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História Dois Opostos - Capítulo 31 - Segurança


Escrita por: Luana_Martinss

Notas do Autor


Boa leitura!📚

Capítulo 32 - Capítulo 31 - Segurança


Fanfic / Fanfiction Dois Opostos - Capítulo 31 - Segurança

Harry

Paro antes de bater na porta para entrarmos na Toca porque Draco parece prestes a sair correndo assim que alguém aparecer diante de nós.

- Eu já disse que vai ficar tudo bem. - Falo, segurando seus ombros o fazendo me olhar, porém seus olhos tremem e ele rompe o contato, claramente nervoso.

- Harry, você entende que eu estava do lado que matou amigos da maioria dessas pessoas?

- Os Comensais também mataram meus amigos, Draco, mas mesmo assim eu não estou tentando te matar. - Dou uma batidinha em seu ombro. - Pelo menos não agora.

A descontração parece funcionar, porque seu corpo parece se tencionar um pouco menos, mas ele continua se movendo de um lado para o outro, o que quer dizer que ainda não está completamente calmo.

- Sinceramente, acho melhor eu ir embora. - Draco se vira indo na direção contrária a entrada, e seguro seu braço antes que ele possa se mover muito.

- Você é meu convidado, ninguém aqui vai te expulsar ou tentar te amaldiçoar.

- Mas eles podem se sentir desconfortáveis, Harry, e eu não quero ser o causador de um Natal arruinado.

- Então não arruíne o meu Natal. - Ele me lança um olhar meio confuso, tentando compreender o sentido da minha frase. - Não posso simplesmente ir embora e deixar os Weasleys na mão.

- Eu não estou te pedindo para ir comigo. - Aproxime-me dele, soltando seu pulso e entrelaçando nossas mãos, vendo como quase de imediato ele parece relaxar um pouco em resposta ao contato.

- Meu natal será horrível sem você, querido. - No começo chamava Draco assim por zoação ou em situações onde eu me sentia deliberadamente nervoso, mas notei a forma como ele pareceu satisfeito quando o chamei assim agora a pouco, a maneira como o seu sorriso se alastrou e seus olhos brilharam, então não me sinto nem um pouco incomodado em tornar esse apelido raro em algo rotineiro, principalmente sabendo que isso o alegra.

- Você tem total noção do quão baixo é esse seu golpezinho, não é? - Sorrio, percebendo que ele não vai mais embora e suas mãos parecem menos trêmulas, além de estar mais relaxado ao ponto de deixar um sorriso transparecer no rosto.

Mantenho nossas mãos entrelaçadas o puxando até finalmente tocar a campainha, Draco dá uma última conferida na sua roupa e no seu cabelo, revirando os olhos quando repito pela centésima vez que ele está demasiadamente belo. Assim que a porta se abre, Molly me puxa para os seus braços, me apertando fortemente em um abraço carinhoso e saudosista, enquanto Draco continua discretamente agarrado na mão que não levei até as costas da senhora Weasley.

- Senti sua falta, Harry querido.

- Também senti, Molly. - Ela sorri, cessando o abraço, satisfeita em finalmente eu não a chamar de senhora Weasley, o que Molly considerava uma forma muito formal de me referir a "minha quase mãe" como ela mesmo se identifica.

Seu olhar pende sobre Draco, provavelmente Rony avisou que o convidaria, porém mesmo assim me sinto congelar da cabeça aos pés assim que os seus olhares se cruzam. Não sei o grau de culpa que Molly considera que Draco possui, logo não tenho nenhuma ideia sobre como será sua reação diante dele, e o loiro também se sente inseguro, afinal aperta quase brutalmente a minha mão.

- Seja bem-vindo a família. - Molly o puxa para os seus braços, o dando um abraço quase tão carinhoso quanto o que me deu. Draco parece perplexo demais para ter qualquer tipo de reação, sua mão se solta da minha e ele me olha como se perguntasse o que deve fazer, apenas dou de ombros, dizendo para ele retribuir o abraço, o que para o loiro é um ato quase que desconhecido.

- O-Obrigado. - Draco finalmente consegue responder, e qualquer outra pessoa sequer perceberia o tremor no seu tom de voz, a forma como suas mãos sobem meio desconcertadas para as costas de Molly ou a maneira como um sorriso emocionado se forma em seus lábios, mas eu percebo e perceber esses pequenos detalhes torna esse momento ainda mais intenso do que possa parecer para outras pessoas.

