1. Spirit Fanfics >
  2. DISTRICT: Revolution - Stray Kids >
  3. Capítulo 12: A Glitch

História DISTRICT: Revolution - Stray Kids - Capítulo 12: A Glitch


Escrita por: spearbfairy

Notas do Autor


Bom dia/tarde/noite/madrugada gente bonita!!
Primeiro eu queria dizer que esse é o penúltimo capítulo de District😭. Mas sem tristeza, como diria o Mestre Yoda (ou alguém muito sábio, tipo a Ana Vilela) não é sobre a chegada, é sobre a caminhada🤝🏻.
E em segundo lugar; eu, como staygene, tô me sentindo muito mimada. É Hyunjin no AOTM, é Sunghoon MC, é comeback, é isso, é aquilo. Ai, se um dia fui triste não me lembro.
Fora que a cada dia que passa eu fico mais chocada com a beleza da Wonyoung, meu deus que menina linda #WeStan.

Sim, mas voltando ao foco, um capítulo mais grandinho pra vocês pq vocês merecem🧡. Nos vemos nas notas finais!!

Capítulo 13 - Capítulo 12: A Glitch


[3 de Março de 2016]

Em algum lugar longe do Distrito.

– Você fez o que?

– Eu troquei o inibidor por um placebo, pra que os prisioneiros recuperassem os poderes. – Heeseung repetiu, lentamente e de maneira didática, enquanto Chan tinha os olhos arregalados grudados no ônibus que Jackie dirigia.

– Eu entendi essa parte, Heeseung. Eu sei interpretar uma frase simples. – Disse de forma ácida. Estava uma pilha. – Por que você só me contou isso agora?

– Por que eu sei o que você pensa sobre os prisioneiros lutando... – Heeseung olhou brevemente para Nina, que já tinha tido essa mesma conversa com o Bang. Ela levantou as sobrancelhas e olhou para o lado, preferindo não se envolver. – Mas eu andei por aqueles corredores como lobo em pele de cordeiro por tempo suficiente pra saber que todo mundo ali quer justiça, e é um direito deles.

– Tá, tá, agora não tem mais uso discutir. – Chan suspirou alto, se perguntando quando tinha perdido toda sua moral com aquelas crianças.

– Se te consola, eu fiz tudo em segredo. Eles não sabem que recuperaram os poderes.

– É, muito obrigado. Estou me sentindo muito melhor agora. – Ele disse de forma ainda mais ácida. Bang Chan era um amor, mas se você cruzar com ele estressado, fuja. – A Nina não te convenceu a fazer isso, né? Vocês dois são mais inseparáveis que a Eunjae e o Jeongin.

– Chan, assim você me ofende. – Nina rebateu, de forma sarcástica. Se Minho, Jiyeon ou Seungmin estivessem naquele ônibus, todo o sarcasmo e ironia do Distrito estaria reunido em um só lugar. – Eu não desobedeço ordens diretas do meu líder.

– Ahan, e aquela vez que você ficou até tarde treinando sozinha quando eu já tinha dito um milhão de vezes pra ir dormir foi um descuido, né?

– Ah, teve aquela vez também que ela—

– Tudo bem, okay, eu me rendo. – ela interrompeu a linha de raciocínio dos outros dois, vendo Heeseung sorrir brincalhão e Chan balançar a cabeça em negação. Ela também sorriu, mas durou pouco quando os três perceberam o ônibus dirigido por Jiyeon acelerar e ser encoberto por uma névoa azul escuro. – É o sinal?

Aquilo só podia significar uma coisa. – É sim... – Chan respondeu, pisando fundo no acelerador.

Estavam chegando.

[...]

– Jake, você viu o Heeseung hoje? – Sunghoon perguntou, um tom de voz preocupado.

Ao mesmo tempo que a presença de Heeseung e o que ele simbolizava trouxeram muita esperança à todos os prisioneiros do Instituto Kyn, também trouxe muita preocupação e estresse, principalmente para o trio da Ala 10.

Se Heeseung fosse pego, estavam todos condenados.

– Eu também tô ficando preocupado, nem sinal dele há quase três dias. – Jay endossou a preocupação de Sunghoon. Mas Jake não parecia preocupado.

– Gente, relaxem. Ele não disse que ia sumir algumas vezes pra conseguir coletar informação? Ele já fez isso antes...

E ele teria continuado pensando positivo, se não fosse por, com um segundo depois de ter terminado de falar, uma dúzia, não, duas dúzias de soldados armados até os dentes atravessando o corredor da Ala 10 como furacões.

