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História Dominadores. - Falling To Pieces .


Escrita por: GessicaFrazo

Notas do Autor


Não gente. Não é ilusão. Sou eu mesma.
Leiam as notas finais, por favor.

Capítulo 23 - Falling To Pieces .


Fanfic / Fanfiction Dominadores. - Falling To Pieces .

Las Vegas. - Justin Bieber.

Assim que deixamos a casa do senador, fomos até o jato que já estava a nossa espera para sair de Chicago. Levamos quase quatro horas para chegar a Las Vegas, que era onde eu gostava de ficar quando não estava viajando. O restante da viagem foi concluída em outro carro, que Ryan havia pedido para deixarem no local do pouso.

Encarei meu braço direito, agora amarrado com um pedaço de pano qualquer que Ryan me deu para estancar o sangue e logo depois dei uma olhada de relance em Selena. Ela estava sentada entre mim e Chaz, mas sua cabeça não parecia estar ali. A garota ainda estava em transe. O cara que ela achava que era seu pai explodiu diante de seus olhos. Isso foi um pouco demais para ela.

Passei todo o trajeto até minha casa pensando em tudo o que havia acontecido. Sentia tanta raiva por o esforço que fiz para completar a missão ter ido por água a baixo. Algo assim nunca tinha acontecido comigo. Jamais deixei um trabalho pela metade. Falhar era inadmissível.

—Lar doce lar, Bieber! —Disse Chaz com um entusiasmo forçado quando adentramos os muros que cercavam minha mansão. Estava na cara que tudo isso era só para amenizar um pouco o clima tenso entre nós. Os garotos estavam confusos e eu ainda não tinha falado nada sobre o que aconteceu.

Ryan estacionou em frente à garagem e nós descemos logo em seguida. Selena continuou dentro do carro, mas não para me irritar como era de costume. Talvez não tivesse nem percebido que já tínhamos chegado.

—Vem! —Lhe estendi a mão, esperando que ela segurasse. Ignorei os olhares dos garotos em minha direção e apenas ajudei Selena a sair.

Ela se colocou ao meu lado, parecendo fraca demais para continuar de pé. Olhou minha casa por alguns instantes e depois desmaiou. Sustentei seu corpo com meu braço livre para que não caísse, mas não conseguiria fazer isso por muito mais tempo.

—Segura ela aqui, Chaz! —Pedi e logo o mesmo a pegou em seus braços. 

—Temos que ver qual a gravidade do seu ferimento e cuidar disso. —Ryan encarou meu braço.

—Não é nada demais. —Dei de ombros, andando em direção à porta da casa e fui seguido por eles.

Passei pelo hall de entrada e já avistei Dorothy, parada no meio da sala. A mulher baixinha e rechonchuda tinha os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo que deixava suas bochechas enormes ainda mais em evidencia.

—Seja bem vindo, senhor!—Disse ela, fazendo uma referência desnecessária e depois focou o olhar em Selena.

—Onde eu coloco essa menina? Não é reclamando não, mas depois de um tempo ela ficou meio pesada. —Ouvi Chaz resmungar logo atrás de mim. —Ela é tão magrinha. Onde será que esconde esse peso todo?

—Na cabeça. Não está vendo não? —Khalil falou, com uma pitada de humor um tanto que amarga e sabia bem o porquê.

—Arruma um dos quartos de hospedes, Dorothy. —Ordenei e depois foquei em Chaz, que estava olhando até demais para Selena. —Já que está reclamando do peso, coloque-a no sofá até a Dorothy terminar.

—Quê? Essa garota vai ficar aqui? —Exclamou Khalil e o ignorei, seguindo até o meu escritório e ele me acompanhou. —Está ficando maluco, cara?

Sentei-me em minha poltrona, soltando o ar de vez. Odiava quando ficavam me enchendo o saco com perguntas. Para falar a verdade, também não tinha ideia do que dizer. Nem mesmo eu entendia bem a razão de ter trazido Selena comigo.

—É serio, JB. Por que a trouxe com você?

—Também não estou entendo nada. —Chaz entrou no escritório junto com Ryan.

—E quando é que você entende alguma coisa? —Ryan brincou com ele e depois me encarou. —Desenrola esse lance aí pra gente, Justin.

Eles insistiram e forcei meu cérebro a trabalhar em uma resposta, pois sabia que não iriam desistir tão fácil.

—Só a trouxe porque quero receber o restante do meu dinheiro. —Disse. —Não vou mesmo ficar no prejuízo.

—Mas o velho morreu. Quem vai te pagar agora? —Ryan ficou desconfiado e também não era para menos. Que porra de desculpa era aquela? Eu já fui melhor.

—Isso é um problema meu.

—Nosso, né? —Serrei os olhos quando vi Khalil sentar-se sobre minha mesa e cruzar os braços. —Nós também temos uma pequena porcentagem nessa grana.

—Você está me cobrando? —Comecei a ficar com raiva.

—Calminha pessoal! —Chaz resolveu interferir. —O esquema deu merda. Pronto. Também não precisa esquentar a cabeça por causa disso não.

—Faltava metade da grana. Como não vou esquentar a cabeça com isso? —Khalil estava chateado. —Eu já tinha até planos para a minha parte no esquema.

Deixei de prestar atenção nos dois patetas que discutiam quando Ryan desamarrou o pano que estava em meu braço e pediu que tirasse a camisa.

—Não preciso disso. —Resmunguei.

