História Do Começo Ao Sim - Enganos

Afonso desembarcou em New York e seguiu para o seu apartamento.
A brincadeira agora chegou ao fim.
- Prepare o meu carro, Rogério.
- Para onde vamos senhor?
-Para o apartamento do Jared Padalecki. 

***

Jared estava trabalhando em uma boate, a três semanas. Queria ter sua renda e não ter que depender do dinheiro dos pais. Embora sua mãe lhe mandasse uma ótima quantia sempre e tinha uma poupança que nunca mexeu. Marck fez para ele desde o dia em que nasceu,sabia que tinha uma fortuna, mas não queria usar esse dinheiro. Não queria nada que viesse do pai.
Porém, estava disposto a usá-lo pela primeira vez.
Já olhou um apartamento maior e está fechando a compra. Assim que tiver tudo acertado vai trazer Jensen para morar com ele.
Só não comentou com Jensen ainda porque quer fazer uma surpresa.
Jared parou o carro na garagem e subiu para seu apartamento, guardou os livros da faculdade e ligou para o namorado.
- Oi Jen, acordei você?
- Não, eu estava esperando você meu amor.
- Sabia que eu te amo muito?
-Eu sei. - Jensen riu do outro lado - Eu também amo você e estou morrendo de saudade.
- Eu prometo que vou resolver isso meu amor.
- E como vai fazer isso, hein?
- Surpresa loirinho, mas eu prometo que até semana que vem estará tudo resolvido.
- Não vai mesmo me falar o que é?
- Se eu falar não vai ser surpresa.
- Aaaa você é mau. - Suspirou contrariado. Era muito curioso para esperar uma semana inteira.
- Eu tenho que desligar agora Jen, preciso adiantar um trabalho e dormir, porque ontem alguém não me deixou dormir. - Escutou o loiro rindo, amava o som daquela risada.
- Mais foi gostoso o que fizemos, não foi?
- Foi delicioso, mesmo longe você sabe ser gostoso meu loiro. - Jensen se calou e Jared riu. Sabia que ele estava vermelho e sem graça. - Amanhã eu te ligo de manhã.
- Eu vou esperar.
- Dorme bem e sonha comigo.
- Eu sempre sonho. Jay?
- Oi? - Jensen abriu a boca para dizer que Bryan tinha sumido e que não o encontrava, mas Jared estava tão longe para ajudar nisso. - Fala meu amor, o que foi?
- Eu amo você.
- Eu também te amo!
Jared desligou e foi se trocar para o trabalho. Ainda não contou para o namorado porque se Jensen soubesse que ele está trabalhando de barman em uma boate ia começar a imaginar mil coisas e não queria isso.
Por coincidência Bill começou a trabalhar nessa mesma boate a uma semana e acabaram ficando mais amigos, sem as implicâncias de antes, mas nada de melhores amigos, ainda tem ciúmes dessa amizade.
Jared vestiu o uniforme e colocou o crachá, pegou as chaves do carro e saiu apressado. Sempre se atrasava, conversando com Jensen.
Abriu a porta e parou estático se deparando com o homem parado na sua frente.
- Senhor Ackles?
- Não vai me convidar para entrar?
- Eu estou de saída.
- O assunto é rápido.
Jared saiu da frente para o homem entrar, a contragosto. Afonso olhou o apartamento simples, antes de sentar no sofá em frente ao rapaz e ir direto ao assunto.
