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Dois pensamentos passaram pela cabeça de Amara. O primeiro, seria mandar Thomas embora, aliás, poderia ser perigoso estar a sós com ele. O segundo pensamento pareceu mais tentador, ela poderia aproveitar esse momento para conhecê-lo melhor. Além de tudo, Thomas não parecia aceitar um não como resposta e isso poderia ser ruim para o pub. A porta foi aberta. Thomas passou pela garçonete como se estivesse fugindo do diabo. Estava encharcado e ofegante. Amara caminhou cautelosa até o homem. Ele parecia transtornado, perdido e decepcionado com algo. O Shelby olhou em volta, puxando uma cadeira da mesa onde havia uma garrafa de uísque. Sem perguntar qualquer coisa, se serviu, acendendo um cigarro enquanto tentava por seus pensamentos em ordem.
— Então agora o Garrison tem música. — Disse com o cigarro preso entre os lábios. Amara suspirou, pousando as mãos sobre o encosto da cadeira.
— Tínhamos um trato, não? — Perguntou erguendo uma sobrancelha. Thomas franziu o cenho e a encarou.
— Tínhamos? — Perguntou. Amara revirou os olhos com tamanho cinismo.
— Eu pedi para pôr música e você me convidou para uma corrida. — Respondeu. — Uma coisa pela outra, senhor Shelby.
— Você não esperou pela minha decisão. — Thomas disse, então bebeu um gole de uísque.
— E nem você a minha. O cavalheirismo não é o seu forte pelo visto. — Ela rebateu.
Thomas sorriu de lado, mesmo não tendo achado graça nas palavras da mulher. Amara era como um cavalo selvagem, com certeza ele teria dores de cabeça se tentasse domá-la.
— Você estava bebendo. — Aquilo não era uma pergunta. Thomas encheu o outro copo e estendeu na direção da mulher. — Me faça companhia.
— Já que não tenho opção. — Amara sentou-se na cadeira apanhando o copo. Thomas mantinha um semblante inexpressivo no rosto, enquanto a observava beber. — E então, que conversa sobre algo?
Thomas tragou o cigarro e soprou a fumaça para cima. Encarando o teto brevemente. Shelby pensou no que havia feito mais cedo, nos desencontros que havia tido e nos negócios futuros que deveria fechar, nenhum desses assuntos deveriam ser tocados com uma simples garçonete. Ele a fitou novamente, amara lhe encarava esperando por algo.
— Matei meu cavalo. — Pronunciou as palavras lentamente. Esperava uma reação dramática da mulher, mas ela apenas piscou e inclinou o rosto curiosa. Seus olhos afiados pareciam atentos.
— Estava doente?
— Ele me olhou atravessado. — Falou ao se encostar na cadeira. — Não é uma boa ideia olhar atravessado para Tommy Shelby.
— Um grande desperdício. Ele era um animal muito bonito. — Disse em resposta.
— Sim. Um grande desperdício. — Lamentou, odiava ter que sacrificar animais, cavalos principalmente. Então se recordou dos pensamentos da guerra. — Na França, me acostumei a ver homens morrendo. Nunca me acostumei a ver cavalos morrendo. É horrível. — Thomas fechou os olhos e os abriu novamente. Amara parecia sentir pena da sua história. Puxando um cigarro do bolso, ele ofereceu para ela. — Que um cigarro?
— Não. — Negou com a cabeça. Thomas sorriu de lado guardando o cigarro. — Me fale sobre a corrida que vai me levar. É uma corrida grande?
— É a corrida de Cheltenham. E o rei vai aparecer. — Disse depois de um tempo. Amara não soube disfarçar a surpresa.
— O Rei George?
— Não. — Thomas tirou o cigarro da boca. — O rei Billy Kimber e todos os homens dele. Então preciso que escolha um bom vestido, precisa estar bem apresentada para impressioná-lo.
— Bem apresentada? Então vamos falar com esse rei? — Amara girou o copo de vidro sobre a mesa. — O que eu tenho que fazer, exatamente?
— Por duas libras, vai fazer o que eu mandar. — Thomas disse. Amara soltou um riso nasal.
— Se vou conhecer um rei, não usarei qualquer coisa. Quero mais que só duas libras e tem algumas condições. — Amara se inclinou na cadeira. — Quero cinco libras. E você também vai permitir que a música continue tocando todas as noites. Temos um acordo?
