao meu lado como se aquela situação ridícula fosse a mais engraçada do mundo. 

         Realmente cômico, parça. 

       — É muito ódio ou muito amor para unir vocês dois assim, ein? Chega a ser engraçado esse caos. 

    — Cala a boca, desprovido de inteligência, não gaste os seus poucos neurônios pensando em besteiras — grunhi, mas a minha raiva pouco o intimidou. Quando vi “aquele que não devo citar o nome” se aproximar, a minha raiva mudou de foco novamente e eu não iria conseguir me segurar. — Ele vai se ver comigo, anota aí o que estou dizendo. 

       Minhas “carnes” estavam tremendo só de ódio. Estava quase dançando Twerk melhor do que a Beyoncé dentro daquela calça justa do meu uniforme, que eu resolvi apertar só para reforçar todos os meus atributos, esses que eu nem preciso dizer quais são. Se nunca reparou em nada ao me ver de costas, amigo, eu te aconselharia a fazer um exame ocular, porque sua visão não deve estar das melhores. 

       Assim como a cara do coelho mutante também não estará pois eu sabia que aquela briga de disputa estava comprada quando meus olhos se encontraram com os do dentuço e ele ficou sem reação, suas íris parecendo faíscarem de raiva. E não era só o cabelo que havia mudado, até mesmo com a cara pintada igual a um palhaço ele estava. Nem preciso falar do botão de sua calça que parecia prestes a voar na cara de alguém a qualquer momento de tão apertada que estava. G-dragon, aquele protótipo de coelho estava ridículo, ainda mais com as mangas do uniforme dobradas para cima na tentativa, (te digo que falha), de ressaltar os músculo inexistentes dele. 

    Coitado, amava pagar papel de biscoiteiro ridículo. 

       Então eu ri, cheio de sarcasmo e deboche porque hoje eu havia acordado no salto quinze, como Taehyung costumava dizer que se adequava ao meu nível extremo de narcisismo metido a Beyoncé. Quando o narigão parou à minha frente, eu não pude evitar em não torcer o nariz. Ele não cansava de me copiar e não estava passando de idêntico àqueles pirulitos de “cabeção azul” que mal cabe na boca. E ele tinha coragem, pois me olhava de cima a baixo com um fitar que eu sabia que me diminuía a pouca coisa. Naquele momento, eu tinha consciência de que ele me chamava de todas as palavras de baixo calão existentes no mundo, dignas da boca podre dele, e eu não poderia prometer que não fazia o mesmo com ele em pensamentos. 

       — Eu e você, no banheiro, agora! 

       Eu rumei com tanta determinação para o sanitário masculino que pouco liguei se Taehyung houvesse ficado para trás. Eu queria resolver as pendências necessárias com o “jabuticaba” de uma vez por todas e sabia que ele queria o mesmo quando o senti me seguir por entre o pessoal, que nos olhavam como se fossemos dois extraterrestres. 

    Aquela escola iria pegar fogo, e não iria ser apenas pela notícia que o destino da viagem dos formandos de 2020 seria a ilha de Jeju, não. 

       Quando as paredes de azulejos brancos nos isolaram do resto dos alunos lá fora, e eu tranquei a porta em um baque alto, sabia que naquele momento ninguém conseguiria evitar o assassinato que estava prestes a acontecer ali. Era capaz de sair fogo das minhas narinas de tão irado que eu estava. Porém, ele me olhava com a maior calma do mundo nas bolotas de jabuticabas estragadas dele, como se nada no mundo pudesse o afetar, nem mesmo eu. 

       — É sério, o que você está querendo, uh?! — Fui o primeiro a me pronunciar, minha voz ecoando com raiva por todo o espaço. — Eu não suporto mais essa sua fixação em disputar tudo comigo! 

       Mas o idiota nem reagia, ele trocou o peso de uma perna para outra com uma pose que afirmava que ele pouco ligava para os meus questionamentos. 

