História Doce Plano B-3 - Metamorfose (Parte Final)

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Doce Plano B-3

Capítulo 3 - Metamorfose (Parte Final)

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— Shopping? — Charlotte levantou a sua sobrancelha decorada com dois piercings dourados, confusa.

— Já que não vou ter que gastar no seu cabelo, vou gastar em seu look. — explicou a loira dando uma piscadela — Isso é o máximo que posso fazer por você.

A mais alta virou o rosto indignada, cruzando os braços. "Não acredito que fiz isso...", pensou totalmente arrependida. 

— Certo, mas depois de se entufar, vai ao shopping vestida assim? — questionou apontando para a babydoll laranja enfeitadas de fitinhas vermelhas da loira.

Ambre começou a rir sem graça, chorando internamente.

— Eh... Eu não parei para pensar nisso.

Li emburrou-se.

— E depois fala que o tempo está curto. Sábado e domingo, 48 horas ao todo — ressaltou a chinesa — Não irei a lugar nenhum se eu não tiver maquiada.

Charlotte olhou para Li, surpreendentemente ela parecia outra pessoa sem maquiagem. Não só em aparência como também em personalidade. Além de que ficava mais bonita com o rosto limpo, se tornava menos lerda. Já havia cogitado uma vez que Ambre, na verdade, era uma feiticeira que jogou uma macumba nos produtos de beleza de sua amiga a fim de tê-la como sua escrava. Era engraçado, isso a fazia rir; mesmo que nunca tenha compartilhado essa teoria com ninguém, até porque, suas únicas amigas eram apenas a loira e a chinesa, e poderia ofender principalmente a líder.

— Que foi?! — Li percebeu que Charlotte a encarava por um bom tempo, ficando irritada — Eu não quero parecer a minha mãe que sai sem nenhum blush na cara!

Seus pensamentos foram interrompidos, se assustou até. Foi bem constrangedor para Charlotte. Sentiu seu rosto queimar um pouco ao virar seu rosto para outro lado. "É, parece que continua a mesma ignorante de sempre...", meditou, se encolhendo ainda de braços cruzados.

— Hahaha! Está brisando, Charlotte? — gargalhou Ambre, a mais alta permaneceu em silêncio — Como pensei. — Um sorriso largo surgiu na face da líder — Irei pedir ao motorista da minha limusine para trazer minhas roupas... E umas para você também Li. Não querendo ofender, mas esse seu roupão é brega. 

Li olhou para o que usava debaixo de seu pijama: um roupão vermelho opaco com dragões chineses estampados em dourado. 

— Dragões chineses? Quando vai parar de usar roupas desse tipo? Você não nasceu na China!  — Ambre continuou julgando como se fosse expert em moda. Coisa que ela nem chegava perto de sua colega Rosalya.

— Ah, deixa meu gosto em paz! — retrucou, a olhando já enfurecida — E na verdade, nasci na China sim! Só que me mudei para cá dois dias depois que nasci! E também, as estampas de animas que você usa são bregas!

Depois de uma longa discussão infantil entre Li e Ambre, um delicioso café da manhã constituído por bolachas salgadas com goiabada e destas duas se vestirem; finalmente o trio estava no shopping. Finalmente para Charlotte, que ficou em seu quarto esse tempo todo. Ela estava afastada de Ambre por não querer chamar atenção de algum conhecido de sua inusitada mudança de aparência, assim como Li que vestia as mesmas roupas da loira.

— Não creio que Ambre tem a mesma roupa, a mesma bolsa, o mesmo sapato que usa todo santo dia... — comentou a mais baixa, mostrando para Charlotte a blusa que a líder usava — Sério. Isso parece um saco de batata.

— Se duvidar, ela deve ter um armário cheio desse modelito. — respondeu a mais alta com a voz um pouco abafada por esconder num grande moletom verde-escuro.

Li segurou as gargalhadas com as mãos, saindo apenas abafadas risadinhas e entre elas um gruindo de porquinho; porém, foram capazes de serem escutáveis.

— Do que vocês estão rindo, hein? — Ambre se virou enquanto andava.

As duas pararam de andar, e Ambre estranhou. Prestes a parar, ela se esbarrou, sem perceber, com alguém. 