– O que tá acontecendo? – O Shim não se permitiu continuar com o positivismo, a situação parecia bastante negativa. – Pra onde estão indo?

– Não deixem a gente aqui! – Sunghoon conseguiu ouvir uma criança de outra Ala implorando. Estavam com medo, com ainda mais medo do que sentiam durante as inúmeras seções de tortura.

Não queriam morrer sozinhos.

– O que tá acontecendo? – Jay perguntou mais para os seus amigos do que pra os soldados que não paravam de passar pelo corredor. Até que eles não passaram mais e ele pôde perguntar o que realmente queria: – Acham que pegaram ele?

– Não pode ser, ele não abaixa a guarda nunca.

– Então é alguma coisa pior, você viu as armas deles?

– Se a gente morrer—

– Calem a boca, vocês dois! – Sunghoon pediu, agonizando com tantos sons. Não só a conversa dos seus amigos estrangeiros, mas o som dos passos dos soldados de afastando, o choro das crianças aumentando e, lá no fundo, ele ouviu alguém dizer no rádio, em alto e bom som:

Atenção, todas as equipes de defesa se dirigir à entrada principal. Equipes secundárias, guardar as entradas laterais e dos fundos. Isso não é um treinamento.”

Ele quase se desesperou de novo, mas sorriu discretamente com as próximas frases que ouviu.

“Nós estamos sendo ataca— ah!”

E então, uma voz diferente foi ouvida, ainda pela transmissão de rádio. Não parecia direcionar sua fala ao transmissor, mas sua voz foi ouvida mesmo assim.

“Chan, consegui. Tô indo com o Heeseung pra Ala 34. Nos encontramos lá”.

Não tinha uma Ala 34.

Era um blefe.

– Por que você tá sorrindo, Sunghoon? O que tá acontecendo? – O Park mais novo só voltou a prestar atenção no que acontecia ao seu redor quando Jake se desesperou.

Jake desesperado é sinal de má sorte.

– Meus poderes voltaram... – Ele sorriu mais ainda encarando os dois melhores amigos. – E eles também.

[...]

– Jiyeon, consegue segurar eles aqui? – Chan perguntou com a voz alterada, tentando nas pressas entender como aquelas armas funcionavam. – Pelo que o Jeongin disse, eles vão começar a sair de todos os lados em pouco tempo.

Jiyeon deu uma olhada ao seu redor, onde tinham vários soldados inconsistentes espalhados pelo chão. Todos derrubados por ela e sua névoa azul. Ela não sabia o que era aquela nuvem de energia, mas sabia que era eficiente. – Eu dou conta.

– Ótimo. – Ele ouviu um click, o que lhe disse que a arma estava destravada. – Hyunjin e Nina vão pras alas ao norte. Jeongin e Heeseung foram até a sala de monitoramento. Changbin e eu vamos até o sul. O resto de vocês fica aqui e ajuda a Eunjae a organizar os prisioneiros nos ônibus como der.

– Tem certeza que dá conta? – Changbin segurou o pulso de Jiyeon, chamando a atenção da morena para si.

– O Minho pediu pra ficar de olho em mim, por acaso?

Changbin sorriu. – Seungmin pediu. Ele disse que tinha uma coisa pra te dizer quando voltasse.

Jiyeon sentiu as bochechas esquentarem, mas tentou não demonstrar. – Tanto faz, anda logo. Nós temos coisa mais importante pra lidar.

– Você vai me contar sobre o que foi essa conversa mais tarde!

[...]

– Nina, tem certeza que esse é o caminho certo? – Hyunjin perguntou com a voz baixa. Odiava aqueles corredores com todo seu ser, queria apagar qualquer memória sua de já ter andado por ali um dia.

A loira não respondeu, só abriu a porta da Ala 10 em um baque, com o coração na mão, ansiosa pra rever as pessoas que a ajudaram quando mais precisava. – Chegamos.

– Nina?

– O que tá fazendo aqui?

– O que pensam que eu tô fazendo? Salvando sua pele. – Ela brincou, não contendo um sorriso ao ver que eles não tinham esquecido dela. – Espera, não temos as chaves.

– Ah, eu tenho uma... Cubram os ouvidos e se afastem do vidro. – Sunghoon pediu, estirando as mãos abertas e se concentrando em emitir um ruído na exata frequência do vidro das celas. Ele era reforçado com algum material super resistente que, talvez, Chan conseguisse nomear e explicar melhor. Sunghoon não era bom em ciência.

