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História Do I Wanna Know - Am


Escrita por: attomica

Notas do Autor


Inspirada em "Do I Wanna Know"
[projeto autoral; reescrita de outra fanfic de minha autoria]

Capítulo 1 - Am



Do I Wanna Know?

 

Sinto muito interromper, é que apenas estou constantemente à beira
De tentar te beijar
Mas não sei se você sente o mesmo que eu sinto
Mas poderíamos ficar juntos se você quisesse


Quando eu penso na pessoa por quem meu coração murcha, eu sempre penso nos seus olhos. Especificamente, suas íris. Quando nos conhecemos no ensino médio, a primeira coisa que lhe questionei foi sobre a cor escura e totalmente ônix de suas íris, havia algo totalmente adorável nelas, em seu círculo infinito, era como se eu tivesse ficado preso em meio a calmaria.


Não era ruim.


Em qualquer ângulo que estivesse, seus olhos se fecharam, eles são pretos – ou cor de ônix, como gosto de comparar, relativos a pedra preciosa –, como as rosas pretas para o luto ou um belo vestido preto que arranca suspiros, havia magnetismo e magia em seus olhos. Dava para imaginar.


E mesmo se você estivesse todo encapado menos em seus olhos, eu tenho certeza que eu os reconheceria, porque eles faziam meu coração palpitar tão rápido quanto podia imaginar, porque eles faziam meu corpo entrar em êxtase como anfetamina, porque eles eram simplesmente seus olhos. Aparentemente selvagens e misteriosos, como olhos de um livro obscuro. Olhos natos de uma charada.


Quando eu tinha te conhecido, eu não imaginaria que você se tornasse minha maior luxúria. Eu queria seus olhos então eu sempre me perguntava quando os via: “Devo abandonar minha alma do lado de fora para entrar?” Eu os queria para mim, nem que tivesse a chance de rouba-los.


Mas você tinha a aparência de um anjo. Onde a escultura de gesso de anjos eram derrubadas e você se quebra em pedaços, você é um anjo da morte com um rosto inocente e olhos pecaminosos. Eu desejei você, e você roubou minha alma antes que eu pudesse ter sua atenção.


– O clube literário encerrou as atividades por aqui? – Pergunto, olhando para o palco vazio e escuro onde as grandes cortinas rasgadas esbanjavam a péssima qualidade do bar.


Cortinas e bêbados literários diziam muito sobre o bar que você frequenta. Mas escritores de romances obscuros e de finais felizes normalmente se encontravam ali, bebendo para alucinar com possíveis enredos e tentar engolir a ressaca da escrita, da própria história, dos personagens, da vida.


Minha editora havia dado um prazo curto para a criação de meu novo romance de seiscentas páginas em menos de nove meses, onde na página quatrocentos o casal iria reavaliar os próprios sentimentos. Como eu escreveria um entorno voltado a isso? Nunca vivi.


– Estamos dando um tempo, normalmente eles dormem após metade da declaração ou apenas dizem besteiras insatisfatórias. – O barman e já conhecido, Deidara, me responde enquanto enxugava copos de Chopp freneticamente, como um viciado em limpeza. – Soube que você sempre foi famosa nesse tipo de coisa, Sakura. – Sorriu. – Aliás, estou lendo seu terceiro livro, não superei a morte da protagonista viu?


Sorri minimamente. – Especialmente esse é meu livro favorito.


– Por que?


– Porque assim como ela – Bocejei. – Eu já morri.


Deidara ficou me olhando com as sobrancelhas arqueadas. – Você sempre tão melancólica, prefiro mil vezes suas histórias tristes que as de romance bobo, aliás, me da um autógrafo?


Ele jogou o livro mediano de capa esverdeada na bancada. Eu não gostei daquela capa tampouco esse livro, a editora queria um romance como livros fofos, o olhando assim, por ser um dos livros mais vendidos e bem aceitos eu diria ter sido um fracasso por mim.


Ele jogou a caneta também, abri a última capa. H.Sakura.


– Soube que você recitava poesias nos bares aclamados dos Estados Unidos também. – Sussurrou.


Sorri outra vez. – Deidara, você tá me investigando?


Ele olhou para ambos lados, se debruçando na bancada de copos.