Draco está se sentindo acolhido, sentindo que pode até não ter sido desejado nesse lugar, mas compreendendo que será aceito e muito bem recebido, os Weasleys não desprezam ninguém, acredito que esse seja um dos motivos para que eu tivesse me esforçado tanto para que ele viesse, porque Draco precisa saber que não são todas as pessoas que o culpam e o julgam, que existem algumas que simplesmente não vão o desprezar, há lugares em que ele será aceito sem precisar se esconder ou temer algum ataque repentino. A minha família, também pode ser a família dele.

Quando Molly se distancia nos puxando para dentro, consigo perceber o brilho lagrimal que se forma no canto dos olhos de Draco, lágrimas que eu sei que ele não vai derramar, mas o simples fato delas estarem ali já me faz sentir aquela sensação gostosa no peito, a sensação que sempre se mostra quando ele está assim...feliz. A paz que a sua alegria me causa.

Vamos adentrando os cômodos, e agora Draco se sente bem menos nervoso do que antes, com isso permito me afastar um pouco para cumprimentar as pessoas que vou encontrando pelo caminho, como Luna, Dino, Simas, Neville, Senhor Weasley, Hagrid, entre outros, todos também dirigem seus cumprimentos à Draco também, tão receptivos que qualquer pessoa teria total certeza que o loiro é amigo de todos do recinto. Finalmente encontro Rony e Hermione com os olhos, ao mesmo tempo que eles me localizam e seguem em minha direção.

- Está atrasado hein. - Rony acusa, me dando um tapinha nas costas de cumprimento enquanto reviro os olhos, porque explicar todos os motivos que fizeram nós nos atrasarmos seria complicado demais.

O Natal com os Weasleys começa cedo, desde o café até a ceia natalina, porém depois de tudo o que aconteceu Draco e eu só conseguimos chegar após o almoço.

- Já estava ficando com saudades. - Hermione dá um passo a frente, se colocando na ponta dos pés para me dar um abraço.

- E não é que a doninha veio. - Ron se vira para Draco que até então estava paralisado em puro e completo silencio, pensando se deveria cumprimenta-los ou esperar que o cumprimentassem, quando percebe que a segunda opção está acontecendo, ele estende a mão meio desconcertado para Rony que a aperta.

- Se eu não viesse por vontade própria, Harry provavelmente me doparia até chegarmos aqui. - Dou um tapa em seu ombro, rindo tanto pelo comentário, tanto pela forma como Draco nitidamente está tentando se enturmar, o que é uma cena belíssima de se ver.

- Então foi por isso que você me pediu a receita de uma Poção do Sono? - Mione entra na brincadeira, rindo tão abertamente que qualquer pessoa que visse poderia ter certeza que ela e Draco são amigos íntimos e que a morena nunca o socou avidamente.

- Por favor, não conte meus segredos para ele, assim não poderei dopá-lo sempre que eu quiser.

A conversa aos poucos flui com naturalidade, Draco a cada minuto ficando mais à vontade, se soltando cada vez mais, tanto que quando ele e Hermione entram em uma conversa sobre poções Rony e eu chegamos à conclusão que é nossa hora de deixar os nerds a sós e seguimos em direção a Jorge e Lino que estavam no outro canto da sala, conversando mais isolados.

Lino nos recebe naturalmente, me dando um toca aqui e perguntando como está sendo esse meio tempo fora da escola, porém Jorge parece fechado demais, quase como alguém ressentido, o que é bem raro para ele que mesmo com o falecimento do irmão continuou sendo o ânimo da família.

- Está tudo bem, Jorge? - Pergunto, colocando a mão em seu ombro, porém ele recua quase como se meu toque tivesse o queimado, isso faz com que eu me assuste e me afaste também.

- Não acredito que você o trouxe. - Ele aponta com a cabeça para o loiro que agora está sentado na cozinha conversando animadamente com Hermione, enquanto a morena o mostra um livro o qual não tenho ideia da onde saiu.

- Jorge, já falamos sobre isso. - Rony tenta acalmá-lo, porém o interrompo sentindo uma pequena pitada de raiva brotar no meu peito.

- Ele também foi convidado pelo que eu me lembro.

- Foi convidado quase como um ato de caridade, não era para você ter levado ao pé da letra.

- E qual o problema de ele estar aqui? Draco passou por tanta coisa como qualquer um que foi convidado a vir aqui como uma rota de fuga pra todo o caos que a Guerra deixou, não foi para isso que essa reunião foi criada? - Essa frase parece o estopim para Jorge se exaltar, deixando a voz um pouco mais elevada, o que faz com que rapidamente eu olhe para Hermione quase como um pedido de socorro para que ela leve Draco para o mais longe possível, felizmente a morena entende antes que ele possa ouvir qualquer comentário que o magoe.