Mas ele sabia fazer barulho.

O vidro de todas as celas naquela ala explodiu em vários pedacinhos. Jake e Jay usaram os colchonetes finos onde dormiam como proteção, enquanto Nina criou uma barreira de água para proteger a ela e Hyunjin.

– Beleza, isso com certeza chamou atenção de alguém. – Hyunjin tirou as mãos dos ouvidos, estalando os dedos pra checar se ainda estava bem da audição. – Vamos soltar os outros logo antes que alguém decida que nós somos mais importantes que a Fênix Índigo lá na frente.

– Fênix Índigo? – Jay perguntou, batendo as roupas pra tirar os resquícios de vidro que sobraram.

– É uma longa história... – Nina foi surpreendida por uma dose dupla de abraço. Com o dobro da saudade, e o dobro do carinho. Ela encarou Jay com um olhar surpreso, mas ao contrário do que ela imaginava, ele só sorriu e se juntou ao abraço. Dose tripla. – Beleza, gente. Eu também senti saudades. Até demais. Mas nós temos que ir.

– Certo. – Jake foi o primeiro a se afastar, engolindo um choro que ele nem sabia que estava prestes a sair. – Vambora. Precisam da gente.

Hyunjin revirou os olhos e foi na frente em direção à próxima ala ocupada. Os três meninos o seguindo, e Nina saindo por último, sorrindo como uma boba.

O toque ainda era gentil como ela lembrava.

[...]

– Hyunjin, Nina, o que estão fazendo aqui? Onde estão os prisioneiros? E por que só tem um deles com vocês? – Chan os bombardeou de perguntas, dando uma atenção especial à Jay, que não saiu do lado de Nina desde que se encontraram Ala 10.

Jackie estava do seu lado, Felix, Jeongin e Jisung um pouco mais longe, tentando impedir os soldados de entrar no prédio novamente. Do lado de fora, Heeseung, Changbin e Jiyeon imobilizavam, nocauteavam e faziam de tudo pra ninguém conseguir impedir os prisioneiros de fugir.

– Sunghoon e Jake estão levando todo mundo pros ônibus. Pode confiar neles. – Jay foi quem respondeu. Chan olhou para Hyunjin, procurando uma confirmação de que estava tudo bem.

– Um dos garotos consegue ajudar a Eunjae com os feridos e o outro foi responsável pela trombeta do apocalipse que vocês ouviram mais cedo. Eles dão conta.

– Tá, mas e ele? O que tá fazendo aqui? – Chan voltou a olhar para Jay, que cruzou os braços.

– Da pra parar de falar como se eu não estivesse bem do seu lado?

– Olha só, garoto. Isso daqui tá um caos. Tá cheio de gente aqui disposto a te matar de forma lenta e dolorosa. – Jackie se posicionou, sem encarar nenhum dos quatro, extremamente focada nas entradas laterais da sala onde estavam. Não podia deixar ninguém entrar. – Não podemos te proteger se ficar aqui fazendo birra.

– Eu não vou embora sem o Jungwon. – Jay ditou, olhando nos olhos da Lee, convicto do que dizia. – E não preciso da sua proteção.

Nina engoliu o seco, não tinham tempo pra isso. – Eu prometi ao Heeseung que o amigo dele ficaria bem. Eu vou atrás dele com o Jay e vocês ficam atentos a qualquer sinal do diretor Kyn.

Jackie desistiu de argumentar, mas Chan ainda parecia hesitante. – Tudo bem, mas Hyunjin vai com vocês.

Jay sorriu sem mostrar os dentes, agradecido pela confiança. Agarrou o pulso de Nina, esperou que Hyunjin os seguisse e adentrou o prédio novamente, parecendo saber exatamente onde procurar.

Ele não sabia.

Ainda no vestíbulo onde Chan, Jackie, Jisung, Felix e Jeongin lutavam pra não deixar ninguém entrar, o Han avistou de canto de olho, um vulto. Uma figura correndo de um corredor para o outro. Ele parou de lutar por um momento, observando com clareza o homem responsável por todo aquele inferno tentando fugir como o covarde que era.

Jisung não pensou duas vezes, ele abandonou seu posto na entrada lateral esquerda do prédio, e foi inconsistentemente atrás do diretor.

E ele nunca se perdoou por ter cometido esse erro.

