História Don't let me forget - And you let her go

Emily POV

Sempre que a Ali acorda, ela pega o meu travesseiro e traz para junto de si, o abraçando, até criar coragem para levantar da cama. Sinceramente, não existe algo mais bonito no mundo de se ver. Sempre que vejo essa cena, eu me apaixono mais por ela.

Como a Ali é muito manhosa, principalmente de manhã, eu sempre vou até ela e lhe abraço com todo carinho, fazendo a minha menina despertar mais rápido. Apesar de nós duas termos a mesma idade, ela ainda não trabalha, por isso eu sempre acordo mais cedo. Eu trabalho dando aula de natação na escola onde nós estudamos a vida inteira, o que é um presente pra mim, porque é o meu primeiro emprego e foi onde eu conheci a Ali.

Eu moro em um apartamento que ganhei de presente dos meus pais quando fiz 18 anos, e as vezes a Alison vem passar a noite comigo. Apesar dos pais dela me odiarem por acreditarem que sou uma péssima influência, ela sempre arranja um jeito de vir pra cá dormir comigo. É lógico que no dia seguinte os pais dela querem lhe matar, mas isso é algo que já nos acostumou. Eu me acostumei a viver com a rejeição, e ela com as broncas dos pais. No começo foi muito difícil tanto para ela quanto para mim. Os meus pais sempre me apoiaram nas minhas decisões, mas os pais dela não. Nós lutamos muito para ficarmos juntas, e até hoje não conseguimos direito.

Alison teve um namorado no colegial, e eu me lembro muito bem dele. Ele era loiro e tinha os olhos azuis iguais aos dela, o que fazia eu ter raiva de mim mesma por imaginar os filhos lindos que eles teriam se ela não tivesse se apaixonado por mim. Ela trocou ele por mim, o que causou revolta em toda a sua família, menos na pequena Blair, que foi a única que sempre gostou de mim.

Blair é a irmã mais nova de Alison. Na época ela era bem pequena, mas desde aquele tempo eu já via o amor que ela tinha pelas piscinas, assim como eu. Apesar da pouca idade, Blair já entende muito sobre o mundo e é sonhadora assim como eu sou. O sonho dela é ser uma nadadora de sucesso, e eu vejo muito potencial nessa garotinha.

Alison fez questão de colocar Blair nas aulas de natação da escola, mesmo contra a vontade de seus pais. Eles me odeiam, odeiam muito, e odeiam mais ainda o fato de saberem que sempre conseguiram manipular o coração de suas meninas, menos quando o assunto se trata de mim. Por outro lado, tem a minha família... Meus pais sempre adoraram a Alison, e sempre a trataram com todo o carinho do mundo. Eu vejo a felicidade transbordar dos olhos dela quando estamos todos juntos. Alison realmente fica muito feliz, e eu sinto que ela tem vontade de viver esse mesmo momento comigo e com a sua família, é uma pena que ela não consiga nos unir.

Eu a amo, e sinto que ela também me ama. Eu a amo o suficiente para não desistir do nosso amor. Eu sempre lutei por nós, e tenho certeza que vou lutar para sempre.

Alison POV

Não existe coisa no mundo que eu ame mais do que acordar e ver o sorriso lindo da Em pra mim. É incrível como eu não consigo ser tão feliz ao lado de outra pessoa como eu sou ao lado dela.

Emily sempre acorda mais cedo que eu para trabalhar, o que me encanta muito, saber que um dos seus sonhos de adolescência está se realizando. Eu ainda não trabalho, mas não por força de vontade, e sim por conta da faculdade que estou fazendo. Meu sonho sempre foi ser médica, e para atuar nessa área demora um certo tempo. São anos fazendo faculdade até conseguir realmente um emprego.

Comecei a faculdade esse ano, pois eu e Em saímos do colegial ano passado. Ela conseguiu um emprego mais fácil do que eu porque nós estudamos no Rosewood Rahls a vida inteira, e todos sempre acreditaram em seu potencial. Mesmo contra a vontade da minha família, fiz questão de colocar minha irmãzinha nas aulas de natação. Desde que a Blair conheceu a Em as duas não se desgrudam. Eu acho linda a relação das duas, pois elas compartilham paixões e sonhos semelhantes. É incrível ver, que mesmo tão pequena, a minha Blair já seja tão grande. Grande nas piscinas, grande de alma, grande de coração.

Blair só tem 10 anos de idade mas age como uma adulta. Ela aceita e entende o amor que eu sinto pela Em, o que é algo impossível de ser compreendido pelos nossos pais. Agradeço a Deus todos os dias por ele ter colocado a minha irmã no mundo, pois ela é a força que eu tenho para não desistir dos meus pais. Eles não aceitam a minha relação com a Em, dizem que ela não é uma boa influência para mim, o que é exatamente o contrário. Se eles soubessem o bem que a Emily me faz, provavelmente não impediram o nosso amor.

Todo dia eu rezo para que a Em não desista da gente. Ela já viu várias vezes em meu olhar o medo que eu tenho de perdê-la, e todas as vezes que ela viu isso estampado em meu olhar, ela me abraçou e me deus vários beijos dizendo que jamais desistiria de nós. Eu amo a Em, e amo ainda mais as coisas que nós estamos construindo juntas. Nós queremos nos casar e construir uma linda família. Esse sempre foi o nosso sonho. Tudo aos poucos, é claro, mas são planos tão lindos que meu coração chega a sair do peito de tanto amor pela vida que almejamos ter.