- E desde quando um Comensal da Morte sabe sobre dor e sofrimento? Já que foram eles que causaram literalmente toda a dor e sofrimento que todos viveram na guerra.

- Draco não é um Comensal da Morte. - Respondo, com os lábios trincados e a voz quase acusatória.

- Ah, é? Então se eu for lá e erguer a manga daquele merdinha não vou encontrar a marca negra ali? - Meu sangue ferve, em uma proporção que preciso me conter para não fazer nada que eu possa me arrepender mais tarde. - Por que você está defendendo alguém que fez de tudo pra destruir a sua vida e a de todos ao seu redor?

- Eu destruí minha vida, Jorge. - Dessa vez minha voz que começa a aumentar. - Se você quer culpar alguém pela morte de Fred então me culpe, me culpe por não ter o salvado, por ter o colocado naquela guerra, por ter me aproximado da sua família. - Bato com a mão no peito. - Me culpe! Mas não culpe alguém que você não tem um pingo de decência para saber o que ele já passou.

- E você acha que Fred estaria feliz em vê-lo aqui? Acha que ele sentiria orgulho de te chamar de "família"? Sabendo que você estaria defendendo quem estava do lado dos assassinos.

- Eu não sei, Jorge! - Grito, sentindo lágrimas se formarem nos meus olhos. - Afinal ele está morto, não é? Acredito que não possa dar sua opinião.

Jorge pega a varinha em um ato impulsivo, colocando colada na minha testa, tremendo, com o rosto nitidamente queimando de raiva. Penso em recuar, mas a raiva e o nervosismo me mantém petrificado, não é como um desafio para que ele me amaldiçoe, é mais uma redenção para tudo que tenho a me render, por ele e por todos que acabei levando a morte.

- Já chega, Jorge. - Lino fala, puxando o ruivo para trás, enquanto Rony tira a varinha da mão dele, parecendo tão impressionando que não consegue nem abrir a boca para dizer qualquer coisa.

- Eu achei que você era da família. - Jorge praticamente cospe essas palavras em cima de mim antes de se deixar ser levado para fora com Lino. Em resposta me escoro na parede, sentindo minhas mãos tremerem e minhas pernas parecerem prestes a falhar, além das pequenas lágrimas que se formam meio confusas ainda pela explosão de Jorge que com certeza eu não esperava.

- Você está bem? - Rony pergunta, se colocando ao meu lado, repousando a mão no meu ombro. - Sinto muito por isso, nem todos conseguem entender...

- Não. - Respondo sinceramente a sua primeira pergunta, em seguida tentando absorver suas últimas palavras. - Não entendo, Ron, se Snape aparecesse aqui agora, vivo, todos o iriam abraçar e o colocar em um pedestal, inclusive eu, mas ele também foi um Comensal um dia, mudou de lado pela culpa por ter medianamente ocasionado a morte do amor da sua vida, o que quer dizer que se somente eu e meu pai tivéssemos morrido, ele não teria mudado de lado, não teria se redimido.

- Onde você quer chegar com isso?

- O que quero dizer é que Snape precisou de um estopim para mudar de lado e teve apoio para isso, mas mesmo assim tem pessoas que não conseguem compreender Draco da mesma forma que compreendem o Severo, mesmo que Draco nunca tenha tido ajuda para deixar de ser um Comensal como Snape teve, ele nunca teve oportunidade para sair e nem sequer precisou de um estopim para mudar lado, porque ele nunca quis estar do outro lado, era mais uma obrigação, um medo. Então por que as pessoas o veem de maneiras tão opostas?

- Porque as pessoas precisam de um bode expiatório. - Reconheço a voz de Gina antes mesmo de erguer os olhos para fita-la, depois de tanto tempo o seu tom é facilmente perceptível.

Por saber que se trata dela, nem tento limpar o rosto ou fingir alegria e naturalidade, seria a mesma coisa que tentar enganar Hermione, logo não funcionaria. Sinto pontadas na minha cabeça, como se ela estivesse girando, perdendo forças, se direcionando para outros lugares fora da Toca, me levando a lembranças que tenho evitado desde que a Guerra acabou. Lembro do corpo imóvel de Fred, o grito estridente de Percy, Remus e Tonks mortos um ao lado do outro como se soubessem que estariam juntos realmente até a morte, Colin Creevey uma criança que tinha tantos sonhos pela frente, Sirius e seu último olhar antes de cair dentro do véu, Lilá destroçada por Fenrir, Dumbledore aceitando a morte como uma velha amiga, Snape me entregando sua verdade nos últimos suspiros, Dobby morrendo para me salvar.