       — Isso é a vontade de ganhar a atenção do meu crush? Ou é apenas a diversão de me tirar do sério, seu cabeça de rolon?! — Ele continuava calado, e eu só queria que o outro reagisse para eu ter um motivo maior para o socar. 

       Só que ele riu, daquele jeito escroto e chato que doía em meus ouvidos, os dentes maior do que a boca saindo para fora sem que ele tivesse vergonha de mostrá-los. O dissimulado estava debochando de mim, e eu já o odiava demais para que ele continuasse a caçoar da minha cara dessa forma sem levar uns sopapos!

       — Você quer morrer, filhote de cruz credo???! — Em um ato rápido, eu tomei minha pose de luta, me aproximando perigosamente do alvo de toda a minha raiva. 

       Mas nada o intimidou. Eu continuava a estudar toda a sua cara com a ira inflamada no olhar, embora ele estivesse rindo tanto que até mesmo resquícios nojentos de saliva respingaram em meu rosto. 

       — Do que você está rindo, seu demente?! 

        — Você é uma piada. — Ele cuspiu, cessando o riso repentinamente. — Sério, quem iria me matar? Você? Pitoquinho, 'tu não é capaz de matar uma minhoca. 

       Aquela proximidade toda me deixava com muitas vontades, uma delas era a de quebrar os dentões dele todinho. 

       — Claro que não, as minhocas são necessárias ecologicamente. — Sorri falso. — Ao contrário de você, que é um inútil e rouba todo o oxigênio do mundo com esse narizão enorme. — O empurrei, dessa vez vendo-o grunhir ao passo que tombava para trás. 

       Contudo, ele não ficou longe por muito tempo. Quando eu pisquei, o Pinóquio estava em cima de mim, me empurrando contra uma cabine de uma hora para outra, como se fosse me matar e deixar meu corpo escondido ali. Nem nego que fiquei assustado por um momento, mas eu percebi que ele apenas me fez sentar no sanitário e agachou na minha frente, puxando todo o ar do espaço com um suspiro só.

       Cara, se ele não me matasse, eu iria morrer sufocado, eu juro. 

       — Sabe, você me irrita muito, eu juro que sim. — O brucutu balançou a cabeça, como se estivesse cansado, e eu franzi as sobrancelhas. O que deu nele? Cadê o “porrinha” e voz alterada com chuva de xingamentos? — Eu não suporto mais você se metendo no meu caminho, é sério, mister mimadinho... — Então, de repente, a sua mão estava no meu cabelo, num toque desajeitado que me deixou perplexo e arrepiado de tanta repulsa. — Dá pena o modo que você se esforça para se igualar a mim, mas não vai rolar. Ninguém suporta os seus surtos de faniquitos e complexo de frescurites, smurf. — Sua mão continuava em mim e, ainda que eu estivesse um tanto desnorteado por seu jeito incomum de agir, eu não me limitei em empurrar sua palma para longe do meu rosto. — Cuidado, assim você vai acabar morrendo sozinho. 

       Me pus de pé rapidamente, o avistando fazer o mesmo. Eu não iria abaixar a cabeça para as suas provocações. 

       — Ninguém além de você me suporta, não é? — rebati, o fazendo arquear as sobrancelhas. — É sério, você reclama tanto, mas tenho certeza que deve me amar, não me deixa em paz...

       — Já te disseram que você se acha demais, arroto de fanta? 

       — Você é bem arrogantezinho sabia, pernalonga? 

       Dane-se que os nossos narizes estivessem quase se encostando, eu só queria que ele admitisse que fazia tudo isso para me tirar do eixo. 

       — Igual a você, querido? Nunca. — Ele riu, mas o seu sorriso logo se fechou quando nossos narizes se tocaram e uma atmosfera pesada se fez no ar. Meus olhos estavam semicerrados, e seu rosto  impassível. 