—Precisa sim. Você foi atingido. —Ryan com certeza leva o troféu de insuportável.

Revirei os olhos e tirei o colete, depois desabotoei a camisa branca que estava machada de sangue e a joguei no chão. Ryan olhou para o ferimento e depois para mim.

—Sorte sua que foi só de raspão. —Disse ele, parecendo intrigado. —Como isso aconteceu?

Sua pergunta me fez recordar de tudo. Não podia simplesmente dizer que levei o tiro pela Selena. Se eu ainda não tinha entendido quem dirá eles.

—Apenas um pequeno descuido. —Banalizei. 

—Eu vou pedir a caixa de primeiros socorros a Dorothy para limpar esse sangue e fazer um curativo. —Ele continuou a me encarar, como se no fundo desconfiasse que tinha algo a mais e depois saiu. Esse nerd não era nada fácil de enrolar.

Bateram na porta e depois Dorothy coloca a cabeça dentro da sala.

—Já aprontei o quarto senhor.

—Ela já acordou? —Perguntei.

—Continua do mesmo jeito. Devo chamar um médico?

—Não. —Fui rápido em responder. —Chaz, leve ela lá pra cima.

—Eu de novo? —Ele fez cara feia.

—Para de preguiça e anda logo se não vou te dá um soco! —Rangi os dentes para ele que saiu bufando.

—Isso tudo ainda é muito esquisito. Não engoli essa sua história com essa mina não. —Khalil voltou a nossa discussão anterior e já estava ficando puto.

—Vai tomar no teu cu então. —Falei alto, fungando de raiva e saí dali antes que quebrasse a cara desse moleque.

Não demorou a que Ryan retornasse com a bendita caixa de primeiros socorros. Mesmo contra minha vontade, ele limpou meu ferimento e depois fez um curativo.

—Pronto. Isso vai demorar um pouco para sarar.

—Ainda não acredito que você levou um tiro. —Khalil me lançou um olhar desconfiado enquanto tomava alguma coisa que roubou no meu bar.

—Já disse que eu me distraí.

—Você nunca se distraiu. Só que agora está meio... —Antes que ele pudesse dizer que eu estava “estranho”, apontei minha arma em sua direção e destravei. —Calma! —Levantou as duas mãos, rendendo-se.

—Mais uma palavra e eu meto bala nesse seu cabeção. —Falei serio com ele.

—Certo. Certo. Certo. Vamos parar com a brincadeira, não é gente? —Ryan se colocou diante de mim. —Vamos deixar Justin descansar agora. Mais tarde nós voltamos cara. —Ele acenou, levando Khalil em direção à saída.

—Mal posso esperar. —Revirei os olhos quando a porta foi fechada.

Fiquei ali por um tempo tentando colocar os pensamentos em ordem. Quando estou perto de Selena não pareço eu mesmo. Ela misteriosamente consegue trazer uma parte de mim que achei já tivesse morrido. Que espécie de poder é esse que ela tinha sobre mim? Esqueço o que sou e confesso que isso é um pouco assustador.

Fiquei tão perdido em meus pensamentos que nem me dei conta que as horas passaram. O céu começou a mudar de cor, ganhando um aspecto mais alaranjado. Faltava muito pouco para escurecer e eu ainda não tinha ido ver o estado em que Selena se encontrava. Resolvi ir até o quarto verificar o porquê de tanto silencio. Isso era estranho. Não duvidava que ela tivesse cometido suicídio e se juntado ao resto dos Gomez. Pensar nisso me fez aumentar os passos e abrir a porta de vez.

Ela estava deitada na cama de casal, enrolada até o pescoço e por estar de costas, não vi se estava dormindo ou não. Aproximei-me, parando a sua frente e a mesma nem me deu atenção. Apenas fitava a parede branca, parecendo fora de orbita. Eu estava começando a ficar muito preocupado. Só me faltava essa garota ficar maluca.

Uma coisa estava me incomodando. Ela ainda não havia chorado, gritado ou feito qualquer coisa que era do seu comum. Parecia que estava sufocando aquilo dentro de si e eu sabia bem que guardar a dor não era a melhor forma de superá-la.

—Você está bem? —Perguntei com cautela.

—Estou ótima!—Ela tentou ser irônica comigo. O rei da ironia. 

—Não começa, garota. Eu só estou querendo saber como você está.

 —Não finja que se importa. —Virou-se para o outro lado.

—Então dane-se! —Bufei e saí dali sem dizer mais nada.

Nunca pensei que um dia teria tanta calma. A paciência que eu estava tendo com Selena era assombrosa. Tentei levar em conta que ela estava deprimida e só por isso que não lhe dei umas boas palmadas para que parasse de malcriação. Também não era obrigado a aguentar escracho só para que ela se sinta melhor.

Fui até meu quarto e antes de entrar no banho verifiquei se tudo estava em seu devido lugar. Se tinha uma coisa que eu odiava era que entrassem na privacidade do meu quarto ou mexessem em minhas coisas. Aquilo era regra e Dorothy sabia melhor do que ninguém.

Coloquei apenas uma bermuda simples, calcei chinelos e saí à procura de Brutus. Não me lembrava de tê-lo visto quando cheguei. Ele com certeza teria corrido imediatamente em minha direção. Passei pela enorme piscina e vaguei até a casinha do meu cachorro. O encontrei bem amarrado e aquilo me irritou. Não gostava que o prendessem. Aquilo com certeza era coisa do Khalil.