— Ei! Olhe para onde anda! — bradou a loira, massageando sua bochecha enquanto fitava as costas do sujeito.

— Eu? — Uma voz masculina indagou, se virando para Ambre — Você que deveria ter mais cuida-- — Alexy se interrompeu, olhando a líder nem um pouco surpreendido — Ah, você. — O azulado colocou os fones de ouvido — Nem ouse falar, não irei te escutar.

Previsivelmente, Ambre enfureceu-se a ponto de seu rosto ficar vermelho e começou a descontar em Alexy. Para a sorte dele, incrivelmente não ouvia a voz insuportável da loira, o volume de seu MP3 quase sempre estava no máximo; o rapaz suspirou pesadamente, fechando seus olhos e deitando sua cabeça em suas mãos. Um tempinho se passou até ela ceder.

— Então. — Ele abriu um de seus olhos roxo e viu um pouco embaçado Ambre respirando ofegante — Já terminou essa birra, neném? — Se deu trabalho de abrir o outro olho, visualizando melhor, notou que a loira estava sozinha — Cadê as suas serviçais? Aposto que deve ser difícil cuidar de você...

Ambre virou-se e viu que Charlotte e Li não estavam por perto. Ela cruzou os braços, virando o rosto para o outro lado.

— Bom, foi interessante encontrar você por aqui. Sabe? Só vêm sempre as mesmas pessoas aqui. — O azulado desviou da loira, caminhando para a sua direção oposta — Eu espero que saiba escolher suas roupas sozinha, afinal essa que está usando... Eu espero que foi suas serviçais que tenha escolhi porque senão você seria considerada miss da breguice, hahaha!

Enquanto Alexy se afastava gargalhando, Ambre o olhava rangindo os dentes, Charlotte saía de trás de um grande vaso de samambaia e já Li de um senhor cosplayer de ilhama. 

— Ei, você não é um senhorzinho do mercadinho de tudo? — Li perguntou para o cosplayer, arqueando a sobrancelha.

— Não sei do que você está falando senhorita, mas se deseja comprar coisa, qualquer coisa, vá para o merca-- Droga! — Ele saiu capengando, empurrando duas criancinhas de sua frente para direções opostas e derrubando tudo o que ele se esbarrava. "Estranho", ela pensou.

— Li! — Ambre a chamou.

Li se virou e viu a líder e Charlotte a esperando.

— Sim? — A chinesa chegava até elas.

— Por que vocês não estavam aqui comigo? — A loira perguntou irritadiça.

— Porque se a gente estivesse, ele ia desconfiar por Charlotte está vestida desse jeito e eu também. Ele acharia que você fosse palhaça por fazer eu está vestida que nem você e Charlotte como um emo depressivo. — explicou Li, bastante convincente para Ambre.

— Pela primeira vez Li você leva razão. Vamos para a loja de roupas masculinas, continuem a dois metros afastadas de mim.

Charlotte girou os olhos e Li ficou de cara feia.

* * *

Enquanto isso, não muito longe do trio, na sorveteria do shopping estava Bia acompanhada de seu namorado Samuel. O encontro parecia agradável para os dois. Ela apesar de ser mais velha que o garoto, estava feliz, para ela, vivia um verdadeiro conto de fadas que sempre sonhou, na qual os caras da sua mesma idade ou até mais velhos nunca realizaram-na. 

— Aqui está seu sorvete, Samu. — Bia disse com um sorriso de orelha a orelha, entregando o sorvete de morango com outra mão, a outra estava ocupada com seu sorvete de flocos, que acabara de pagar para o loiro de óculos e de gravata borboleta, e mais baixo que ela. Irônico. Sempre tirava sarro de "gente assim".

— Ah Bia, você realmente é um amorzinho. — disse, pegando a casca.

Os prosseguiam a caminhada enquanto tomavam sorvete.

Realmente ela estava feliz. Geralmente mentia sobre si, manipulava o que sentia por outras pessoas, mas esse momento nunca foi tão ela mesma ou quase. No fundo, temia que encontrasse Ambre ou uma de suas amigas, principalmente Charlotte.