       — Admite que você faz tudo isso porque ama a minha atenção! 

       Já era possível sentir os jatos de sua respiração contra o meu rosto, e eu estava a ponto de o dar a surra que há tanto tempo vinha prometendo assim que ele revirou os olhos. 

       — Por que você não admite primeiro, então?! 

      — Porque eu… 

       — É sério, se comam logo, ninguém aguenta mais. 

       A gente sobressaltou para longe um do outro de repente, e só ali que vim perceber que estava ofegante, assim como ele, por zero motivos. A porta da cabine continuava encostada e tampouco sabíamos de quem pertencia aquela fala descabida. 

       Imagina se eu iria perder meu cabaço com o pernalonga? Ele tem cara de pau pequeno. 

       No entanto, quando o narigudo abriu a porta, lá estava o tal Yoongi lavando a mão como se não tivesse acabado de falar merda. 

       — Ei, o que você está fazendo aí? 

       — Eu estava compondo de boa antes dos dois namoradinhos atrapalharem meu momento para discutirem a relação — ele respondeu Jeongguk com a maior calma do mundo, soltando um riso nasalmente quando viu minha feição raivosa através do espelho. 

       — Não fala baboseiras, mentinha, eu odeio esse daí. — Apontei com a cabeça para o mais alto, que fez careta para mim. 

       — Vocês se odeiam tanto que quase se beijam? Esse novo jeito de odiar parece interessante para mim. 

       — Você sofre de demência? Quem estava se beijando aqui? 

       — Você e o coelho aí se eu não tivesse atrapalhado. — Deu de ombros, se virando para a gente com a maior cara de tédio. — Tão casalzinho que combinam até a cor do cabelo. Nojinho. 

       — Coragem, porque noção você não tem para dizer tantas merdas desse jeito. — Jeongguk tomou a dianteira em colocar o branquelo no seu lugar. — O dia que eu colocar minha boca no bico de pinto desse daí, pode ter certeza que eu bati com a minha cabeça e fiquei louco. 

      Eu virei incrédulo em sua direção. 

       — Querido, eu nunca que deixaria você me beijar. Você é podre! 

       — Porrinha, você não… 

       — Todo esse amor encubado está me dando inspiração. Acho que vou escrever uma música...— E o metido a cantor voltou a provocar, rindo quando nos viramos em conjunto para ele. 

      — Fecha o bico, cara! — Nem vou dizer que o brucutu tomou até mesmo a minha fala. 

    Insuportável. Grr. 


 

    Meus braços estavam cruzados sobre o peito e eu continuaria assim, sem fazer absolutamente nada, porque o professor baixinho com cara de buldogue roncava alto enquanto tirava uma soneca na aula de artes, como era habitual. 

    Eu não gostava de estar ali diante todos aqueles quadros e tinta, me sentia sufocado, mas aquele tipo de aula era obrigatória e eu não poderia ir embora sem permissão pois a minha moral não me permitia. Por isso, se ninguém me atazanasse o juízo, eu suportaria. 

    — Ei, por que você sempre continua aí, parado e de braços cruzados em todas as aulas? — Claro que o Halls verde tinha que falar alguma coisa. Desde que a gente começou a ter o mesmo tempo de artes juntos,  o Min Yoongi sempre continuava me olhando com tédio nos mirantes. — Ninguém é tão ruim pintando que não consiga tentar. 

    Além de o ouvir falando asneiras hoje mais cedo no banheiro, eu ainda era azarado o bastante para ganhar replay? Qual é, meu ouvido não era pinico. 

    Eu resolvi o ignorar, vendo-o segundos depois virar novamente com o pincel em mãos continuando a fazer o seu trabalho, assim como todos os outros alunos. Percebi quando ele mordeu o lábio inferior à medida que seu rosto se fechava em uma carranca assim que tentou traçar um galho de uma árvore, mas o resultado não foi tão bom. 