— Desde quando? — Thomas perguntou. Amara tentou decifrar se sua expressão era de puro tédio ou se ele realmente estava cogitando aceitar suas condições.
— Desde que me escolheu para ir à corrida. — Ela respondeu. Thomas desviou o olhar com um leve suspiro. — Tudo bem se não quiser aceitar, pode chamar outra garota para ir com você para a corrida, talvez pague até menos.
— Então é assim que você age? — Questionou, sério. — Vivia assim em Nova York?
Amara engoliu seco. Se perguntou mentalmente como ele sabia de onde ela havia vindo, mas ao julgar que estava diante do líder dos Peaky Blinders, seu questionamento se desfez. Thomas descobriria qualquer coisa que quisesse sem precisar se esforçar.
— Faço o que posso para sobreviver, senhor Shelby. — Amara disse. Thomas umedeceu os lábios, seu olhar inexpressivo parecia queimar sobre a pele da mulher.
— Perguntei sobre você para algumas pessoas. — Disse sutilmente. — E ninguém a conhece, mas está morando de favor na casa de uma enfermeira, Ariana Lowry. O que me leva a acreditar que você está fugindo de alguém, isso explica por que veio de Nova York para Birmingham. Não tem dinheiro e por isso procurou emprego nesse pub. Você também é orgulhosa e talvez por esse motivo não tenha virado uma puta.
— Pelo visto você gosta de criar teorias. — Amara se serviu com mais uísque.
— Ou talvez... — Ele continuou. Seus olhos azuis estavam presos à mulher, tentando de alguma forma decifrá-la. — Ter engravidado cedo e trazer uma criança ao mundo sozinha arruinou sua vida. Deve ter abandonado na porta de uma igreja ou orfanato. Talvez a enfermeira que abrigou você tenha acobertado tudo, não é? De onde conhece a Ariana?
— Você parece estar tão certo sobre mim. — Respondeu. Amara sentia as pontas dos dedos dormentes e o coração acelerado, mas soube disfarçar o desconforto das palavras. Se Thomas queria acreditar nessas teorias, então ela não iria impedir. — Fala de mim como se estivesse passando por algo parecido.
— Assunto de família, não importa. — Thomas tragou o cigarro. — E não respondeu minha outra pergunta.
— Parece que importa, você está preocupado com isso. — Ela se desviou sutilmente da segunda pergunta. O modo que Thomas parecia incomodado com algo naquele momento, entregou que provavelmente alguém da sua família estaria por uma situação parecida. Amara lembrou-se dos outros irmãos Shelby, provavelmente algum estava em maus lençóis. Um filo de água escorria do seu cabelo, ele ainda estava molhado devido à chuva. O homem havia escolhido o silêncio como resposta.
— Você dança? — Ele perguntou subitamente encarando o gramofone.
— Não. — Amara respondeu.
Thomas se levantou, estendendo a mão para a mulher. Amara desviou o olhar da mão para o rosto de Tommy. Ele esperava pacientemente por ela.
— Eu não sei dançar, senhor Shelby. — Disse mais uma vez. Thomas emitiu um riso.
— Se vai comigo à corrida, então terá que aprender a dançar. — Sua mão ainda pairava no ar. Amara se rendeu a ela, segurando-a firmemente.
— Então vai me ensinar? — Perguntou curiosa. — E ainda estou cogitando a ideia de ir a algum lugar com o senhor.
Thomas a puxou mais para perto. Amara pode sentir sua blusa e saia umedeceram ao entrarem em contato com as peças molhadas do homem. Um leve riso se formou nos lábios de Thomas. Com a música lenta, ele iniciou com passos simples, embalando o corpo feminino e pequeno junto ao seu, sentindo o hálito quente de Amara aquecer seu pescoço. O cheiro de rosas o embebedou, então por um breve momento fechou os olhos e afastou todos seus demônios para longe. Amara fez o mesmo, encostando o rosto no ombro de Thomas.
— É um bom dançarino, não sabia que dançava tão bem. — Ela murmurou.
— Há muitas coisas que não sabe sobre mim. — Respondeu em um sussurro. Amara afastou o rosto só para que pudesse contemplá-lo novamente.
— Então me conte. — Sugeriu audaciosamente. Thomas a fitou calado, por um momento maior do que pretendia. Então pararam de dançar.
