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História Dois mundos errados - Primeiros passos, primeiras dores


Escrita por: Eksb

Notas do Autor


Era pra ser uma one-shot, porém, eu acho que se ela fosse longa e de um capítulo só, ia ser uma leitura chata, porque não consigo deixar suspense legal, inclusive não gosto de suspense...

Então boa sorte para entender, se você gosta desse tipo de coisa (que estão indicadas nos gêneros), aproveite e aguarde os próximos capítulos, que não vão ser muitos. (dois ou três) <3

Música que inspirou essa fic nas notas finais.

Capítulo 1 - Primeiros passos, primeiras dores


Acordei.

Estava em uma sala totalmente branca e só, estava com os pulsos e os tornozelos presos por correntes enterradas no chão, era desconfortável, doía muito, mas o pior era o líquido que começava a escorrer do meu nariz, minha boca abria-se involuntariamente, não conseguia abaixar a cabeça. O gosto ácido era quente, eu comecei a sentir uma dor de cabeça tremenda, meu corpo começava a convulsionar.

O que era aquilo?

 

Eu corria, na chuva mesmo, vestindo uma jaqueta jeans de um azul cobalto com um desenho de uma rosa atrás. 

Desesperada.

Meu tênis encharcava cada vez mais a cada poça que eu pisava, minha maquiagem deveria estar borrando, deveria estar feia, nem liguei para a dor e o cansaço do sedentarismo.

Não abri aquela porta, eu quase a quebrei, todos olhando para mim.

— E você quem é?

— Sou a irmã do Arthur, meu nome é Jessica Pardo.

— Quarto 101, segundo andar, elevador no fim do corredor a direita, a senhorita pode fazer o favor de retirar os seus sapatos e se secar no banheiro? Entregaremos uma toalha para você.

A mulher mal olhava nos meus olhos, e eu nem mesmo me importava, e também não me importava em seguir as suas ordens, retirei meus sapatos e os larguei em qualquer lugar, quase arranquei a toalha das mãos de uma aparente enfermeira e corri em direção ao quarto de Arthur.

Eu não sou a Jessica, mas não hesitei em dizer que era a irmã dele, pois eu sabia que ela não se daria a obrigação de vê-lo, assim como ela não se importou em trazê-lo para cá, assim como ela não se importou em fazê-lo parar nesse hospital.

Não estava sozinha naquele elevador, mesmo assim eu gritava, e batia os punhos nas paredes como uma louca.

— Por favor moça, há uma senhora idosa aqui.

A enfermeira pedia constrangida, e eu me senti péssima ao olhar para a senhora na cadeira de rodas assustada, mal conseguindo respirar, chorando. Não tinha tempo de me desculpar, ou acalmá-la, quando a porta se abriu eu corri até o quarto e acabei derrubando uma criança com gesso no braço, mal liguei para o seu choro que se misturava com tantos outros naquele andar.

E então eu abri a porta, e lá estava ele, entre outras três macas, todos dormindo, inclusive Arthur.

— Meu Deus Arthur, como pode... Como eu pude... -Eu me segurava para não chorar, não podia.

— Eu tentei tanto arrancar isso de você...

Mas a verdade é que isso só me fazia sangrar.

— Que droga, droga, droga... -Eu dizia ao me lembrar a última coisa que encenei antes disso.

"Enquanto isso te mata, aproveita e usa para me esquecer"

Estúpida, não é isso que se fala para um amigo.

Eu olhava para você e sua expressão me dizia que eu tinha perdido tempo, parecia morto, e estava morrendo, eu sentia culpa, não poder voltar atrás e continuar lutando, isso me destruía, e eu gritei, e ninguém acordou, todos inconscientes, eu sabia que iriam me expulsar dali, mas eu continuava surtando, enquanto tirava Arthur de todos os tubos que o ligavam a máquinas.

Eu o matei mesmo sabendo que ele iria sem minha ajuda.

Eu me ajoelhei quando uma enfermeira entrou e eu não precisei olhar sua expressão, ela saiu correndo atrás dos outros médicos.

— Me perdoa Arthur, não, não... -Eu tentava colocar de volta os tubos.

