1. Spirit Fanfics >
  2. Do Outro Lado - (Catradora e Lumity) >
  3. A intercambista

História Do Outro Lado - (Catradora e Lumity) - A intercambista


Escrita por: BriasRibeiro e naluoliveira

Notas do Autor


Helloo
Nalu aqui
O cap vai ser narrado na visão da Amity e da Adora, como já foi explicado antes ^^
Quem escreveu a parte da Adora nesse cap foi a Brias pq ela quis :v
O cap 3 sai quando ela terminar o 5 blz?
Espero que gostem

Capítulo 2 - A intercambista


3 de fevereiro de 2021

Logo que Amity acorda e se dirige ao banheiro para sua rotina matinal, solta um suspiro frustrado ao ver seu reflexo no espelho. A tinta verde não saiu por completo do cabelo, e a menina sente uma vontade enorme de faltar à escola. Não que sua mãe deixaria, pelo simples motivo de seu cabelo estar completamente verde. "Aqueles dois me pagam", pensa.

Por algum motivo ainda desconhecido por ela, Edric e Emira haviam passado tinta de spray em seu cabelo perfeitamente castanho, enquanto ela dormia, dois dias atrás. O sono pesado dela ajudara na execução do plano infalível.

Sem muito o que fazer em relação a sua aparência, Amity termina de se vestir e desce as escadas de sua não tão humilde residência. Encontra a cena mais comum de sua vida na mesa do café da manhã: Adora com o rosto apoiado nos braços, e estes se apoiam em cima da mesa. Provavelmente bebeu demais no show de ontem, como sempre.

Os gêmeos ficam cutucando a Grassi mais velha, que os ignora completamente. Alador não está na cozinha, nada fora do usual, já foi para o trabalho. Já Odalia se ocupa com a cafeteira e, vez ou outra, manda Edric e Emira deixarem Adora em paz.

– Dia – diz Amity.

– Bom dia – os gêmeos respondem simultaneamente.

Adora levanta um braço, acenando, porém continua com a cara apoiada na mesa. A irmã mais nova se senta em uma das cadeiras livres da mesa comprida e retangular e começa a preparar um cereal. Quando Amity começa a comer, vê Adora finalmente levantar o rosto. Percebendo o movimento, Amity olha para a irmã e quase cai da cadeira com o susto que leva. A loira tem um hematoma que vai do canto interno do olho direito até o nariz. Amity vai até a irmã, preocupada.

– Misericórdia, Adora! O que aconteceu?!

– Eh, briga de bar – ela responde com desdém.

Vez ou outra, em seus shows, Adora acaba ofendendo algum cara com masculinidade frágil, e é nisso que dá. Não que seja algo completamente corriqueiro, mas também não é a primeira vez que acontece. Amity se aproxima mais, tocando levemente o rosto da irmã na bochecha.

– Você tem que se cuidar, Dorinha! Podia ter quebrado o nariz!

Os gêmeos dão risada, e logo explicam o motivo:

– Hum, ainda bem que tinha uma certa gatinha pra te salvar, né Adora? – Emira diz, com um tom malicioso e uma sobrancelha erguida. 

– Ah, sim – Edric entra na conversa. Nunca perde a oportunidade de infernizar ninguém – a pobre donzela em perigo encontrou sua princesa encantada.

Adora revira os olhos. Odalia e Amity lançam olhares autoritários para os gêmeos.

– O vídeo circulou pelo Instagram – a gêmea diz.

– Foi parar até na conta de zoeira da faculdade – Edric completa.

– E vocês dois, como sempre, sabem de todas as fofocas antes de todo mundo aqui em casa! – Adora diz – Ainda que postaram só as partes violentas, teve muita baixaria antes daquilo – ela diz, rindo pelo nariz, mas logo em seguida se arrepende, pois o riso faz seu machucado doer. Depois completa, bagunçando os cabelos da mais nova: – Eu tô bem, verdinha! Vai tomar seu café, vai.

Logo em seguida, se levanta da mesa e sobe as escadas. A mais nova faz o que Adora diz, voltando para seu lugar e continuando a comer.

– Mãe – Amity começa – a Adora tem que parar com esse negócio de arranjar briga em show, alguma hora ela aparece numa vala, morta, o assassino dela nunca vai ser encontrado, e o pior, a culpa vai ser só dela!

Odalia olha ternamente para Amity, e os gêmeos logo dão sua opinião sobre o assunto.

– Ela é maior de idade – diz Edric.

– Dona do próprio nariz – continua Emira.

– Pode fazer o que bem entender, desde que não envolva a gente.

– Nossa, isso é o que eu chamo de amor fraternal! – A mais nova diz, entre uma colherada e outra.  