O calor tomou de conta daquele salão. Amara entreabriu os lábios quando Thomas segurou gentilmente seu queixo. Tinha certeza de que ele a beijaria e se isso fosse facilitar algumas coisas, então ela deixaria. Ainda pensativo, ele aproximou o rosto do dela. Se fosse outra mulher, com certeza a empurraria contra a mesa e a foderia ali mesmo e ainda deixaria uma boa gorjeta pelo serviço. No entanto, a mulher em sua frente não era como as outras. Ela não era uma puta. Thomas sabia que havia algo escondido por trás daquelas safiras verdes afiadas. Talvez realmente devesse arrumar outra garota para o serviço, como a garçonete cantora loira que havia conhecido em outro pub, que havia se mostrado mais maleável que Amara.
— Isso pode ser perigoso demais para você. — Foi a única coisa que disse antes de soltá-la.
Amara puxou o cabelo para trás, vendo Thomas partir novamente. A mulher soube naquele momento que teria que se envolver ainda mais com o líder dos Peaky Blinders para que pudesse descobrir mais sobre eles. O que era um bom plano, também se tornava um caminho sem volta.
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Um barulho, seguido de um xingamento, despertou Amara. Sarah arrumava depressa a bagunça que havia feito com as coisas da visitante. Depois de ouvir escondida a conversa que ela havia tido com sua irmã, Sarah decidiu fazer suas investigações sobre a tal viajante do tempo. A garota sabia que teria boas histórias para contar na escola e impressionar seus colegas com todos aqueles objetos curiosos. E provar ao seu amigo Finn, que Amara realmente havia vindo do futuro.
— O que você está fazendo? — Amara perguntou em um salto. Sarah tentou correr, porém, a mais velha segurou seu braço a impedindo de sair pela porta.
— Me solta! — Sarah lutou inutilmente.
— Devolve o que pegou.
— Não peguei nada.
— Eu não acredito em você. Esvazie os bolsos, menina! — Amara exigiu. Sarah bufou, puxando do bolso do vestido um relógio digital.
— Eu ia devolver, antes que pergunte. — Estendeu a mão com o pequeno objeto. Amara pegou o relógio, segurando firme entre as mãos. Com certeza brigaria com a menina se não conhecesse bem a curiosidade que havia nela.
— Sarah, o que você ia fazer com isso? — Amara perguntou, paciente.
— Mostrar para alguns amigos. — Respondeu, cabisbaixa.
— Você contou a alguém sobre mim? — Amara perguntou. Sarah mordeu os lábios encarando o teto.
— Só para um amigo. E ele riu de mim e me chamou de mentirosa. — Confessou. Amara suspirou. — Não conte a Ariana, ela pode me castigar com a palmatória.
— Não vou contar se você parar de pegar minhas coisas. Você não pode contar o que sabe sobre mim, para ninguém. — Amara disse. — Pode ser perigoso, para todo mundo e inclusive eu.
— Tudo bem. — A garota revirou os olhos. — Agora vou ser alvo de piadas na escola.
— Não vai. Só diga ao seu amigo que sou de Nova York e que você achou ter ouvido algo sobre viagem no tempo. Diga que é um livro, filme ou qualquer coisa.
— Como se ele fosse acreditar.
— Bem, isso será problema dele.
Amara voltou para a cama, guardando o relógio dentro da bolsa, iria manter os objetos o mais longe possível de Sarah.
— Você realmente veio do futuro? — Perguntou curiosa ao se sentar na beira da cama. Amara sorriu de lado.
— É, eu vim do futuro. Mas você sabia, já que parece ouvir atrás da porta. — Amara disse.
Então prendeu o cabelo em frente a um espelho. O quarto de Sarah era pequeno. Apenas uma janela, que dava uma vista nada privilegiada a um beco, permitia a entrada da pouca luz. Uma cama de casal tomava a maior parte do quarto, havia um armário de madeira e muitas bonecas de porcelanas sentadas em prateleiras.
— Não posso fazer nada se as paredes são finas. — A garota deu de ombro. — Hoje é domingo e a Ariana chega mais cedo do serviço, podemos ir ao cinema?
— Vou ter que falar com meu patrão para me liberar mais cedo. — Amara encarou a menina pelo espelho. Uma sensação calorosa percorreu seu corpo, ela iria a um cinema da década de vinte, era uma oportunidade que se recusava a perder.
— Você me deve isso, pode pagar minha entrada, as balas e a pipoca doce. — Sarah disse. Amara revirou os olhos.
— Tenho que aprender a não negociar com as pessoas dessa cidade. — Se virando para a menina, Amara continuou. — Muito menos com garotinhas espertas como você.