    — Você é péssimo… — Quando fui me dar conta, já havia comentado, e ele se virou para me fuzilar com os olhos. 

    — Ah sério, vem e faz melhor, então. 

    Eu até poderia voltar a o ignorar, mas a minha alma competitiva não me deixaria continuar quieto. E, quando me dei conta, me vi fazendo aquilo que há alguns anos deixei de fazer. Minha mão era firme ao mesmo tempo que leve ao traçar de forma habilidosa a linha escura que representaria um tronco de uma árvore sobre o tom alaranjado do céu. 

    — Onde você aprendeu a pintar tão bem? — Pela primeira vez, ele expressou algo além do tédio; surpreso. — Deveria investir mais nesse talento, com certeza… 

    — Eu não gosto de pintar. — O interrompi, com brusquidão, então o garoto voltou a franzir o cenho. 

    Apenas soltei o pincel sobre a mesinha de apoio ao lado do quadro quando o sinal tocou, resolvendo por sair dali o mais rápido possível. 

           

(…)


 

       Eu estava super de boa naquela hora, juro. Um gatinho, que não era nem um pouco de se jogar fora, estava à minha frente todo sorridente depois que eu o concebi o meu número de telefone, mas um idiota acéfalo esbarrou no garoto e destruiu todo o clima. Eu nem preciso dizer o nome do responsável de tanta desgraça, preciso? Era só você saber que ele tinha um narigão, dentes de roedor e ignorância maior do que as pernas estupidamente longas dele.

       Era hora do intervalo. O refeitório estava mais movimentado do que hospital público, e eu estava curtindo a minha fama e os olhares que me eram direcionados desde que eu resolvi mudar drasticamente. Se antes eu era o nerdzinho falador que só servia para passar fila, hoje eu sou o gostosinho de quem todos querem uma casquinha. Em três dias eu recebi dez contatos novos no meu celular, o que era muito massageador para a minha autoestima, embora eu pouco esteja interessado nos meus admiradores. Na verdade, a pessoa quem eu esperava ao menos foi capaz de me perceber por entre a massa estudantil, ainda que eu fosse um dos únicos pontos azul na escola. 

       Não disseram que o Kim gostava de extravagância? Então, o que me falta, afinal? 

       Mas ainda existia o chapa de roedor na minha cola. O pernalonga era tão invejoso que agora tentava disputar quem tinha mais fãs, o que me dava ranço. E aquela nova provocação da parte do avatar se fazia concreta quando o meu novo contatinho, que eu acho que se chama Jeongin, estava todo molhado com suco de maracujá que Jeongguk derrubou no uniforme dele. 

       — Caí fora, leite ninho, esse daí se acha demais. Vai te dar um fora antes mesmo que você saia das fraldas. — Ele abanou as mãos, como se não tivesse acabado de estragar com a roupa do garoto com rostinho de nenê, e eu fiquei perplexo com a audácia alheia. 

       — Você é um... Grrr! 

O outro grunhiu raivoso, antes de sair a passadas duras e raivosas, desaparecendo por entre os outros estudantes. 

       Foi ali que eu virei incrédulo para o ridículo, que sorriu vitorioso. 

       — Seu… Estrume! — extravasei, o assustando com a vibração do meu tom de voz. — Para de me perseguir! Eu tenho uma reputação para zelar. 

       — Eu só estou tentando evitar de que as pessoas percam o tempo delas com o que não vale a pena, ué. 

    Tão odioso. 

       — Isso é inveja por que as pessoas curtiram mais o meu novo visual do que o seu? 

       — Se você não percebeu, nós estamos idênticos... — Ele revirou os olhos, como se aquilo fosse óbvio... E parando para reparar, ele não mentiu.

       Eu quase ri, quase, mesmo que seja insuportável dividir até mesmo a cor de cabelo com ele.