– Na verdade você é minha nova escritora, minha nova obsessão. Seus livros estão em alta no lado “booktok”, quando penso em você automaticamente aparece na minha fy “curiosidades sobre a misteriosa escritora, Haruno Sakura. Do Japão para o mundo”. – Sorriu animado. – E agora você tá nesse bar ridículo mas tá comigo.


Deidara era espontâneo e legal, usara-o como base de futuros personagens.


– Eu deveria me sentir lisonjeada? – Pisquei meus olhos em confusão.


– Eu sou só mais um fã em um milhão. – Deu os ombros. – Quer subir lá?


Meu coração acelerou pela ideia de me declarar indiretamente para o homem que eu amo, mas apenas para vários outros bêbados que compartilham do mesmo sentimento, eles iriam ouvir.


Tristes, solitários e idiotas. Éramos isso e um pouco mais, então não faria sentido se nós nos rebatermos.


Eu não tinha os olhos favoritos dele em mim, mas metade dali direcionaria seus olhos para mim. Olhos melancólicos e cansados, olhos tristes que competiam com as rachaduras nas íris de Uchiha Sasuke, e eu gostava.


– O que eu deveria dizer? – Pergunto, dando um coque desleixado no meu cabelo com mega hair, precisava urgente ir ao cabeleireiro ajusta-lo.


Da pequena vitrine de vidraça logo atrás, eu conseguia ver a raiz loira grande, de três dedos, se mesclando com o rosa.


Deidara me ergueu suas notas altas de dinheiro vivo. – Se fizer eles chorarem e comprarem mais bebidas, isso é seu.


Eu arqueei a sobrancelha, rindo. Pensei em dizer “Eu sou rica, meus livros vendem”, mas eu sabia que ele queria saber como era Haruno Sakura antes da fama nos bares dos Estados Unidos recitando sobre poemas de amor e perdas.


Bocejei, apontando para a garrafa de vinho, ele logo entendeu e foi pegar uma taça.


– Vou falar porque gosto de ver bêbados chorando. – Dei os ombros.


Quando ele me entregou a taça, beberiquei-a toda, ele encheu e eu bebi de novo. Mais uma vez ele encheu, então me levantei daquele banco pequeno de madeira.


Eu estava entediada demais para ir para casa, agoniada demais para ficar pensando no prazo do livro mas aliviada por buscar inspiração. Eu seria covarde em cutucar as feridas alheias?


Luigi Boccherinni começou a tocar, era o instrumental da minha noite e me lembrava minimamente os bares estadunidenses. Isso exaltava a ideia de um bar literário para amantes de literatura perversa e barata, a melancolia era a aposta entre rodadas de bebidas.


Se George Eliot ou John Keats estivessem aqui, o lugar seria palco de um romance feliz, mas se William Shakespeare fosse convocado a se apresentar, talvez fizesse a utopia nascer. E se William Shakespeare se sentasse com Bukowski e Dostoiévski, ele participaria dessa espelunca suja e com certeza Romeu se tornaria um jovem louco e alcoólatra, e Julieta?


Romeu estaria ocupado e deprimido demais para pensar nela.


Mesmo quando subi no palco pequeno as vozes não paravam, quando sentei no banco amadeirado de maneira cuidadosa, sentindo meus dedos trêmulos e minha visão turva. Provavelmente eu estava um pouco bêbada, incompetente e fazendo papel de idiota o bastante para poder ter me deixado embebedar-me de bebidas baratas em um bar no lado sujo da cidade.


Eu era fraca em bebidas.


Beberiquei meu vinho desconhecido.


Dei leves batidas no microfone falho, decidindo ignorar ele e olhar a mediana aglomeração. Homens velhos, algumas prostitutas, adolescentes dividindo bebidas e outras coisas. Bêbados em mundos divergentes.


Além daquele lugar nojento, todos tínhamos algo em comum.


Eu estava paciente, porque ainda demoraria para dar três da matina. Peguei um cigarro que estava no bolso do meu casaco e acendi o mesmo desleixadamente, sendo submissa da nicotina.


– Vai ficar ai vendendo beleza, gatinha? – A voz desgovernada grita, fazendo um terço da plateia gritar em concordância.


– Tira esse casaco. – Uma outra voz gritou.


– Tira a roupa.