Brutus era um cachorro grande e vigoroso. Tinha o pelo escuro e bem cuidado. Seus olhos cor de fogo era minha parte predileta. Brutus era o tipo de animal para se cruzar em um beco escuro. Violento e feroz, meu cachorro era mais eficiente que o trio de patetas que trabalhavam comigo.

—Eles cuidaram bem de você garoto? —Passei a mão na cabeça dele e o mesmo latiu alto. Sei que estava com saudades de mim. —Vou arrancar o bilau daquele negrinho safado e dar pra você comer. Quem sabe assim aprende que quem tem que ficar na coleira é ele e não você.

Brutus voltou a latir, parecendo ter gostado da ideia.

No dia seguinte...

Adentrei a cozinha a procura de Dorothy e constatei que ela ainda não tinha chegado para trabalhar. Sempre chegava às oito da manhã e saía às sete da noite. De todas as empregadas que já passaram por minha casa, ela tinha sido a menos ruim. As outras perguntavam demais e a curiosidade sempre acaba matando o gato.

—Bom dia senhor! —Dorothy assustou-se ao entrar e me ver ali. Era muito raro eu estar na cozinha. —Se está aqui para me dar uma bronca, saiba que só me atrasei porque o ônibus que eu venho quebrou no meio do caminho e... —Fiz um sinal para que ela calasse a boca.

Por que as pessoas achavam que eu queria saber algo sobre suas vidas miseráveis?

—Poupe-me dos detalhes. —Falei indiferente. —Quero que você faça uma torta de morango para a sobremesa.

Ela arqueou a sobrancelha. —Mas... O senhor não odeia morango?

—Quem disse que eu odeio morango?

—Você. Na verdade, o senhor gritou aos quatro ventos “eu odeio essa porra de morango”. —Dorothy tentou imitar minha voz e franzi o cenho ao perceber que tinha mesmo falado isso. —É para aquela moça?

—Faça esse caralho que eu tô mandando e pare com tantas perguntas. Mas que merda! —Saí soltando fogo pelas ventas, mas por ter sido pego no pulo.

Sim, ela estava certa. Eu odiava morango e só estava fazendo isso por causa de Selena. Lembro que ela vivia pedindo essas merdas a Felipa. A garota não queria comer nada e continuava jogada na cama como uma débil mental. Não gostava de vê-la daquela forma. Acho até que preferia que ela enchesse meus ouvidos com lamentações e a choradeira do caralho do que nesse estado.

Sentei-me no sofá meia lua e liguei a TV para ver o noticiário enquanto trocava o curativo do meu braço. Aquela porra ainda estava ardendo um pouco e doía quando eu movimentava.  A repórter magrela falava algo sobre uma pessoa que tinha sido ferida não muito longe de onde eu morava, mas não dei tanta atenção porque os caras invadiram a sala.

Pronto. Lá se foi o meu sossego.

—Prende aquele satanás que você chama de cachorro, JB. —Khalil jogou-se no sofá, puxando o fôlego. —Essa porra quase arranca a minha perna.

—Eu vou prender é você. Ele mora aqui. —Respondi fazendo cara feia e Chaz e Ryan começaram a rir.

—Bom saber que um cachorro tem mais consideração do que eu. —Ele se fez de vitima.

—Sem sombra de duvidas.

—Estão falando do cara que você baleou. —Chaz chamou a atenção de Khalil para a TV de quarenta e nove polegadas que estava presa à parede.

—Foi você? —O encarei.

—Foi, mas ele bem que mereceu. Ficou tirando onda da minha cara.

—Não inventa, Khalil. Você atirou no cara só porque ele deu uma batidinha de nada no seu carro. —Ryan falou em tom de bronca. —Isso foi muito idiota!

—Com sua charanga podem fazer o que quiserem, mas ninguém arranha minha belezinha. —Ele se gabou. Tinha o maior ciúme daquele Zenvo ST1. —Atirei e atiro. Aquele veado ainda me mostrou o dedo. —Continuou.

—Está tudo bem com você? —Ryan deixou de prestar atenção nos exageros de Khalil e focou em mim.

—Não está vendo? —Falei.

Estávamos jogando conversa fora quando começaram a falar sobre o que aconteceu na casa do senador e todos paramos para assistir. A magrela falava sobre a quantidade de mortos e que até agora o delegado responsável pelas investigações ainda não tinha novidades sobre o caso. Vi que entre os sobreviventes estava à vadia da Kelly, Caitlin Dover e o maldito tubarão, que ainda saiu de herói dizendo que conseguiu salvar as duas. Passaram a imagem de uma câmera de segurança onde mostrava o momento exato da explosão do carro.

—Caralho! —Khalil bateu palmas, rindo. —Queria ter tido a honra. Foi lindo! Parecia fogos de artificio.

Desliguei a TV imediatamente, temendo que Selena acabasse vendo aquilo. 

—Sorte sua que não deu para a câmera pegar você e a filha do senador no meio da rua. Isso ia ser bem ruim. —Disse Ryan. —Sabia que todos estão pensando que ela está morta?

—Não me diga. —Me fiz de surpreso só pra zombar. 

—Já devia saber que tinha o seu dedo nisso. Como você fez?

—Segredo. —Dei de ombros, escondendo o sorriso.

—Falando na peste... —Khalil começou. —Onde está ela?

—Lá em cima.

—Quanto tempo essa garota vai ficar aqui? —Encarei Khalil começando a me incomodar com sua implicância com Selena.

