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História Diz-me Quem Sou... - Perdi as chaves!


Escrita por: Lucy_Scarlet_

Notas do Autor


Olá meus caros leitores!
Tal como expliquei no aviso anterior (quem não viu, recue um capítulo pfvr! É importante o que ficou escrito lá!) irei postar todos os domingos e quartas às 17h. Se ocorrer algum atraso ou impossibilidade irei avisar e compensar obviamente. Nesta quarta feira sairá um novo capítulo, porém, no próximo domingo não poderei postar, pois não estarei disponível, pelo que postarei o capítulo correspondente a esse dia, dois dias antes, ou seja, na sexta feira.

Espero que gostem deste capítulo, é grandinho ahah Comentem qualquer coisa, deem favorito, é mesmo muito importante para mim. E quero agradecer quem NUNCA deixou de ter esperança e me acompanhou neste tempo todo mesmo eu não estando a postar nada. A sério, fico mesmo muito MUITO agradecida.

Well, não me vou delongar mais, espero que gostem!

Capítulo 19 - Perdi as chaves!


Fanfic / Fanfiction Diz-me Quem Sou... - Perdi as chaves!

O sinal tocou fortemente, fazendo ribombar aquele ruído estridente dentro da minha cabeça. A dor que sentia começara a amenizar assim que Erza me dera o analgésico quando chegou à sala. Eu tentara pedir-lhe dois comprimidos no mínimo, porém ela negou relutante e somente me entregou um, afirmando ser um analgésico forte. Assim que ela me mostrou a embalagem branca com inúmeros comprimidos dentro, uma vontade acresceu dentro de mim de a agarrar e engoli tudo o que continha, esperando, depois, pela chegada da morte. Tive de conter o desejo suicida, fechando os olhos com força e apenas estendendo a mão. Acabei por tomar somente um, o que foi suficiente para que a dor de cabeça amenizasse rapidamente. Senti o estômago corroer-se a si próprio, como que procurando por comida, no entanto, eu não detinha fome e mesmo se a sentisse não procuraria por comer algo. Aquela dor de cabeça não era comum, pois era provocada por certos baques fortes e repentinos na parte de trás, perto da nuca. Contudo, não me importei com o facto de ser estranho, pois não detinha tempo nem paciência para me preocupar comigo.

                Eram horas de almoço, meio-dia para ser mais exata. Rapidamente a ruiva e a azulada se apressaram em se manterem perto de mim, pois verificaram que eu não encontrava no meu melhor estado físico. Erza encontrava-se, por detrás daquela sua feição fria e severa, bastante preocupada comigo, oferecendo-se para ir comigo à enfermaria, ao que eu rapidamente recusei, pois não seria necessário. Levy apenas observava com os olhos arregalados, não detendo coragem para articular qualquer palavra, embora estivesse igualmente preocupada. Tentei amenizar a situação, assegurando-lhes de que se encontrava tudo bem, porém, percebi que a ruiva não ficara convicta do que eu afirmara num tom sério. Infelizmente, ela conhecia-me demasiadamente bem para acreditar num simples “Está tudo bem.”, o que me fez blasfemar contra mim mesma por ela deter algum conhecimento sobre mim. Tentei formular o meu melhor sorriso, mesmo forçando os meus lábios a fazerem algo que não queriam.

                O meu estômago roncava por vezes, provocando um ruído surdo e rouco, que se escutava um tanto. Erza olhava para mim com uma feição de espanto e confusão, ao que eu somente encolhi os ombros e me recusei em direcionar os meus orbes achocolatados para ela. Cravei as unhas na parte final de cada manga do uniforme branco, puxando-as para baixo, de modo a que me cobrisse parte dos meus dedos ágeis e compridos. Baixei um pouco a cabeça diante ambas as raparigas, mordendo o lábio inferior e engolindo o choro que, num ápice, me sufocara como uma corda. Deixei que alguns cabelos loiros descaíssem sobre o meu rosto, cobrindo-o como as folhas no outono. Inalei uma grande quantidade ar e retive um pouco a respiração, ocorrendo os pensamentos de uma noite mal dormida e repleta de agonia. Expirei silenciosamente, erguendo novamente a cabeça e afirmando para comigo de que teria de aguentar mais um dia bastante comprido. Não me encontrava preparada, porém, nunca estive e tive de aprender a estar. Nada mais do que mais um dia cheio de complicações, brigas, provocações, lágrimas e disputas. Nada mais do que mais um dia em que o suicídio seria a melhor solução. Mais um dia em que a lâmina gritava para que fosse utilizada. Mais um dia em que a sensibilidade teve de ser colocada de parte e toda a fragilidade ignorada, oferecendo lugar à coragem e à frieza.