Tarde demais, óbvio.

Você morreu e eu não disse nada, como eu pude me calar?

 

Meu corpo aos poucos parava de tremer, o gosto ruim se esvaia e os meus olhos paravam de girar.

Alívio.

As correntes se abriam e voltavam para de onde tinham saído, via-me livre por um momento, mas olhando ao redor não havia uma porta, nenhuma saída.

Então um líquido, transparente como água começou a escorrer das paredes, chegando até mim, o cheiro forte não dificultou a identificação do que era.

Álcool.

Molhar meus pés não foi suficiente, de algum modo chovia, levantei minha cabeça, e graças à Deus fechei meus olhos a tempo, meu cabelo ficou ensopado, assim como minhas roupas brancas, o cheiro forte e a ardência me faziam chorar e prender a respiração.

E então fogo.

— Queima né?

— ARTHUR...

— Sinta, eu sentia minhas veias queimarem quando injetava, era tão bom, e você permitiu tudo.

 

Eu corri para fora do hospital antes que os médicos chegassem, corri pelas ruas e a chuva continuava tremenda, eu fui então até a casa dela.

 

O fogo se apagou em meio aos meus gritos e deu lugar à outro líquido, dessa vez realmente era água, todo o álcool se esvaiu e eu me senti seca por alguns segundos, antes da água preencher o lugar até meu tornozelo, senti alívio de novo, e então preencheu até o joelho, minha cintura, e assim foi enchendo até o teto, senti meu corpo tencionar com a falta de oxigênio, não demorou muito para eu me debater e de repente parar, meu corpo havia desmaiado mas minha consciência ainda trabalhava, eu não podia fazer nada mas ainda sentia a agonia nos meus pulmões.

 

A casa ficava longe do hospital, mas eu não me importei em ir até lá, a porta estava trancada, mas a janela da sala não, então entrei por ela. Sentia-me exausta, mas me esforcei para subir as escadas, e a raiva tomou conta de mim quando abri a porta do banheiro.

Lá estava ela, na banheira, morena, o cabelo curto repicado e negro, a maquiagem toda borrada assim como a minha, ela estava sem camisa e sem sutiã, apenas com uma calcinha preta. Ela fumava um cigarro, o quarto fedia, ela muito mais, e quando me olhou eu pude ver medo, a testa franzida e as sobrancelhas tortas em pânico.

— Olha, se você veio por causa do Arthur ele não tá aqui, já levaram ele para o hos... —Quem levou ele? VOCÊ LEVOU ELE?

— Uma ambulância, que EU CHAMEI.

— Você estava lá, não é? Você estava lá e FUGIU COM OS OUTROS, VOCÊ DEIXOU ELE CONVUCIONANDO NO MEIO DA RUA DEPOIS DE TER DADO AQUELA DROGA PRA ELE... –Eu gritava em uma tentativa de não avançar nela.

— EU CHAMEI UMA AMBULÂNCIA, EU NÃO PODIA FIC... — PODIA, VOCÊ PODIA SIM SUA VADIA – minhas mãos foram ao encontro do pescoço de Jessica. — Você deveria ter ficado, era sua obrigação, você não o obrigou a usar? Você de...

—CALA A BOCA – Ela me empurrou contra o espelho. —CALA A BOCA, VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE MIM, NÃO SABE NADA SOBRE O ARTHUR, ELE QUE QUIS, EU NÃO O OBRIGUEI A FAZER NADA NATHALIA.

Eu não aguentei a hipocrisia de Jessica, meu punho foi em direção ao seu rosto e ela caiu na banheira de novo, segurei pelo seu pescoço enquanto ela estava ainda tonta e fiz.

Enforquei-a enquanto a afogava na banheira, parei quando senti o aperto no meu braço sumir, suas pernas arregaçadas fora da banheira, a água misturada com o sangue não permitia eu ver seu rosto, me afastei em um impulso.

O que eu havia feito?


Notas Finais


É provável que não tenham entendido, então façam suas teorias e deixem nos comentários <3

Startend - Eden: https://m.youtube.com/watch?v=BvIHLYT6WCQ


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