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Meio-dia era quando o pub enchia, mas nada comparado ao fim do dia. Embora o Garrison ainda não estivesse tão cheio, Amara tinha que desviar de homens que não pareciam notar sua presença. A mulher não detestava seu emprego de fachada, mas não pretendia permanecer nele por tanto tempo. Distraída enquanto limpava o balcão, ouviu seu nome ser dito em voz alta.
— Você é Amara Flynn? — Um homem perguntou. Amara encarou Harry brevemente, que por sua vez, fez sinal para que ela respondesse.
— Quem quer saber? — Perguntou ao homem. Ele se aproximou do balcão, foi quando ela percebeu que ele tinha um pequeno buquê de rosas vermelhas em mãos acompanhado de uma caixa quadrada.
— Vim entregar isso a você. — Ele disse, empurrando as coisas sem jeito em direção a ela.
— Quem me mandou isso? — Ela o encarou de volta, surpresa.
— Tem um cartão dentro das flores. — Respondeu. — Tenha um bom dia, senhorita Flynn.
Amara puxou as flores, retirando de lá um cartão pequeno.
Espero poder vê-la novamente, senhorita Flynn.
Atenciosamente; Chester Campbell.
Com o bilhete amassado em suas mãos, ela o enfiou para o fundo do bolso. Amara colocou as flores em uma caneca com água. Na caixa quadrada havia chocolates com formatos variados. Esse presente só confirmava que Campbell a havia seguido, mas o que lhe intrigava era qual interesse ele havia tido nela.
— Nem bem chegou aqui e já tem admiradores, hum. — Harry disse. Ele parecia curioso. — Quem mandou as flores?
— Ninguém. Não assinaram o papel. — Mentiu, gesticulando com a mão. Então empurrou a caixa de bombons para Harry. — Quer um docinho?
— Não como chocolate. — Recusou.
A porta foi aberta. Amara viu o modo como as pessoas abriam o caminho para a pessoa que entrava. Por um momento achou que fosse Thomas, já havia presenciado algo semelhante. Mas foi surpreendida quando um menino da mesma idade que Sarah se sentou no banco alto em sua frente. Amara quase riu, as pessoas temiam uma criança. Ao perceber a vestimenta de primeira mão e o corte de cabelo padrão, Flynn soube que estava diante de um membro da família Shelby.
— Posso ajudá-lo? — Ela perguntou levando as mãos para a cintura. O menino a encarou, curioso.
— Você é a garota que está morando na casa da Sarah? — Perguntou. Amara desviou o olhar para Harry, com certeza o homem não expulsaria essa criança do pub.
— Deixe-me adivinhar, você é o amigo dela? — Amara ergueu uma sobrancelha.
— Finn Shelby. — Se apresentou. Amara sorriu de lado. Estava na presença do Shelby mais jovem.
— E em que posso ajudá-lo, senhor Shelby? — ela perguntou com uma sombrancelha erguida. O menino sorriu de lado e arrumou a postura, havia gostado do termo "senhor".
— Vim ver você pessoalmente. E não acho que tenha algo para mim atrás desse balcão. — O garoto disse. Amara sorriu abertamente, então puxou a caixa de chocolate que estava abaixo do balcão. Finn arregalou os olhos, cobiçando os doces.
— Gosta de chocolate? — Amara perguntou, levando um doce em forma de coração para os lábios.
— Sim, mas a tia Polly não deixa que eu coma antes do jantar.
— Sua tia Polly não está aqui, está? — Amara perguntou. O garoto negou. Com um olhar calculista, Flynn soube que poderia usar o garoto. Uma ideia arriscada e preciosa.
Ela empurrou a caixa na direção do menino, incentivando que ele tirasse um doce. Um pouco acanhado, Finn tirou um chocolate da caixa e comeu de uma só vez. Amara se divertiu com o semblante de prazer que o garoto dava.
— Seus irmãos vão aparecer hoje aqui? — Amara perguntou.
— Sim, ouvir meu irmão Thomas dizer que tinha um encontro marcado aqui. — Respondeu inocentemente.
— Encontro? — Amara perguntou. Induziu ao garoto comer mais um chocolate.
— Acho que eles estão chegando. — Avisou quando viu a movimentação do lugar mudar. Amara puxou a caixa de volta e escondeu abaixo do balcão. Finn a encarou descontente.
— Posso ganhar mais chocolate?
— Se for um bom garoto, sim. — Amara lançou uma piscadela a Finn.
