História Dois Reis (Sterek) - O início de uma traição?

   A zombaria começou quando a fofoca começou a correr dentro do palácio, não tinha um só empregado que ao passar por Christoffer, escondia um sorriso com as mãos e passava quase correndo. Era uma situação constrangedora para o conselheiro e divertida para Stiles.

Após estarem devidamente vestidos, Peter deu aos convidados algumas vestes, todos foram para o almoço na sala de jantar. Menos Stiles. O Stilinski preferia fazer qualquer coisa, menos ter que suportar Derek e Christoffer no mesmo lugar.

Depois de andar pelos corredores, tentado a abrir todas as portas enfileiradas, Stiles saiu disfarçadamente do castelo, usando as masmorras. Era uma saída secreta que descobriu trocando informações com o marido de Breaden, contando quem era o amante da mulher infiel, quase mencionando o nome de Derek, mas no final decidiu culpar o cozinheiro. Viu a expressão raivosa do soldado, debaixo do elmo prateado, parecia estar querendo matar alguém. Stiles estava satisfeito por não ser ele.

A saída era pequena, como uma porta para cachorros. Por sorte era magro o suficiente para se enfiar ali. Estava em um dos pomares que abastecia o reino. Ali não havia ninguém além de alguns camponeses que cuidavam das árvores. Por sorte estava vestido como um deles, exceto pelas notas de couro, com fios entrelaçados a mantendo justa na perna.

Desejou poder ir até o estábulo e pegar Mary, mas não podia se arriscar tanto e ter que passar as próximas horas de seu dia assistindo Christoffer bajular Derek de todas as maneiras. Ao chegar na primeira casa da rua, viu algumas crianças brincando, correndo um atrás do outro com espadas de madeira.

Continuou andando quando algo chamou sua atenção. Sentiu uma leve pressão em sua coxa, olhando para baixo discretamente, vendo uma mão infantil tentando puxar o saquinho de moedas que carregava. Por reflexo, segurou o braço fino, se virando para o pequeno ladrãozinho.

Se deparou com uma criança magricela, o rosto estava sujo de fuligem e suas roupas imundas. Não parecia nada com as crianças que brincavam próximo ao castelo. Suas bochechas fundas e olhos escuros era um sinal claro que a criança sentia fome.

Olhou para os lados. Era um truque usado por ladrões. Deixar uma criança chamar a atenção e levar o infeliz para um beco qualquer, onde ficava até sem as calças. Stiles percebeu que a criança não parecia amedrontada, o encarava como se fossem iguais. Aquela audácia fez o rei sorrir.

ㅡ Não pode demorar tanto para pegar! Tem que ser rápido ou a pessoa vai perceber! ㅡ Advertiu, segurando a criança que estava tentando fugir.

ㅡ Me solta, seu idiota! ㅡ Resmungou, tentando puxar o braço de volta.

Depois de um longo suspiro, Stiles tirou algumas moedas de ouro e entregou ao garoto. Os olhos do menino brilharam, arregalando um pouco. Pegou as moedas como se fossem o bem mais precioso, e olhar antes amedrontado sumiu.

Então ficou receoso.

ㅡ Não vai mandar guardas me pegarem por isso? ㅡ Perguntou.

ㅡ Só vai embora! ㅡ Stiles não sorriu. Sua voz não era gentil e muito menos seu olhar. Era como se ele tivesse se transformado em outra pessoa, alguém que não ajudaria o pobre garotinho.

Voltou para seu caminho até o mercado. Como Allison havia dito, achariam uma flecha igual nas mesas de vendedores, apenas duvidava que no mercado aberto teria alguma. Eram caras demais para serem compradas em qualquer lugar, e talvez até seria importadas.

Passou por Danny, sem cumprimentar um ao outro. O governador estava focado em seu mais novo trabalho, e precisava chamar atenção de um dos gêmeos urgentemente. Ter outra cidade era sua maior meta no momento, e ter uma em Lupus seria de longe uma de suas maiores realizações. Faria de tudo para conseguir.

Observou o palácio. Conseguia ver apenas as torres mais altas, enquanto as casas simplesmente tampava a vista espetacular que era a construção. Se imaginou tendo um bairro libertino ali, com certeza os camponeses não sabiam que a diversão existia além de cuidar de plantações e tentar entrar na guarda real.

Observou uma pequena taverna. Era escondida, a placa de madeira na frente era de um pássaro voando. O que significava liberdade e sigilo. Duvidou que aquele lugar pudesse ser melhor que suas propriedades. Colocou o casaco de pele sobre os ombros.

Abriu a porta ouvindo um pequeno sino. Todos pararam o que estavam fazendo para olhar Danny, era um estrangeiro e parecia rico. Um otário, todos pensaram. Os vigaristas foram os primeiros a se levantar, sorrisos maldosos e um olhar astuto. Procuravam onde Danny guardava o dinheiro, até perceber a espada pesada presa em seu quadril. O cabo era de prata, um dos símbolos de Arietes, pedras vermelhas cervejadas e a cabeça de uma serpente na ponta.