– Infelizmente seus irmãos estão certos, Amity. Mas vão terminar de se arrumar logo, senão vão se atrasar. Espaventa daqui, os três.

Amity acha graça nas palavras da mãe, apesar de sempre ouvi-las.

Os quatro irmãos vão para o carro minutos depois. A irmã mais velha vai dirigindo, como sempre. O trânsito matinal caótico de São Paulo não é páreo para Adora. Ela deixa os três irmãos na escola, se despedindo e volta para casa, querendo dormir e esquecer o incidente da noite anterior.

Quando a mais nova pisa para fora do carro, uma onda de nervosismo e excitação a invade. Afinal, é o primeiro ano do ensino médio. Apesar de não ter mudado muita coisa, Amity sente que tudo está diferente. Ela sabe que os professores irão dar sermões, falar como vestibular é importante, e blá, blá, blá. Seus irmãos a tinham avisado quanto a isso. E também disseram a ela para que não ficasse nervosa, nem se sentisse pressionada. Que todo mundo começaria a perguntar qual faculdade ela gostaria de fazer, que isso encheria o saco, mas ela não precisava dar satisfação a ninguém. 

Vários estudantes já transitam pela entrada da escola, desde os mais novos, de onze anos de idade, até os que estão no último ano do ensino médio. Faltam ainda vinte minutos para o começo da primeira aula.

Ela conhece bem sua escola, estudou lá a vida toda. Há vários prédios enormes, de três andares cada. Quando criança, vez ou outra se perdia nos terrenos da escola. Além de ser grande, o lugar possui uma planta um tanto quanto estranha. Logo depois da entrada, há um corredor ao ar livre. À esquerda há uma construção de um andar só, a academia. Logo após ela, desce uma escadaria que leva às quadras, sendo as mais usadas a de futsal(o ponto forte da escola), de basquete e vôlei. A única das quadras que não é coberta é esta última. Além das quadras, encontra-se uma piscina olímpica. Os prédios onde ficam as salas de aulas ficam logo à direita da entrada. Adentrando a construção da frente, um corredor leva até a cantina e a secretaria de um lado, e às salas de outro. Ao final deste, uma escada leva para o andar de cima, onde mais classes estão. Há dois banheiros masculinos e femininos em cada andar. A biblioteca e a sala de informática ficam em outro prédio, além da escadaria que leva às quadras, a biblioteca no andar de baixo e o laboratório de informática no andar de cima. O prédio mais ao fundo possui laboratórios de química e zoologia em seu andar térreo, e salas de aula nos outros dois andares.  

Amity sobe as escadas do prédio da frente, sabendo que as salas do ensino médio ficam no segundo andar. O longo corredor possui diversas portas, cada uma levando a uma sala de aula. Ela procura a placa acima das portas que indica “1º EM”. A encontra bem no meio do corredor, seu nome na lista pregada ao lado da porta. 

Entrando na sala, encontra alguns rostos já conhecidos. Seus colegas conversam animados, alguns sentados na carteira e com os pés nas cadeiras, outros em pé, outros em frente à lousa, ou apoiados na mesa do professor. Seus amigos, Gus, Virgínia (apelidada de Willow) e Fernanda (carinhosamente chamada de Frosta), do segundo ano, já conversam sobre suas expectativas para o novo ano. Frosta só consegue falar do time de futsal, o qual Amity fazia parte, até o ano passado. Este ano, ela precisa passar por uma seleção novamente, pois agora, ela jogará na categoria no ensino médio.

– Oi Amity! – cumprimenta uma Willow sorridente.

– Oi, povinho! – responde a Grassi – passaram bem de férias?

– Eu treinei como se minha vida dependesse disso – diz Frosta – a camisa nove aqui tá pronta pra qualquer coisa!

– Eu nem saí de casa direito – Gus fala, um pouco desanimado – fiquei estudando na maior parte do tempo.

– Mas e você, Amity? – pergunta Willow – Fez o que durante as férias?

– Quase nada também. Fui pra Machu Picchu antes do natal, e depois fiquei em casa.

– Uiiii – Frosta zomba – eu vi as fotos da viagem, lá é lindo demais! – e depois começa a rir – falando em foto, Amity, sua irmã levou um socão ontem, hein?

Amity suspira e esconde o rosto nas mãos.

– Puta que pariu, até vocês viram?!

– O vídeo espalhou… – Gus diz – um pessoal daqui que conhece a banda da sua irmã compartilhou em tudo, Face, Insta, Twitter, se abusar tem vídeo dela no Linkedin.

– Eu amo a Adora, mas às vezes ela só me faz passar vergonha!

Os três amigos riem. 

