História Dominus - Domine seu lado obscuro (Imagine Kim Taehyung) - O que é o que é?

-Pedimos encarecidamente que vocês coloquem os cintos e permaneçam nos lugares até o fim da viagem- Enai pedia, toda fofa e calma no começo do corredor do ônibus.

Eu me acomodava no lugar, tentando desesperadamente enfiar aquela fivela de 400 anos de idade pra prender meu cinto de segurança, falhando miseravelmente todas as vezes.

Foi então que senti uma mão na minha, olhei para Taehyung, ele logo estava em cima de mim, pegando a outra parte do cinto, o ajustando com precisão...meu coração acelerado três vezes mais pela proximidade dele, eu sentindo sua respiração quente em meu rosto, enquanto ele afivelava meu cinto fitando no fundo dos meus olhos.

-Você consegue dominar os quatro elementos ao mesmo tempo e não faz ideia de como usar um cinto de segurança- ele constatava, dando um meio sorriso.

Eu não conseguia respirar direito...ele precisava sair já!

-Você tem sorte de me ter aqui…- dizia, com aquela voz grossa que eu simplesmente adorava, apertando o cinto com força de uma só vez.

Suspirei em surpresa e expectativa.

Era como se ele mesmo tivesse apertado minha cintura daquele jeito.

-Assim vai ficar bem presa até o fim…- por que ele tinha que ficar falando frases de duplo sentido toda hora me deixando pensar em coisas impróprias?!

Eu estava quase suando de tão desregulado que meu corpo estava, mesmo depois dele ter voltado ao lugar.

Como eu aguentaria uma viagem de quatro horas inteiras ao lado dele sem fazer alguma besteira?

-Fala, fala meus caros consagrados!- Jimin aparecia atrás da gente, me assustando.

Ai não...meus amigos estavam próximos também...tudo cooperando pra dar merda.

-Dá pra você parar quieto um segundo?!- Àtila reclamava ao lado de Jimin, que estava tão animado quanto uma criança indo pro parque de diversões.

-Tu é muito estressada mulher, dá um tempo!- eles brigavam, Hope na cadeira do lado assistindo tudo comendo pipoca.

-Mas diz aí Tae Tae...animado pro rolê ou não?- perguntava Jimin, eu querendo ser um avestruz pra enfiar minha cabeça no chão e fingir que tudo daria certo.

-Me sentindo incrível pra viver os prazeres da vida acadêmica- ele respondia, sorrindo, parecia mais leve de alguma forma...como se tivesse retirado um peso de si mesmo.

-Foi o que eu pensei meu rei!- eu não conseguia parar de tentar segurar a risada, Jimin era totalmente sem noção, e eu amava isso nele.

Bem, na maior parte do tempo.

O motor do ônibus acabava de ser ligado, segundos depois de passarmos pelos portões a estrada era a única coisa que víamos à frente.

Não tinha mais volta agora.

-Mas vocês não acham que vai ser muito chato ficar todo esse tempo sentado?- Jimin perguntava, Hope concordando logo em seguida. 

-Eu tô morrendo de tédio e a gente mal saiu de Dominus…- reclamava Hope.

-Poderíamos fazer um quiz de respostas rápidas pras próximas provas, em duas semanas temos o teste final e…- Jimin interrompia Àtila, fazendo som de vômito.

-Ergh! Não! Garota, você só pensa em estudar? Estamos em uma viagem!- Jimin protestava, enquanto Àtila o fuzilava com os olhos por ter debochado da ideia dela.

-Se bem que poderíamos fazer algo pra passar o tempo…- Hope dizia, dando de ombros.

-Tem razão…- Jimin parecia pensar. -Que tal o que é o que é? Tem várias coisas na estrada pra tentarmos- sugeria.

-Eu só penso em estudar e você só tem ideias infantis, esse jogo é pra crianças Jimin!- Àtila reclamava.

-Ah! Qual é galera?! Tá todo mundo fazendo alguma coisa!- Jimin apontava para as dezenas de alunos conversando, saindo do lugar, levitando bolas de papel, se maquiando, era uma zona total.

-O que acha Taehyung?- perguntava pra ele, eu quase rindo, como se ele realmente fosse…

-Por que não?- respondia Taehyung, disposto a brincar...parecia que ele finalmente estava um pouco mais acessível.

Será que ele tinha me ouvido? Será que tinha resolvido seguir meu conselho? De deixar as pessoas entrarem na vida dele…

-Ah! Eu sabia!- Jimin comemorava, feliz da vida.

-Tudo bem, eu começo- Hope se voluntariava, eu finalmente começando a achar que talvez aquela viagem não fosse um desastre completo.

-O que é o que é...é invisível, mas as pessoas tem certeza que existem- Hope dava as dicas.

-Ah! Essa é fácil!- Àtila respondia. -São as garotas que o Jimin acredita que são perdidamente apaixonadas por ele- Jimin olhou pra ela, indignado.

-Ei! É um jogo sério tá bom?!- ele reclamava, enquanto nós ríamos da tentativa de Àtila.

-Eu nunca disse que estava brincando…- ela respondia.