—Isso eu resolvo depois. —Desconversei e eles perceberam minha hesitação.

Dorothy passou por nós com a torta que eu havia lhe pedido para fazer e Chaz quase saltou sobre a mulher. Falou em comer era com ele mesmo.

—Êba tia! Eu amo torta. —Ele tentou tocar e levou uma tapa na mão da mulher. —Mas eu só quero um pouquinho.

—Não. Essa já tem dona. —Ela disse e eu a fuzilei com o olhar. Gorducha da língua grande.

—Mas ninguém come um negócio desse tamanho sozinho.

—Você é bem capaz de comer. —Ryan provocou Chaz.

—Não e não. Depois eu faço outra para vocês garotos. Agora tenho que ir. —Dorothy subiu as escadas que davam acesso ao segundo andar da casa e os meninos me encararam.

—Mandou levar bolo para ela? —Perguntou Ryan, cheio de desconfiança.

Me fiz de desentendido, passando a mexer no celular como se estivesse trocando mensagem com alguém. Quando tive o impulso de arrastar Selena comigo não pensei no que essa decisão causaria. Lógico que todo mundo iria estranhar. Eu nunca gostei de visitas então por que traria uma para cá?

Levantei o olhar a tempo de ver Dorothy descer as escadas e notei que a torta permanecia intacta. Isso me irritou profundamente. Não iria ficar aguentando as frescuras de Selena. Saltei do sofá sem dar explicações, tomei a torta das mãos da empregada e marchei até o quarto de hospedes. Ela comeria por bem ou por mal.

Fiz uma entrada abrupta encontrando-a na mesma situação deprimente do dia anterior. Já estava de saco cheio dessa garota jogada na cama como uma morta viva.

—Por que você não comeu a torta que ela fez? —Perguntei me aproximando da cama. Ela não me deu atenção e continuou de costas para mim. Segurei firme em seu ombro e a virei em minha direção. —Pare de frescura e coma logo essa porra! Não pode ficar tanto tempo de barriga vazia.

—Eu não quero. —Ela murmurou, voltando a me dar as costas e o fogo do inferno subiu a meus olhos. A puxei com extrema indelicadeza.

—E você quer o quê? Fazer greve de fome como se isso fosse trazer o seu pai de volta? Pelo amor de Deus, Selena, ele está morto. M-o-r-t-o. MORTO. —Não consegui me conter e explodi, exagerando nas palavras. —Come isso de uma vez que eu não gosto de dengo.

—NÃO QUERO!

—COME LOGO CARALHO!

Sem pensar duas vezes, depositei a torta sobre o criado mudo e afundei minha mão na mesma. Peguei a torta esfarelada sem me importar por estar todo melecado e levei em direção ao rosto da garota.

—Abre a boca! —Ordenei e ela negou com a cabeça, arrastando-se na cama para se manter distante. Fiquei de joelhos na borda do colchão e foi o suficiente para alcança-la. Segurei seu rosto entre meus dedos, forçando de um jeito que abrisse a boca e empurrei dentro. —Engole anda!

Ela se debatia e movimentava o rosto, tentando se livrar de mim. Não me importei quando ela engulhou, parecendo que iria vomitar a qualquer a momento. Eu só estava querendo o melhor para ela e não me importaria de parecer um monstro insensível. Aliás, eu sou um mostro insensível.

Só me afastei quando percebi que ela havia realmente engolido tudo mesmo contra a vontade. Ela tossia colocando a mão sobre o peito, enquanto me olhava assustada.

 —Pedirei que tragam algo para você tomar e... —Parei de falar quando ela começou a colocar tudo para fora, sujando os lençóis brancos da cama.

Ela se debruçou sobre o próprio vômito, colocando apenas o rosto para fora da cama e continuou a vomitar. Fiquei olhando meio atordoado e só depois tomei a incitava de afastar seus cabelos para que não sujassem também.

Esperei que seu enjoou passasse para levantar da cama e passei o antebraço na perna da calça, limpando-o com certo nojo. Tinha que admitir que obriga-la a comer não foi minha ideia mais brilhante. Toda aquela sujeira era culpa minha.

—Você é um imbecil! —Me xingou, passando o dorso da mão na boca. —Acha que é dono da razão, mas você não pode mandar até na vontade das pessoas.

—Você tem que superar isso. —Disse, tentando indiferente a seu olhar sobre mim.

—Você fala com uma naturalidade inacreditável como se esquecer algo assim fosse simples. —Vi seus olhos marejarem em algum momento, mas ela não chorou. —Nem todo mundo consegue ser frio como você Justin Bieber. Você não entende sobre perdas porque nunca teve sentimentos por ninguém. É vazio.

—Engano seu.

—É mesmo? Então diz uma única pessoa que conseguiu fazer seu coração de pedra estremecer? —Ela me pegou de surpresa e conseguiu me deixar sem reação.

Passei a mão nos cabelos os bagunçando enquanto olhava para qualquer canto menos em direção a Selena. Essa garota me tirava do serio.

—Toma um banho. Eu vou mandar Dorothy limpar essa bagunça. —Falei abandonando o cômodo.

Logo em seguida, adentrei em meu quarto que ficava no fim do corredor, dois cômodos depois do que Selena se encontrava. Esmurrei a parede algumas vezes, travando o maxilar. Ela me bagunçava de uma forma que eu não sabia explicar. Queria mais que do que tudo vê-la dando aquele sorriso bobo de novo. Não saber o que fazer para trazer a minha garota de volta estava me deixando doido.