Eu não me importava já com o que diziam, parecia que só existia eu ali, equilibrando a taça com o isqueiro. Minha cabeça estava começando a se sentir desnorteada ao ponto de ter a certeza que podia ver sua postura rígida e repreensora em minha frente.


– Quando eu estava no ensino médio, eu fui amaldiçoada por minha avareza e luxúria em amar alguém que eu apenas queria atenção. Ele não me ama, nem sequer liga para mim, e se me acha, o que eu acho bem difícil, não sou suficiente para estar ao seu lado como par. – Soltei a fumaça presa. – Ele é minha casa, mas para ele eu sou só a o lado confortável da cama.


– É a Haruno Sakura, daquele livro. – Sussurravam.


Eu tinha um livro que automaticamente se lembravam de mim: Cerejeiras Morrem Aqui, contando o amor de duas pessoas que se amam mas não podem ficar juntas, vivem um amor cheio de gatilhos e toxidade e quando a protagonista consegue seguir em frente, descobre estar grávida. Ela se mata, e ele se mata para ficar com ela e são enterrados juntos no mesmo túmulo, na vida e na morte, para sempre. Uma adaptação menos pesada e mais emotiva estaria por vir.


– Em alguma vez quando eu estava bêbada pra cacete, Bukowski e Kerouac apareceram em minha frente e disseram “por que não se apaixonar? Já que você começou toda essa porra, se inspira”, lembro que ri muito, mas no dia seguinte eu estava limpando minhas lágrimas com meu coração, porque eu gostava do estrago e da dor, então eles me disseram de novo “encontre aquilo que ama e deixe isso te matar” mas matar de que? De amor? De prazer? Dor? – Tossi. – Existe duas tragédias na vida: conseguir aquilo que você quer e não conseguir aquilo que você quer, se pensar bem, faz todo sentido.


Os murmúrios estavam aumentando na medida que senti minha cabeça girando e girando, olhei para as lâmpadas amarelas que eram como luzes douradas de um carrossel, girando sem parar.


– E como ficamos? – Franzi o cenho, não raciocinando realmente o que me fora perguntado.


– Triste e apaixonados, fracos, bêbados e loucos de amor. – Me embolei. – Nos suicidamos da melhor maneira, em amar alguém que não podemos ter e nos matamos da melhor forma também, amamos alguém que não gostamos mais. Qual a diferença entre nos suicidar e nos matar? – Eu ri, bebendo mais um pouco do vinho. – Eu... eu não sei.


Fiquei rindo por um tempo enquanto ouvia alguns aplausos e cabeças em negação, logo o ambiente ficou silencioso de novo.


– Aos que acreditam em “outras vidas”, nunca digam “nos vemos na outra vida”, tá bom?


Desci do banco colocando o cigarro entre meus lábios, ajustando o capuz do meu casaco enquanto ouvia questionamentos que com certeza eu responderia com trechos dos meus livros. Mas não estava com cabeça.


Eram duas e cinquenta da manhã.


“Por que está abandonando o palco?”
“Fala mais.”
“Vou enviar pros jornais e conseguir dinheiro.”
“Vamos levar ela pro banheiro?”
“Uma menina que escreve e não sabe nada da vida”


Eu dava os ombros andando até Deidara, que servia em torno de doze ou nove pessoas. Ele me ergueu as notas mas eu o ignorei completamente, pegando uma garrafa verde de uma mesa qualquer, virando goela abaixo sem perspectiva, abandonando a taça lá mesmo.


Eu falava olhando diretamente para ele do palco, mas era tudo ilusão. Ilusão como achar que um dia ele será completamente meu.


– Você parece abalada. – Um homem se aproximou, exibindo um sorriso bonito com os lábios borrados de batom vermelho.


Ele era um ex-escritor da minha editora, Akasuna No Sasori e um dia já foi um bom amigo.


Não o respondi, apenas me encostei na parede vendo que, finalmente, havia puxado outras pessoas para usar aquele palco vergonhoso.


– Depois de um grande hiatus de quatro anos, você ter aparecido em alta na mídia literária e agora falando em bares nojentos... não é todo dia que subcelebridades da classe alta aparece por aqui. – Murmurou.


Cala a boca, Sasori. Nenhum dos seus livros alcançaram o pódio no Japão, ruivo azedo.