Logo em seguida, entra pela porta da sala uma menina que Amity nunca tinha visto antes. A menina tem a pele morena, cabelos castanhos curtos e tem mais ou menos a mesma altura de Amity. A garota parece animada, porém um pouco intimidada. Sorri para todos os que encontra enquanto procura uma carteira para se sentar, mas não diz uma palavra. Acaba se sentando numa das cadeiras perto da parede. 

Os quatro que antes conversavam animadamente se entreolham, intrigados com a nova aluna. Prestes a se perguntarem se deveriam falar com a menina, o sinal bate e eles sentam em seus lugares, Amity na primeira carteira, bem em frente à mesa do professor, Gus atrás dela. Willow na primeira carteira, ao lado de Amity. 

– Vou pra aula, pirralhos – diz Frosta, indo em direção à porta – see ya! – e sai rapidamente da sala.

Os outros colegas ainda continuam em pé, pouco se importando com o fato de que já deu o horário da aula começar. A professora Vera, a qual os antigos alunos já conhecem, chega nem um minuto depois, mas alguns estudantes ainda teimosos se recusam a irem para seus respectivos lugares. A senhora de meia idade diz um sonoro, forte e autoritário “Bom dia!”, olhando diretamente para os retardatários, que se sentam. 

Alguns alunos respondem o bom dia, outros dão risadinhas pelo começo um pouco constrangedor. A professora escreve seu nome na lousa, depois se vira em direção às carteiras. Ela usa uma saia comprida e uma camisa branca com o logotipo da escola bordado do lado direito do peito, e óculos redondos. É uma senhora não muito alta, mas também não tão baixa. Amity e seus amigos lembram das aulas de português com ela, e a consideram uma ótima professora.

– Bom, pessoal, a maioria já me conhece de alguns anos passados, mas eu vejo algumas carinhas novas por aqui – ela diz, e logo em seguida, olha para a aluna que chamou a atenção de Amity – inclusive, temos uma estrangeira aqui!

Algumas exclamações são ouvidas. Amity compreende o porquê da garota ter ficado quieta. Vera provavelmente tinha sido informada que teriam uma aluna de outro país na sala do primeiro ensino médio, algo que não acontecia com frequência nessa escola.

– Luz, quer se apresentar? – a professora pergunta, fazendo um gesto para que a menina se levante.

Luz parece um pouco apreensiva, porém animada. Amity se pergunta se ela entendeu o que a professora disse. Aparentemente sim, pois ela se levanta da carteira e começa a falar em sua língua nativa, e o resto da sala entende um pouco, visto que tiveram aulas de espanhol durante o ensino fundamental. Mas a menina fala tanto e tão rápido que fica um pouco difícil de acompanhar.

Olá, meu nome é Luz Noceda. Eu nasci no Paraguai e vim morar aqui com uma prima, ela tem um gatinho que é a coisa mais fofa desse mundo! O trânsito de São Paulo é bem bagunçado, eu fiquei bem assustada no começo. Eu não falo português, então provavelmente não vou entender vocês muito bem, mas eu espero que a gente se dê bem!

A professora solta um suspiro aliviada, e o resto da sala fica calado. Aquilo tinha sido… bem, frenético. Depois de Luz, alguns outros alunos se apresentam, de forma bem mais tímida e desanimada que a paraguaia. Então, a aula começa, nada muito extenso, já que é só o primeiro dia. 

O sinal para o intervalo bate, e, fora os estudantes que saem correndo para comprar o melhor salgado da cantina, o resto fica para conversar com a aluna intercambista. Amity se irrita um pouco vendo a nova aluna receber tanta atenção. Pega sua maçã e come, sentada em sua carteira. Seus amigos fazem parte do grupo que fora comprar algo na cantina. 

Ela ouve seus colegas fazerem perguntas completamente absurdas e sem noção para Luz, como “É verdade que vocês aprendem a fabricar drogas na escola?”, “Seu país vive de contrabando, né?”, por vezes em espanhol, ou em português, ou às vezes misturam as duas línguas. Amity se levanta e se dirige à porta da sala para jogar os restos da maçã no lixo reciclável, no corredor, mas antes, olha para os colegas e diz, em um tom severo:

– Calem a boca, seus idiotas! Deixem a coitada respirar!

Luz olha para Amity, com um sorriso no rosto e murmura um “Gracias”, e a de cabelos verdes sente seu rosto corar. 

– Ih, alá a de cabelo de catarro querendo dar bronca na gente! – diz um garoto.

Amity bufa e sai da sala. Encontra a lata de lixo correta e joga os restos da maçã. Seus amigos estão voltando da cantina, e entram junto com ela de volta na sala. 

Ela e seus amigos sentam novamente, eles tagarelam sobre algo que Amity não ouve. De repente, a paraguaia está em frente à carteira de Amity, olhando para ela com ternura. Os três que antes conversavam animadamente, param de falar diante da cena. Amity arregala os olhos.