Com um Lucky Strike de menta preso entre os lábios e uma dose de meu whisky preferido na outra mão, eu tentava relaxar na banheira enquanto pensava em uma solução que pudesse tirar Selena daquele estado vegetativo. Ela não podia ficar a vida toda daquele jeito. Dava para ver que ela estava perdida em si mesma e sabia muito bem como é se sentir sozinho. 

Quanto mais eu forçava minha mente, menos resultados tinha. Não chegar a nenhuma conclusão era frustrante e a sensação de estar impotente diante da situação não era a melhor.  Fechei os olhos e fui deslizando até afundar por completo na água. Estava ficando maluco por um problema que nem era meu. Afinal, por que eu estava me importando tanto? Deixar ela se foder era tão mais simples.

 

Horas mais tarde...

 

Vi Dorothy passando por mim com a bandeja do jantar que havia levado para Selena novamente intocada e bufei, me jogando no sofá.

—Senhor. —A gorducha parou atrás do sofá. —Não que eu queira me meter, mas, não acha que seria melhor chamar um médico para aquela menina? Ela vai acabar ficando doente se continuar assim. Aliás, acho até que estava meio febril quando saí de lá. —Dorothy era atrapalhada e medrosa. Muitas vezes evitava até respirar perto de mim para não me irritar, então imagine minha surpresa ao vê-la me questionando. Ela parecia mesmo preocupada. —Acho que isso não é da minha conta n-não é mesmo? Perdão senhor. Perdão! —Ela começou a ficar nervosa por eu continuar a encarando e ri internamente do pavor que transmitia. Eu gostava muito de ser temido.

O silêncio entre nós foi quebrado por a campainha que tocou e minha empregada foi abrir imediatamente. Não precisei levantar para ter a certeza de que era um dos moleques. Aqueles merdas não perdiam uma oportunidade de estarem na minha casa e também eu odiava receber visitas. Preferia ficar sozinho mesmo.

—Aê tia! Ainda por aqui? —Ouvi a voz de Chaz assim que a porta foi aberta.

—Oi! Só vou limpar a louça e estou indo embora.

—O tosco do seu patrão deve estar te explorando, né? Tadinha da minha Doty. —Quase vomitei quando ele mencionou o apelidinho nojento que insistia em chamar a Dorothy.

—Melhor nem entrar se não vou jogar uma granada em você. —O ameacei e mesmo assim o filho da puta sentou a bunda no meu sofá. —Está doido para morrer. —Serrei os olhos em sua direção.

—Você está de TPM hoje é, Justinho?

—Justinho é seu rabo! —Respondi irritado e ele eu uma risada irritante. —Por que porra você está aqui de novo? Não faz nem duas horas que você e aqueles dois encostos saíram.

—Sei que no fundo você está pulando de alegria porque eu voltei. —Chaz fez um coração com as mãos para mim. Eu odiava tanto quando ele pagava de veado. Isso era só para me tirar do serio e quase sempre conseguia. —Relaxa! Eu só vim procurar o meu celular. Acho que deixei aqui.

—E o que é isso no bolso da sua calça seu paspalho? —Perguntei, encarando o iphone 7 que ele provavelmente roubou.

—Esse aqui é o de reserva. Eu tenho outro onde estão os meus jogos preferidos. Preciso dele para respirar. —Seu exagero me fez revirar os olhos. —Você não viu por aí?

—Não, mas caso eu veja irei fazer questão de pisotear.

—Porra! Você já era chato e agora com essa garota aqui está todo não me trisque. Se ela te irrita tanto por que não a largou em Chicago ou a matou como disse que faria? —Ele disse enquanto tirava todas as almofadas do sofá, procurando o maldito celular. —Manda ela de volta pra tia gostosa, para a casa de uma amiga ou para o inferno que for. Você já é ruim de aguentar sozinho, imagina com ajuda.

Responderia aquilo tudo a altura se aquele cabeça de vento não tivesse me dado uma grande ideia. Como não pensei naquilo antes?

—Que cara é essa? —Ele me olhou estranho.

—Arruma a sua mala que amanhã bem cedo nós iremos fazer uma pequena viagem. —Saltei do sofá.

—Hã?

—Vamos à Zurique. —Sorri de lado.

—Hã?! —Sua expressão confusa se intensificou. —Zurique? Tipo... Lá na suíça?

—Eu iria sozinho se não estivesse com o braço machucado, mas tenho um assunto para resolver por lá e precisa ser pra ontem. —Disse simples.

—Você fala como se a Suíça fosse logo ali virando a esquina. Está louco? Por que essa ideia tão repentina?

—Já disse que tenho assunto a tratar. Pare de fazer perguntas e trate de estar aqui amanhã bem cedinho. Vou pedir para que Ryan prepare o meu jato.

—Hã?

—Se você falar “hã” mais uma vez, juro que te dou um tiro. —Falei de um jeito sombrio. —Vai comigo?

—Eu tenho outra opção?

—Tem. Morrer.

—É. Sempre quis conhecer a Suíça. Deve ser ótimo!

 

No dia seguinte...

(Zurique-Suíça)

 

—Me explica de novo por que a gente vai invadir o internato e sequestrar uma garota? —Chaz me questionou assim que pousamos.

—Já disse que preciso dela. —Ralhei, enquanto deixávamos o jato junto com o piloto.