-Deve ser o ar então- Jimin dizia.

-Certo!- Hope confirmava.

-Tsc, tsc, você não é muito criativo Hope- dizia Jimin. -Sua vez Taehyung, uma coisa mais difícil agora- pedia ele.

Olhei para Tae ao meu lado, o sol refletia seu rosto, deixando sua feição mais definida, seu pomo de Adão se mexendo enquanto pensava, o deixando totalmente sexy.

Por que eu estava pensando nisso?! Aquilo era pra ser um jogo infantil droga!

-Tudo bem...o que é o que é…- dizia ele, por algum motivo olhando firmemente para mim.

-É grande…- por que ele parecia ainda mais sensual sob a luz do sol?! Por que eu não conseguia me concentrar?!

-Grosso…- meu Deus! S/n! Você está vendo o que está pensando garota?! Terra chamando vida real! Agora!

-Volumoso…- por que eu estava sentindo minhas bochechas queimarem?! Por que eu estava sentindo coisas estranhas acontecendo com meu corpo?!

-Pode encaixar profundamente em muitos lugares…- era inevitável...eu não conseguia olhar pra ele sem pensar em como eu queria rasgar aquela camisa e abrir aquela calça no meio de todo mundo, só pra conferir se tudo que eu imaginava com aquela descrição era verdade…

-Puxa...essa tá difícil…- Hope dizia, eu ofegante, vendo a forma maliciosa com a qual ele olhava pra mim. Será que era só coisa da minha cabeça ou ele sabia exatamente o que estava fazendo e como estava me atiçando?

-Desisto…- dizia Jimin, dando de ombros.

-Não faço a menor ideia…- dizia Àtila.

-E você S/n?- ele perguntava, aquele leve sorriso no rosto, ele sabia que eu o tinha completamente em meus pensamentos agora.

-Tem alguma ideia do que seja?- Poderia ter sido involuntário, mas ele passou a mão no joelho, subindo até o alto da coxa me fazendo admirar suas pernas torneadas naquela calça preta apertada, inevitavelmente dando uma conferida naquele algo mais do centro.

Engoli em seco.

-N-não- merda! Eu gaguejei!

-Se me permite…- ele dizia, vindo pra cima de mim novamente, pegando algo na minha mala aberta.

-Era o manual de instruções de boa disciplina do alunado que eles nos fazem carregar por todo lugar- ele dizia, mostrando meu exemplar.

Depois de ter feito todo aquele show ele vinha me falar de boa disciplina?!

Olhei pra janela novamente.

Tinha cansado de jogar.

+++

Pela primeira vez na viagem inteira estávamos todos em silêncio.

A maioria dos alunos estava dormindo, o resto deles assistia alguma coisa nas pequenas televisões do ônibus ou ouviam alguma música na rádio.

Não me surpreendia Jimin ter desmaiado, ele não tinha parado de conversar desde que nos sentamos no ônibus, falava sobre a cidade, fazia piadas, implicava com a Àtila, dava conselhos loucos para Hope sobre como se enturmar com os veteranos...ele precisava mesmo descansar.

Até Taehyung estava dormindo, sereno, calmo, como se horas atrás não tivesse me provocado, como se aquilo só fizesse parte do cronograma dele.

Dormindo assim ele parecia tão...tão acessível…

Seus olhos, seu nariz...seu cabelo levemente caindo nos olhos...talvez eu devesse arrumar isso.

Com cuidado me aproximei dele, retirando com o dedo indicador o cabelo e o ajeitando para trás de sua orelha.

Quando pensei em voltar pro meu lugar, a mão de Tae me parava, me prendendo perto dele.

Me assustei, vendo seus olhos se abrirem de repente.

Não era pra ele estar dormindo merda?!

-O que está fazendo?- ele perguntava, eu tentando me lembrar do alfabeto vendo a boca dele se movendo tão perto de mim.

-E-eu...só estava matando um bicho que estava perto de você….- eu dizia, ainda imóvel e próxima.

-Está parecendo mais que você queria se aproveitar de mim enquanto eu dormia- ele dizia, eu abrindo a boca, desacreditada da afirmação.

-Quem você pensa que eu sou?!- eu exclamava.

-Shhh!- ele colocava o indicador na minha boca, indicando com o olhar que todos estavam em silêncio e que eu deveria fazer o mesmo.

-O que você pensou que eu ia fazer? Tirar suas roupas no meio de todo mundo?- eu sussurrava, até queria, mas não podia.

Ele deu um meio sorriso.

-Eu nunca sei o que esperar de você- o que?! Ele realmente achava aquela hipótese possível?!

Me soltei de sua mão, voltando pro meu lugar com os braços cruzados.

-Quem olha de longe nem imagina o quão piadista você pode ser- eu dizia, suspirando, vendo o campo e as árvores passando rapidamente por mim na janela.

-Eu não faço piadas, só digo a verdade- olhei pra ele, com uma sobrancelha arqueada.

-Ah por favor, o episódio do que é o que é não foi o bastante não?- eu dizia, ele dando aquele sorriso travesso.

-Que episódio? Você é péssima em adivinhar com dicas, foi só isso que constatamos no jogo- ele tinha muita cara de pau mesmo.