Tirei o cigarro dos meus lábios. – Vai dizer também que sabia que eu recitava nos bares... – Brinquei.


– Atualmente uma escritora, mas antes, pintora fracassada, poetisa péssima, pianista desajeitada. Quer que eu fale da sua oratória? Até que ela melhorou bastante, já devia aparecer nas mídias sem ser em nome da sua editora puxa-saco.


– Obrigado, quer um autógrafo também? – Debochei.


– Sendo direto, eu quero ficar com você. Sua beleza é intelectual e ela me excita.


Não ironicamente, eu e Akasuna No Sasori éramos ficantes na época que estávamos na mesma editora. Mas ele era um cuzão.


Ergui o meu cigarro em direção a seus lábios, ele aceitou de prontidão, assoprando a fumaça bem perto do meu rosto. Quando se aproximou dos meus lábios, virei meu rosto para o lado oposto, onde seus lábios tocaram na minha bochecha esquerda.


– Sempre se fazendo de difícil.


– Eu nem tento isso com você mais. – Dei os ombros. – Como você mesmo disse para as colunistas, eu prefiro homens ricos que podem comprar meu coração, não bebês de fralda, como você. Sabe qual teu problema? Você tem inveja que eu consegui me manter no topo e você precisou fazer um livro “inspirado em mim” pra ganhar algo.


Sua expressão se contorceu e eu sorri miseravelmente. Saí dali.


Mas era outono, então eu não iria sozinho para casa.


Minha visão estava turva e minha mente, cheia de pensamentos e lembranças. Conseguia me imaginar chorando na trilha sonora de Lana Del Rey. Andava cambaleando até a saída quando senti meu corpo ser puxado por um grupo de rapazes. Empurrei a mão boba que tocava minha cintura, ofegante pelo susto.


– Tua beleza compensa a falta de cérebro nesses seus livrinhos de romance. – Disse um deles, enquanto riam entre si.


Eu não achei graça, porque entre meu eu de hoje e o meu eu de ontem ainda existia um elo que nos juntava: minha arte e minha paixão. Adorava meus livros, detestava realmente os de romances bobos. Mas isso ainda me fazia ser duas caras, uma escritora dedicada pelo dia e uma romantizadora de dor pela noite. Mesma pessoa, mundos distintos.


Não hesitei em dar o dedo do meio porque eu não estava raciocinando direito.


Aquele canto escuro era a saída pelos fundos, era separada por uma grade grande coberta de papeis e cartolinas com frases, fotos e recortes. Eu estava sozinha ali com aqueles homens idiotas, e antes que eu pudesse culpar a bebida eu ganhei um tapa no meu rosto.


Meu rosto virou com o impacto, provável que algumas pessoas tivessem escutado. Senti o gosto de sangue nos meus lábios, porque eu estava os mordendo antes. Fechei meus olhos.


– Mulherzinha idiota.


Esperei um soco, um tiro, outro tapa, uma esfaqueada, mas apenas escutei um gatilho sendo destravado e um toque gélido na minha bochecha.


– Anda. – Uma voz familiar sussurrou em meu ouvido de maneira bruta, suspirei, sendo guiada por uma mão em meu ombro.


Havia algo encostando minha bochecha e não abri meus olhos, até que escutei a porta se fechando.


Fez frio quando saímos de lá, eu escutava as folhas festejando de lá para cá com o vento.


– Sakura-chan, o que você tá fazendo nesse lugar sozinha e de madrugada?


Tentei abrir meus olhos mas eles estavam pesados demais. Pisquei cinco vezes, sentindo meu corpo querer tombar e minha visão escurecendo. Me aproximei do corpo familiar que cheirava a cigarro, me senti levemente enjoada quando apoiei minha cabeça latejante em seu ombro.


– Naruto? – Murmuro seu nome, ainda de olhos fechados.


– Sou eu.


Que bom que seja você.


– Por que você anda com uma arma?


Escutei sua risada. – Eu sou policial, Sakura-chan.


Eu também ri, sentindo meu corpo esquentar e meu ouvido zumbir.


– E como me achou? Tá me perseguindo?


– Eu acho que tenho o dom em te achar em becos sem saída. – Sussurrou. – Seu rosto dói?