—Senhor. —O homem alto e de cabelos grisalhos resolveu falar pela primeira vez. —Quer que eu faça sua reserva em algum hotel especifico?

—Não será preciso. Voltamos ainda hoje para Las Vegas. —Disse e Chaz parou de supetão no meio das escadas.

—Mas é o quê? —Indagou. —Você me fez viajar por onze horas e vinte e quarto minutos para querer voltar no mesmo dia? Isso é maluquice, cara. Ninguém com juízo faz uma coisa dessas.

—Se eu adivinhasse que você passaria a viagem toda só reclamando não teria te trazido. —Falei fazendo cara feia.

—Então por que não trouxe o Khalil?

—Eu provavelmente o mataria antes mesmo de pousarmos.

—E o Ryan?

—Precisava que ele ficasse tomando conta das coisas lá em casa. Khalil com certeza vai aparecer por lá e aquele sozinho é um perigo!

—Perigo para quem? Selena Gomez? —Ele soprou com estremo cuidado e eu parei no meio do caminho e o olhei atravessado. Essas indiretas já estavam me enchendo de verdade.

Estava começando repensar se tinha sido uma boa trazer Chaz comigo. Realmente era dureza fazer uma viagem longa e cansativa dessas para ter que voltar no mesmo dia, mas era isso ou deixar Selena com Khalil e Ryan. Não me preocupava com o que eles pudessem fazer a Selena e sim o que ela poderia fazer a si mesma. Eles não eram nem loucos de tomar qualquer decisão sem me consultar primeiro. Seria assinar sentença de morte.

 Aluguei um automóvel qualquer usando nome falso para poder rondar pela cidade e fazer o que havia planejado. Mesmo sem querer, Chaz tinha me dado uma boa ideia. Quem poderia ajudar Selena se não a melhor amiga dela? Muitas vezes a ouvi falando com Manoela sobre uma tal de Demi e pelo que me lembrava, eram muito próximas.

Chaz estacionou em frente ao portão de grades do internato, que era vigiado por alguns seguranças e comecei a bolar um plano para conseguirmos entrar sem levantar suspeitas.

—Como vamos fazer? —Chaz perguntou e eu acendi um cigarro, ainda pensativo. —Aff! Você sabe que eu não curto esse negócio de cigarro. —Ele tossia e abanava a fumava. Soprei tudo no rosto dele só para irritar e ri quando abaixou a janela. —Vai se ferrar! Quando você estiver morrendo com um câncer no pulmão ou com impotência sexual não venha se reclamar da vida.

—Impotência sensual? Ah, vai se fuder! —Revirei os olhos e vi quando avistei dois homens deixando o colégio e pelo uniforme deduzi que eram funcionários. —Vamos ao que interessa. Já pensei em alguma coisa. —

—Só espero que a grana seja realmente boa. —Ele resmungou e deixei em off. Chaz pensava que o que estávamos fazendo era um trabalho e preferi deixar que ele continuasse acreditando nisso. —Desenrola aí parada.

 

(...)

Seguimos os dois homens até uma rua menos movimentada e quando chegamos próximo a um beco, nós os arrastamos para lá.

—Quem são vocês? —Um deles perguntou se tremendo todo por estar sob a mira de Chaz.

—Batman e Robin. —Chaz brincou e eu dei uma risada rápida.

—Nós não temos dinheiro. Somos apenas faxineiros de um colégio. Por favor, não me mate. Eu tenho quinze filhos para criar e uma esposa cadeirante que precisa de mim. —O mais baixinho começou a falar sem parar, atrapalhando-se todo e gaguejando.

Chaz e eu nos entreolhamos, tendo um ataque de riso. Olha o que uma pessoa era capaz de inventar na hora do desespero.

—Deve ter sido esses quinze filhos que aleijaram sua mulher. —Chaz continuava rindo. —Relaxa que nós não queremos assaltar vocês. —Ele olhou com desdém para os dois covardes amedrontados. —Também aposto que vocês não teriam nada de valor que pudesse ser roubado e se eu quisesse esmola ia sentar na calçada e pedir.

—Então o que querem de nós?

—Tirem a roupa. —Ordenei.

—Quê? Vão nos estuprar? —Eles perguntaram ao mesmo tempo e meus olhos chamejaram diante daquele absurdo.

—Mas que porra! —Tirei a arma com o braço esquerdo, mesmo não tendo muita pratica com o mesmo e apontei para eles bastante irritado. —Eu não vou dizer de novo.

—É. Não irritem ele não. Esse cara odeia ficar se repetindo. —Meu parceiro ainda mantinha o tom debochado.

—O que vocês estão fazendo? —Perguntei soltado o ar.

—Ué. Você mandou tirar a roupa.

—Os uniformes e não as cuecas seus paspalhos! —Gritei, destravando a arma. —Eu vou matar esses caras.

—Estão achando a gente com cara de veado?—Chaz serrou os olhos, também chateado. —Assim fica difícil de ajudar vocês desse jeito, emh.  

—Desculpa.

—Tá. Tá. Agora andem logo que já estou sem paciência. —Esbravejei.

Quando os dois babacas finalmente retiraram aquele macacão horrível, Chaz e eu os imobilizamos, deixando-os desmaiados atrás da lata de lixo para que ninguém visse. Trocamos de roupa ali mesmo e o uniforme que Chaz usava era dois números maior que ele.

—Você fica bem de faxineiro. Deveria trocar de profissão. —Provoquei com um sorriso de lado.