– Jackie, cuidado! – Foi só o que ele ouviu antes de se virar novamente para seus amigos. Já estava quase na entrada do corredor onde tinha visto o diretor, mas voltou correndo ao se deparar com a cena. – JACKIE!

Jeongin foi o primeiro a alcançar a Lee mais velha, segurando-a pela cintura antes que seu corpo atingisse o chão. Jisung se aproximou logo em seguida, tomando o corpo, agora fraco, da mais velha em seus braços. Ela tinha sido atingida por uma arma que ele não conhecia, nunca tinha visto antes, mas tinha certeza que não era só uma arma comum.

– Jackie! Jackie, fica comigo, tá? Você vai ficar bem. – Jisung segurou seu rosto, enxugando as lágrimas que involuntariamente rolaram por seus olhos, ainda arregalados com o susto.

Ela não sentia dor, ainda nem tinha entendido o que aconteceu. – O que houve?

– Nada, não houve nada. Você tá bem. – Jeongin chorou, procurando por alguém disponível pra leva-la até Eunjae, pra que pudessem curá-la.

De longe, Jiyeon teve um vislumbre da cena que se passava do lado de dentro. Ela viu Jackie caída, Jisung aos prantos, Felix em choque, e seu corpo agiu por conta própria. Changbin notou a tempo, e se pôs na frente de Heeseung antes que o mais novo fosse atingido pela rajada de energia que disparou do corpo da Song, acompanhado de um grito de dor, como se ela também tivesse sido atingida. A rajada de energia derrubou todos os soldados num raio de 50 metros. Eram os últimos ali do lado de fora.

Tinham mexido com a família errada.

O soldado que atirou só se tocou do que estava acontecendo quando se viu no chão, com um Felix possesso de ódio em cima de si, distribuindo socos onde ele pudesse alcançar. O Lee mais novo puxou o soldado pelas roupas, jogou sua arma longe e o prensou contra a parede.

– Me mata, vai! Você não é tão poderoso? – Felix arregalou os olhos cheios de lágrimas com a audácia do soldado de provoca-lo naquela situação. – Ela foi bem fácil de matar...

– Seu desgraçado—

Ele ia continuar batendo no homem, até deus sabe quando, mas foi interrompido quando uma lança de cristal foi lançada na direção do soldado, empalando-o no abdômen, no mesmo lugar onde tinha acertado Jackie. Felix se virou e viu Jiyeon com o rosto molhado, mas sério, ajoelhada ao lado da Lee caída.

– Não vale o esforço. – Foi o que ela disse, sua feição séria vacilando quando tentou e tentou curar Jackie, mas não obteve resultado. – Não tá funcionando.

– Não desiste. Fica comigo, Jackie. – Jisung pediu, tentando não chorar mais do que já tinha chorado.

Foi então que Chan prestou atenção na arma do soldado. Nunca tinha visto nenhuma arma parecida. Logo a conta bateu, e ele entendeu porque Jiyeon não conseguia curá-la.

– A arma é aprimorada com o DNA mutante. – Ele disse, interrompendo o próprio choro. – Injetou alguma coisa no sangue dela que não te deixa usar seu poder pra curá-la.

– E o que a gente faz? – Jeongin perguntou, chorando como uma criança. Jackie era como sua irmã mais velha também, não ia suportar perdê-la, e não conseguia imaginar o que se passava na cabeça de Felix agora.

Jackie, fraca como estava, levou a mão direita até o lugar onde tinha sido atingida, e sorriu. – Gente, eu tô bem.

– Isso, mana, você tá bem. Você vai ficar bem, tá? – Felix se ajoelhou ao lado de Jisung, toda raiva que sentia se transformando em medo. Medo de estar certo sobre o que disse à Jackie dias antes.

Medo de não ter conseguido evitar perdê-la outra vez.

Jackie sorriu uma última vez para seu irmão antes de se voltar para Jisung. – Você fica feio quando chora.

Jisung riu sem humor. – Tá tudo bem, você gosta de mim feio mesmo... – Ele brincou de volta. Como podia se fazer de durona até num momento como esse? – Nós estamos juntos nessa, tá? Fica comigo, por favor.

A mão que segurava o ferimento caiu para o lado, e a última coisa que ele ouviu dela foi: – Dessa vez, vai ter que terminar sozinho.

– Jackie. Não, por favor! Jackie! – Felix chamou pela irmã desacordada.

– Chan! – Heeseung chamou, igualmente desesperado. – Diz o que a gente faz.