-Eu vim dizer para deixar o meu neto em paz. Quero que pegue esse celular ligue para ele e termine tudo.
- Eu não vou fazer isso. Se já terminou, estou atrasado. - Jared abriu mais a porta para o homem sair. Devia ter percebido que aquele Afonso bonzinho era só fachada.
- Eu vou sair, mas primeiro vou te contar uma historinha. Senta aí rapaz. - Falou com calma, com as mãos apoiadas na bengala e a mesma descansando sobre os pés.
- Seja o que for, não tenho interesse em ouvir.
- Ah, você tem sim.- Falou calmo. – Há 35 anos... - Afonso continuou, ignorando o jovem parado na porta com olhar sério. - Nasceu a minha princesa, ela era linda. Um rosa formosa, com um futuro perfeito pela frente. Mas ela jogou tudo fora para viver com um Zé ninguém, um morto de fome que destruiu a vida dela. Ela me deixou um neto, meu único neto. E não vou deixar acontecer com ele o mesmo que permiti que acontecesse com ela. Ele vai estudar, se formar e se casar com alguém a altura dele.
- Você não pode decidir o que é certo para o Jensen.
- Posso e vou. E vou te contar um segredo. O acidente do Jeffrey foi um presentinho meu.
- O que?! - Jared não estava acreditando que estava ouvindo mesmo isso. Ele não era só um louco, era um assassino!
- E se não fizer o que estou mandando, a bela senhora Smith não vai chegar em casa amanhã.
- Ora seu ... - Jared foi para cima do homem mas dois seguranças entraram correndo e o seguraram. Afonso deu um sorriso.  
- Gosto de você rapaz, de verdade. Você tem atitude, coragem. Infelizmente a vida é assim.
Deixa eu te contar outra coisa. Já esteve na MPTV depois que veio para New York? O seu querido pai, não é mais o dono, é um simples funcionário. A emissora pertence a mim. Mas agora vamos ao ponto que sei que vai fazer você realmente me atender. Jared fuzilou o homem com o olhar, tentando se soltar.
- O Jensen. - Falou calmo. Se levantando e indo até o garoto. - Ele pretende seguir os passos do pai, ser um oficial da aeronáutica e tem dois amigos insuperáveis e um vira latas que ele morre por ele.
- Você não faria nada com o Jensen, ele é seu neto!  
- Não sou eu meu querido Jared, é você que está fazendo. Basta você sair da vida dele e vai ficar tudo bem. Sabia que o vira latas dele desapareceu essa manhã? Ele te contou que procurou por ele o dia todo. Está com os olhos inchados de chorar.
- Seu monstro! - Jared escapou das mãos que o prendiam e segurou o velho pela camisa, mas os seguranças o pegaram outra vez.
- Calma tigre, ele está bem, e vai voltar para o Jensen, basta você fazer o que tem que fazer. Sabe Jared? - O homem segurou a bengala e tirou um lenço do bolso para polir a parte de cristal.
- Em uma cidade grande muitos acidentes acontecem. Esse menino Bill pode ser assaltado, reagir e levar um tiro. E aquela loirinha como é mesmo o nome dela? Alona né, bem ela leva o priminho a escola todos os dias de manhã a pé, acredita que ela faz o mesmo percurso todo dia?
