Os dias passaram rápidos como uma chuva de verão, e antes mesmo que pudessem ver, já era o dia do tão esperado festival.
(S/n) e Killua andam lado a lado, em meio a uma multidão de pessoas indo e vindo, entrando nas salas ou saindo, o ambiente está extremamente abafado, o leve aroma de doces no ar, vindo da sala preparada pelo clube de culinária, parece marcar este momento, algo que deixaria uma lembrança nostálgica, junto com a visão de todos os andares da escola, que estão repletos de decorações coloridas, com atrações temáticas e divertidas.
Ao longo dos dias tendo as mesmas aulas que Killua, a garota (cor do seu cabelo) acabou o convencendo a ajudá-la na peça de teatro que seria apresentada hoje. Foi complicado fazê-lo aceitar, mas depois de quase um mês de insistência, o garoto cedeu e aceitou a proposta, ganhando um abraço de felicidade da garota, juntamente com um beijo na bochecha que fez a pele clara do albino ficar tão vermelha quanto um tomate maduro.
Os ensaios foram tranquilos, Killua aprende rápido, então quase não cometia erros. Os membros do clube o elogiavam e ficavam muito felizes com a performance dele junto com (S/n). Como os dois foram os alunos que menos tiveram dificuldade em decorar as falas das personagens, acabaram sendo os protagonistas da peça. Acabaram deixando algumas pessoas com inveja, pois elas queriam o papel de protagonismo, mas nada de mais, provavelmente todas as garotas do ensino médio invejam (S/n) por ela estar ao lado do albino até mesmo numa peça de teatro, mas ela não liga para isso.
— Está pronto, cavalheiro? — A garota pergunta enquanto caminha até o auditório, junto com o albino.
— Tô sim. — Ele responde com seu tom neutro, mas tem um meio sorriso em seus lábios, demonstrando tranquilidade. Ele empurra a porta do auditório para que os dois passem.
— (S/n), Killua! — O presidente do clube de teatro corre até a garota, balançando o roteiro, um pouco desesperado, é típico dele chamar alguém com um tom desesperado enquanto balança seus roteiros, chega a ser engraçado ver seus cabelos alaranjados ficando cada vez mais bagunçados conforme o dia vai passando enquanto ele corre pra lá e pra cá, ao menos seus olhos verdes nunca perdem o brilho. — Nós mudamos o final do roteiro.
— Quê?! — A garota pergunta indignada.
— É que nós fizemos uma pesquisa rápida com os espectadores que vêem a nossa peça todos os anos, e a maioria disse que gostaria de ver algo mais inédito acontecendo. Como já estava em cima da hora e não daria tempo de mudar as falas e ações, nós apenas adicionamos uma pequena cena final com um beijo. — Ele sorri meio nervoso, rezando para que a garota e seu amigo não desistissem do papel só por conta disso.
— Eu... não sei... — Ela se vira para Killua. — Você concorda com isso?
— Vamos só acabar logo com isso. — Ele desvia o olhar, deixando passar despercebido que ele está com as bochechas levemente coradas.
— Perfeito! — Roody pula de alegria. — Agora, vão. — Ele apressa os jovens a irem para os bastidores, para colocarem seus figurinos.
(S/n) se troca rapidamente e vai até Killua para mostrar seu figurino, um vestido simples, igual ao da Bela, do filme “a Bela e a fera”, a saia e a parte da frente azuis, com uma blusa de manga comprida por baixo. O albino estava com as roupas iguais as da fera, um terno azul escuro com detalhes dourados. A equipe que cuidou dos figurinos fizeram um trabalho incrível, assim como fazem todos os anos.
Sophi, a ajudante de Roody anuncia que a peça começaria em cinco minutos. As cortinas se abrem, primeiramente o albino aparece nas primeiras cenas, enquanto Gon, que ficou encarregado de narrar a história, começa a contar o início da história. E assim todos começam a atuar, andando pelo palco, falando as freses em alto e claro som para que toda a plateia escutasse. Quando a (cor do seu cabelo) se encontrava com o albino nas mesmas cenas, ela sentia um enorme frio na barriga, ela fingiu estar tranquila ao saber que teria que beijar o garoto na cena final, mas na verdade ela está surtando por dentro.
Nas cenas em que ela não aparecia, ela se sentava na penteadeira que havia atrás das cortinas, se olhava no espelho e dizia mentalmente para manter a calma.
