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História Don't Leave Me - Maus Sentimentos


Escrita por: Kodda

Notas do Autor


***** LEIAM AS NOTAS FINAIS *****

Capítulo 14 - Maus Sentimentos


 Ele não estava feliz. Eu sabia que ele estava nervoso, pois seu corpo estava rígido e seu lábio franzido. Droga, tudo estava perdido.

 Rajah se aproximou de mim, agachou na minha frente e olhou meu rosto. A marca do tapa que eu levara devia estar bem feia, pois ele levantou e gritou com o guarda, apontando para mim. Deve ter os mandado em bora, tanto que todos os guardas saíram da sala.

 Eu estava sozinha com ele.

 — Você não me respondeu. — ele disse sem me olhar.

 Olhei para Rajah incrédula.

 — O que parece? Eu vim atrás de você!

 — Pensei que você não quisesse mais saber de mim. — ele cruzou os braços.

 — E-eu...

 — Você tem noção do quanto isso foi perigoso? Meus guardas pensaram que você fosse uma rebelde! Eles iriam te matar se eu não tivesse vindo, Alexia! Sorte a sua que eu escutei algumas pessoas comentando sobre isso e encontrei um dos guardas indo até o Coronel!

 — Rajah...

 — Não quero mais saber. Vou pedir a um dos criados que te leve para tomar um banho e comer alguma coisa. Já vou providenciar o seu voo de volta para o Brasil. Vou te encontrar assim que essa festa acabar. Até lá, por favor, não se meta em confusões.

 Dito isso, ele saiu da sala me deixando sozinha.

 Eu não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. De volta? Para o Brasil? Depois de tudo o que eu fiz?

 Sentei no banco de madeira e chorei. Eu estava arrasada.

 

 Logo depois o criado que Rajah havia comentado apareceu na porta. Era uma mulher, de mais ou menos 1,60m, cabelos negros e lisos escondidos dentro de um lenço, e olhos da mesma cor. Um tanto tímida, ela pegou minha mão e me guiou entre a multidão até uma escada, que levava a verdadeira casa da família real.

 Só de atravessar a porta da frente e olhar o primeiro cômodo, que era uma sala de jantar, dava para perceber a luxuosidade do lugar. A parede da esquerda era de um vermelho vivo cheia de quadros e pinturas que pareciam ser dos antigos reis e uma porta em formato de arco que levava à sala de estar. O teto, em abóbada, e a parede da direita eram brancos cheios de contornos e detalhes em dourado. Sobre o chão, de madeira caramelo, havia tapetes com estampas coloridas e uma grande mesa de jantar de vidro e madeira escura. Um enorme lustre pairava sobre a mesma. Grandes cortinas vermelhas cobriam as janelas.

 A criada atravessou a sala de jantar e me levou a um corredor, à direita, que terminava em uma porta marrom escura. Ela abriu a porta e me deu passagem. Depois me deixou à vontade para eu tomar o banho. As paredes do banheiro eram negras e o chão branco. Uma banheira se projetava em um dos cantos ao lado de um box com um chuveiro. Do outro lado, havia um balcão branco com uma pia e um grande espelho.

 Sozinha novamente, as lágrimas tornaram a invadir meus olhos. Desde que Rajah havia me deixado na sala, um nó se formou na minha garganta. Era tão forte que não suportei mais, vomitando no sanitário o sanduíche que eu havia comido com Nicolas mais cedo. Entre tosses e soluços, me despi e tomei uma ducha. Vesti um roupão que estava pendurado na parede e saí do banheiro. A criada me aguardava do lado de fora com a minha mochila que eu havia abandonado do lado de fora do Palácio. Fiquei curiosa ao me perguntar como tinham recuperado minha mochila. Peguei-a das mãos da criada dando um sorriso agradecido. Voltei ao banheiro e vesti uma calça jeans e uma blusa de manga comprida azul. Dei uma última olhada no machucado em meu rosto. Estava com uma mancha arroxeada na bochecha direita e um corte com sangue seco. Com certeza deixaria uma marca.

 Depois de me trocar, a criada me levou de volta até a sala de jantar onde um prato de legumes e carne ensopados me aguardava. Fiquei meio desconfortável porque não sabia se já era permitido comer ou se eu ofenderia a criada comendo na frente dela. Mas parece que ela não se incomodou. Apesar do constante nó na garganta, consegui comer.