                Arrumei todos os meus pertences dentro da minha mochila, juntando todos os livros e colocando-os na mala. Agarrei no fecho de metal e circundei-a, fechando-a por completo. Arrastei a cadeira para o seu devido lugar, fazendo ecoar um barulho estridente provocado pelo arrastamento. Agarrei numa das alças da mochila e elevei-a brutalmente, colocando-a nas minhas costas e dando um pequeno salto para ajeitá-la mais confortavelmente. Respirei pesarosamente, percebendo que só me encontravam eu, a Erza e a Levy na sala de aula.

                Sentia ainda uma leve dor de cabeça, pelo que rapidamente pediria outro analgésico a Erza. Possivelmente ela me entregaria, pois já haviam passado quase quatro horas desde que eu tomara o primeiro. Subitamente, vários pensamentos percorreram a minha mente como o vento.  Respirei fundo, tentei acalmar-me durante minutos suspensos. Estendi o punho na minha direção, elevando-o à medida que abria os olhos novamente. O relógio marcava as catorze da tarde, ou, para ser mais exata, a última aula havia passado a correr. Normalmente, eu seguiria o meu percurso até casa, chegaria cansada e devastada e, provavelmente, sofreria violência doméstica novamente. Recordei aquela sua voz grossa e áspera quando gritava comigo, esculpia em mim culpas de que não era responsável e aperfeiçoava-me com o cinto, chicoteando as minhas costas vezes, vezes e vezes sem conta, até se sentir cansado. Engoli em seco. Não. Não seria daquele jeito nesse dia. Porém, mais umas duas horas de explicação para Natsu Dragneel me aguardavam com um sorriso amarelo. Duas horas…

                - Erza, Levy… - Pronunciei com firmeza, enquanto as observava caminharem na minha direção. – Eu irei dar explicações ao Dragneel e, mais tarde, irei para sua casa.

                - Tu vais para a casa dele?! – A azulada respingou com razão, enquanto os seus olhos se estreitavam.

                - Faz parte de uma proposta. – Passei a explicar, não ignorando o olhar que a ruiva me lançava em desaprovação.

                - Continuo a achar que não é seguro – A ruiva caminhou solenemente, passando por mim sem sequer me dirigir o olhar.

                A azulada rapidamente seguiu Erza, mantendo a cabeça baixa e cobrindo o rosto com os seus pequenos e leves cabelos azulados. Permaneci impávida e serena, admirando-me da sua saída. Senti uma certa pontada no peito, como se o meu coração se tivesse quebrado. Rangi os dentes com força e baixei um pouco a cabeça, sentindo os meus olhos arderem em lágrimas. Levei uma das minhas mãos à boca, cobrindo-a, enquanto me deixava descair pela parede, observando o teto da sala. Comecei a chora compulsivamente, sentido o choro sufocar-me como uma corda. Não conseguia pensar corretamente, sentia-me abandonada naquele momento, consumida pelo próprio ódio. Só pretendia sair daquele local, inundada em lágrimas e abraçada por uma crise de ansiedade. Porquê? Eu só queria aquele maldito recipiente de comprimidos; desaparecer de vez!

                Escutei uns passos na minha direção. Arregalei os olhos brandamente, apressando-me a limpar as lágrimas. Esfregavam as mangas do uniforme contra o meu rosto, à medida que escutava os passos aproximarem-se. Soltei um suspiro breve, fechei os olhos por momentos. Os passos cessaram. Sem dar por isso, o meu rosto rodou abruptamente para cima, observando a figura que se apoiava na ombreira da porta, com as mãos nos bolsos e aquele sorriso bobo no rosto.

                - Olá, olá, loirinha – Saudou-me com aqueles lábios feridos.

- Deixa-me em paz, Dragneel… - Desviei o olhar dele, bufando de nojo, enquanto revirava os olhos. – Vai dar uma volta…!