—Há, há, há. Enfia o dedo no seu cu, Justin! —Ele respondeu todo bravinho e ri mais ainda. —Deixa de gracinha e diz logo como vamos fazer para tirar a garota de lá? Tenho certeza que ela não vai simplesmente vir com a gente por livre e espontânea vontade.

—Eu também já pensei nisso. -Disse simples. —Pode deixar que eu sei usar o cérebro.

—Certo senhor Einstein.

 

(...)

 

Adentramos o internato sem levantar a menor suspeita e vagamos pelos corredores à procura da garota. Não havia sinal algum dela no meio daquele bando de adolescentes mimados e irritantes. Fomos até o refeitório e comecei a limpar os vidros da janela para disfarçar enquanto Chaz rondava de um lado para o outro com um esfregão em mãos. Nenhum de nós se agradava daquela situação humilhante, mas se era para Selena voltar a si, talvez valesse o esforço.  

—Olha que gato! —Ouvi quando algumas garotas que estavam sentadas logo atrás cochichavam entre si.

—É um faxineiro. —Uma delas que tinha a voz bem enjoada murmurou com repulsa.

—Mas não deixa de ser gato. Eu faxinava fácil com ele. —As risadinhas ecoaram e revirei os olhos, continuando a fazer o trabalho sem dá atenção.

—Quando foi que contrataram funcionários tão gatos?—Uma loira magra comentou, abanando-se com a mão depois que Chaz passou a sua frente. —De repente deu um calor!

Vi a imagem das quatro refletidas no vidro impecavelmente limpo e constatei que eram aquele típico grupinho de patricinhas vadias que sempre tinha em todas as escolas. Uma delas se levantou e para minha surpresa, era exatamente quem eu estava procurando. A garota tinha longos cabelos castanhos e ondulados. Baixinha e de pele clara, ela usava um uniforme de líder de torcida. Revirei os olhos. Tinha que ser amiga da Selena mesmo.

—Eu irei voltar para o dormitório gente.  —Disse ela, levantando-se.

—Mas já, Demi? Achei que fossemos treinar hoje. Estamos um pouco atrasadas na coreografia e os jogos intercolegiais já estão quase chegando. —A mesma loira de antes comentou.

—Eu não estou me sentindo muito bem meninas. Minha cabeça dói e eu preciso deitar um pouco.

—Um dia você precisa superar o que aconteceu com a Selena.

—Hannah, por favor, quando não tiver nada de proveitoso para dizer, fique calada.  Nem todo mundo quer ouvir suas merdas. —Ralhou a garota dando as costas para o grupo.

Assim que ela saiu, nós a seguimos disfarçadamente até o dormitório feminino. Havia algumas garotas cochichando no corredor, mas ninguém iria prestar atenção em dois faxineiros. Pelo menos era o que eu pensava até que as garotas começaram a dar psiu.  

—Bando de oferecidas! —Murmurei apenas para que Chaz ouvisse.

—Deixa elas. As mina pira no gostosão aqui. —Ele se gabou.

—Ela entrou. —Adverti vendo a garota fechar a porta. —Fica vigiando a porta que eu vou entrar.

—Certo.

Chaz ficou próximo à porta com o balde de água e um esfregão, fingindo que limpava o chão e quando as garotas desviaram a atenção eu entrei sorrateiro no quarto. Passei o olhar por todo o quarto espaçoso e não a encontrei. Constatei que ela já havia entrado no banho quando ouvi o barulho do chuveiro ligado, então não tive outra escolha a não ser me sentar na borda da cama de solteiro que ficava de frente para a porta do banheiro.

Aproveitei para analisar bem o quarto e quase vomitei. Sabe aqueles quartos de bonecas? Bem, era meio que isso. Muito rosa em um só lugar. Notei que sobre a cômoda ao meu lado havia uma foto da garota com Selena e quando vi já estava com a mesa em minhas mãos. Seus olhos brilhavam intensamente e ela tinha um largo sorriso no rosto. Pareciam realmente felizes. Coloquei o porta retrato de volta ao lugar onde estava quando o chuveiro foi desligado. Repousei minha mão sobre o colchão, segurando firme a Glock, para usá-la caso fosse necessário.

A porta do banheiro foi aberta e a menina saiu enrolada em uma toalha rosa. Ela estava distraída e parou de supetão no meio do caminho quando se deu conta da minha presença. Seus olhos escuros se arregalaram com o susto e ela segurou bem a toalha para que ela não escorregasse.

—Oi! —Falei com a maior cara de paisagem e quando ela ia fazer um movimento com a boca eu apontei a arma em sua direção. —Sem gritos. Eu não gosto muito de escândalos.

Ela engoliu em seco e percebi que suas mãos tremiam.

—O que faz aqui?—Ela disse vacilante. —É proibida a entrada de homens nos dormitórios femininos.

—Desculpe. É que eu não ligo muito para as regras. —Falei com uma calma debochada.

—O que quer de mim?

—Vamos dar um passeio? —Levantei-me e ela andou alguns passos para trás, negando com a cabeça.

—Não é um pedido e sim uma ordem. Isso é um sequestro. —O medo no olhar dela se intensificou. —Você irá colocar uma roupa e sair naturalmente do colégio como se nada estivesse acontecendo, caso contrário, sua mãe irá sofrer as consequências.

—Minha mãe? O que fez com ela? —Ela se desesperou.

—Por enquanto nada. Ela está na companhia de um dos meus colegas lá fora, apenas esperando por a gente. A segurança dela só vai depender da sua colaboração e do seu pai.