Eu estava me sentindo fraca, provavelmente pelo susto que tomei em agir e sofrer a reação. Meu coração palpitava aceleradamente.


Senti suas mãos trêmulas tocando suavemente em ambos lados do meu rosto. Abri meus olhos devagar, mergulhando na imensidão azul borrada.


Sorri.


– Não dói mais. – Na verdade, doía sim, minha visão embaçada denunciava que queria chorar. Porra, doeu muito.


– Meus parceiros estão lá dentro, eles vão pagar por terem te coagido. – Disse.


– Você estando tão preocupado comigo... – Minha boca secou em pensar em dizer “não se apaixone de novo” em um tom brincalhão. – Estou com sono, Naruto.


– Você veio de carro?


Neguei.


– Então abre seus olhos até chegarmos naquele estacionamento do lado da borracharia.


– Que horas são?


– Mais ou menos três e vinte da manhã.


Sua mão esquerda puxou meu braço direito para rodear seu pescoço e então a deslizou para minha cintura, segurando minha palma esquerda cuidadosamente com sua mão direita.


Andava tropeçando, encarando a sarjeta cheia de garrafas de vidros e pessoas se beijando ao ar livre. Deve ser muito bom beijar ao ar livre. Se eu erguesse minha cabeça e olhasse para o céu, veria que a Lua estaria com vergonha de meu estado atual, mas isso não me importava.


Tudo culpa da bebida.


– Me joga em um táxi. – Murmurei, meu corpo estava mole demais e minha visão estava turva, sentia que podia desmaiar.


– Mais é claro que não!


– Então pare um pouco, me sinto enjoada. – O empurrei e me joguei bruscamente na parede mais próxima, respirando fortemente e soltando o ar lentamente.

Se ele estivesse aqui, o que ele faria?


Acima da angustia que sentia no meu peito, grunhi quando minha cabeça latejou, mas fui rápida o bastante para atender a ligação do número desconhecido que eu sabia muito bem quem era. Porque eu esperaria o dia que o esqueceria e não precisaria apagar seu contato.



– Alô?
Sakura, cadê você?
 


​Engoli em seco quando escutei sua voz, sentindo-me nervosa. – Indo pra casa, por quê?


– Me mande sua localização.


Procurei por algum ponto de identificação.


Uchiha Sasuke não andava pelos mesmos lugares que eu.


Minha inquietude fez com que Naruto se aproximasse, fazendo meu estômago dobrar em desconforto por seu cheiro de cigarro. Ele tirou o celular de minhas mãos até que eu tive que correr para o beco mais próximo. Humilhante. Apoiei minha mão na parede de tinta descascada, vomitando toda bebida que havia digerido na toca de Deidara, me sentia mais leve mas com estômago vazio.


Bocejei, sentindo sede e fome. Fiquei encostada na parede por alguns minutos, suada, tremendo e com cheiro de vômito.


Logo senti mãos tocando meu rosto e tirando os fios que grudavam em minha face, erguendo um lenço em minha direção. Aceitei, limpando milimetricamente minha boca, jogando o mesmo no lixo lotado que havia ali.


– É... Sasuke está vindo ao seu encontro. – Havia certo desapontamento e ironia em sua voz, mas eu estava dopada o bastante para rebater.


“Cala a boca” foi tudo que eu pude dizer, afastando-o de mim. Ele gargalhou, me ajudando a se recompor como sempre fez.


– Vinho é seu pior inimigo, seu estado fica lastimável. – Murmurou, andando comigo lado a lado, me segurando.


Apoiei-me em seu ombro, andando até debaixo de uma árvore próxima, de folhagem alaranjada ou seria amarela?


– Vamos esperar aqui, não estou bem. – Digo. – Quanto tempo até ele chegar?


– Disse que em sete minutos.


– Número da sorte. – Eu estava ansiosa, e essa ansiedade me dava vontade de vomitar.


– Dependendo do ponto de vista, do azar também.


Eu ia retrucar as indiretas de Uzumaki Naruto, mas ele me puxou para o meio de suas pernas de maneira ríspida. Com certeza, a primeira vista, pareceríamos dois cadáveres sem esperança do dia seguinte. Pensei que ia me sentir desconfortável, mas estava agradável. Joguei, cuidadosamente, minha cabeça no ombro do loiro, que pareceu não ligar.