- Agarra – O rosado estendeu-me a mão, dirigindo o olhar para outro local, corando levemente.

- Eu conheço as tuas manhas… - Abracei os joelhos, solene e cuidadosamente, olhando para as janelas da sala.

- Quais manhas, nerd? – Rosnou bravamente, arqueando uma das sobrancelhas.

- Se eu agarrar a tua mão, tu irás largá-la. – Expliquei brusca e friamente, mantendo-me na mesma posição.

- Por favor, Lucy… - Esboçou um sorriso matreiro. – Agarra antes que eu mude de ideias.

Soltei um suspiro pesado e apoiei as mãos no chão gélido. Coloquei um joelho no chão e ergui-me rapidamente, abanando e sacudindo as minhas roupas para afastar o pó aglomerado. Puxei as mangas para baixo e cravei as unhas nelas. Por momentos fiquei acorrentada àqueles orbes esverdeados, como se me hipnotizassem. Porém caí em mim e sacudi a cabeça, tentando afastá-lo da minha mente. Rosnei num tom de voz baixo, olhando para baixo.

- Não necessito da tua ajuda, idiota. – Respinguei passando por ele e retirando o braço dele diante de mim, bruscamente.

Natsu ergueu os braços lado a lado, em sinal de rendição. O seu semblante pintou-se de malícia e crueldade, enquanto me seguia atá às mesas onde íamos estudar, dando a entender, claramente, de que o seu propósito não se resumia somente ao estudo. A sua face revelava o desejo de luta, diversão, maldade, Confesso, que estudar também não era algo que desejava naquele momento, muito menos o Dragneel.

Ocupei rapidamente uma mesa. Ele fez o mesmo. Retirámos os nossos pertences e organizámos o local, antes que desse o toque das catorze e vinte. Abri a bolsa rapidamente, o que resultou na queda de alguns materiais. A lâmina descaiu diante dele, levando os seus olhos esverdeados e arregalarem-se com admiração. A sua boca entreabriu-se ao reparar que o material ainda estava ensanguentado.

Porra!” – pensei para mim própria, cerrando os punhos e rangi os dentes.

Num ato rápido, lancei a minha mão direita na direção da lâmina e coloquei-a de volta na bolsa, Ele engoliu em seco e eu estava certa de que seria gozada por aquilo que ocorrera. Apertei a minha cana do nariz e suspirei profundamente. Puxei a cadeira para trás, sentando-me com cuidado. Peguei no livro de História e abri-o. Reparei que o olhar do rosado se centrava no meu pulso, embora estivesse coberto por roupa e ligaduras. Tentei ignorar o seu olhar, contudo, por vezes olhava para ele. Pude notar que o seu rosto baixou, deixando uma leve sombra colorir-lhe os olhos. A sua boca pareceu, por um mísero instante, pronunciar a palavra “Desculpa”, e pensei, naquele exato momento, que aquele não era o Dragneel que eu conhecia. As lágrimas começaram a descair sem permissão e mancharam o meu livro. Rapidamente lancei os punhos na direção do meu rosto, limpando o meu rosto molhado. Engoli o choro com esforço e respirei pesarosamente.

- Vamos começar – Quebrei o silêncio com a frieza, traindo a atenção do rosado.

- Vê se explicas como deve ser desta vez, nerd – Cruzou os braços e resmungou severamente.

- Eu explico bem, tu é que és burro e não entendes. – Respondi.

- Eu posso até ser burro, mas sem mim não irás consegui usar magia. – Sorriu vitorioso, aproximando-se de mim repentinamente.

- E sem mim não entras no Torneio da Grande Magia. – Indaguei no mesmo tom de voz, sorrindo de canto.

- Tsc… - Resmungou o rosado, descaindo na cadeira e colocando parte da boca do cachecol. – És sempre a mesma coisa, loira.