Luz, ainda em espanhol, começa a falar.

Obrigada por me tirar do sufoco agora há pouco! Perguntei pro menino o que ele tinha dito, e ele me contou. Foi muito rude da parte dele, e eu acho seu cabelo o máximo!

A paraguaia volta para sua carteira, deixando uma Amity corada da cabeça aos pés, e mais três adolescentes perplexos, que lançam olhares significativos para ela.

[...]

Quando Adora finalmente acorda (pra valer, dessa vez) já são quase dez da manhã. Ela se encontra sozinha em casa: provavelmente, sua mãe já fora para o salão. A loira se espreguiça na beirada da cama, alongando as costas e os braços ao máximo, e se levanta.

Adora suspira ao notar a bagunça do seu quarto. Deveria tirar uma parte do dia de hoje pra arrumá-lo. Suas roupas do show de ontem estão espalhadas pelo chão, a escrivaninha se encontra uma bagunça de trabalhos da faculdade do ano passado – aos quais Adora passara boa parte das férias revisando – e uma de suas guitarras se encontra fora da capa. Agora, isso é um crime imperdoável! Com dor no coração, Adora se ajoelha ao lado do instrumento, largado meio de qualquer jeito encostado à parede. 

– Oh meu deus! Meu bebezinho! – ela toma a guitarra, uma Explorer branca na base e com o cabo prateado, e sutis listras arco-íris quase transparentes na divisória com as laterais, entre seus braços, como se fosse um filho – mamãe foi muito má com você ontem à noite, não foi? Ai meu deus, meu Swiftzinho!

A guitarra preferida de Adora fora nomeada de Swift Wind, mas ela ainda tem muitas outras, todas elas com um nome muito especial e marcante. Por exemplo, The Guitar of Protection, uma Stratocaster toda em prata-e-ouro, foi a sua primeira guitarra quando criança, e a sua preferida por muitos e muitos anos. Hoje, é guardada como uma relíquia na parede de Adora, bem atrás de sua cama, pendurada num eterno gancho da aposentadoria. Foi com aquela guitarra que Adora aprendeu a tocar, e após ela, veio a She-Ra, The Princess of Power, uma Flying V toda vermelha com sutis detalhes em branco e amarelo que formam os desenhos de duas asas e um coração.

– Vem aqui, Swift Wind. Mamãe promete que nunca mais vai beb... não, na verdade mamãe promete que sempre vai colocar você de volta na capa antes de começar a beber. 

Ela guarda sua xodó na capa preta e a deposita cuidadosamente em seu suporte, perto da escrivaninha. Adora boceja e vai até o banheiro. Suspira, resignada, ao ver seu reflexo: aquele hematoma horrível de ontem.

Nada daquilo teria acontecido se Tung Lashor não fosse tão brocha. Adora segura uma risadinha com o pensamento e lava o rosto. Em seguida, abre o espelho e pega uma pomada já pela metade no armarinho atrás dele, e aplica cuidadosamente o remédio. Depois, penteia os cabelos loiros, completamente embaraçados e cheios de nós. Faz Adora se sentir como se não tomasse banho há dias. Ela lança olhares desejosos ao chuveiro vez ou outra, enquanto se livra dos nós e dos vários fios que vão ficando presos no pente.

Ao terminar, arranca a roupa do “pijama” – bermuda e regata, as primeiras roupas que encontrara ao abrir o armário pela manhã, e que usara para levar seus irmãos à escola, antes de voltar pra casa e desmaiar na cama de novo – e entra debaixo do chuveiro.

Ela deixa a água gelada escorrer pelo seu corpo, lava os cabelos com esmero, esfrega a bucha ensaboada por todo o corpo e em pouco mais de cinco minutos, já saiu do chuveiro. Adora se seca e vai vestir um minishorts ciano e camisa regata branca de ficar em casa, e se deita na cama com o seu Kindle. 

Adora lê até quase meio-dia, quando seu celular começa a vibrar com mensagens de Glimmer no whatsapp.

– Ei sua piranha briguenta comedora de casada do caralho! Hoje é seu dia de bancar nosso almoço, estamos te esperando aqui na lanchonete dos Hordak! E é melhor vir logo, senão eu e o Bow vamos pedir os pratos mais caros e vai ficar na sua mão!

Assim que termina de ouvir a mensagem de Glimmer, Adora salta na direção do seu armário e veste a primeira roupa que vê pela frente: calça jeans padrão e ciganinha branca. Põe seu all-star preto e branco, aquele do mais genérico de todos, agarra sua mochila e corre pra fora já chamando um Uber. Ela tem plena noção que Glimmer é 100% capaz de cumprir sua ameaça. Claro, ela poderia simplesmente ignorar e deixar a amiga se meter numa enrascada com os irmãos Hordak – ou melhor, só o mais velho deles, já que o mais novo provavelmente inventaria algum desconto de última hora para perdoar a dívida ou deixaria pagar depois – mas não quer ver sua amiga se metendo em enrascadas. Além disso, seria praticamente um plágio! Ela é que é a menina das enrascadas do trio! 