       — Se a gente queria chamar a atenção do Namjoon sendo únicos, o nosso plano foi para o brejo... — Foi difícil admitir aquilo, ainda mais para ele, o meu inimigo.

       — Infelizmente, vou ter que concordar com você — ele suspirou, como se carregasse um fardo pesado nas costas. — Mas também, hein, custava ser original e parar de roubar até a minha cor favorita?!

       E logo a discórdia estava de volta, mas eu mal pude o responder pois logo Taehyung brotou na minha frente acompanhado de Hoseok, o que não era incomum de acontecer. Aqueles dois estavam mais grudados do que cola velcro, não duvido nada que estão dando uns pegas às escondidas. O Kim é reservado e tímido demais até para me contar essas coisas.

       — Estava atrás de você, garoto, não apareceu na aula de inglês hoje. — Tae chegou com cara de poucos amigos, mas eu sabia que a raiva dele era porque eu não estava na aula para o dar as respostas das questões.

       — Desculpe, estava em um encontro no jardim com aquele carinha chinês do terceiro H, o tal de Jackson — respondi descontraído, olhando para as minhas unhas com despreocupação. — Pena que nem deu tempo de aproveitar tamanha gostosura, a monitora nos pegou. 

       — Ah pronto...

       — O que disse, pernalonga?

       — Eu não sei o que ele quis dizer, mas eu digo agora que o tempo do intervalo passa rápido demais para a gente gastar saliva falando do que não é importante — o jogador de basquete se pronunciou pela primeira vez, sorrindo grande. — Vamos comer logo, pessoal.

       E, bom, se o assunto era comer, ninguém se opôs, ainda que eu tivesse achado estranho quando Hoseok convidou Jeongguk para ficar com a gente no intervalo, o que significava dividir uma mesa com aquele ignorante. Bem, claro que eu não iria abandonar o barco, se ele iria ficar, teria que me engolir. Mas, o que foi difícil de engolir mesmo foi a saliva quando eu avistei Namjoon, sentado com o seu grupinho do time de futebol americano, acenar para o outro jogador ao lado de Taehyung, o convidando para comer junto a ele.

       Assim que eu me dei conta que, se eu estava com Hoseok, estaria com o meu crush supremo também, minhas pernas viraram gelatinas. A partir dali, o caminho até a mesa foi um borrão em minha memória. Sabe, quando se está em êxtase, parece que os momentos passam absurdamente rápidos e, quando eu percebi, eu já estava sentado à frente do meu mozão, sorrindo estupidamente grande como o coringa.

       Aquele episódio tinha tudo para dar certo. Finalmente eu me sentia apto a conquistar um lugarzinho ao lado do meu muso loiro, embora o outro não tivesse direcionado nem uma palavra a mim. Após alguns minutos, eu já me sentia enturmado, como se realmente fizesse parte dos populares. Tudo seria perfeito, se não houvesse um causador de desgraças ao meu lado.

    Tudo o que eu falava para tentar interagir com Namjoon, Jeongguk falava duas vezes mais. Ele não fechava a matraca, me deixando nervoso de ódio. Foi num piscar de olhos, quando ouvi o Kim mais velho elogiar os músculos aparentes nos braços do protótipo de coelho, que minha mão tomou vida própria e derrubou o suco da minha garrafinha em cima do colo dele, que sobressaltou de susto.

       Tinha certeza que minha falsa expressão de arrependimento foi icônica. Todos ao redor da longa mesa ficaram assustados assim que o Jeon se pôs de pé e o resto do líquido desceu por entre suas pernas. Eu quase gargalhei pela a bagunça que fiz, se ele não tivesse me fuzilado com o olhar.

       — Seu porrinha, você fez isso de propósito! — ele me acusou, todo nervosinho, e eu fui rápido em negar várias vezes com a cabeça, mantendo a minha encenação.

       Sabia que Taehyung me julgava com o olhar quando me fitou, mas eu não poderia ser menos cínico. Ele mereceu.

