Novembro de 1980:
Lily:
Eu sempre me animava com o inicio da neve, quando era criança significava férias, em Hogwarts passar o natal naquele castelo maravilhoso, mas esse ano parecia um tanto melancólico, e incerto. O que me esperava pela frente?
Eu tentava não parecer aflita perto de James, mas agora sozinha em casa o medo começava a me assolar, desde a notícia de Dumbledore eu me sentia inquieta, eu queria lutar, gritar, acabar com qualquer ameaça, tudo ao mesmo tempo, mas infelizmente eu tinha que ficar aqui... Como iremos sair dessa? Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei baterem na porta, ergui a varinha na hora.
-Quem é?- Perguntei.
-Ingrid- Ouvi sua voz.
-Por que você foi pra detenção no quinto ano?
-Porque eu fiz um ninho de tronquilho debaixo da cama- Ela respondeu e abri a porta, ela trazia uma sacola- Você tinha que me lembrar?
-Desculpe, foi só para conferir. Está tudo bem? Onde está James?
-Em um momento comoção com Remo e Sirius, deixei ele lá para se resolverem.
-Foi tão grave assim?
-Nada que a gente não conheça, Sirius sendo um idiota, Remo explodindo com a idiotice de Sirius e James apaziguando a idiotice dos dois- Ela respondeu indo direto para o carrinho de Harry, ele mordia um de seus brinquedos de borracha- Oi meu pelúcio lindo.
-Então está tudo bem- Afirmei.
-Vai ficar, eles só precisam de algumas cervejas amanteigadas e um tempo para eles- Ingrid disse, ela havia nos dado um belo susto quando mandou seu patrono, um enorme lobo para avisar que Remo e Sirius estavam brigando na casa dela, obviamente James foi num piscar de olhos resolver.
-Mas por que eles brigaram?- Quis saber, Ingrid deu um suspiro pesado evitando lhar para mim- Ingrid...
-Argh...- Ela ia dizendo, mas levamos um susto quando chegou na sala da minha casa um outro patrono de um lobo.
-Mas você....!
-Esse patrono não é meu- Ela deixou claro, escutei a risada de Harry, ele esticava os bracinhos querendo alcançar o patrono, foi quando percebi que era um cachorro, exatamente como era Sirius.- É o patrono da Mari.
-Er... Oi Lily, tudo bem? Não sei se James está por aí, mas espero que não. Talvez Ingrid já tenha te contado, mas eu e Sirius terminamos – Arregalei os olhos para Ingrid completamente incrédula, a voz que saia do patrono era triste demais para ser de Mari. – O que posso dizer é que a briga foi feia, não consegui ficar mais nenhum minuto naquele lugar, então vim para onde me sinto em paz: perto dos meus pais. Vim para o Brasil para resolver muitas coisas, mas principalmente arrumar meios de proteger você, James e Harry. Prometo voltar o mais rápido possível, mas antes preciso cuidar do meu coração, beijos, te amo muito.- Então o patrono se desfez, desabei no sofá completamente atordoada com a notícia, não sabia o que era mais chocante, minha amiga ter ido para o Brasil, ou ter terminado com Sirius.
-Ingrid, o que aconteceu?- Quis saber, ela sentou do meu lado, mas pegando o carrinho de Harry para ficar pertinho dela.
-Ela apareceu em casa no meio da noite com uma mala nas costas e chorando muito, disse que ela e Sirius discutiram feio, que ele duvidou das visões dela e... Falou que ela só estava morando com ele porque ela não tinha para onde ir.
-Sirius seu filho da...- Olhei para Harry- Pata. Filho de uma pata.
-Sério Lily, devia ver como ela chegou, completamente arrasada, ela mal dormiu, e de manhã falou que pegaria uma chave de portal para o Brasil.
-Não posso nem ficar brava com ela, céus ela deve estar arrasada. Então Sirius decidiu brigar com todo mundo, o que houve com Sirius.