Começamos a estudar. À medida que o tempo passava, eu ia tentando explicar-lhe a matéria o melhor que podia. Por vezes, entendia, acertava as perguntas. No entanto, era capaz de errar algo que eu dissera há dez segundos atrás. A dor de cabeça havia regressado e eu senti tonturas, perdendo a noção do tempo e do espaço, e até mesmo do que estava a falar. Franzi a testa e pisquei os olhos várias vezes, contudo, as letras e as imagens do livro duplicavam e eu senti uma certa dormência no corpo. Escutava o rosado abanar-me e chamar-me bruscamente. Tentei focar o seu rosto, mas perdi as forças e só me lembro da dor aguda que senti nas costas e na cabeça, pois caí da cadeira. A minha audição parecia estar mergulhada em água, pois ouvia as chapadas surdas que o Dragneel distribuía em mim para me acordar. O meu nome ecoava inúmeras vezes dos seus lábios, e foi somente aí que apaguei.

-x-

                Abri os olhos vagarosamente devido à luz que emanava do local aonde me encontrava.

                - Como foste capaz de trazer uma rapariga para tua casa, Natsu! – Escutei uma voz super fina e aguda, um pouco irritante.

                - Ela é minha explicadora, Happy. Desmaiou na escola – Pude reconhecer a voz do rosado, um pouco perto de mim.

                - Deixava-la no chão. – O ser respondeu num grito mimado, revirando a cabeça.

                - E faria isso… - Redarguiu prontamente, colocando as mãos na cabeça. – Mas, devido a uma proposta, a loira iria treinar aqui hoje. – Argumentou com voz grossa e olhar penetrante.

                - Hmmm… - Gemi de dor, enquanto me tentava virar no que parecia ser uma cama. Ainda me doía a cabeça, no entanto já não me encontrava tonta. Tentei abrir os olhos, mas tive de esperar que a íris dos meus olhos se habituasse à luz.

                - Shiu, shiu! – O rosado barafustou para o amigo. – Ela acordou!

                - Aye, sir! – A voz estridente fez-se escutar novamente.

                Escutei passos vindos na minha direção. Rodei o rosto e, com esforço, abri os olhos. Foi aí que entendi que me encontrava na casa dele. Ele posicionava-se sentando na cama ao lado da minha, e um ser azulado pairava no ar, bem do seu lado. O rosado olhava para mim com uma expressão um pouco diferente do costume. A criatura azul do seu lado era um gato! Um pequeno gato azul, com olhos enormes, uma expressão deveras carinhosa, com uma pequena mochila verde às costas. Destas brotavam umas enormes asas brancas angelicais, que me fascinaram pela sua beleza surreal.

                De repente, os meus olhos prenderam-se às ligaduras ensanguentadas que estavam em cima da mesinha de cabeceira – também conhecida como criado-mudo -. Arregalei os olhos e num impulso retirei as cobertas que estavam sobre mim. Não consegui olhar para o rosado e tentei correr para fora daquele quarto, agarrando o meu braço esquerdo enquanto as lágrimas deslizavam pelo meu rosto.

                - Hey! – O rosado exclamou, agarrando com força o meu ombro esquerdo, pelo que me gemi de dor, pois fora atacada por Jude no ombro na noite anterior.

                Não pude olhar para ele, apenas sacudi o ombro para que ele me largasse.

                - Deixa-me em paz… - Rangi os dentes, cerrando os punhos. – O que é que tu foste fazer, Natsu?! – Virei-me repentinamente, lançando-lhe o meu punho direito e desferindo-lhe um soco pesado no rosto.

                Natsu caiu no chão, perdendo o equilíbrio. Um pequeno fio de sangue deslizou pelos seus pontos que detinha nos lábios. O rosado levou dois dedos à boca, tocando no local ferido. Os seus olhos descaíram sobre mim, sendo que rapidamente se levantou e lançou-se na minha direção com grande velocidade.

 O pequeno gato observava o ocorrido com um peixe entre os seus pontiagudos dentes, sugando o óleo que o animal ainda detinha entre as suas escamas.

Coloquei os meus braços diante do meu corpo no intuito de me proteger. Fechei os olhos e bruscamente caí, com um peso enorme sobre mim. Senti o meu braço direito peso contra o chão, acima da minha cabeça. O meu braço esquerdo estava esticado, mas também preso contra o chão, acima da minha cabeça. O rosado sentara-se em cima da minha barriga, prendendo-me estrategicamente e inclinando-se para baixo, obrigando-me a olhar para ele.

- Solta-me! Solta-me, porra! – Gritei em protesto, esperneado e tentando soltar-me.