-Não finja que você não sabe o que fez- eu dizia.

-Por que? No que exatamente você pensou que eu estava me referindo?- ele perguntava, atuando como inocente, chegando perto de minha orelha de repente sussurrando:

-No que exatamente você pensou?- todos os pelos do meu braço se arrepiaram, empurrei ele pra longe, não podia ficar tentada enquanto eu estava tentando ficar brava com ele.

-Eu estava pensando em como merdas vamos entrar naquela sede sem nossos poderes e sairmos ilesos- eu dizia, tentando mudar pra um assunto seguro.

-Eu disse que seria perigoso...não acho que esteja pronta pra entrar de cabeça nisso tudo- ele dizia, de repente com uma face preocupada. -Não quero que você se machuque, o peso dessa luta não tem que estar todo em você e no seu simbolismo revolucionário- dizia, meu coração amolecendo por ele novamente.

-Por que você vive tentando me impedir de me envolver com essa parte da sua vida?- eu perguntava.

Ele olhou bem no fundo dos meus olhos.

-Porque eu me importo com você- dizia, colocando a mão sobre a minha, eu surpresa com o gesto, totalmente hipnotizada por ele, presa num looping eterno dele dizendo que se importava comigo. -E não há nada que você possa fazer sobre isso- ele usava as mesmas palavras que eu havia dito a ele aquele dia no castelo dos renegados.

Aquele momento parecia ser tão nosso, o ônibus em silêncio, ele olhando pra mim, pela primeira vez dizendo abertamente que eu não era apenas uma conhecida que ele conversava às vezes, mas que era alguém importante o suficiente pra que ele se preocupasse comigo.

Aquilo tinha aquecido meu coração por completo.

-Alunos, atenção!- eu ouvia Enai dizendo no corredor, acabando completamente com o clima e acordando todos os alunos. -Teremos que fazer uma parada de emergência, tivemos um problema com o motor do ônibus, então teremos que acampar aqui por esta noite até o conserto- dizia ela, todos resmungando pelo fato de que não estávamos em nosso destino final.

Parece que a visita à sede do governo teria que esperar mais um pouco.

+++

Armar barracas pra quem tinha poderes era moleza, em cinco minutos um acampamento completo havia sido formado em nossa frente, fiquei imaginando porque não poderiam simplesmente consertar o motor com magia também.

-O maior saco é saber que os museus ficam em uma área anti-feitiço, qualquer magia que passe por lá perde o efeito assim que ultrapassa a barreira- Jimin dizia, sentado no tronco de uma árvore que usávamos de banco, o anoitecer já havia chegado, a lua cheia nos iluminava, tornando a noite mais serena e calma. Agora o fato de não usar magia pra consertar o ônibus fazia sentido.

-Levar bruxos pra um lugar sem magia, enfim, a hipocrisia- dizia Jimin, eu me mordendo pra não dizer pra ele a verdade sobre o porquê daquela barreira existir realmente.

Taehyung sentava conosco, eu não conseguia parar de sorrir me lembrando do que ele havia dito antes, esperando ansiosamente que aquilo significasse um pouco mais do que simplesmente se importar.

De repente ouço um barulho vindo dos arbustos.

Átila, Hope e Jimin não haviam percebido, estavam procurando na sacola de besteiras o que poderíamos comer agora de noite, mas Tae estava tão atento quanto eu.

Ele se levantou, indo em direção ao barulho, e óbvio que eu não o deixaria correndo riscos sozinho.

-Já volto- eu avisava, Jimin me olhando com aquela cara maliciosa. 

-Seguindo o boy no meio do mato em S/n...bonito…- Àtila e Hope riam baixinho, eu revirei os olhos, correndo pra chegar atrás de Tae.

Quando ultrapasso os arbustos e adentro na floresta mais densa, me deparo com Taehyung de braços cruzados, olhando para JungKook.

-Mas que merdas você tá fazendo aqui?- perguntei sussurrando, tentando descobrir que tipo de loucura ele estava na cabeça pra arriscarmos a dizer que um aluno de Woldirien havia invadido nossa excursão.

-Relaxem, eu vim com o feitiço de invisibilidade- dizia Kook, dando de ombros. -Estava acompanhando a viagem de vocês desde o começo, queria estar pronto de imediato quando chegássemos ao centro- explicava, eu um pouco mais calma sabendo que ele não podia ser visto.

-Você está nos arriscando JungKook, deveria ter esperado como dissemos- reprimia Tae, nada feliz com a presença do colega.

-A revolução não pode esperar meus amigos, assim que relevarmos toda a verdade pros bruxos Cáspia nunca mais será a mesma…

-A verdade?- ouvíamos uma quarta voz aparecer naquela conversa, surpresos, nos viramos para ver quem havia chegado.

Àtila.

-Com quem estão falando?- ela perguntava, olhando para todos os lados, sem saber da presença de JungKook. -Que verdade é essa que deve ser revelada para os bruxos?

É, realmente guardar segredo parecia impossível agora.

E eu não sabia que consequências haveriam se Àtila descobrisse tudo.