- Você não teria coragem.
- Quer apostar a vida deles para ver se está certo ou se eu estou certo?
Jared olhou o homem na sua frente, ele estava muito confiante e tranquilo. E não parecia estar blefando.
- Vamos lá meu garoto, dole um, dole dois...é pegar ou largar. Podemos começar pela Senhora Smith o que me diz?
- O Jensen não vai acreditar.
- Vai sim, faz a sua parte que eu cuido do resto. Eu vou te ajudar. - Afonso pegou o celular de Jared e apertou o número do loiro. - Fala, diz que você tem outro e termina.
Jared olhou para o homem com raiva.
- Fala. - Entregou o celular.
- Oi Jay - Jensen falou do outro lado sorrindo. - Pensei que tivesse ido dormir. Ficou com saudade? -Jared tentou falar mas tinha um nó na sua garganta.
- Jay?
- Eu... Jensen...
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Eu preciso falar com você.
- Estamos falando meu amor.
Jared olhou para Afonso na sua frente. Ele podia estar só blefando. Ele não poderia ser tão cruel.
- Jen, eu não escutei o latido do Bryan. Ele não está aí?
-Ele... - Jensen fez uma pausa que fez Jared ver que era verdade. - Eu não encontrei ele hoje, mas tenho certeza que amanhã ele aparece.
- Com certeza aparece.
- O que você queria conversar? Era sobre o Bryan?
- Não.. Jensen, aconteceu uma coisa.
- Uma coisa?
- Eu me apaixonei por outro. - Falou de uma vez, e isso doeu mais que uma facada em seu próprio peito.
- Que brincadeira é essa?
- Não é brincadeira Jensen, eu só... - Respirou para encontrar forças e terminar de falar. - Só não tive coragem de dizer antes.
- Não tem graça! - Jared ouviu a voz embargada do loiro e as lágrimas arderam em seus olhos.
- Desculpa.
- Fala que é mentira, por favor!
Jared queria gritar que era mentira. Que o amava. Queria tirar aquela dor que ouvia em sua voz. - Jay por favor!
- Desculpa. Adeus, Jensen.
Jared desligou e as lágrimas corriam soltas por seu rosto e suas mãos tremiam de raiva, dor e tudo o estava sufocando.
- Bom garoto. Fez a escolha certa. - Afonso bateu no seu ombro. - Não tente contar a verdade para ele. - O homem saiu e Jared bateu a porta com força e se deixou cair no chão, chorando abertamente.
Afonso entrou no carro onde Rogério o aguardava.
- Deu tudo certo senhor?
- Só falta a cereja do bolo, Rogério. Vamos para o resort tomar um drinque, e esperar para recebermos uma ligação.
- Eu pensei que voltaria para Portal hoje ainda.
- Vamos amanhã a noite, com meu menino. Acho que de manhã a Jody nos liga.
Rogério olhou o sorriso do patrão pelo retrovisor e deu a partida no carro.
Os dois se sentaram em uma mesa no andar de cima e dois homens se aproximaram.
- Está tudo preparado? - Afonso perguntou ao homem.
- Sim senhor. O Garoto é Bill Skarsgard e o outro Jared Padalecki.
- Exato, tem as fotos?
- Sim.
- Eles tem que estar lá antes das oito da manhã, porque o avião chega aqui as sete e meia e sei que ele vai direto pra lá sem aviso. Deixa a porta destrancada quando sair.
- Certo.