Uzumaki Naruto era um grande amigo que nutria um sentimento amoroso por mim, foi um dos meus personagens mais autênticos e românticos que pude escrever, mas ele não era meu. Eu não consegui amar Naruto na medida que amei seu amigo.


Mas se fosse nove anos atrás, com certeza estaria com meu coração acelerado. Porque se hoje ele se tornou um alguém que sempre sabe onde eu estarei, sem rótulos e codinomes, antes ele era uma paixão, que também deixou meu coração machucado.


– Você estava inspirada hoje. – Senti que ele queria cortar o silêncio, mas eu não estava no pique para conversas.


– É, épocas tristes trazem boas reflexões. – Comento, ouvindo sua risada anasalada.


– E vinhos fazem sua voz soar mais grossa. – Ele gargalhou e eu gargalhei também.


Por que ele não podia sorrir assim comigo?


– Eu espero que isso me dê inspiração para alguma coisa. Que do tapa que levei surja letras pequenas e enluvadas de paixão.


– Tudo que você fala, parece que está dentro de um livro. – Murmurou.


– Talvez sim, mas um livro no meu gênero favorito. – Dei os ombros.


Amava livros melancólicos sem finais felizes. Palavras conexas com metáforas...


Novamente ficamos em silêncio, ignorando as risadas femininas, os barulhos maliciosos e as músicas obscenas. Eu não me importaria de dormir ali, debaixo daquela árvore, tomando banho por suas folhagens secas enquanto participava das valsas da ventania.


Fechei meus olhos, o clima frio.


– Haruno.


A voz rígida como trovão fez eu endireitar minha coluna, mas foi uma péssima ideia porque senti minha cabeça voltando a latejar. Naruto foi o primeiro a se levantar, me pegando pelos braços e os segurando um pouco forte.


Avistei o motivo de todos os meus sentimentos logo a minha frente, direcionando seus olhares entre mim e Naruto. Por que ele se importaria?


– Dói. – Sussurrei para que o azulado pudesse ouvir.


Pude escutar seu suspiro. – Nos vemos por aí, Sakura-chan. – Ele demorou em me soltar, desaproximando. – Se cuida. – Murmura, mas não estava direcionando o olhar para mim.


Acenei para ele de maneira torta, estava cansada e esgotada.


Fui tirada de meus pensamentos quando meu pulso foi puxado brutalmente, senti minha face se chocar com o peitoral duro de Sasuke mas evitei olha-lo, porque eu sabia que ele detestava quando eu estava naquele lugar sujo de Tóquio.


– Vamos embora.


Ele soltou meu pulso e diferente das outras vezes, me pegou no colo sem se importar com quem nos via. Minhas bochechas esquentaram.


– Que porra, me deixa andar. – Balbuciei pela vergonha, e porque me sentia tonta também.


Com sua digital ele destravou a tranca da porta de seu carro, me jogando no banco traseiro de forma desleixada, elevando seu tronco para cima de mim, encarando-me com aqueles olhos ônix. Me senti intimidada.


– Você desapareceu por duas semanas, Haruno.


– Estava ocupada.


Ocupada demais tendo sonhos com você. Sonhei com você quase todas as noites da semana porque encontrei uma música que me lembrou você, e de repente, você se tornou meu remédio de insônia e a música parou de fazer sentido porque eu só sonhava com você.


Tudo sobre mim se voltava a você.


– Por que não respondeu minhas mensagens? – Havia expressões que não podia distinguir em seu rosto sombrio.


– Eu estou tentando focar no meu prazo... do livro, da editora do meu livro, aliás, por que se importa? – Eu estava falando demais por estar nervosa.


Eu estava com saudades.


Será se esse sentimento é recíproco?


– Seu rosto está marcado e seus lábios estão machucados. – Comentou, passando seu dedo delicadamente por eles.


Fiquei calada.


Mas ao contrário do que eu sempre imaginava, ele saiu de cima de seu, indo para o banco do motorista. Refutando minhas utopias, jogando fora o meu querer.


Soltei um suspiro sôfrego, me encolhendo no banco passageiro. Ele nem sequer perguntou o que aconteceu, consequentemente, não se importa comigo.


Queria ser assim, como ele, para ele.