 A criada não me levou a nenhum outro lugar, então deduzi que era para eu esperar. A festa já deveria estar terminando, logo Rajah apareceria.

 Eu estava com medo. Não queria voltar para o Brasil, eu queria conversar com ele, pedir desculpas. Apoiei minha cabeça nos meus braços sobre a mesa e suspirei. Por que tudo tinha que ser tão difícil? 

 Ouvi passos subindo a escada e a porta se abrindo. Uma mulher de kaftan em tons de verde passou por mim sem nem me olhar. Ela estava do lado de Rajah quando entrei no Palácio.

 — Safa. — a criada sussurrou para mim quando a mulher se afastou.

 Segundos depois outra mulher entrou na sala de jantar. Ela usava um kaftan rosa e roxo e também a reconheci por estar do lado de Rajah na festa. Ao passar por mim, sorriu. 

 — Zafirah. — sussurrei e a criada assentiu.

 Ouvi mais passos vindos da escada e Rajah apareceu ao lado de outra mulher. Engoli em seco.

Os dois conversavam em sussurros, e a mulher parecia visivelmente aborrecida. Eles perceberam que eu estava na sala e pararam de falar. A criada fez uma pequena reverência. Levantei-me e reproduzi o gesto.

 — Oh, minha querida. — a mulher disse indo em minha direção. Ela era linda. Seu cabelo era ondulado de um castanho avermelhado que realçava o tom claro de sua pele. Seu nariz era fino, sua boca perfeitamente desenhada assim como suas sobrancelhas e seus longos cílios. Tinha os mesmos olhos mel de Rajah. Usava um kaftan bege com desenhos e brilhos dourados e uma tiara de brilhantes na cabeça. — Espero que esteja bem. Eles te fizeram algum mal?

 Eu estava estática, não sabia muito bem como agir.

 — E-eles... Só...

 Ela tocou em minha bochecha ferida e quando estremeci de dor, deu um longo suspiro.

 — Vou pedir para que cuidem disso, tudo bem? — assenti. Ela falou alguma coisa com a criada que saiu da sala depois de fazer uma reverência. Depois estalou a língua, como se lembrasse de algo.

 — Onde estão os meus modos? Sou Nádia, mãe de Rajah. Você se chama Alexia, certo?  

 Balancei a cabeça, dizendo sim. Mais uma vez engoli em seco. Não era a situação que eu imaginava quando conhecesse a mãe de Rajah. Olhei para ele que estava encostado na parede com os braços nos observando.

 — Você deve estar cansada. Deve ter sido uma longa viagem até aqui. Vou pedir para que arrumem o quarto de hóspedes para você. 

 — Não será necessário. — Rajah se pronunciou.

 Nádia franziu o cenho e olhou para ele.

 — Como não?

 — Vou providenciar um voo de volta para a casa dela.

 A Primeira Dama do Marrocos cruzou os braços e estalou a língua várias vezes.

 — Certamente não vai.

 — Mãe...

 — Nem mais uma palavra. Não vou deixar essa moça simplesmente ir embora depois de tudo o que aconteceu. Onde fica nossa hospitalidade? Até segunda ordem, ela fica.

 Coloquei uma mão sobre minha boca para esconder meu sorriso. Rajah olhou para mim e suspirou.

 — Certo, como quiser. — ele disse.

 Nádia olhou de volta para mim com um sorriso sutil.

 — Não ligue para o ele diz. Rajah está se fazendo de durão, mas foi correndo desesperadamente atrás de você mais cedo. — ela deu um risinho. — Ele pode ser muito orgulhoso quando quer.

 Ouvi-o bufar atrás dela e sussurrar alguma coisa em árabe.

 — Eu ouvi isso. — ela riu.

 A criada voltou à sala acompanhada do que parecia ser um enfermeiro. Ele veio em minha direção segurando uma maleta e sinalizou para eu me sentar. O enfermeiro abriu a maleta e vasculhou até achar uma gaze e um remédio. Antes de aplicá-lo sobre meu rosto, limpou o mesmo com um pano úmido. Cada vez que ele tocava o pano em minha ferida, eu estremecia de dor, segurando com força a cadeira. O guarda não mediu nenhum esforço para me machucar de verdade. Olhei de relance para Rajah que estava tenso. Ele parecia perturbado.

 Depois do curativo feito em mim, Nádia agradeceu ao enfermeiro e o mesmo foi embora fazendo uma reverencia a ela e outra a Rajah.

 Nádia virou-se para mim.