A cena final acabara de ser anunciada pela voz de Gon.
Após o ato final, quando a fera voltou a ser humano, eles fizeram a clássica cena do baile, deixaram o melhor para o final. Os dois giravam, com as mãos entrelaçadas, com o vestido amarelo de saia longa, a garota fica mais glamourosa do que já é. Como (S/n) queria que isso não fosse só uma encenação. Gon começa a citar a moral da história, a garota congela, sentiu um frio na barriga que dava sensação de que estava numa montanha russa. O albino também está surtando por dentro, suas bochechas estão extremamente vermelhas, e ele simplesmente não consegue olhar para a garota. Com um leve sussurro, mas que desejava que fosse um grito, Roody apressa os dois. Eles começam a se aproximar, com seus corações acelerados, seus rostos estavam tão próximos que era possível sentir suas respirações desreguladas, o rosto do albino emitia calor, e foi possível sentir ainda mais assim que seus olhos se fecharam e o curto espaço entre eles já não existia mais, seus lábios eram macios, gostaria de pedir passagem com sua língua para fazer aquilo ser um beijo de verdade, porém um selinho era tudo que podiam fazer durante essa cena. Eles se separam depois de dois pequenos segundos que pareceram fazer o tempo parar. As cortinas se fecharam e os dois seguiram para os bastidores.
— Você conseguiu! — O garoto ruivo vem pulando e balançando o roteiro que nunca tira das mãos, com certeza Roody foi quem mais gostou da cena final. — Menina, que inveja de você. — Ele fala brincando enquanto abraça a amiga.
— Por quê? — Ela pergunta confusa.
— Acho que é o sonho de qualquer pessoa desse colégio poder dar pelo menos um beijo na bochecha daquele gatinho de olhos azuis. — O ruivo coloca as mãos na cintura.
— Foi só encenação, nada de mais. — Ela tenta encerrar o assunto, colocando os vestidos nas araras ao lado da penteadeira, e pegando sua mochila com seus pertences pessoais.
— Olha, eu sei muito bem quando um beijo é encenado, e eu posso dizer que aquele tinha tantos sentimentos, capaz de deixar alguém louco. — Ele revira os olhos para expressar mais drama. A garota cora e desvia o olhar.
— Você tá enganado, Killua não sente nada por mim... — Ela comprime os lábios ao dizer essas palavras em voz alta, dói saber que o albino que vem tirando seu sono a semanas, nunca sentiria o mesmo que ela sente por ele. — E eu também não sinto nada por ele, somos só amigos... — Ele dá de ombro e segue andando para fora daquele auditório abafado.
— Você que pensa. — O ruivo fala sozinho enquanto olha a garota saindo pelas portas dos fundos. — Ai ai... Sophi, me ajuda a conferir se todos os figurinos estão no lugar! — E segue andando para fazer seus afazeres.
***
(S/n) e Killua se juntaram novamente para andarem pela escola e ver as salas temáticas que ainda não tinham visto, preferiram deixar o assunto do beijo de lado, afinal, os dois acreditam que aquilo não foi mais que uma simples cena de teatro.
Eles entraram na sala preparada pelo clube de culinária, já passava da hora do almoço e os dois estão famintos. Se sentaram numa mesa vazia e olharam o cardápio, Killua não parecia muito feliz com as opções que havia para comer.
— O que foi? — Ela nota a expressão meio desconfortável do garoto.
— Nada... É que... eu não sei se quero comer essas coisas.
— Para de ser chato. — Ela brinca. — O lamen daqui é o melhor que tem! Vou pedir um, eu divido com você, não adianta recusar antes de provar.
— Tá... — Ele revira os olhos.
Eles ficaram conversando sobre assuntos aleatórios, após pedir a refeição. Assim que o lamen chega, os dois entram numa discussão, o albino não queria comer, mas a (cor do seu cabelo) insistia.
— Vai, Killua! — Ela tenta colocar o lamen na boca dele, mas a única coisa que consegue é sujar sua bochecha pálida.
— Eu não quero! — O garoto cruza os braços e vira o rosto.
— Vai logo!
Após uma longa discussão, chamando a atenção de muitos que estavam no local, a garota conseguiu fazer o Zoldyck pelo menos experimentar um pouco do alimento. No final das contas ele gostou e acabou comendo quase tudo que havia na cumbuca que antes estava cheia de macarrão e vários outros ingredientes.