...

 


Senti a luminosidade do amanhecer em meu rosto, praguejei mentalmente tal indivíduo que deixou a cortina aberta após uma noite de bebidas. Me espreguicei, abrindo meus olhos e encontrando Uchiha Sasuke me observando com um cigarro entre os lábios, semicerrei os olhos buscando processar se aquela imagem era realmente real mas com certeza eu estaria fazendo papel de idiota.


– O que foi? – Pergunto, estava com certo mau-humor. Minha cabeça doía tanto quanto o resto do meu corpo.


– Te dei aspirina antes de dormir, se quiser, tem mais nessa mesinha. – Ele apenas diz, dessa vez, esfregando os olhos e pegando seu celular.


Agradeci mentalmente o favor, tomando o remédio juntamente com mais quatro goles de água que havia na jarra de vidro. Quando tirei o lençol, percebi que estava nua, automaticamente me cobri olhando para Sasuke de maneira questionadora.


– Você estava com calor, te dei banho, liguei o ar e você dormiu nesse meio tempo, apenas.


Agradeci por eu não ter sido uma louca atrevida. Beberiquei mais um copo de água indo chamar por Sasuke, mas ele já vinha em minha direção sem eu fazer quaisquer movimentos.


Ao meu lado, seu rosto se aproximou do meu e antes de tomar uma iniciativa, puxei e traguei seu cigarro um pouco. Ele ficou me encarando enquanto eu encarava a vista daquele andar.


Eu estava mais uma vez com ele depois de certo tempo.


Apaguei no repositor no centro da mesinha e então o puxei comigo por entre os lençóis bagunçados. Um beijo selvagem e repleto de luxúria.


Seus dedos percorreram um caminho perigoso entre meu ventre até minha entrada, que estava sendo receptiva.


– Você é tão sensível.


Seus dedos brincavam com meus mamilos lentamente, na medida que sua mão subia e descia por meu corpo, espalhando minimamente o líquido de excitação que de mim vinha. Eu gemi.


E então seus dedos abandonaram meus seios, dedilhando-se até alcançarem meus lábios e automaticamente abri, lambendo toda a extensão sendo recepcionado por sua expressão maliciosa. Ele estava excitado e ofegante, com as bochechas vermelhas e os olhos semicerrados. Eu já o queria dentro de mim.


Tirei seus dedos de dentro de mim e direcionei até minha entrada, ele me olhou, entregando-me um sorriso obsceno.


– Seu mau-humor era isso?


Acho que sim.


Arregalei os olhos subitamente quando senti seus dedos adentrarem em mim, gemi.


Os movimentos de vai e vem eram frenéticos e sentia como se parte de mim estivesse sendo rasgada. Eu gemia e ele grunhia. Ele gemia e eu pedia para ele maneirar. Meu ventre se contorcia nesse prazer louco destilado por seus dedos.


Não hesitei.


Ergui meus braços em sua direção, o chamando. – Sasuke, eu não posso mais suportar.


Sua boca abocanhou meu seio esquerdo enquanto eu escutava o cinto sendo retirado e o zíper sendo aberto. Gemi.


Eu estava nas nuvens. Uma onda de prazer insuportável abraçava meu corpo.


Alisou minha entrada segurando em ambos lados da minha cintura. Se posicionou e entrou.


Gememos juntos. Ele era grande e grosso o suficiente para arfar pelo incômodo inicial e sentir prazer por me sentir preenchida.


– Porra. – Suspirou, esperando eu assenti para continuar.


Agora era seu membro dentro de mim. Vai e vem.


Ele me preenchia e me deixava vazia. Ia rápido demais para o som erótico se tornar sinfonia naquele quarto de hotel.


– Você fica linda assim. – Sussurrou ao pé do meu ouvido, me socando.


Eu estava no purgatório da luxúria, e tudo o que me resta é ter meu corpo purificado por porra.

 


– Como pode fazer uma cara tão obscena? – Murmura, me beijando intensamente.

Seu gosto era meu preferido mas a sobremesa tinha gosto de adeus.


Seus lábios tocavam os meus de maneira agressiva, meu machucado havia sarado mas ainda pude sentir o gosto de ferro enquanto seus movimentos se aceleravam.


Quando você me beija, eu me pergunto se tem algum significado para ti como tem para mim.