- Não, Lucy, escuta…! Lucy, escuta, caralho! – O rosado gritava por entre os meus gritos.

Natsu desprendeu uma das mãos, lançando-a para o meu rosto e agarrando-me as bochechas, obrigando-me a encará-lo. Os meus olhos encheram-se de água e eu fechei-os. Abri-os novamente e pude encará-lo com ódio. Os meus lábios estavam trémulos, enquanto ainda exercia alguma força para tentar soltar-me. Dragneel continuava a observar-me com um olhar que me pareceu diferente do habitual.

- Pode gozar comigo, força… - Murmurei tremulamente, desviando o olhar e deixando escapar mais uma lágrimas, que molhou a mão do rosado.

- Gozar? – Respondeu num tom cómico e sarcástico, como se eu tivesse afirmado algo de errado. – Não vou gozar com isto – Alcançou o meu pulso esquerdo, agarrou-o firmemente e abanou-o com suavidade.

- O que é que tu queres? – Perguntei friamente.

- Quero que não o faças. – Redarguiu pesarosa e seriamente, o que me fez tremer com a sua reação. – Perdi a minha irmã assim… - O rosado desviou o olhar «, escondendo o rosto com alguns cabelos rosados.

- A tua irmã? – Fiquei surpresa.

- Sim, a minha irmã! – Respingou furioso, com lágrimas que embaraçavam os seus olhos verdes. – E não tens nada a ver com o resto! – Completou rispidamente, não retirando os olhos dos meus.

Natsu soltou-me ambos os braços, retirando-se de cima de mim sem pronunciar qualquer palavra. E levou o braço esquerdo e passou nos olhos, limpando as lágrimas. Bagunceou o seu cabelo rosado várias vezes, respirando fundo. Eu tentei levantar-me, apoiando as mãos nos chãos e sentando-me.

- Loira – O rosado chamou-me de costas – Que ferimento é esse que tens no ombro? – O meu coração gelou no momento em que a pergunta foi feita. Os meus olhos arregalaram-se por instantes e a minha boca entreabriu-se.

- Não é da tua conta. – Respondi seriamente, levantando-me num ápice, quase efetuando um salto.

Escutei-os rodar sobre os calcanhares, virando-se para mim. Mantivemo-nos assim por momentos, observando-nos um ao outro. O gato azul ainda pairava em silêncio, somente mexendo os bigodes. O rosado aproximou-se de mim, porém não pude mover-me. Em passos longos e pesados, ele aproximava-se cada vez mais, preenchendo-me me com a sua sombra. Ele abriu os braços vagarosamente e, num segundo, puxou-me fortemente contra o seu peito. Não consegui reagir, apenas fechei os olhos e permaneci naquele local. O seu peito robusto e quente proporcionava um certo conforto, embora eu e el fôssemos… inimigos? Sentia os seus batimentos cardíacos, compassados, contudo quase mortos, lentos, fracos. Aquele calor que ele emanava era tão reconfortante, que m fez recordar o calor da minha mãe, quando ela me abraçava sempre que eu ia dormir. A segurança que senti há anos atrás era a segurança que sentia naquele momento, naquele abraço, no abraço dele. Jamais alguém me proporcionara tanta segurança. Respirei fundo, aproveitando o que parecia ser um sonho. A sua respiração embatia contra o meu pescoço, com intervalos equivalentes. Permanecemos daquela forma durante algum tempo até nos separarmos. Pude notar um leve sorriso no seu rosto, o que ainda me intrigou, pois não parecia o mesmo Natsu de sempre, pois jamais, e repito, JAMAIS pensei que alguma vez ele me abraçaria.

- Vamos treinar – Afirmou num tom frio, como se o seu ser tivesse regressado ao seu corpo.

- Porque me abraçaste? – Questionei com dúvida , observando-o olhar para mim de relance.

- Quando a minha irmã morreu não pude abraçá-la… - Respondeu num tom enigmático.

Mantive-me calada. Será que ele tinha medo de me perder? Seria isso que significaria aquele abraço? Contudo, porquê importar-se naquele momento? Eu era apenas uma nerd, burra, idiota… Certo? Bufei de angústia, não entendendo o rosado de modo algum. Ele caminhou com o seu amigo azul para fora do quarto, deixando-me lá, sozinha. O cheiro dele ainda permanecia no meu uniforme, e eu admirava isso.