                  ***

Jensen não dormiu passou a noite em claro. Aquela história toda estava muito errada, Jared havia ligado alguns minutos antes, disse que o amava. Foi carinhoso como sempre e de repente liga terminando?
Jensen colocou os óculos escuros para esconder os olhos vermelhos e inchados.
Tinha que ver o namorado, precisava olhar nos seus olhos e ouvir ele falando que foi obrigado a dizer aquilo.
Claro que foi obrigado, seu avô está em New York. Viajou para lá ontem e isso aconteceu, óbvio que tem dedo dele nisso.
Pegou o cartão que o avô lhe deu, sua mochila e pulou pela janela.
Jim estava esperando por ele na porteira perto da estrada, ficava a uns vinte minutos dali a pé.
Ele iria com ele a New York.
Porque pediu, chorou e implorou até ele dizer que sim. Não poderia embarcar sem um responsável.

       ***

Afonso estava sentado na sacada, tomando seu chá e olhando para o celular na sua frente, em cima da mesa.
Ele tocou e o homem deu um largo sorriso.
- Senhor Afonso, o seu neto fugiu! - Jody falava afobada.
- Como assim fugiu? - Entrou no teatro, teria que fazer bem seu papel.

             ***

Jim parou o carro em frente ao prédio que Jensen falou.
- Tem certeza que ele mora aqui?
- Sim, eu tenho o endereço.
- Não quer que eu suba com você filho?
- Precisa não senhor Jim. Pode ir ver a Alona. Eu tenho certeza que ele vai ficar feliz em me ver.
- Tá bom. Ainda acho que seu avô vai comer o meu fígado por isso, mas esse velho aqui é uma manteiga.
- Eu sei que é.  Jim, se você encontrar o Bryan leva ele para padaria? Depois vou buscar ele.
- Claro meu garoto. Juízo vocês dois.
- Sim senhor. - Jensen entrou no prédio e Jim ficou ainda um tempo esperando para ver se ele ia voltar.
O loiro subiu até o andar de Jared e procurou o número.
Tocou a campainha e ele não atendeu. Testou a porta e estava destrancada.
- Jay? - Entrou procurando pelo moreno. - Você está dormindo? - Empurrou uma porta e era uma salinha, andou pelo corredor e viu uma porta semiaberta e sorriu. - Jay? - Empurrou e deu um passo para trás em choque. Nada no mundo poderia ter preparado ele para aquela cena. Sentiu tudo girar e precisou se apoiar para não cair.
As lágrimas desceram por seu rosto tão rápido que não pode evitar.
Os dois estavam dormindo juntos e tinha roupa por todo o chão.
Tentou sair dali e suas pernas não obdeciam, seu corpo todo tremia, as pernas estavam coladas no chão e respirar era algo impossível de se fazer.
Jared abriu os olhos de vagar e tudo girava, a cabeça pesava uma tonelada e o corpo parecia meio anestesiado. Olhou para a porta e viu um vulto embaçado que tomou forma aos poucos. - Jen?
O loiro saiu do quarto se esbarrando nas coisas e parecendo atordoado. Só então Jared viu onde estava, com quem e como.
Desceu da cama meio grogue e vestiu a bermuda tentando ir atrás do loiro.
- Jensen espera!
Alcançou o loiro na sala e o segurou.
Jensen estava abalado e em choque e ele completamente dopado, podia imaginar quem fez isso.
- Me solta.
- Espera, não sai assim. Quem trouxe você?
- Isso não importa. - Jensen parou um instante, olhando para o moreno. Ele estava meio estranho, talvez seu avô tivesse de alguma forma envolvido nisso. Queria desesperadamente acreditar que sim. - Me fala que foi tudo mentira o que você disse, que meu vô te obrigou? - Pediu entre lágrimas e Jared ficou em silêncio sem saber o que dizer.
Isso o estava dilacerando por dentro.
- Fala, diz pra mim que mentiu. Eu juro que perdoo você.
Jared se lembrou das ameaças do avô do loiro. E se aquele homem foi capaz de levar as coisas a esse ponto ele não estava blefando.
- Ele não me obrigou a nada Jensen. - Jared tentou falar firme mas a sua voz falhou miseravelmente ao ver a dor do loiro, e teve que fazer um esforço sobrehumano para terminar a frase. - Eu estou com o Bill. Eu ia te falar antes, só não tive coragem.
Viu Jensen se apoiar no sofá e seu corpo se dobrar quase todo para frente.
- Jensen? - Tentou ajudar e o loiro se afastou.
- Não finja que se importa. - Saiu do apartamento e Jared foi atrás, mas não conseguiu alcançá-lo. Seu corpo estava muito pesado e tudo girava.

        ***

- Você fez o que? - Bill desencostou do sofá e foi para cima do moreno, furioso. Tudo estava girando. A cabeça doía e o corpo pesava mais que chumbo.
Acordou no apartamento de Jared, na sua cama e sem roupas. Ele disse que Jensen esteve ali e viu os dois juntos e que confirmou que estavam juntos. - Seu idiota! - Bill deu um soco no moreno e os dois caíram no chão ainda sobre o efeito do que colocaram em suas bebidas.
Jared não teve nenhuma reação, ficou sentado no chão.
- Ele nunca mais vai falar comigo. Eu odeio você. - Bill falou com a voz embargada, com raiva e sentindo as lágrimas o cegar.  
- Eu não tive escolha.
- Eu vou falar com ele, e você vai consertar isso. Tá entendendo?! - Quase gritou exaltado. - Não, eu não vou. E você também não, quando eu te disser o que aconteceu.