* * *

— Não acha que ficou grande demais? — Charlotte perguntou para Li sobre as roupas que a mesma pegou para provar — Não sou tão alta assim... — A camiseta social azul chegava até seus joelhos e a calça marrom, não importava o quanto a sobia, ela caia até seus os calcanhares. Isso revelava suas pernas não tão e finas e nem tão grossas. Estava um pouco cabulosa de estar junta de sua amiga dentro de um lugar tão pequeno como o provador e quase semi-nua diante a ela.

— Jura? — A mais baixa surpreendeu-se. Sempre achou que Charlotte usasse "GG" — Bom... Eu já volto. — disse largando as roupas que tinha pegado e saiu novamente para pegar do tamanho certo, ou tentar.

Charlotte estava impressionada; ao se olhar no espelho, percebeu que as roupas folgadas sumiam com suas curvas e parecia um homem atraente. Seu atual penteado fazia toda diferença; se desse aqueles seus raros sorrisos mostrando os dentes, que ficavam tortos, daria impressão de um cara pestinha ou se ficasse com a sua típica cara marrada daria um cara sério e misterioso como Ambre falou. Era tanta possibilidade. O seu alter-ego poderia ser quem ela pudesse imaginar. Um novo Nathaniel? Um novo Castiel? Tinha o resto do sábado e o domingo todo para cria-lo. "Acho que não vai ser tão ruim...", pensou, dando um leve sorriso.  

Minutos se passaram e um pensamento por sua mente: "Hum, Li está demorando muito..."

Se aproximando receosa da porta do provador, esperava que por esse tempinho Li abrisse do nada; mas sem resposta. Ela girou os olhos, não acreditava que teria que chamar Ambre. Prestes a abrir a porta, a chinesa praticamente a arrombou. Foi tudo tão rápido. Charlotte caiu de bunda no chão do espanto que levou de Li que por sua vez tropeçou nas peças que ela mesma deixou no chão, caindo em frente da mais alta.

A chinesa tomou susto quando recuperou a consciência. Ela estava cara a cara com a calcinha de sua própria amiga. "Morangos? Sério Lotte?", pensou rapidamente se levantando com a face toda vermelha, mais que o cabelo do Castiel, e fechando a porta com força.

— O que houve?! 

— Nada! Só não grite! Eh... Desta vez te trouxe de tamanho "M". — apontou para outro conjunto deixado no chão — Venha, te ajudo a levantar. — estendeu sua mão.

Charlotte pegou a mão da chinesa, essa a puxou e fez com que se curvasse a ponto de que seus narizes se tocarem por uma fração de segundos. 

— Ah meu Deus! — Li a soltou, deixando sua amiga se afastar — Desculpe!

— Não... Tudo bem... — disse Charlotte, meio sem jeito, mais corada que ela.

— ... Eu vou ficar esperando com Ambre... — Li tentou encontrar a maçaneta do provador. Estava bastante sem graça para ver aonde tocava, até que por longos segundos tocando a parede ou a porta finalmente o encontrou e abriu a porta, saindo por fim a fechando em seguida.

Mais minutos se passaram e Ambre esperava sentada de pernas cruzadas em um sofá, impaciente; já Li, andava de um lado para o outro pensativa ainda com a face avermelhada.

A loira suspirou pesadamente:

— Não acredito que Charlotte demore muito tempo para botoar uma camiseta... — comentou indignada — Li, vai lá ver como ela está indo!

— ... Eu não estou afim de voltar lá. — respondeu decidida.

— Ué, por que? — Ambre perguntou confusa.

Antes que a asiática pudesse responder; Charlotte saiu do provador. Ela estava parecendo outra pessoa, especificamente um cara que de primeira impressão pensariam "pedaço de mau caminho". A camiseta azul-clara social disfarçava o seu busto e escondia seu quadril de larga enquanto a calça marrom aumentava um pouco suas pernas, os sapatos de couro e os piercings, que já tinha, davam esse charme.

— ... Confesso. Se Charlotte fosse realmente um cara, tentava pegar ele. — comentou Li de boquiaberta.

— Ô. Eu acho que se ela fosse um, ele seria muita areia no seu caminhãozinho, não acha? — questionou Ambre — Agora, me digam quem é a genial?

— Você? — Li respondeu, a fitando de olhos semicerrados e vazios de tédio.

— Exatamente.

Charlotte revirou os olhos.

Foi um longo dia de compras.