Morte, morte e mais morte é apenas isso que consigo ver diante dos meus olhos, a escuridão de ser jogado num poço sem fundo, caindo sem nunca chegar ao chão, tentando me agarrar em alguma coisa para sair dessa queda infinita, mas não há nada, nada além de dor, mágoa e culpa. Dizer para Jorge me culpar foi um ato impulsivo, mas agora lidar com o sentimento de que eu sei que realmente tenho culpa pela morte de Fred, deixa tudo ainda mais intenso e doloroso.

- Eu sinto muito. - Sussurro para os dois, sem saber se eles vão entender sobre o que estou falando, se entendem que não queria que eles perdessem o irmão, que nunca quis ser o causador de tanta dor.

O ar parece se esvair dos meus pulmões, assim como qualquer controle que eu estava tendo até então sobre as minhas mãos, minhas pernas finalmente cedem e me encolho contra a parede, saindo da visão das outras pessoas, mas sem ter capacidade de pensar em outra coisa, sem conseguir me agarrar em nada, não consigo me dissociar dessa dor. Ignorar a culpa, é mais fácil do que lidar com ela, ocultar a dor é bem mais fácil do que fingir que não a sinto.

Eu nunca realmente tive tempo para viver o luto de nenhuma dessas mortes, Sirius morreu, mas logo veio a morte de Dumbledore, depois eclodiu a guerra, então foram várias perdas ao mesmo tempo que também não pude ter muito tempo para sentir, porque logo em seguida vim morar na Toca e não queria chorar no mesmo quarto que Ron, fazer ele se sentir na obrigação de me consolar, sendo que eu sentia que não merecia esse consolo, eu merecia sofrer pelas coisas que causei, então já veio o sumiço de Draco, a perseguição atrás dele e quando pisquei já estávamos de volta em Hogwarts, impossibilitado de demonstrar qualquer fraqueza, afinal como o salvador do mundo bruxo poderia ser um bom salvador se tivesse uma crise de pânico no meio de todos?

Acredito que por isso que agora a dor parece intensa demais, como se todos os lutos que fui atrasando, finalmente recaíssem sobre como um meteoro finalmente atingindo o seu ponto de colisão. Consigo ouvir as voz de Rony e Gina, mas elas parecem distantes demais, tão embaralhadas que sequer consigo compreender o que eles estão tentando dizer, porém uma frase torna-se compreensível aos meus ouvidos.

- Vou chamar o Draco. - Não sei qual dos dois que disse isso, mas ainda com a visão embaçada tento identificar a silhueta de quem se levanta do chão ao meu lado para ir em direção a porta. Consigo reconhecer Rony se levantando, com isso seguro seu braço, com a mínimo de força que ainda tenho.

- Deixa ele se divertir, eu estou bem. - Antes de Rony possa argumentar a favor ou contra o meu pedido, o próprio loiro se materializa diante dos nossos olhos, se sentando na minha frente de joelhos sem pensar duas vezes.

- Consigo perceber o quanto você está bem. - Ele retruca, a voz nitidamente dominada pela preocupação, porém mesmo assim seu tom é gentil e irônico algo que faz eu me sentir de certa forma protegido.

- Como você me achou? E como sabia que estaria nesse estado? - Falo, tão pausadamente que acho que a frase deve ter demorado uns cinco minutos para ser proferida por completo.

- O anel, ele meio que me avisa quando você não está bem ou em perigo ou algo do gênero.

- Depois eu que sou o protetor desesperado. - Rir faz com minha barriga doa, quase como se meu corpo estivesse decidido a me deixar cada vez pior, com isso me encolhe ainda mais, agarrando minhas pernas contra o peito.

Draco me observa silenciosamente por alguns segundos, depois cruza o olhar com Rony e Gina como se estivesse pedindo para que nos deixem a sós, não consigo ver direito suas expressões por conta da visão turva, porém consigo ouvir o barulho de passos se distanciando e como ainda encontro um loiro sentado na minha frente, eles realmente foram embora. Percebendo meu olhar sobre ele, Draco se apressa em se deslocar da minha frente para o meu lado, escorando seu corpo na parede.