Finn sorriu, de um modo meigo e inocente que só uma criança faria. Amara pode sentir um aperto no coração, não era certo usar uma criança, mas ela não tinha tantas opções. O silêncio pairou sobre o pub, os Peaky Blinders estavam no local. Thomas encarou Amara brevemente, mas sua atenção desviou para seu irmão mais novo, Finn, sentado em um banco alto como se fosse um adulto.
— Finn, vai para a casa. — Thomas mandou. Finn suspirou descontente. Amara se inclinou para o garotinho antes que ele saísse.
— Não conte a ninguém sobre os chocolates. — Sussurrou para ele. Thomas franziu o cenho, intrigado com o que a garçonete havia falado a seu irmão mais novo.
Quando o jovenzinho correu para longe, Thomas se aproximou do balcão. Amara desviou a atenção para o pano em sua mão, limpando o que não estava sujo sobre o balcão. Gostaria de encarar qualquer coisa que não fosse o Shelby a sua frente. Uma mão masculina pousou sobre a sua. Naquele momento, amara pode sentir uma pequena carga elétrica percorrer dos dedos de Thomas para os seus. Ela ergueu o olhar. Thomas a encarava firmemente.
— Vou querer quatro cervejas. — Pediu em um tom suave. Seu sotaque era atraente, assim como todo o resto.
— Algo mais? — Perguntou Amara. Soava o mais profissional possível.
— Sim, o que disse ao meu irmãozinho? — Perguntou curioso. Amara encarou por cima do ombro do homem que estava a sua frente. Havia mais dois homens, um mais jovem que Thomas e outro mais velho que ele. Provavelmente, ambos eram seus outros irmãos: John e Arthur.
— Que ele sempre será bem-vindo ao Garrison. — Fingiu um sorriso para ser convincente.
— É uma péssima mentirosa, senhorita Flynn. — Thomas disse. Amara puxou sua mão para longe das dele. O Shelby desviou a atenção para as flores vermelhas dentro de uma caneca, mas reprimiu a vontade de perguntar como elas haviam parado lá.
— Vamos Tommy, você pode flertar com a garçonete mais tarde. — O irmão mais jovem disse com certo humor. Thomas olhou por cima do ombro brevemente. Então se afastou do balcão.
Amara pegou algumas garrafas de cervejas enquanto ouvia a frase "quem é essa garota" ser dita pelo outro irmão de Thomas, o mais velho. Um encontro estava marcado para aquele dia e embora fosse perigoso ouvir o que os homens deveriam tratar na sala reservada, Flynn estava decidida a bisbilhotar. Com as bebidas dentro de um balde, amara entrou na sala. Os irmãos Shelby estavam sentados, jogando algo com cartas. Amara retirou as garrafas de cerveja. Evitou olhar diretamente para Thomas, já que sentia o olhar fixo do homem em cada movimento que fazia.
— Que merda Tommy, por que diabos deixou tocar música? Dá para ouvir os bêbados de onde moro. — O irmão Shelby mais jovem disse. Amara levantou o olhar para ele.
— Cala a boca, John. — Thomas disse, alcançando a garrafa de cerveja deixada sobre a mesa.
Amara disfarçou sua presença limpando o que havia sobre a mesa.
— Vão querer uísque? — Ela perguntou enquanto erguia alguns copos vazios da mesa.
— O Tommy não bebe uísque quando está esperando confusão. — O outro irmão disse. Amara o encarou. — Se precisar, te chamamos.
— Tudo bem. — Amara disse. Não havia mais como permanecer na sala.
Rapidamente ela trocou olhares com Thomas, ele tinha um riso fino nos lábios, parecia calmo demais para alguém que estava esperando por confusão. A mulher deu alguns passos para sair da sala reservada, podendo sentir a atenção do líder dos Peaky Blinders queimar suas costas. A cantoria do pub aumentou gradativamente. Amara se aproximou da pequena janela, mas devido aos bêbados cantantes, era impossível ouvir o que se passava dentro da sala.
A porta do pub foi aberta novamente. Amara sentiu os pelos da sua nuca eriçarem como um sinal de mau presságio. Dois homens armados entraram, o silêncio se fez presente imediatamente com as presenças perigosas. Um homem bem-vestido entrou em seguida, passeando o olhar por cada rosto assustado que havia naquele lugar. Flynn não precisava ser adivinha para saber que aquele homem, que vestia a arrogância no olhar, era a confusão que Thomas esperava.
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