20/04/2002 - Manhattan, Lauren Jauregui's Home
-Lauren, eu irei até o supermercado. Não demoro, faça-me um favor e arrume as coisas do sótão. Não poderemos sair desta casa se você não arruma-lo.
Ouço a voz da minha mãe dizer calmamente através da porta e eu apenas assinto mesmo que a mulher não pudesse ver; depois de alguns minutos saio do quarto caminhando com calma até o porão. Desço as escadas e fecho a porta em seguida, olho ao meu redor e suspiro.
-Ao trabalho Jauregui...
Sussurro para mim mesma, prendendo o meu cabelo em um "rabo de cavalo", caminho até minha antiga casa de bonecas e logo sorrio ao reconhecer Camila, minha boneca preferida. Eu costumava finjir que Camila realmente tinha uma vida, ela era minha melhor amiga. Mas infelizmente, alguma hora precisei amadurecer e deixar de brincar de boneca
-É.. Me desculpe Camilinha.
(...)
Após terminar a arrumação, guardo Camila e caminho novamente até a porta, eu teria saido do quarto se não fosse por um pequeno detalhe, a porta estava trancada. Eu não havia trancado, então a unica resposta para isso seria: "A porta emperrou"
Como minha mãe logo chegaria do supermercado, suspiro e vou até o canto do sótão, me sentando no chão de madeira velha, o insuportável naquele piso era o som que o mesmo emitia à cada passo dado.
(...)
Depois de aproximadamente 10 minutos, olho para o relógio entediada. Já eram 22 horas, e por estar sonolenta, depois de alguns segundos acabo adormecendo ali mesmo, eu não tinha outra escolha, e além do mais... Eu logo sairia daqui.
(...)
00:04 - Same Day- Lauren Jauregui
Desconfortável com o sono, abro os olhos lentamente sentindo-me observada durante todo o sono, assim que olho para o lado, percebo uma menina no cômodo, ela me observava atentamente.
Seus olhos eram castanhos brilhantes
Sua pele era impecável
Ela parecia maquiada
Seu cabelo era sedoso
Ela parecia uma... Boneca.
-Quem é você? Como chegou aqui e o que quer? - Pergunto calma, embora assustada.
-Meu nome é Camila, eu sempre estive aqui. Sou sua boneca Lauren, não quero nada.
Ouço ela dizer e franzo o cenho olhando para os lados a procura da boneca de porcelana, mas não acho. Minha respiração ofega após entender o que estava acontecendo ali, ela estava falando a verdade. Ao contrario, como entrou ali? E porque tão parecida com aquela boneca?
-Eu preciso te alertar. Sua vida não é real. Isso tudo é uma casa de bonecas Lauren, você é controlada como todos eles, seus rostos não são reais, é apenas uma máscara. E se você se nega a brincar, é descartada como todas as outras.
Ela diz um pouco apressada novamente me fazendo ficar confusa, o que ela estava dizendo? Eu era real...
-E o que eu posso fazer sobre isso? - Digo ao decidir concordar com o que a menina diz.
-Nada, eu não sei o meu objetivo como uma menina de verdade. Mas... É incrivel
Ela sorri e eu sorrio, embora não soubesse o porque, ela era real. Minha bonequinha era real.
-Eu sempre pensei que você tinha vida... É tão bonita quanto sua forma em plastico.
-Obrigada Lauren, sempre te observei com atenção, e imaginava falar com você, sem ser em nossas brincadeiras. Eu a amo e... Você sempre cuidou de mim, obrigada
-Você é a minha bonequinha, eu sempre cuidarei de você camila...
(...)
Já tinham se passado 2 semanas, eu visitava Camila todos os dias à 00:00, e para dizer a verdade... Mesmo que pareça ser loucura, eu estava apaixonada por aquela "Boneca", ela era a minha doce bonequinha de plastico.
-Camz?
Chamo pelo seu nome antes de adentrar o sótão, sem resposta alguma. Ando um pouco mais ate sentir o corpo de Camila contra o meu, ela sorri largo me abraçando.
-Você se atrasou, achei que não viria.
Ela diz e eu sorrio passando minhas mãos pelo seu rosto, nego sobre o que ela diz e com a nossa proximidade assustadora, colo os nossos labios de uma vez por todas em um beijo. Um beijo que mesmo que desastrado, era lento e gostoso. Seus labios carnudos tinham um gosto bom e adocicado.
-Bonequinha, vamos parar por aqui..
Sussurro entre o beijo ao senti-la colar seu corpo contra o meu com mais força, e a mesma nega.
-Não, eu quero experimentar antes de... Antes de ir
-Você não vai à lugar algum, vamos experimentar mas não agora
Digo novamente e ela assente, me dando um selinho e logo em seguida sorrindo.
(...)
Point Of View Camila Cabello
Camila encontrava-se sentada no canto do sotão esperando por Lauren, mas assim que a porta é aberta, Lauren não passa por ela, e sim sua mãe. Ela havia sido descoberta, e era questão de tempo até que ela voltasse a ser apenas uma bonequinha de plastico em uma prateleira empoeirada.
-O que quer comigo? Onde esta Lauren?
Pergunto assustada e a mulher ri sem animo algum, ela sempre soube de mim, ela sempre soube da verdade, era a controladora.
-Ela esta no quarto, pode ir até lá caso queira.
A mulher diz cínica e eu apenas assinto passando por ela rapidamente, desço as escadas um pouco desajeitada e corro até o quarto de Lauren, mas assim que abro a porta, vejo a menina beijando uma humana. Quem era esta?
-Lauren...
Sussurro e sinto uma lagrima escorrer pelo meu rosto, meu coração enfraquecia a cada segundo, eu logo deixaria de ter um novamente.
Narrador ON
Camila percebe que não é bom ter sentimentos, que o amor não era real como sempre ouviu dizer nas brincadeiras
Ora... era controlada por crianças, o que queria que a pequena bonequinha de plastico pensaria sobre o amor?!
A primeira lagrima foi derramada, e a ultima
O ultimo suspiro
E o ultimo sorriso triste destinado a menina.
Assim que percebe o olhar de Lauren sobre ela e a mesma levantar, a bonequinha nega, sentindo seu coração finalmente parar.
-Eu te amei...
A menina diz com lagrimas em seus olhos.
Ela nunca havia tido olhos de verdade, e quando finalmente os tem, ele é usado para derramar lagrimas.
Ela nunca havia tido um coração, e quando finalemente o tem, ele é quebrado.
Era tarde demais, Camila havia voltado a ser de plastico como todas as outras bonecas de Lauren. Nos anos seguintes, Camila fora mantida na cabeceira da cama de Lauren Jauregui, para lembra-la de uma coisa...
Até mesmo os mais fracos são capazes de amar, e até mesmo os mais fortes são capazes de fracassar.
-Eu te amo bonequinha...
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