Meu corpo estava quente. Quente como o inferno.


– Eu quero você. – As palavras que eram proferidas por sua boca me enfeitiçavam, eu estava no ápice da loucura.


– Me fode.


Abri minhas pernas, sentindo a vergonha transparecer mas isso não pareceu incomoda-lo.


Ele se ergueu e ergueu meu tronco consigo, ainda metendo. Tampei meus olhos com meu antebraço, evitando contato visual entre nós.


Provavelmente eu podia dizer “eu te amo” naquele sexo azedo, deixando ele doce e Uchiha Sasuke odiava doces.


Sua expressão de prazer era meu prazer.


Porque Uchiha Sasuke dentro de mim era como alcançar o paraíso sem sair do inferno.

 


No momento, eu soube exatamente o que eu desejava. Nesse momento, eu não pude me mover por estar com as mãos presas.


Para ele, eu sou seu segredo, ele gostava da companhia que era estar comigo. Sem cobranças, sem brigas. Eu não era a única que deitava com ele, mas eu era a que ele fazia questão de ir atrás.


Talvez por minha aparência delicada como ele gostava, talvez por eu não transparecer tanto o quanto gosto dele.


Então eu preciso aproveitar esse momento.


Suas estocadas eram firmes e fortes, me senti estúpida por estar chorando de prazer quando apenas queria toca-lo.


– Mais, quero mais. – Me permiti gritar de prazer, sendo observado por seus olhos selvagens que tanto amo.


Quero temer.


Eles eram rosas pretas para amores não correspondidos, mas também eram rosas pretas para despedidas.


Quando ele saiu de dentro de mim, eu o empurrei, ficando por cima.


– Eu não consigo imaginar o fato de você fazer o mesmo com outros caras... ah...


– Cala a boca. – Rosnei, tendo suas mãos apertando minha cintura enquanto eu descia por seu mastro ereto.


E você nem precisa imaginar, porque estou ocupado demais apaixonado por você para pensar em outros, esperando suas ligações e atendendo seus pedidos.

 


– Você é ótima nisso.


Sorri, apoiando minhas mãos em seu peitoral, cavalgando intensamente, perdida e controlada pelo prazer momentâneo.


Aquela posição é tão exibidora e tão funda.


– Sakura, vá mais rápido.


O olhei, vendo o quão entregue ele estava naquele momento. O cabelo preto bagunçado, os olhos semicerrados, as bochechas coradas e a boca entreaberta.


Acelerei os movimentos até ele inverter as posições e ficar por cima novamente. Seus dedos entrelaçaram com os meus, os nossos gemidos eram a mais bela orquestra que eu podia presenciar em toda minha vida. Ele estava fundo, tão forte.


Antes que pudesse raciocinar ele se afastou, se masturbando rapidamente e despejando sua porra em mim. Arfei, sentindo um líquido saindo de mim enquanto sentia meu corpo em êxtase. Sorria.


Uchiha Sasuke caiu ao meu lado, mas antes depositou um beijo na minha cabeça enquanto me embrulhava. Eu queria tocar ainda mais nele, mas acho que esse sexo matinal foi compensador.


– Sakura?


Ele me chamou mas me encontrava sem forças para responder. Minha visão ficou turva novamente, então meus olhos se fecharam automaticamente.








Novamente acordei, dessa vez o ambiente estava escuro e gélido, tateei a cama encontrando nada que somente travesseiros, liguei o abajur, sendo abraçada pelo vazio.


Ele havia ido embora. Sorri minimamente, ajeitando meu cabelo. E é uma pena, eu meio que queria que ele tivesse ficado.


E então eu percebi, não importa em qual situação estejamos, eu sempre voltaria rastejando para Uchiha Sasuke, toda madrugada, porque sabemos que as madrugadas são feitas para dizer o que não se pode no dia seguinte.


– Que porra! Sakura, o que você fez? – Me perguntei, sentindo a garganta seca.


Uchiha Sasuke era um falsificador de beijos e um perfeito ilusionista, o único capaz de enganar um artista.


E ele me enganou.


Iria pedir um Champagne para brindar a minha nova inspiração.


Eu era só a Haruno Sakura, a menina que se disponibilizou para ele.


Notas Finais


<3


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