Eles pagam pela comida e vão andar por aí, acabaram parando no jardim da escola, não havia ninguém, um alívio para o albino que já estava de saco cheio de esbarrar nas pessoas e ter que pedir licença para achar uma brecha para continuar andando. Ele se senta num banco qualquer e sente a brisa quente de primavera balançar seus fios brancos como a neve, ele dá um meio sorriso e fecha seus olhos. (S/n) caminha pelo pequeno espaço do jardim, olhando as flores que começaram a desabrochar há pouco tempo. Ela começa a cantar uma música aleatória que veio em sua cabeça no momento, chamando a atenção do albino, que se vira para a direção dela, porém a mesma não percebe, está tão distraída observando os pequenos girassóis que começam a revelar suas pétalas amarelas, que na cabeça dela, agora só havia ela no mundo, juntamente das flores.
— Você canta bem. — O albino fala, tirando a garota de seus pensamentos.
Ela cora e desvia o olhar ao se lembrar de que não estava sozinha.
***
Os dois acabaram deixando o jardim de lado e voltaram para os corredores lotados de pessoas. Era tanto barulho de várias pessoas falando ao mesmo tempo que a garota não conseguia ouvir nem os próprios pensamentos.
Killua pega na mão dela e a leva para outra sala silenciosa, desta vez, a biblioteca. (S/n) não costuma vir aqui, muito menos o albino, montanhas de livros e prateleiras sem espaço algum para qualquer outro livro, antes fossem livros de romance, ação, ou até mesmo fantasia, as únicas categorias que haviam em todas as estantes, eram livros sobre matemática, física, química, português, geografia..., talvez o mais interessante ali fosse história, mas não é nada diferente do que eles aprendem durante as aulas.
Eles se sentam numa mesa e ficam encarando um ao outro, sem dizer nada.
— Então... — A (cor do seu cabelo) começa. — O que vamos fazer agora?
— Sei lá... Eu quero ir pra casa.
— Não vai ficar pro jogo de futebol?
— Sei lá.
— Vamos, vai ser legal!
— Tá bom. — Ele revira os olhos, mas dá um meio sorriso enquanto desvia o olhar.
Os dois ficaram na biblioteca, conversando, contando histórias de vida, ou até mesmo piadas, eles estavam realmente se divertindo com a presença um do outro. Porém, na mente do albino, ele também sente medo, o fato de que ele pode acabar enjoando da companhia da (cor do seu cabelo) ainda o assusta, deixando-o com vontade de se esconder num canto e chorar, gritar, se punir por ser do jeito que ele é. Neste exato momento o albino só quer abraçar a garota e dizer seus medos e vulnerabilidades, dizer que não quer perdê-la de jeito nenhum.
(S/n) nota o garoto distante, ela coloca a mão no ombro dele e pergunta se ele está bem, seus olhos azuis refletiam sobre a luz, pareciam brilhar mais, como se estivesse prestes a derramar pequenas gotas salgadas, a (cor do seu cabelo) o olha com um olhar de pena, seu coração dói ao velo assim. Ela o abraça, deixando ele sem reação no começo, mas a abraça de volta, envolvendo o rosto na volta do pescoço dela, era possível sentir o perfume da garota, doce como ela é. Ficaram por alguns minutos abraçados, sem dizer absolutamente nada, tiveram que se separar após anunciarem nos alto-falantes que o jogo de futebol americano já iria começar.
— Vamos lá. — A garota sorri e se levanta da cadeira, estendendo a mão para ajudar o albino a se levantar, assim que o mesmo se levanta, a (cor do seu cabelo) sai o puxando em direção a quadra, fazendo-o corar e desviar o olhar quando ela olhava para trás e sorria para ele.
Escolheram um bom lugar em meio aos vários bancos da arquibancada, se sentaram e ficaram olhando o campo.
As pessoas gritavam e pulavam quando o time para o qual estavam torcendo marcava um ponto, até mesmo (S/n) levantava os braços e gritava, as vezes batia seus pés no chão na ansiedade de ver o time da escola tomando a liderança com a bola na mão.
O sol começara a se pôr, os holofotes para iluminarem a quadra foram ligados, e no telão que mostrava o jogo mais de perto, mostrou o momento perfeito em que o capitão do time fez mais um ponto, acabando com o jogo e levando todos os alunos do ensino médio a loucura.
No final, o diretor da escola anunciou os vencedores e fez com que todos eles se alinhassem de frente para toda a arquibancada para receberem as medalhas.