- Vem cá. - Draco não sabe dar conselhos ou textos motivacionais, isso é mais do meu estilo, mas me chama abrindo os braços deixando claro que está me oferecendo seu abraço, seu contato, seu toque, o que com certeza vale mais que qualquer palavra que ele poderia pensar em dizer.

Ele não precisa pedir duas vezes, quando me dou conta já estou encolhido em seu abraço, Draco com as mãos nas minhas costas fazendo movimentos circulares, minha cabeça pendida sobre seu peito, além das minhas mãos estarem agarradas fortemente na sua camisa, enquanto tento controlar a respiração e o choro. Não sei exatamente quanto tempo ficamos assim, sentados, abraçados e em silêncio, sei que sua mão repetidas vezes se desloca das minhas costas até meu cabelo e do meu cabelo para o meu rosto, carinhos sutis, delicados, que me passam tanta segurança que sinto que eu poderia passar o resto da minha vida em seu abraço, que nem mesmo o Forte mais seguro do mundo poderia me deixar mais seguro do que estar nos braços de Draco Malfoy.

- Se quiser falar alguma coisa, pode falar, ok? - Draco pega o meu rosto em suas mãos, apertando delicadamente meu queixo de uma forma bem carinhosa, o que me faz soltar um leve sorriso por esse ser o momento mais afetuoso que já tivemos, enquanto tenho uma crise de pânico no chão de uma festa de Natal.

- Podemos só ficarmos... assim? - Gaguejo, me agarrando um pouco mais na sua camisa, sentindo como ele desce o seu braço para minha cintura, me aproximando ainda mais.

- Podemos.

Acredito que algo em torna de uma hora tenha se passado quando Rony surge com um potinho de sorvete na mão.

- Doninha, você moram juntos e agora está aqui com ele também, portanto como eu sei que você não vai embora, pelo menos o divida um pouco comigo. - Rony se joga no chão ao nosso lado, colocando o pote no meu colo por eu estar no meio, entregando uma colher para cada um de nós. Draco dá risada, não sei bem se é pelo comentário ou pela cena inimaginável que vivemos nesse momento, afinal quem poderia imaginar um Malfoy, um Potter e um Weasley se encontrariam um dia sentados juntos no chão comendo sorvete?

Afasto-me de Draco o suficiente para conseguir pegar o sorvete e também pender o olhar sobre Rony, porém o loiro não retira a mão da minha cintura, se mantendo perto para qualquer recaída, qualquer empecilho e ao mesmo tempo por aparente espontaneidade de nos manter assim... tão próximos. Passamos um tempo conversando e rindo, Rony e Draco aparentam estar se dando bem e se não estão pelo menos estão mantendo ótimas aparências, aos poucos nossos amigos começam a se juntar a nós, Hermione, Gina, Neville, Simas, Dino, quando paro para prestar atenção ao meu redor já estamos em um enorme circulo no chão, uma rodinha de conversa com todas as pessoas que se importam, todas as pessoas que se salvaram, e é nesse pensamento que me agarro, por mais que eu tenha perdido muitas pessoas tive a honra de ganhar outras cruciais como Draco, da mesma forma que por mais algumas tenham partido outras continuam aqui, firmes e fortes como antes. Eu sabia muito bem que nada voltaria a ser como era antes da guerra, sempre existirá uma ferida aberta, porém ela dói menos quando você percebe que todos estamos feridos, mas estamos juntos, continuamos juntos.

Silencio-me fitando o loiro ao meu redor, sua mão quente na minha cintura se acostumou em ficar ali, mesmo que eu tenha certeza que já deve ter ficado dormente, seu sorriso se alastra tão abertamente e intensamente que sinto meu coração se encher de felicidade, pelo simples de fato de conseguir perceber a alegria que escorre pela face de Draco, que ilumina o seu olhar e ruboriza suas bochechas. O colar está aparecendo para fora da camisa e ele nem tenta esconder, não sei nem se percebe, mas o ver ali, contracenando com toda essa felicidade, torna ela ainda mais bela para mim, quase como realizar um sonho antigo, finalmente consigo compreender Draco e estou tão próximo que minhas palavras agora balançam em seu pescoço.

Quase como um ato involuntário também desço o olhar para o anel brilhando no meu dedo, o anel de sua família, da sua mãe, que representa para ele a esperança e a confiança que em algum lugar alguém estaria se importando com ele, agora sinto esses mesmos sentimentos que Draco sentia, a esperança de poder ter uma nova vida como renascer das cinzas podendo se reconstruir de uma nova maneira e principalmente esperança de ter essa chance ao seu lado, a confiança que sua presença me passa e até nos dias nublados irá me passar também. O objeto é quase um lembrete de sempre se lembrar de acender a luz, nesse caso lembrar do loiro e tê-lo por perto é acender a luz, é enxergar através de toda e qualquer escuridão... O meu sol, acolhedor, caloroso e luminoso.