       — Não, foi sem querer, eu juro... — Juntei as mãos, me fingindo de pobre coitado na frente de Namjoon, vítima de uma acusação descabida.

       — O suco não iria cair em mim se você não tivesse o empurrado! — ele rebateu, chamando ainda mais atenção de todos ao redor, principalmente do pessoal fora do nosso grupinho.

       — Ei… Jeongguk, não é? — A minha cabeça e a do coelho se voltaram para Namjoon em tempo recorde, ele que sorriu amarelo com a atenção que recebeu. — Não se estresse tanto, o bonitinho aí não fez de propósito, eu tenho certeza. — O bonitinho seria eu? Acho que vou hiperventilar. — Se precisar de um outro uniforme, eu posso te arranjar um. Só não precisa de brigas, okay?

       Kim Namjoon era tão gentil, porém estava sendo com a pessoa errada. Eu molhei o pernalonga para o empurrar para fora da jogada, e não para ele ganhar a ajuda do meu crush, poxa!

       — Tenho certeza que ele não vai precisar, Namjoon, eu que causei isso e...

       — É claro que eu vou aceitar a sua ajuda, Namjoon — Jeongguk me interrompeu, sorrindo com todos os dentes para o outro, que o retribuiu, me fazendo bufar. — Você é muito gentil, obrigado.

       Desde quando aquele estrupício sabia falar palavras bonitas?! Era de me admirar o cinismo alheio. 

       — Sendo assim, eu fico feliz que tudo esteja resolvido. — O sorriso dele era tão lindo, pena que era direcionado ao avatar. 

    Por G-dragon, por que eu só me lasco?! 

       — Parando para reparar, vocês dois bem que poderiam serem cotados para o rei do baile junto ao Namjoon, não é? — Uma garota, que eu sabia fazer parte do grupo de animadoras de torcida, se pronunciou depois de alguns minutos, olhando ao redor como se esperasse que os seus colegas concordassem consigo, o que não demorou para acontecer, me fazendo quase engasgar com o sanduíche que eu mastigava com tédio. 

       — Como??? — Jeongguk também parecia incrédulo. — Está falando de nós dois? — Apontou para mim e para ele, alternadamente, recebendo o assentir da loira. 

       Eu franzi o cenho. 

       — De quem mais eu estaria falando? Vocês dois estão sendo mais falados do que o próprio capitão do time de futebol americano! Além de que ambos são lindos, isso é inegável. 

    Estranho… metade dessa escola costumava me nomear como totalmente fora do padrão. Hipocrisia que fala, né? 

       — Eu concordo. — Taeil, o pinguço da biblioteca, também entrou no meio. 

       — As inscrições abriram hoje, a Momo pode muito bem ficar a cargo disso. — Namjoon voltou a falar, todo sorridente. — Popularidade é o que não está faltando para vocês dois esses dias. Eu apoio totalmente. 

       Eu juro, eu estava em colapso. Nunca iria acreditar que um dia estaria sendo elogiado e incentivado para me inscrever a rei do baile pelos populares. Que universo distópico era esse? Está bem que o outro arara-azul também estava incluso nessa, mas eu não iria deixar essa oportunidade de lado por causa dele. 

       — Então eu aceito ser cotado para o rei do baile. — Fui rápido em me pronunciar, arrancando sorrisos e até mesmo aplausos, me deixando com o ego mais alto do que a minha gula. 

       — E você, Jeon, não está a fim? — Hoseok o questionou, e eu estava torcendo para que ele dissesse um não, mesmo que eu soubesse que nada vindo dele era para facilitar a minha vida.

       — Olha, sendo assim, eu estou dentro também. — Ele sorriu todo confiante para os outros, antes de me encarar com desdém no olhar. — Vai ser uma honra disputar isso com você, querido. 

 


Notas Finais


Nos deixem saber o que estão achando?

Até mais💛


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