Imediatamente voltaram a se sentar. Um decreto estava anunciado antes da chegada de Stiles no reino, que nenhum cidadão deveria interagir com alguém de Arietes sem que um guarda estivesse presente no local. Derek era cauteloso e desconfiado, e estava tentando previnir que espiões trocassem informações. O que não aconteceu com Stiles pois ele se vestia como um camponês comum de Lupus.

Danny escolheu um lugar perto do balcão. Não o com melhor iluminação e muito menos o mais próximo do músico que tocava seu alaúde e cantava batalhas. Seu alvo era o homem alto e forte, que apesar das roupas simples era diferente dos demais.

Reconheceu Ethan. Ouvira falar do lutador da Arena de Sintita. A arena mais famosa e cara de Arietes.

ㅡ O que um governador tão prestigiado faz aqui? ㅡ Ethan iniciou a conversa, fazia parte de seu trabalho tentar arrecadar todas as informações possíveis.

Embora o rosto de Ethan não agradasse Danny, a enorme cicatriz que dividia cortava parte de sua bochecha e nariz, o deixava desconfortável, Danny sorriu. Um sorriso forçado mas que a baixa iluminação não permitiu esse detalhe.

ㅡ Procurando uma diversão diferente ㅡ deu de ombros, se virando para Ethan e erguendo uma sobrancelha sugestivo.

Acostumado com aquele tipo de abordagem, Ethan sorriu e deu um gole em sua cerveja. Engoliu o líquido com desgosto, odiava aquele sabor mas o álcool o fazia esquecer de algumas lembranças desagradáveis.

ㅡ Está no lugar errado. Deveria ir até o prostíbulo na rua principal, ou a fazendo dos Hanmers. Eles sabem como se divertir.

ㅡ Você me conhece, então deve ser de Arietes. O que faz aqui? O rei está aqui a poucos dias, mas você parece bem familiarizado.

ㅡ Sou um lutador, não tenho um reino, vou até onde meus senhores mandarem. Sou uma mercadoria ㅡ a última frase soou amarga.

Danny engoliu em seco.

ㅡ Sei que não está aqui apenas pela diversão. Stiles te mandou? ㅡ Ethan finalmente se virou para encarar o Maleahani.

Os homens da começavam a cochichar, Ethan era um lutador famoso na cidade, contudo era conhecido por ser frio e bruto, não parava para conversar com qualquer um. Era mais fácil levar um soco dele do que ouvir sua voz. Isto é, para aqueles que não faziam partes dos planos dos superiores.

Sem pensar muito, Danny assentiu com a cabeça. Vendo que Ethan estava interessado sobre Stiles, contou o plano de seu rei. Espionar os gêmeos e Kali, e depois descobrir pra quem trabalhavam.

ㅡ Por que está me contando isso? ㅡ Questionou, duvidando das palavras de Danny.

O mais velho deu de ombros novamente.

ㅡ Tenho a impressão de que vou conseguir governar alguma cidade aqui com ou sem ajuda de Stiles. E acima de tudo, não sou um cachorrinho dele que recebe ordens a mais ordens.

Não é preciso contar que Derek estava extremamente irritado com a presença de Christoffer Green. Além da piada sobre ele aparecer pelado no seu palácio, nada mais o fez mover um músculo para sorrir. Sua expressão era neutra e séria, parecia que estava em um funeral em vez de um almoço. Mordeu o interior de sua bochecha ao lembrar que a pessoa responsável pelo conselheiro havia simplesmente desaparecido.

Quando a tortura finalmente acabou, se retirou o mais rápido possível. Mandou que chamassem Scott, mas ele também não sabia do paradeiro de Stiles.

ㅡ Acha que ele está planejando algo? ㅡ Peter perguntou, parecendo mais interessado em sua delicada taça de cristal.

O olhar de Derek disse mais que mil palavras. Peter o encarou de volta, não era do tipo que abaixava a cabeça diante qualquer um. A única pessoa que consegui por Peter em seu devido lugar era a falecida rainha Talia.

ㅡ Acho que deve um voto de confiança a ele! A única afronta dele foi dormido com Breaden!

ㅡ Acha que estou preocupado com uma amante? Estamos falando de Stiles, você sabe o que contam na fronteira. Que ele acusou o pai de estar louco para se tornar rei mais rápido.

Houve um silêncio. O olhar de Peter estava na porta, onde Stiles estava parado mirando Derek. O rosto do Stilinski estava um pouco sujo, passar pelas masmorras de novo não foi tão fácil com os bolsos cheios de frutas. Christoffer estava do lado do garoto, e tinha o rosto igualmente melancólico.

Derek não estava arrependido do que havia dito. Stiles não tinha feito nada que lhe inspirasse confiança.

ㅡ Majestade! ㅡ A voz do Green era embargada, como se estivesse a ponto de chorar, um teatro que o só o conselheiro era digno de interpretar.

Mas os olhos de Stiles ainda estavam sobre Derek, pareciam mortais, estava decidindo o que teria a perder caso o atacasse ali mesmo. Com certeza não conseguiria sair do castelo com vida.