-Ok, vamos lá. Tudo começou porque ele começou a desconfiar do Remo, porque ele não estava ontem conosco.
-Ele estava em Hogwarts.
-Sim, para Sirius ele devia ter vindo... Voando, ou ter adivinhado. Mari achou um absurdo a desconfiança de Sirius e falou que... Não confia no Peter.
-Espere, então basicamente Mari não confia em Peter e Sirius em Remo?
-Por aí.
-Merlin, não há motivos para desconfiar de nenhum dos dois...
-Pois é, mas sabe como eles são, incrivelmente teimosos.- Você acha que é permanente?
-Eu nunca a vi tão magoada, Lily- Ingrid me respondeu- Ela disse que logo volta para Londres, mas ficaria longe de Sirius.
-Não é possível, eles se gostam tanto, já passaram por tanto...
-Vamos dar tempo ao tempo, mas vamos ao que importa, Potter: Como você está?
-Eu?
-Você não me engana Lily... Sei que está preocupada com Mari, mas não pudemos conversar desde ontem.
-Eu estou...- Eu ia dizer bem, mas por que eu mentiria para minha melhor amiga? Eu estava apavorada, impotente e com raiva... Se algo acontecesse com a minha família, eu nunca me perdoaria, e Harry... Ele era toda a minha vida, já não conseguia me ver sem ele. Quando me dei por conta eu chorava copiosamente, Senti os braço de Ingrid e me agarrei a ele, chorando até meu peito doer e finalmente colocando para fora toda dor que eu sentia, ela não falou nada, apenas fez carinho nos meus cabelos e era uma das coisas que eu mais gostava nela, Ingrid não precisava dizer uma palavra para mostrar que estava ali, para o que der e vier, e agradeci por estarmos só nós duas e Harry ali, era como livrar-se de um enorme peso que estava em meu coração. Não lembro quanto tempo ficamos ali, em silêncio, aos poucos fui me recompondo, secando as lágrimas e tentando não ficar vermelha e inchada.
-Escuta Lily, estamos aqui para o que der e vier – Ela falou séria.- Eu te prometo que se chegar ao ponto eu mando um exército de Tronquilhos acabar com Você Sabe Quem!- Dei uma risada chorosa.- Mas, o mais importante, é que somos uma família, sempre seremos.
-Obrigada Ingrid, não quero pensar no pior...
-Não precisa, não pense- Ela disse voltando a me abraçar.
-Eu te amo, Grid.
-Eu também te amo Senhora Potter- Nessa hora escutamos um chorinho, era hora de alimentar o Harry, peguei meu filho no colo para amamenta-lo.
-Me assusta a cor dos olhos dele- Ingrid comentou- parece que vocês fizeram um feitiço de cópia dos seus olhos e colocaram nele.
-Ele é lindo né?- Sorri para meu bebê que estava concentrado demais se alimentando – Não consigo pensar em nada mais precioso que esse gulosinho aqui.
-Deve ser maravilhoso ser mãe- Ingrid comentou.
- É uma sensação tão incrível, mas tão assustadora. Eu me sinto o ser mais poderoso e ainda sim mais vulnerável. É como se... Eu faria tudo por ele, Grid, e nunca vou amar alguém como eu amo meu filho. Não vou mentir e dizer que ser mãe é fácil, céus é tão cansativo, no começo eu não sabia o que fazer, mas agora... Ele é minha vida.
-Você é uma ótima mãe, Lily- Grid falou carinhosamente.
Ingrid ficou comigo até James voltar, lá pelas dez da noite, Harry já dormia, mas eu estava com um aparelho para escutar caso ele acordasse.
-Já se resolveram? –Ingrid quis saber.
-Sim, conversamos mas... Almofadinhas não quer ir pra casa dele.
-Ele que fez merda que resolva- Ingrid disse rolando os olhos, James a censurou com o olhar- Desculpe James, mas quem passa a mão na cabeça do Sirius é você.