Caminhei para fora do quarto, seguindo-o enquanto ele falava para Happy. Por vezes, o rosado olhava para mim de esguelha, como que querendo certificar-se de que eu o seguia. Apenas encarava o chão, com um certo embaraço. Admirava os meus próprios pés e os pequenos e fundos sons que produziam.

Quando dei por mim, reparei que a casa permanecia vazia, ao que obviamente pensei que Natsu morasse sozinho. No entanto, a moradia era grande demais pars que fosse habitada por uma simples pessoa e um “animal”. Sim, coloquei aspas. Que tipo de animal é azul e com asas? E ainda por cima… que fala! Continuei a caminhar. A sala era bastante grande, com uma Xbox e vários jogos para maiores de 18. Típico do Dragneel, não é mesmo? Encolhi os ombros e voltei os meus olhos para o Salamander, que, naquele momento, agarrara uma garrafa de cerveja ainda cheia, que se encontrava na mesa de madeira em frente à televisão.

Sem pensar duas vezes, corri na sua direção. Puxei a minha mão para trás e agarrei na cerveja, retirando-a das mãos do rosado. Ele olhou para mim, incrédulo e inerte. Caminhei em direção ao vaso de flores que se encontrava à porta caiada de branco da entrada e jorrei todo o líquido. Mantive-se a observar o Dragneel, que me observava boquiaberto.

- Porque carro fizeste isso?! És maluca! – Resmungou vindo na minha direção com um punho erguido.

- Vai, Natsu! Vai, Natsu! – Gritava o gato azul, fingindo ser parte de uma claque, dando pulinhos no ar.

- Cala-te, gato esquisito1 – Retorqui raivosa, sentido uma enorme vontade de lhe arrancar aqueles bigodes brancos e compridos.

- Hey! – O gato cruzou os braços e virou o focinho.

O rosado vinha lançado na minha direção, com tamanha rapidez. Emperrou a porta om a enorme força. Após me encurralar, lançou-me um punho na direção da minha cara, pelo que rapidamente bloqueei o golpe com a minha mão esquerda. Ele baixou a cabeça e sorriu medrosamente. Descaiu a mão e agarrou-me a cintura, firmemente, puxando-me para si. Tentei retirar a mão, no entanto, fora em vão. A sua expressão, naquele momento, era diferente da de todos os “engates”, se é que lhe é possível chamar por essa palavra tão ousada.

- Lucy… - Murmurou o meu nome num tom suave. – Porquê? – Quis saber, penetrando o seu olhar no meu, obrigando-me a admirar aqueles olhos esverdeados.

- O álcool também é um vício. – Respondi o mais frio que pude, não desviando o meu olhar do dele.

O rosado sorriu de canto, um sorriso um tanto agradecido. Por breves segundos descaiu a cabeça sobre o meu ombro, escondendo o seu rosto no meu pescoço. A sua respiração embatia contra a minha pele, fazendo os meus pelos arrepiarem-se. Escutei-o pronunciar um leve e surdo “Obrigado”, porém julguei ser fruto da minha imaginação. Ele ergueu-se, olhou para mim de lado e, seguido por Happy, caminhou para o jardim, dizendo:

- Vens treinar ou não, nerd? – Estendeu a mão na minha direção e sorriu maliciosamente, inclinando um pouco a cabeça.

- Já vou… - Resmunguei friamente.

- Tsc, nerd… - Revirou os olhos e continuou a andar, fazendo-me sentir um certo ódio por ele e o seu temperamento.

- Idiota – Murmurei, seguindo o meu caminho.

Coloquei a minha mão no cinto, procurando pelas minhas chaves, porém, não as encontrei. Arregalei os olhos e procurei novamente pelas minhas chaves. Os meus dedos ágeis passeavam freneticamente pelo meu cinto, balançado as roupas por onde passavam. Não encontrei as chaves em lado nenhum… Elas não estavam ali. As minhas chaves?! Perdi-as!

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Sim, postei um pouquinho mais cedo do que o combinado mas decidi acabar mais rapidamente os ajustes pois tenho de preparar uma apresentação para amanha e iria roubar-me tempo.

Beijinhos, comentem!


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