Chan respirou fundo, tinha que segurar a barra. Afinal, o líder ainda era ele. – Changbin, leva ela pro ônibus. Nós vamos salvar a sua irmã, Felix.

– Não podemos ir embora agora, o Hyunjin e a Nina ainda estão lá dentro. – Jiyeon chorou, perdendo totalmente a feição séria ao ver o corpo quase sem vida de sua melhor amiga nos braços de Changbin.

– Alguém fica aqui e espera por eles. Se não formos agora vai ser tarde demais.

Todos concordaram. Changbin se voluntariou para esperar os outros dois, e Jiyeon também preferiu ficar. Queria ter certeza que mais ninguém terminaria como a Jackie. O resto se dividiu entre os três ônibus cheios e voltaram às pressas ao Distrito.

– Você viu em qual ônibus o Jisung entrou? – Changbin perguntou à Jiyeon, enquanto a ajudava a recuperar a calma.

– Ele... – Ela fungou uma última vez, antes de parar de chorar de vez. – Ele entrou no prédio depois que você colocou a Jackie no ônibus.

Changbin a encarou confuso. – E pra onde ele foi?

[...]

Jisung abriu a porta da sala do diretor. Tinha o seguido até lá, não sabia se tinha uma saída secreta dentro da sala, mas ele não ligava. Perseguiria aquele homem até o inferno se precisasse.

Ele não precisou.

– Ah, você me achou... – O homem não o encarou. Olhava para a parede, onde tinham penduradas várias de suas conquistas. Ele sorria. – Sabe, eu tinha planos pra sua namoradinha, pra você e pra todos os seus amigos... Vocês dariam ótimos soldados algum dia.

– Nós éramos crianças... – O Han conseguiu dizer. Ele tremia de ódio, não sabia que conseguia sentir tanto desprezo por alguém.

– Eram números... – O diretor corrigiu, se virando de frente para sua mesa. Jisung cerrou os punhos. – Números nas minhas pesquisas. Mas eu sou grato a vocês, garoto. Graças à vocês, nós tivemos um grande avanço na ciência. Em pouquíssimo tempo.

– Você não fez nada pela ciência, você fez pelo dinheiro. – Jisung proferiu, se aproximando da mesa. Kyn riu. – Você é sujo. É doente. Fez experimentos no seu próprio sobrinho. E se a pessoa mais importante pra mim morrer por sua causa—

– Me mate. – O homem estendeu a mão, onde segurava um revólver, na direção do Han. Um sorriso presunçoso nos lábios. – Uma vida pela outra.

Jisung olhou para a arma. A oferta era tentadora. – Você não merece morrer.

– Então mereço viver? Que misericordioso. – Ele ia apontar a arma para a cabeça de Jisung, mas o Han previu seu movimento, e segurou em seu pulso antes. Em dois segundos, o diretor estava no chão, agonizando de dor. Dor que ele nunca tinha sentido na vida.

– Você merece sofrer.

Jisung segurou o diretor ali, se contorcendo e agonizando de dor pelo que pareceu pouco mais de um minuto. Normalmente, ele odiava que sentissem dor perto de si, pois sentia toda a dor da pessoa. Mas não dessa vez. Dessa vez ele se sentiu aliviado por estar sentindo alguma coisa, mesmo que fosse uma dor incomensurável.

– Você tirou tudo de mim. As merdas que você fez me fizeram conhecer essas pessoas, minha família... – Ele chorou. Não acreditava que estava matando alguém. E ele estava, conseguia sentir a vida se esvaindo do corpo do diretor aos poucos. Mas ele não conseguia parar. – Mas aí você me tirou tudo de novo. Tudo que eu tenho de bom, você faz questão de destruir.

Jisung pensava na dor que Jackie estava sentindo, se é que ela ainda sentia alguma coisa. Só a hipótese de que o seu primeiro e maior amor esteja morto agora o fazia sentir morto também.

– Eu só tô devolvendo o favor.

Ele deixou a sala com o diretor desmaiado, isso se já não estivesse morto. Ele não sabia, e também não ligava. Ele só ligava pra uma coisa, e tinham tirado isso dele, como tudo que ele já amou na vida.

Amor é um sentimento perigoso.

[...]

– Gente, talvez seja hora de vocês pensarem na hipótese—

– Não termine essa frase. – Nina interrompeu o Hwang, que mordeu o lábio apreensivo. Já estavam a tempo demais procurando por um garoto que sequer sabiam se estava vivo. – A gente vai achar ele.