Adora chega à lanchonete depois de uns 20 reais de Uber, ao mesmo tempo que o mais novo dos irmãos Hordak serve uma enorme bandeja de batata frita para Glimmer, Bow e MAIS PESSOAS QUE NÃO ESTAVAM NA CARALHA DO COMBINADO. Adora rapidamente identifica Netossa, Spinnerella e Perfuma, o grupo todo muito bem-humorado, rindo e descontraído, sabendo que tudo vai cair no bolso de Adora depois. Adora se aproxima deles com um sorriso amarelo.

– Ooooi – ela acena, ignorando o sorriso exageradamente amigável de Walter Hordak para agarrar Glimmer pelo ombro e murmurar entre os dentes – você tá querendo me falir?!

Glimmer lhe dá um belo tabefe na mão, afastando a amiga, revira os olhos e replica, bem alto, para todos na mesa ouvirem:

– Tá reclamando de quê?! É sua punição pela vergonha que você nos fez passar ontem! Sabia que eu e o Bow tivemos que te carregar até o carro?!

A mesa irrompe em risadas, com Spinnerella e Perfuma rindo mais timidamente e Netossa numa barulhenta gargalhada. 

– Deu mais um passo pra fama, Dorinha! – zoa Netossa, se debruçando por cima da mesa para praticamente enfiar o celular na cara da amiga. A loira revê já pela terceira ou quarta vez no dia aquela cena do soco a acertando a cara, para logo em seguida uma linda garota de pele castanha se interpor entre ela e o seu agressor para lhe acertar uma joelhada nos países baixos. Netossa tira o celular da cara dela antes que chegue nessa parte. Suspirando, Adora empurra Glimmer mais para o fundo, forçando ela a abrir espaço, e se senta no banco ao lado dela, jogando sua mochila aos seus pés.

– Caramba, mais de 2 mil views só no Instagram – comenta Spinnerella, assombrada. 

– Ei, e quem era aquela menina misteriosa que te salvou? – Netossa pergunta, antes de enfiar um belo palito de batata na boca. Antes que Adora possa responder, Walter volta mais uma vez, carregando uma bandeja com vários hambúrgueres, um sanduíche natural, e copos de bebidas: dois smoothies, um cappuccino, um guaraná e duas cervejas. 

Os hambúrgueres são todos duplos. Adora sente o peito dar uma pontada novamente.

– Glimmer, eu não tenho grana pra tudo isso não – ela murmura, tentando fazer as outras não ouvirem.

– Ai, relaxa Adora, a gente só tava te zoando – Netossa revela, revirando os olhos.

– Sim, meu amor. A gente vai pagar a nossa parte – Perfuma completa, toda gentil, e dá uma mordida em seu sanduíche vegano.

– Mas pra mim e pro Bow, é você quem paga – esclarece Glimmer, abrindo sua latinha de Brahma e dando uma generosa golada, antes de se voltar ao sanduíche. 

Ok, pelo menos Glimmer e Bow souberam escolher o seu pedido, consola-se Adora, encarando sua própria lata de Skol ao lado da lata de Glimmer e tomando seu sanduíche entre as mãos.

– Mas e aí, cêis têm o quê pra fazer hoje? – pergunta Spinnerella.

– Faculdade à noite – Adora e Glimmer respondem ao mesmo tempo.

– É, eu também – vez de Bow.

– Último ano, finalmente – Perfuma, numa voz cansada.

– Amém – Adora anuncia e é seguida pelos três colegas.

Bow está no último ano de engenharia mecânica, Glimmer, no último ano de ciências sociais, e Perfuma, no último ano de geociências e educação ambiental. Netossa e Spinnerella haviam ambas se graduado juntas no ano anterior, em psicologia. 

Adora faz o curso mais sem graça do planeta: administração. 

Não é que, wow, ela tem o grande sonho de abrir uma empresa e ser uma gestora e uma empresária e não sei o que lá que seu pai esteja esperando pra ela. Só parecia a opção mais fácil, e ela aceitou esse destino entediante até hoje.

Seria uma ideia muito doida viver da música, de qualquer forma. Ou de qualquer coisa minimamente interessante.

Enfim, não faz diferença. Ela vai pegar o seu diploma de administração no final desse ano, arrumar algum emprego chato de 8 horas por dia e usar o resto do seu tempo fazendo as coisas que realmente gosta, mesmo que só por hobby. Ela é boa e aplicada o suficiente quando precisa pra saber que é capaz de conquistar alguma estabilidade e independência financeira. É só o que deseja. Só o que se conformou em desejar.