 — Vamos, Alexia, irei mostrar seu quarto.

 Ela pousou a mão em meu ombro e me guiou para o corredor em que estive anteriormente. Do lado da porta do banheiro, havia outra porta. Nádia a abriu e entrei no cômodo logo depois dela.

 Se aquele era apenas o quarto de hóspedes, nem podia imaginar os quartos principais. O chão era de carpete marrom com uma grande janela à frente coberta por uma cortina verde bem claro. A parede da direita era laranja e recostada nela tinha uma cama de casal com lençóis e travesseiros brancos sob uma colcha vermelha e cheia de almofadas da mesma cor. A cabeceira da cama ia até a metade da parede e era de uma madeira bem escura. Sobre as mesas de canto tinham abajures e alguns livros. Perto da janela havia um sofá e uma poltrona, e entre eles, uma mesa de centro de madeira com uns vasos ornamentais.

 — Espero que fique bem à vontade. Vou pedir a criada para arrumar a sua cama.

 — Não precisa, pode deixar que eu mesma arrumo. Muito obrigada. — dei um sorriso triste e me sentei na cama. Nádia me observou por um instante.

 — Você está triste. — ela se sentou ao meu lado. — É por Rajah, não é?

 Levantei os olhos para fitá-la e eles se encheram de lágrimas. Ela não disse nada, apenas me abraçou. Deixei as lágrimas caírem até começar a soluçar.

 — Desculpe, eu molhei a sua roupa. — eu disse enxugando o meu rosto.

 — Não tem problema. — ela afagou a minha mão. — Rajah está bem nervoso, mas se quiser eu peço a ele para conversar com você.

 — Não, melhor não. — funguei. — Parece que ele não quer me ver mesmo. Ele tem razão, eu preciso mesmo ir embora.

 — Você pode ficar o tempo que quiser, como minha convidada.

 Sorri agradecida.

 — Se precisar de qualquer coisa, é só me procurar. Ligarei para Faizah para que venha amanhã te dar algumas lições de árabe, para aprender a se virar sozinha enquanto estiver aqui. Mas por enquanto, descanse. O seu dia foi bem cheio. — ela deu um tapinha de leve em minha mão e se levantou para sair do quarto.

 — Obrigada por me acolher. — eu disse.

 Nádia se virou e sorriu.

 — Minha nora merece o melhor. — ela piscou e saiu do quarto.

 Sorri sozinha. Estava bem mais leve depois de passar um tempo com ela.

 Eu estava louca para tirar aquela roupa e pôr um pijama para ir dormir, quando lembrei que eu havia deixado minha mochila no banheiro. Sorrateiramente, me esgueirei para o banheiro e peguei a mochila. Antes de entrar de volta no quarto, percebi que alguém estava sentado na mesa de jantar. Mesmo de costas, reconheci Rajah pelos ombros largos e pelo cabelo escuro em um pequeno topete. Ele lia alguma coisa que estava sobre a mesa. Fiquei alguns segundos olhando para ele um tanto hipnotizada até que a mochila escorregou de minhas mãos e caiu no chão com um baque surdo. Rajah se virou para trás depois do barulho e olhou em meus olhos.

 Meu coração acelerou tanto que os batimentos se tornaram audíveis. O olhar dele era tão intenso que parecia me atravessar. Logo depois fez uma coisa com a boca que fiquei em dúvida se ele franziu o lábio ou conteve um sorriso. Não consegui desviar o olhar dele por um momento, até que, envergonhada, recolhi a mochila do chão e abri a porta do quarto entrando em seguida.

 Suspirei. O efeito que Rajah me causava era tão grande que chegava a ser ridículo. Repreendi-me mentalmente por ser tão idiota enquanto trocava de roupa. Na realidade eu não sabia muito bem por que ele estava agindo estranho. Estava frio, mal me olhava e muito menos falava comigo. Ele com certeza estava irritado, mas eu não sabia com o quê. Achei que Nádia tivesse razão a respeito do orgulho dele. Se ele queria que eu me jogasse aos seus pés implorando por seu perdão e tentasse chamar sua atenção de qualquer forma, estava redondamente enganado.

 Determinada e com uma pontada de irritação, fechei a mochila e me encolhi na cama sob os lençóis.

...


Notas Finais


Queria comunicar que provavelmente na semana que vem não vai ter capítulo novo. Estou na semana de provas e vai ser bem complicado para escrever. Espero que entendam e tenham curtido o capítulo. Até mais <3


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