***
Os corredores já estavam mais vazios, muitas pessoas já haviam retornado para casa, mas o festival ainda não havia terminado.
(S/n) conversa com Guy, um dos garotos do time de futebol, ela fez ele parar só para dar um autógrafo para ela, e acabaram iniciando uma conversa paralela que foi emendando em vários outros assuntos.
Killua passa por eles, ele e a garota acabaram se desencontrando depois que o mesmo havia dito que iria atrás de algum banheiro depois que o jogo acabou, porém a maioria dos banheiros estavam em uso, já que quase todas as pessoas seguraram para não perderem nenhum segundo do jogo, então, ele acabou demorando mais do que o esperando.
— Eu já tô indo embora. — Ele avisa, enquanto para ao lado da garota e nem olha nos olhos do garoto maior que está encostado em um dos armários.
— Já? Ainda vai ter os agradecimentos e mais uma peça curta no auditório, não quer ver?
— Nah. Não tô afim.
— Tá bem, eu vou com você. — Ela sorri. — Tchau, Guy. — Ela se despede do garoto e segue o albino para fora da escola.
— Quer que eu te deixe na sua casa? — Killua pergunta enquanto coloca as mãos nos bolsos da bermuda dele.
— Pode ser.
— Seus pais ainda estão viajando? — Ele pergunta com um tom curioso.
— Sim... — Responde meio cabisbaixa. — Eles me disseram que só vão voltar mês que vem...
O albino fica sem saber o que dizer, ele é péssimo em consolar pessoas quando estão tristes.
— Não fica assim... Pelo menos eles vão voltar... — Ele percebe que falar acabaria piorando as coisas, mas acabou ficando surpreso ao ver a (cor do seu cabelo) rindo ao seu lado.
— Você realmente não sabe como consolar alguém, não é, Kill?
Ele cora pela milésima vez neste dia, tanto pela garota estar rindo e adivinhando exatamente o seu ponto fraco, quanto pelo apelido que ela acabara de dizer, não é igual quando seus familiares o chamam assim, vindo dela, parece... especial.
A volta para casa acabou por ser bem mais descontraída que o normal, os dois estavam rindo e conversando como nunca fizeram antes. Por mais tenso que o albino fosse, todas as suas preocupações sumiram, caminhando ao lado dela, só traz um sentimento de conforto que ele mesmo nunca havia sentido antes, o mesmo acontece com a garota, nem mesmo a lua e as estrelas lhe dão essa felicidade de estar ao lado de alguém. Ela sente vontade de segurar na mão dele e andar como se fossem um casal. Talvez fosse muito cedo para isso, mas quem liga? Ela faz o que sente vontade de fazer, pega na mão do albino e vai o puxando enquanto canta alguma música que de certa forma expressa seus sentimentos, secretamente. O garoto fica meio confuso vendo a garota começar a cantar e dançar do nada, ainda mais segurando sua mão, mas logo sorri, ele já se acostumou com jeitinho dela de ser.
Quando chegam em frente a casa da (cor do seu cabelo), um ar triste toma conta da garota, ela havia se divertindo tanto hoje, não queria acabar com está noite fresca sozinha, mas não há nada que ela ou o albino possam fazer.
— É isso... — Ela se vira para a porta da entrada. — Muito obrigada por tudo! — Volta a se virar e olhar para o albino com o melhor sorriso que consegue. Ela acaba se atirando contra o albino e dando um abraço bem apertado nele, o mesmo retribui.
— Idiota... — Ele cora e dá um meio sorriso, ainda abraçando a garota. — Aquele clube de teatro tá fazendo você ficar muito dramática, a gente vai se ver amanhã! — Ele desfaz o abraço para ver o rosto previsível de confusão da garota.
— Mas amanhã não tem...
— A gente vai sair amanhã, esqueceu?
A garota finalmente entende que ele está chamando ela para sair, seus olhos se arregalam um pouco ao capitar a mensagem.
— Ah... Claro. — Ela sorri, suas bochechas agora possuem um leve rubor.
— Amanhã as 13:00, no shopping?
Ela assente com a cabeça.
— Fechou! Até amanhã! — Ele se vira e vai embora com um leve aceno de mão.
A garota entrou dentro de casa, sem conseguir conter um leve gritinho de felicidade e animação.
Ela mal pode esperar para o dia de amanhã.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.