– E você acabou nem respondendo – torna Netossa, interrompendo o fluxo de pensamentos de Adora.

– Oi?

– Aquela menina misteriosa lá. Glimmer disse que você conhece ela.

– Ah! Ela é, huh... porra, qual o nome dela, mesmo? – Adora coça o queixo, pensativa – alguma coisa com C...

– Catarina? – sugere Bow.

– Cláudia? – Perfuma.

– Não, gente. 

– De onde você conhece ela, afinal? – questiona Spinnerella.

– É alguém que você comeu no passado? – brinca Glimmer.

– Cala a boca, ô purpurinada. É uma menina da minha turma da faculdade. Sempre senta sozinha, fica quietinha a aula toda, nunca vejo conversando com ninguém. Direto chega atrasada, sempre com cara de cansada.  Acho que...

– Nossa, e você observou tudo isso na nossa menina misteriosa? – debocha Glimmer, ganhando uma cotovelada de Adora e caindo na gargalhada. 

Após a lanchonete, o grupo se separa em três: Netossa e Spinnerella saem juntas, de volta para seu recém-comprado apartamento, para o qual ainda estão se mudando, Perfuma sai falando alguma coisa sobre ter aula de yoga, Glimmer parte para o seu estágio da tarde e Adora e Bow vão para a faculdade para matar o tempo – ou melhor, no caso de Adora, para matar o tempo. Bow tem feito estágio numa das bibliotecas da universidade, e sem ninguém para passar o tempo com ela, Adora tem passado sua primeira semana de aulas por lá também, só pra ficar enchendo o saco do seu amigo baixista.

Quando Adora se toca, já é hora da aula. Ela se despede de Bow e corre para o seu departamento. Quando está quase chegando na FEA/USP, ela quase tromba com uma outra apressadinha.

– Opa, desculpa! – ela quase recomeça a correr, mas reconhece aqueles olhos ambíguos, oblíquos, felinos, e para onde está, encarando a garota meio de boca aberta.

Ela veste uma camisa de uniforme de alguma empresa que Adora não conhece, numa cor azul-clara, e calça jeans tão básica quanto a sua. Também tem um crachá: Clementina Noceda, supervisora de produção. Sua foto 3 por 4 não faz jus ao seu rosto cansado, porém de feições delicadas e delineado perfeito. 

– Perdeu alguma coisa, loirinha?

O sorriso cansado de Clementina carrega um quê de agressividade maliciosa. Adora abre a boca e fecha novamente, sem saber o que responder.

– Foi um belo soco que ele te acertou ontem. Dá pra ver a marca daqui.

– Hã...

– Enfim, eu tenho que ir pra aula, se você vai ficar aí parada com cara de tonta o problema é seu, falous – Clementina faz menção de passar por Adora, mas ela a segura pelo pulso – o que foi?

– Hã... desculpa e obrigada por ontem – diz Adora, humildemente, seus olhos azuis fixos nos de Clementina – eu... hã... Adora – ela estende a mão.

– Oi, hã Adora, eu sou a Catra – ela replica, sarcástica – eu já te conheço, cabeção. Acha que eu tava naquele fim de mundo ontem pra quê?

– Ah... bom, desculpa por ter estragado sua noite – a loira tenta sorrir gentilmente. Ela não deixa de notar como Catra morde o lábio inferior, como se nervosa com algo. 

– Bem que você poderia me recompensar por aquilo agora – Catra replica, transparecendo um sorrisinho malicioso. Ao não ver reação alguma da loira, ela solta uma risadinha – era brincadeira.

Adora dá um passo à frente, ficando um pouco mais perto que o normal de Catra. Não tão mais perto assim, no entanto. É quase imperceptível, mas ela nota a respiração de Catra dando uma leve descompassada. Isso acende uma fraca chama de confiança no âmago da loira, que oferece um sorriso torto à outra.

– Eu não teria problema algum com isso – sussurra Adora, subindo lentamente sua mão do pulso para o braço de Catra, e então pousando em sua cintura, acariciando de leve as suas costas. Catra desvia o olhar por um momento e suspira profundamente. Adora sente uma das mãos de Catra tocar-lhe a cintura, suave como uma pena. 

– Você faz isso com todas as garotas? – murmura Catra, os olhos ainda fixos numa desinteressante parede à sua esquerda. Antes que Adora responda, ela ouve uma risadinha triste, e aqueles olhos afiados de Catra se tornam para fixar-se aos seus. Dessa vez, é o coração de Adora que perde o compasso por um momento – não responda. Eu tô cansada demais pra ouvir explicação.