-Então você vai ter que ser paciente porque o Aluado falou que ele poderia dormir lá essa noite.
-Merlin me dê paciência, vou botar a Meg pra dormir com ele pra largar a mão de ser idiota. – Ela disse- Bom, qualquer coisa eu mando ele para cá. Até mais, Potters.
-Obrigada por tudo- Agradeci, Ingrid deu uma piscadinha e aparatou.
-Coitado do Almofadinhas, ele está perdido.
-Bom, pelo que entendi ele que causou isso- Comentei e James me encarou incrédulo.
-Eles queria terminar com a Mari?!
-Olha o que ele disse, James... Foi insensível demais, não culpo minha amiga por ter ido embora.
-Se ela fosse menos impulsiva eles poderiam - Ele comentou e coloquei a mão na cintura.
-Não, não, não... Não venha defender Sirius, ele foi incrivelmente babaca e insensível , qual a necessidade de falar essas coisas para ela?
-Ele só estava preocupado conosco!- Dei um suspiro, eu havia esquecido que Sirius era a alma gêmea do meu marido.
-Eles terminaram por nossa causa- Desabafei me sentindo péssima .
-Claro que não lírio, eles só... Eles vão se entender, afinal eles são Mari e Sirius- James me abraçou- Hey, tudo vai se resolver, eu te prometo.
-Ok- Sorri um pouco me sentindo melhor com seu abraço, ele parecia ter um efeito calmante em mim.
-Já sei vamos fazer aquela brincadeira que fazíamos em Hogwarts, cada um fala uma lembrança pro outro, pode ser?- Ele fez uma expressão animada, seus olhos pareciam até maiores por causa do óculos, como dizer não para isso?
-Pode- Abri um sorriso, quando começamos a sair James falava que eu tinha direito a uma pergunta por dia, para que eu pudesse conhece-lo melhor. –Pior beijo?
-Hmmm meu primeiro beijo, eu estava nervoso demais e gripado, acabei espirrando no rosto dela.
-Ew, ainda bem que nosso primeiro beijo não foi assim.
-Não, foi infinitamente melhor- Ele respondeu solene. – Mico?
-Ok, isso foi no primeiro ano, e eu estava tentando me enturmar com as meninas, lembro que a Ingrid chegou chorando no dormitório que a Meg havia fugido, então no dia seguinte bem cedo eu estava andando pelo castelo quando vi um gato, mas não sabia quem era...
-Ah não... Era Madame Norra?
-Pior... McGonagall- James gargalhava sem fazer som, por causa de Harry.
-Não!
-Sim... Quando a gente percebeu era tarde demais e ela tirou 30 pontos de mim- lembrei morrendo de vergonha.- Minha vez. Primeiro porre?
-Nossa senhora Potter, pesado- Ele disse sentando de frente para mim no sofá, cruzei minhas pernas . – Eu tinha acabado de fazer anos e eu Almofadinhas e Aluado pegamos o uísque de fogo escondido do meu pai, só lembro que acordei pelado no quintal, e os meninos estavam na cozinha desmaiados.- Gargalhei – E você?
-por que acha que eu já teria...- Ele ergueu a sobrancelha- Tá. Foi na primeira vez que fui numa festa com Ingrid, Mari e Marlene, e as bebidas trouxas são bem mais fortes, Ingrid era a mais sóbria e que ela teve que esperar a gente dançar todas as músicas até cansar.
-Eu adoraria ver esse outro lado seu, Lírio – James provocou
-Mas você conhece vários lados meus- Me aproximei dele abrindo um sorrisinho de lado, mas antes que pudéssemos fazer outras coisa escutamos um chorinho do andar de cima, James deu um suspiro derrotado.
-Assim não dá para dar um irmão para você, Harry... ou pelo menos praticar .
-Eu te amo, sabia? Tanto... – Beijei seus lábios.
-Você me faz um homem melhor todos os dias, Lily- James fez carinho na minha bochecha, e nunca me senti tão forte como naquele momento.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.