Jay parou onde estava, fazendo os outros dois pararem também, quando ouviu um barulho vindo exatamente da sala ao lado. Um barulho de metal batendo no chão, e então alguma coisa carregando. Hyunjin arregalou os olhos, ele também ouviu o último barulho, e sabia o que viria a seguir.

Ele puxou os outros dois para a sala do lado oposto a tempo de ouvir uma explosão. Um raio de energia. Atravessou as duas paredes e por pouco não acertou os três. Nina os puxou pra se esconder atrás de uma mesa, mesmo que nesse caso não fosse muito eficiente. Ela só precisava pensar em um plano.

– O que foi isso? – Hyunjin perguntou, histérico, ofegante, com medo de morrer.

Jay brechou pelo canto da mesa, e quando a poeira baixou, ele arregalou os olhos. Não era possível...

– Jungwon?

– Esse é o seu amigo? – Nina bradou, lágrimas de estresse se acumulando em seus olhos.

– Por que ele quer matar a gente? – Dessa vez quem perguntou foi Hyunjin.

– Qual a mutação dele, afinal de contas? – A loira perguntou mais uma vez. Jay estava de olhos arregalados. Aquele não era o Jungwon que conhecia...

Jungwon era um menino bagunceiro, sempre que o viam tinha um arranhão no joelho ou um braço quebrado. Mas, um dia, os machucados pararam de aparecer, e os antigos não estavam mais lá. Jay dizia “sua sorte tá mudando", como se os machucados do pequeno Won fossem culpa de seu azar. Eles eram muito novos pra entender.

– Regeneração. – O Park finalmente respondeu a pergunta, encarando a parede enquanto pensava. – Aquele desgraçado...

Pouco antes de Jungwon descobrir que era mutante, seu tio —o diretor Kyn— já tinha planos para a fundação do Instituto. Jay nunca confiou no homem, mas se ele soubesse antes no que aquele monstro transformaria o pequeno Won...

–... O Kyn fez isso com ele? – Hyunjin supôs. Se pensasse como o Kyn, regeneração era uma mutação que viria a calhar para suas pesquisas. Mas ele não pensava que ele fosse ser cruel ao ponto de desfigurar alguém de sua própria família. – Ele é praticamente um cyborg agora.

– Nós estamos vendo, Hyunjin. – Nina olhou por cima da mesa por um milissegundo, só dando tempo de vislumbrar a silhueta do menino máquina. Ela voltou a se sentar. – Consegue atrasar ele?

– Eu não sei, ele é só metade máquina. – Hyunjin quase chorou. Jungwon era a personificação de seus piores pesadelos. Ele sonhou, por muitos anos desde que foi capturado pelo Instituto, que algo parecido aconteceria consigo.

Quando acertou aquela árvore no Distrito, ele sonhava que estava no lugar de Jungwon.

Mas, pensando que se fosse ele naquela situação, ele ia querer que fizessem o possível pra salvá-lo, ele completou: – Mas eu posso tentar.

Jay pensou muito, muito antes de se voltar para os outros dois, um olhar determinado em seu rosto. – Você atrasa a parte máquina, eu cuido da parte menino.

– O que você tá fazendo? – Nina perguntou, o medo quase exalando de seus poros, quando o Park se pôs de pé e encarou o cyborg. – Você quer se matar, por acaso?

Jay quase chorou quando viu por completo o que tinham feito com seu melhor amigo. Jungwon tinha metade do rosto coberta com placas de metal. Sua perna direita e braço esquerdo também eram robóticos. Ele usava as mesmas vestes dos outros prisioneiros, mas a sua blusa tinha uma coisa bordada na altura do peito, do lado direito.

“ARMA APRIMORADA: Y4ANG04"

– Tá segurando ele? – Nina se voltou para Hyunjin, visto que Jay não parecia lhe dar ouvidos.

– Tô, tô. Tá meio difícil mas eu tô. – Respondeu o Hwang, parecendo fazer bastante esforço pra atrasar o menino máquina.

– Jay, o que quer que faça, faça agora. – Nina pediu, vendo que Hyunjin não aguentaria por muito mais tempo.

Jay tinha uma ótima intuição, desde pequeno. Ele veio entender mais velho que o que ele chamava de “intuição” na verdade era parte de sua mutação. Ele, de alguma forma, conseguia ler muito bem as intenções das pessoas. E Jungwon não queria machucá-los.