Adora se inclina para os lábios de Catra, mas é Catra quem beija primeiro. O beijo evolui gradualmente, os corpos das duas se colando um ao outro, Adora afundando uma das mãos nos volumosos cabelos de Catra, segurando sua nuca, enquanto ambas as mãos de Catra já invadiram a sua camisa e acariciam suas costas, pele contra pele. A boca delas já não explora mais somente a boca da outra: elas beijam o pescoço, os ombros, raramente cortando o contato por mais que alguns momentos, os suspiros de desejo cada vez mais intensos.

– Adora... – ela ama ouvir Catra gemer o seu nome assim – vamos... procurar uma sala vazia... – ela sugere.

Elas encontram a tal sala vazia, fecham a porta atrás de si e batem no interruptor, acendendo a luz. Sem parar de agarrá-la, Adora guia Catra até a mesa do professor, fazendo-a se deitar ali, agarrando com rudeza o seu seio por cima da camisa. Catra faz aquela coisa de novo, de morder os lábios, de encará-la com estes olhos afiados, dessa vez com mais força que antes, com mais desejo do que antes. Adora arranca a própria camisa, revelando seu sutiã, e se deita sobre Catra, beijando o seu pescoço e esfregando sua coxa contra a intimidade da colega de classe com quem mal tinha conversado até hoje. As mãos quentes de Catra agarram suas costas e não demora muito para que Adora sinta algo afiado a arranhando. Surpresa pela dor súbita, ela interrompe o beijo e dá com os olhos maliciosos de Catra a perfurando.

– Só pra você saber, eu gosto de arranhar – ela sussurra. 

Adora sente frissons, uma junção do olhar de Catra, da  sua voz sensual, da memória daquelas unhas longas e cobertas de esmalte preto que a colega sempre usa. Ok, talvez Glimmer esteja certa, ela reparou um pouco demais nessa colega misteriosa. Mas que foi sexy pra caralho... ah, isso foi. 

Enquanto beija o pescoço de Catra e arranca gemidos dela, Adora sente as mãos da mulher desfazerem o fecho do seu sutiã, para em seguida fincar suas unhas com particular crueldade em suas costas e esfrega-se com mais intensidade na coxa de Adora. Parece até estar fazendo de propósito. Adora contém um gemido de dor, e quando percebe, Catra a está encarando com curiosidade.

– O que foi?

– Eu queria te ver reagir – há uma decepção irônica em seu tom.

– Você pode me ver reagir depois, agora é a minha vez.

– Não tem essa de “vez”, é tudo junto e misturado – replica Catra. Aquela sua expressão de desejo se metamorfoseia suavemente numa mais divertida, um tipo de sorriso zombeteiro, mas não uma zombaria com intenção de ofender, e ela diz – parece até que nunca transou na vida. Você comeu mesmo a namorada daquele cara?

– Sei lá. Parece que sim. O nome batia, mas eu não sabia – replica Adora, defensiva – quer dizer, eu até tinha uma noção, mas ela não falou nada, então...

– Dá pra parar de se justificar? – há uma pausa curta, em que as duas se encaram, antes de Catra continuar – só me come logo.

– Então você admite que é minha vez!

– Quieta, Adora.

Catra agarra a cabeça de Adora e a puxa de volta contra o seu corpo, reforçando suas palavras.

E Adora continua a friccionar sua coxa contra a virilha de Catra, cada vez mais intensamente, tornando os suspiros de Catra cada vez mais profundos, assim como os arranhões nas costas de Adora. Não demora para que ela arranque a camisa e o crachá da morena, revelando um confortável top negro esportivo, e comece a distribuir beijos e chupões na parte alta do peito de Catra, pouco acima do tecido do top, enquanto ela a abraça com força surpreendente.

– Adora... – Catra sussurra, e indica com a cabeça na direção da parte baixa do corpo – vai me dedar quando, Adora?

A loira imediatamente atende ao pedido da outra, descendo uma das mãos até o seu baixo ventre, invadindo sua calça, tocando sua vagina por cima da calcinha. Adora a sente molhada, e saber disso faz ela mesma se sentir mais molhada. Catra fecha os olhos, se larga nos braços de Adora e relaxa, aproveitando as ondas de sensações boas que atravessam o seu corpo.

Fazia tanto tempo que não se sentia assim...

“Está tudo bem, é só a primeira semana de aula, não tem problema. Não estou perdendo nada de importante. Eu mereço relaxar um pouco”, ela tenta se convencer.

Catra espia entre as pálpebras vez ou outra, só para admirar o corpo de Adora quase colado ao seu. Sente tanto tesão, tanta vontade de tocá-la... ela não imaginava que algum dia iria realmente poder vê-la assim. Sempre pensou nela só como o crush platônico na vocalista da sua banda indie preferida. Talvez seja um dos privilégios de desprezar a cena pop gringa e valorizar mais os indies locais.