Emily: Bom dia meu amor!

Alison: Bom dia!

Emily: Dormiu bem?

Alison: E tem como não dormir bem com você?

Emily: Hahaha, sua boba.

Alison: Queria tanto passar a manhã agarradinha com você, será que não tem como você faltar o trabalho só hoje?

Emily: Ahhh Ali, você sabe que isso é tudo que eu mais queria, mas não tem como.

Alison: Só hoje?

Emily: Amor, não faz assim...

Alison: Tudo bem Emily, se você prefere ir trabalhar eu não posso fazer nada. Vou pra rua, provavelmente lá deve ter alguém que queira passar a manhã comigo...

Emily: ALISON!

Alison: Hahaha, eu to brincando meu amor!

Emily: Você tá querendo apanhar mocinha?

Alison: De você? Sempre.

Emily: Alison....

Alison: Hahaha parei!

Emily: Não queria te deixar, mas você sabe que eu tenho que ir.

Alison: Eu sei, e eu não quero ser a responsável pelo seu atraso, portanto, me de mais um beijo e vá.

Emily: Ué, agora você quer eu vá embora?

Alison: Eu não quero que você vá embora nunca.

Emily: Eu também não quero que você vá nunca. Promete pra mim que vai ficar sempre ao meu lado?

Alison: Prometo.

Emily: Me abraça.

Alison: Claro que abraço.

Emily: Forte.

Alison: O que houve meu amor?

Emily: Nada, é que só de pensar na possibilidade de te ver partir algum dia o meu coração se parte em pedaços.

Alison: Ahhh meu amor, eu nunca vou te deixar, você sabe o quanto eu te amo. Acordou carente hoje é?

Emily: Carente não, com saudade.

Alison: De mim?

Emily: De você, dos seus beijos, do seu cheiro, de tudo.

Emily me encheu de beijos como sempre faz e foi para o trabalho. Como a minha faculdade é só de tarde, eu fico a manhã inteira deitada de bobeira na nossa cama. Assim que eu crio coragem para levantar, arrumo minhas coisas, escrevo um bilhetinho para Em dizendo que a amo, tranco o apartamento e sigo para minha casa.

Provavelmente quando eu chegar em casa, vou ouvir mais um daqueles discursos desprezíveis dos meus pais sobre a Em e nós vamos acabar brigando. Em odeia que eu brigue com os meus pais, mas é inevitável não sentir raiva deles ao ver os absurdos que eles falam da nossa relação.

Jéssica: Dormiu fora, Alison?

Alison: Sim, algum problema?

Jéssica: Com aquela desprezível?

Alison: Ah mãe, você quer mesmo começar uma discussão comigo tão cedo?

Jéssica: Você não tem jeito...

Alison: Vou subir.

Jéssica: Seu pai está furioso com você.

Alison: E quando ele não está?

Jéssica: Ele foi levar a Blair na escola e disse que quando voltar que conversar bem sério com você.

Alison: Provavelmente quando ele voltar eu não estarei mais aqui. Hoje eu vou mais cedo para faculdade, por motivos óbvios, meu dia começou tão bem, não quero que vocês estraguem.

Jéssica: Olha como você fala comigo. Você perdeu totalmente o respeito por nós desde que começou a andar com essa garota.

Alison: Eu comecei a perder o respeito por vocês a partir do momento que vocês começaram a controlar a minha vida. Agora eu vou subir, não quero brigar.

Jéssica: Alison, volta aqui!

Subi para o meu quarto e tranquei a porta. Comecei a me arrumar e a guardar as coisas da faculdade na bolsa. Assim que termino meus afazeres, escrevo um bilhetinho dizendo para Blair que a amo e que estou com saudades, mas logo volto para abraçá-la e dar bastante beijinhos. Tenho essa mania de escrever bilhetes para as pessoas, gosto que elas se lembrem o quanto são amadas por mim.

Desço as escadas e agradeço mentalmente por não encontrar meu pai em casa. Mesmo magoada, vou de encontro a minha mãe e lhe dou um beijo, vendo a raiva que ela estava sentindo por mim amenizar um pouco. Como meu pai ainda não chegou e eu vou mais cedo para faculdade, peço um táxi e fico esperando sentada em um banco de madeira que tem em frente à minha casa. Assim que o táxi chega, entro no carro e lhe informo o destino que desejo seguir. Assim que o carro começa a andar, percebo um barulho estranho nas rodas da frente, mas como não sou mecânica e nem entendo sobre o assunto, resolvo deixar pra lá.

O barulho vai ficando cada vez mais alto, e eu vou começando a desconfiar de que algo de errado esteja acontecendo. Peço para que o taxista veja o que está acontecendo, e ele diz que isso é normal, barulhos como esse são comuns. Resolvo não me preocupar e coloco o fone de ouvido. A partir de então, não escuto mais nada.

O taxista começa a acelerar o carro, e eu fico sem entender o porque. É como se nós estivéssemos em uma pista de corrida, porque conforme ele acelera, mais rápido o carro anda. No meio do caminho ele faz uma ultrapassagem perigosa. Ele começa a perder o controle do volante, e tudo que eu vejo é uma luz branca muito forte, até que o meu corpo bate com força no banco do passageiro, fazendo com que os meus olhos se fechem por um longo tempo.