—Por favor, não faça nada com a minha mãe. —O choro da garota me fez soltar o ar, entediado.

—Não farei. Basta você vir comigo e vamos dar um passeio até que seu pai deposite um agradinho na minha conta. Vai ser rápido. Eu prometo. —Dei um falso sorriso simpático, mas ela ainda não relaxou.

Olhou-me por um curto período de tempo e depois tentou caminhar em direção ao banheiro.

—Hey, hey, hey! —Fiz que não, balançando o dedo indicador. —Nada disso.

—Então você vai sair para que eu me troque? —Questionou e neguei. —Mas...

—Relaxa. Eu juro que não olho. —Falei e quis rir quando o desconforto da garota aumentou. Era tão bom torturar pessoas tolas. —Pode começar, Demi. —Virei-me de costas para ela, aguardo que se trocasse. Ouvi quando ela se moveu, provavelmente tentando encontrar algo para me acertar. —Não seja tola garota! Poupe-se do trabalho ou vai acabar se machucando.

Meu alerta surtiu um efeito rápido, já que ela pareceu ter desistido da ideia idiota. Ouvi as gavetas sendo abertas e esperei que ela estivesse pronta para me virar. Usava uma blusa baby look branca e um short jeans todo desfiado. Nos pés havia uma sapatilha ridícula, devo acrescentar, mas acho que ela não teve muito tempo para escolher nada melhor.

—Acho que agora podemos ir, não é mesmo? —Falei apontando a saída para que a mesma fosse à frente. -Primeiro as damas.

Limpando as lágrimas do rosto, Demi se repôs e saiu. Mesmo sem conhecê-la, percebi que estava fazendo de tudo para se manter firme diante das pessoas por quem passávamos. Sabia que ela não iria querer arriscar a vida da mãe, então fiz bem em mentir.  

Fui o primeiro a deixar o colégio e logo depois ela fez o mesmo. Chaz seria o último, pois se todos saíssemos juntos levantaria muitas suspeitas.

—Onde está a minha mãe? —Demi estava com a voz embargada de novo. -Eu Quero vê-la.

—Naquele carro. —Apontei para o veículo vinho estacionado no fim da rua e ela aumentou os passos desesperadamente até ele.

—Êpa! Melhor não correr. —Avisei com a voz ameaçadora e a moça foi diminuindo as passadas.

Quando chegou em frente à porta do banco de trás, ela bateu algumas vezes na janela,  chamando pela mãe.

—Abra a porta, por favor. —Me pediu.

Apertei no botão, destravando a porta e ela não perdeu tempo para escancará-la. Por ela estar de costas para mim, infelizmente não pude ver o tamanho da decepção em sua face quando percebeu que não havia ninguém ali.

—Onde está?—Ela ameaçou se virar, mas Chaz aproximou-se por suas costas e segurou o lenço branco contra o nariz dela.

—Tchau! —Chaz soprou no ouvido dela um pouco antes desmaiar em seus braços.

Ele olhou para os lados, certificando -se de que ninguém estaria olhando e depois a deitou no banco de trás. Não demorou para que ele tomasse o lugar do motorista e eu ocupasse o espaço ao seu lado. Estava simplesmente odiando não poder dirigir.  

—E o que faremos agora?

—Vou ligar para o piloto e pedir que nos aguarde no jato. —Falei já pegando o celular do bolso.

—Só de pensar em passar nas horas de viagem já sinto dor em meu traseiro. —Ele resmungou e depois arrancou com o carro.

Enquanto falava com o piloto, percebi que vez ou outra Chaz ficava olhando para a garota adormecida.

—O que foi? —Disse ele, desviando o olhar quando percebeu que eu havia o pego no flagra.

—Você está quase comendo ela com os olhos. —Sorri.

—Mas é lógico. Ela é gostosa! —Ele deu de ombros. —Olho mesmo.

—Acera aí esse negócio que eu tenho pressa em voltar.

—E essa aí? Quanto vai pedir de resgate ao pai dela?

—Ainda não pensei nisso. —Quis fugir do assunto.

—Seu cérebro Brilhante ainda não pensou no principal? —Por seu tom de voz percebi que ele estava levemente desconfiado.

—Eu resolvo depois. Agora apenas dirija e para de me amolar com perguntas.

Fingi que Chaz não estava olhando para mim com cara de bobo, mas que de bobo não tinha nada e permaneci quieto. Ele provavelmente seria o próximo a dizer que eu andava estranho e talvez realmente estivesse. Algo em Selena me transformava e a ideia de gostar dela já não parecia tão absurda. Selena definitivamente veio para bagunçar a minha vida. Eu só não sabia se isso seria algo bom ou ruim. 


Notas Finais


Primeiramente, devo pedir desculpas pela demora e realmente sinto muito. Eu ando com problemas pessoais e isso está atrapalhando. Ando com a cabeça ocupada e não penso em mais nada. Foi um verdadeiro milagre consegui postar hoje porque realmente está difícil. Eu escrevi esse cap por pedacinhos e só hoje tive algo para postar e sinceramente nem sei se estar bom. Hoje não pude ter a ajuda da minha prima e fiel escudeira e ela é de total importância. Devo dizer que coisas como esta provavelmente voltaram a acontecer, pois não estou muito no clima pessoal. Vou continuar tentando escrever e postar sempre que possível e espero contar com a colaboração e apoio de vocês.
É isso e obrigado por tudo!


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