– Jungwon. Sou eu, Jay hyung. Eu tô aqui. – Involuntariamente o Park se aproximou do cyborg. Nina quis impedi-lo, mas foi detida por Hyunjin. – Tá todo mundo aqui, cara. Heeseung, Sunghoon, todo mundo. A gente veio te salvar, tá? Eu prometo que você vai ficar bem.

– Jay, eu não sei mais quanto tempo eu vou aguentar segurar ele.

Jay olhou por cima dos ombros na direção da mesa, onde Hyunjin contorcia os músculos faciais por conta do esforço, e voltou a encarar os olhos vazios do que costumava ser seu amigo de infância. No desespero, ele colocou as mãos no rosto robótico de Jungwon, praticamente implorando.

– Por favor, eu sei que você tá aí em algum lugar. Eu sei que não quer machucar a gente. Foi horrível o que fizeram com você e eu sinto muito por ter deixado. Mas pra gente te ajudar você precisa lutar contra isso, Jungwon. Volta pra gente, cara.

Ele sentiu uma onda de energia percorrer todo o percurso do meio do seu peito até as pontas dos dedos, e ele ficou com medo de machucar o menino máquina sem querer, então se afastou num susto. Nina conseguiu se desvencilhar do toque de Hyunjin e correu na direção de Jay, se colocando ao seu lado e encarando o cyborg.

Hyunjin soltou um suspiro alto, quase não aguentando mais atrasar o garoto. Mas, quando os dois mais novos apareceram em seu campo de visão, ao contrário do que Hyunjin pensou, Jungwon parou de lutar.

O Hwang rapidamente se pôs de pé, também ficando ao lado de Jay. Jungwon piscou algumas vezes, antes de se voltar para o Park. – Jay hyung? O que tá fazendo aqui?

– Eu sabia... – Jay suspirou, e não hesitou em abraçar o garoto, que estava mais alto do que ele lembrava. – Eu sabia que ia dar certo. Graças a deus você voltou.

– Não, não. Não deviam estar aqui. – Jungwon não retribuiu o abraço. Ao invés disso, ele puxou os três e passou a empurra-los em direção à saída. – Vão embora, rápido. Antes que o tempo acabe. Vão!

– O que? Que tempo? – Nina perguntou, confusa e tentando digerir o que acabou de acontecer.

– Uma bomba. Em dois minutos, tudo do lado de dentro da barreira vai—

Hyunjin se virou na direção dos mais novos quando ouviu a voz do menino máquina falhar. Ele se virou a tempo de ver Jay segurando-o pelos ombros antes que ele caísse no chão. – O que aconteceu?

– Eu não sei. – Nina se ajoelhou ao lado de Jay, checando o pulso de Jungwon em seu braço de carne e osso. – Tá sem pulso.

Jay encarou a Kwon assustado. – Ele não pode morrer, eu acabei de encontrar ele.

– Se afasta. Se ele ainda tiver um coração humano, isso aqui vai funcionar. – Hyunjin pediu, também se ajoelhando e esfregando as mãos uma na outra, usando-as como um desfibrilador. – A gente não veio até aqui pra deixar alguém morrer.

A primeira tentativa não funcionou, na segunda Jay já estava se desesperando, mas na terceira; – O pulso dele voltou.

– Ele tá vivo. – Hyunjin exclamou, vendo Jay soltar um suspiro aliviado. Mas ainda não era hora de descansar.

Eles ainda tinham uma bomba pra lidar.

[...]

– Eles já foram? Como é que tá a Jackie? – Jisung apareceu repentinamente ao lado de Changbin, que batia o pé de forma ansiosa enquanto esperava na entrada principal do Instituto. O Seo deu um pulinho para o lado com o susto.

– Que susto, você sumiu do nada. – Ele repreendeu o Han. – Já foram há algum tempo, a Jackie vai ficar bem, tá? Relaxa.

– A gente só tá esperando—

– Corre! – Jiyeon foi interrompida por uma voz desconhecida por ela. Quando os três olharam para dentro, Hyunjin e Nina vinham correndo acompanhados de um dos prisioneiros, Jay, se não se enganam. – Rápido, pega uma das vãs!

Jiyeon estava confusa, mas não hesitou em obedecer o desconhecido, visto que Hyunjin e Nina estavam igualmente desesperados. Ela não deixou de notar o menino desmaiado que Hyunjin carregava nas costas, e seu braço robótico balançando à medida que Hyunjin acelerava a corrida.