Adora abaixa lentamente a sua calça jeans, revelando a roupa íntima preta de Catra, quase um pseudoconjunto com o top. Ela morde os lábios, contendo sua vontade de chupar os mamilos rosados de Adora, expostos bem na sua cara, conforme a loira brinca com a sua intimidade e mantém os olhos fixos no seu rosto, absorvendo todas as suas reações.

Catra se inclina ligeiramente para frente e beija profundamente os lábios de Adora, fazendo questão de enfiar as unhas na pele clara das costas da loira, e então desce para o pescoço, distribuindo beijos e mordiscadas. Catra ama ouvir essa loirinha duas-caras gemendo. Se pergunta o quão perto está da sua verdadeira face. O pensamento a excita ainda mais...

Ela sente as mãos de Adora agarrando com agressividade o seu peito, e como numa vingança impulsiva, engloba quase o seio inteiro dela com a boca, chupando com força, mordiscando, passando a língua no seu mamilo.

– Catra... – a voz de Adora sai trêmula, o que estimula a morena a chupar seu seio com ainda mais força. Isso, por sua vez, parece estimular a loira a também ser mais intensa, enfiando a mão dentro da sua calcinha e passando a tocar seu clitóris diretamente. Catra geme e aperta o corpo de Adora contra o seu, enterrando a cabeça entre os seus seios, arranhando impiedosamente as suas costas – eu quero te fazer gozar...

Catra sente os pelos do seu corpo todo se arrepiarem. 

– Faz...

Quando diz isso, Adora para o que  está fazendo, segura a barra da calcinha de Catra e a puxa para baixo, revelando sua parte mais íntima. Catra chuta a peça para longe, ajudando-a a se livrar dela, e Adora torna a acariciá-la, lá embaixo, usando a parte de dentro dos dedos indicador e médio. 

– Você me quer dentro de você? – Adora sussurra em seu ouvido. Catra sequer tem coragem de responder, então apenas assente, olhos ainda bem cerrados, e quase tão rápido quanto responde, ela sente Adora introduzindo seus dois dedos nela.

– Puta que... – ela solta, e é cortada pelos próprios gemidos. Adora encontra um ponto sensível dentro de Catra rapidamente, como quem já sabe exatamente como fazer isso, e se foca ali, pressionando as pontas dos dois dedos naquele ponto num vai-e-vem constante, nem leve e nem intenso demais.

Quando Catra sente o orgasmo começar a atingi-la, ela aperta o corpo de Adora contra o seu mais do que nunca, e a loira entende imediatamente o recado, intensificando o movimento dos seus dedos, misturando o vai-e-vem com algo vagamente circular, pressionando Catra como se a empurrasse contra uma parede, friccionando a base dos seus dedos contra a entrada da vulva de Catra, a estimulando em dois “pontos de pressão” diferentes ao mesmo tempo.

– Adora… – ela geme, como quem implora.

– Que foi, Catra? – a loira se faz de besta.

Se não estivesse embriagada demais pela vontade de vê-la gozar, Adora estaria se preocupando se os gemidos excessivamente altos de Catra não estão sendo ouvidos de algum lugar.

– Adora… – Catra repete aquele tom de quem implora.

– Estou te ouvindo, Catra...

E os braços surpreendentemente fortes de Catra apertam Adora com mais firmeza do que nunca.

Catra se mantém daquele jeito por alguns momentos, antes de cair sobre a mesa, levemente ofegante, sentindo as pernas dormentes, relaxando com a sensação incrível do orgasmo. Adora faz menção de se levantar, um olhar metido ainda recaindo sobre a sua companheira, mas Catra a segura pelo pulso.

– Espera aí... – ela pede, e fica em silêncio, como se ainda tentando se recuperar, porém sem soltar o braço de Adora.

A loira espera, paciente.

Os olhos de Catra começam a se abrir. Eles procuram por Adora, meio desfocados, e quando a encontram, ela sorri. Um sorriso tranquilo, pacífico, como Adora nunca havia visto no rosto da sua colega misteriosa. Catra pisca lentamente, e quando torna a abrir os olhos, eles parecem mais focados do que nunca no rosto de  Adora. Aquelas íris afiadas, que parecem analisar sua alma, voltam com toda a força.

– Onde você pensa que vai?

– Hã- temos que voltar pra aula...

– Nada disso – ela se senta na beira da mesa, postura ereta e altiva – você disse que ia me recompensar. Eu nem te chupei ainda.


Notas Finais


Hmmm é isso
Qualquer erro que tenha passado, podem avisar ^^


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...