- Sabe, você estar usando esse anel torna vocês oficialmente um casal ou algo semelhante a isso? - Gina pergunta, o seu tom de voz é baixo e ela fala rindo, batendo com o ombro o no meu. Sinto meu rosto esquentar o que tenho total conhecimento que acontece quando fico corado, porém mesmo assim não consigo evitar deixar um sorriso escapar dos meus lábios, as pessoas realmente acham parecemos um casal?

- Sim, algo semelhante a isso. - Draco responde no meu lugar antes mesmo que eu pudesse pensar em formular alguma resposta que fizesse sentido. Suas mãos se fecham em volta do meu corpo me aproximando dele e seu tom de voz é nitidamente passivo-agressivo, o que faz eu olhar para ele dando risada, depositando um soco suave na sua barriga, que leva o loiro a revirar os olhos antes de deixar um sorriso transparecer em seus lábios.

- Draco Malfoy está com ciúmes da minha ex-namorada? - Ironizo, levando em consideração que sua afirmação foi bem direcionada, quase como se quisesse deixar claro para Gina em qual território ela estava pisando, por mais que eu queira me fingir de indiferente ou ofendido, não consigo disfarçar a felicidade gritante de saber que Draco acabou de falar em voz alta que me considera algo semelhante a seu namorado, mesmo que a frase tenha sido impulsiva e impensada às vezes é em momentos como esse que os sentimentos mais verdadeiros se mostram, e para alguém que estava em dúvida sobre o que sente ele pareceu bem convicto de si quando rebateu Gina.

- Eu não estou com ciúmes, apenas respondi sua amiga. - Sua voz sai baixa dessa vez, sussurrada ao pé do meu ouvido enquanto todos se focam em outros assuntos que nem sei como eles entendem sendo que cada um está falando com uma pessoa ao mesmo tempo.

- Uma das duas coisas você precisa admitir, ou que está com ciúmes ou que acabou de dizer que me considera seu "quase namorado". Faça sua escolha. - Ele joga a cabeça para trás dando risada, levando a mão ao queixo e fingindo estar tendo um pensamento muito complicado.

- Bom, se não somos apenas amigos, nem meros inimigos, só sobra esse intermédio que você falou, não é?

- Nananinanão, tem que falar a palavra "quase namorado" ou vou te deixar sozinho em uma sala com Rony depois de contar para ele o que você acabou de falar.

- Sem provas eu não disse nada.

- Espera até ficar sozinho com o interrogatório do Ron e você verá que ele não liga pra provas. - Draco revira os olhos, porém mesmo assim não esconde o sorriso no rosto ao se virar de frente para mim, pressionando o toque na minha cintura.

- Ok, meu quase namorado, você venceu com uma ameaça muito bem executada. - Sinto meu sorriso se expandir e por mais que sua frase tenha sido falada por meio de praticamente uma aposta, a maneira como ele fala olhando firme nos meus olhos, quase como se realmente estivesse fazendo um enorme esforço para que eu perceba o dubiedade que sua frase tem, faz com que meu coração bata tão rápido que quase o sinto pulando para fora da boca e pela tamanha aproximação dos nossos corpos Draco deve estar sentindo isso, afinal também consigo sentir a mesma rapidez nas suas batidas.

Meu corpo ferve de uma forma que não consigo identificar se é de alegria, surpresa, nervosismo ou timidez, talvez um pouco de todas as possíveis opções. O sinto eletrificado, quase como uma corrente de eletricidade, faiscando ao seu contato, a sua aproximação e ao seus sentimentos que ele está tão aparente que fico hesitante e ao mesmo tempo eufórico. É com essa intensidade e energia vibrando no meu corpo todo, além da verdade que identifico em seu olhar que opto por voltar a deitar a cabeça em seu peito, sorrindo quando ele deixa um beijo delicado nos meus fios de cabelo, imperceptível para qualquer pessoa que o olhasse, porém consigo sentir sem nem mesmo o olhar.

Estar perto dele é estar seguidamente sentindo tudo, do mais esbaforido sentimento até os meros toques.


Notas Finais


Eles se chamando de "quase namorado" 🥺🥺


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