– O que? Por que correr? – Changbin perguntou, já correndo para a vã que Jiyeon tentava ligar.

– Tem uma bomba no prédio. – Nina falou, ofegante. Ela tomou um susto quando sentiu algo passar de raspão por sua orelha. Ela olhou pra trás, um dos soldados estava consciente e armado. – Não amarraram eles?

– Desculpa, eu tava preocupada com a minha amiga quase morrendo e vocês três dando uma de Mestre dos Magos pra pensar no óbvio! – A Song gritou do banco do motorista. – Entrem, não da tempo de discutir.

Nina ajudou Jay a subir, e os dois ajudaram Hyunjin a colocar Jungwon deitado ao lado de Changbin, tudo isso desviando das balas. Isso até...

– Ah! – Hyunjin se curvou em dor, levando as mãos à parte de baixo das costas. Tinha sido atingido.

– Hyunjin!

– Dirige, Jiyeon! – Nina gritou quando a Song se deixou levar pela emoção ao ver mais alguém ser atingido. A mais velha se voltou para frente novamente, tentando segurar as lágrimas. Os dois mais novos ajudaram Hyunjin a subir, e Nina arregalou os olhos com o sangue. – Changbin, pega o volante. E corre. Corre muito.

Changbin fez como pedido. Jay em sua cabeça, fazia uma contagem regressiva. – Rápido. Faltam 10 segundos.

Jiyeon pulou para o banco de trás. Hyunjin tirou a própria camisa e entregou à Song para estancar o sangramento. – Não se preocupa, eu sou imortal.

– Cala a boca, Hyunjin. – Jiyeon quis rir da brincadeira do Hwang, mas estava preocupada demais pra isso.

– Estamos chegando na barreira, se segurem. – Changbin avisou.

– Cinco segundos. – Jay pulou para o banco do passageiro depois de ver que Jungwon estava em segurança. – Três.

– Vai doer. – Jiyeon avisou antes de usar o poder de Minho pra controlar a bala, tirando o objeto metálico do ferimento antes de curá-lo. Na mesma hora eles atravessaram a barreira, e foram longe o suficiente pra verem todo o lugar arder em chamas com a explosão. Não ouviram nenhum barulho, não sentiram nenhum tremor, só uma onda de calor e a visão do fogo consumindo tudo que restou do lado de dentro da barreira.

– Eu queria dizer que me sinto mal... – Nina começou, com uma feição séria, encarando as chamas pelo buraco feito na barreira. – Mas não sinto.

– Eu tô me sentindo bem mal. – Hyunjin aproveitou a porta que esqueceram aberta com a correria e vomitou pro lado de fora da vã.

Jiyeon correu pra deitar o Hwang de maneira confortável. – Imobiliza a coluna dele. Hyunjin, fica acordado, tá?

– Tô acordado, tô super acordado. – Ele respondeu, já soando meio grogue. Ele ia apagar.

– Relaxa, Ji. Vai ficar tudo bem. – Changbin pisou o pé na tábua, cortando caminho pela floresta. – Estamos indo pra casa.








Notas Finais


Ai gente, nem eu tenho psicológico pra isso mais😔✋🏻.

Vamos às observações:
• O Hyunjin chama a Jiyeon de Fênix Índigo fazendo referência ao personagem dos quadrinhos da Marvel Jean Grey, ou Fênix Negra.
• Entretanto, enquanto escrevia, eu visualizei esse poder específico da Jiyeon mais como os da Wanda Maximoff, ou Feiticeira Escarlate, do que os da Fênix.
• Já o Jungwon, é mais fácil imagina-lo como o Cyborg dos Jovens Titãs, da DC Comics, mas eu imagino ele um pouco mais menino do que o Victor Stone. O Victor tem só parte do rosto que remete à sua aparência humana.
• Quando imaginando o Jungwon, pensem no Bucky Barnes, ou Soldado Invernal, mas pensem num braço que atira lasers e uma perna robótica também.🙃

É isso, eu acho. Toda vez eu penso que esqueci alguma coisa então, como sempre, sintam-se livres pra perguntar! Eu prometo que não vou demorar muito pra postar o último capítulo, então não desistam de mim🙏🏻🧎‍♀️

Cheirinho na bila do olho esquerdo, vejo vocês no próximo capítulo🧡💋.

Stream Tamed-Dashed, views no AOTM do Hyunjin!!!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...