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História Dormindo com o Inimigo - Alegria dura pouco


Escrita por: HimeSama20

Notas do Autor


E aí, meus lindos!!!!!!!! Adivinha quem teve uma onda inesperada de inspiração?? Euzinha!!
Pra alegria de vocês, esse capítulo está cheio de tretas hahaha
Não vou falar muito porque estou com sono, maaaaas, como sempre não posso deixar de dar os agradecimentos especiais haha Mayuri-chan, sua linda, obrigada de verdade por me ajudar naquela parte que eu tive dificuldade, eu não teria conseguido sem a sua ajuda <3 Mika-chan, lindaaaaaaaa!! Eu fixei seu comentário tá? kkkkkk Larga a faca, amorzinho.
Aos novos leitores, bem-vindos! Obrigada a todos que acompanham e comentam!!! Vocês fazem parte da grande família UtaPri <3
Hoje não tem narração porque minha narradora oficial resolveu sumir T-T Vamos sem narração, ok?
Boa leitura <3

Capítulo 14 - Alegria dura pouco


Perto das 10 da noite, Tokiya conseguiu uma brecha para fugir dos amigos. Ele ainda estava muito desconfiado do comportamento deles, seu instinto lhe dizia que tinha dedo do Ittoki no meio, pois ele não aparecera no salão em momento algum durante a tarde.

Ao entrar no quarto, se deparou com o ruivo já deitado, de costas para a porta. Ele se perguntou se Otoya estivera dormindo o dia inteiro, já que, pela manhã, ele estava com cara de quem não tinha dormido nada.

Ele se aproximou da cama do ruivo e tocou de leve seu ombro, se inclinando para ver se ele estava mesmo dormindo. Ao sentir o toque, Otoya virou a cabeça.

- Ah, é você. - Disse sem ânimo, voltando a lhe dar as costas.

- Tava esperando alguém?

- Não.

O moreno ficou em silêncio um tempo.

- Você que pediu pra eles me tratarem assim? - Perguntou diretamente.

- Hum? Do que você tá falando? - Respondeu aborrecido.

- Você sabe, essa história de festinha e de eles não terem brigado nem falado grosso comigo nenhuma vez.

- E por que eu faria isso? Tô nem aí pra você. - Mentiu.

Tokiya sentou em sua cama.

- Sai. Eu tô tentando dormir. - Disse Otoya rispidamente.

- Por quanto tempo vai me tratar assim?

- Por quanto tempo eu quiser.

A mágoa era perceptível em sua voz. Tokiya suspirou, pegando seu ombro e forçando-o a deitar de costas. Otoya segurou as costelas, com uma careta de dor. Tokiya o soltou de imediato.

- O que foi?

- Nada. - Disfarçou. - Dor nas costelas, só isso.

Os dois se encararam intensamente por longos dois minutos. Os cabelos ruivos de Otoya estavam revoltos e despenteados, diferente do habitual. Seus olhos âmbar o hipnotizavam, algo neles fazia com que fosse difícil desviar o olhar. Tokiya viu seu pomo de adão se mover quando ele engoliu a saliva acumulada em sua boca.

- O que você quer?

Sussurrou o ruivo em tom neutro, diminuindo um pouco a hostilidade de agora a pouco.

- Eu estou em agonia desde que chegamos.

- Por que?

Tokiya passou seus dedos na marca roxa em sua boca.

- Isso... fui eu que fiz, não é?

Otoya ficou tentado a dizer que sim. Mas balançou a cabeça negativamente.

- Não foi você.

Ele não estava tão bravo assim com Tokiya, a ponto de lhe deixar com essa culpa. O alívio foi visível na expressão do Ichinose.

- Você está falando a verdade?

- Por que eu mentiria?

Tokiya ponderou que, se tivesse sido mesmo ele, Otoya teria o prazer de jogar isso em sua cara.

- Tem razão.

Achando que a conversa tinha acabado, Otoya tentou se virar novamente, mas Tokiya o impediu no último instante.

- O que foi?

- Tem mais uma coisa que eu quero perguntar. - Otoya assentiu. - Naquele dia... hum... ontem... Nós nos beijamos?

Otoya arregalou os olhos.

- Por que você quer saber isso?

- Por favor. Eu sei que você não quer me contar, mas me diga apenas isso.

A resposta de Otoya lhe ajudaria a entender os sentimentos que o atormentavam. Aquela confusão que o assolava o havia atormentado por uma semana. Ele sabia que na outra noite, quando Otoya investiu contra ele, ele o desejou.

Ele tinha medo desse sentimento.

A súplica do maior o quebrou. Ele não pode negar.

- Sim, nos beijamos.

Tokiya se levantou.

- Obrigado. Eu vou deixar você dormir agora.

Eles se deram as costas. Tokiya tirou a camisa e a calça e se deitou. Quando apagou a luz, ouviu em meio ao escuro.

- E você beija mal pra caramba.

O moreno corou. Ele sabia disso.

- Ah, cala a boca.

oOo

Depois do jantar, Ren foi direto para o quarto. Abriu a porta ansioso, será que Masato já havia chegado? As luzes estavam acesas e a porta da varanda aberta. Ele estava lá, encostado na grade da varanda, olhando para a lua que brilhava majestosamente. Parecia tão perdido em pensamentos que nem notara sua chegada. Ao fechar a porta, deixou que esta fizesse um barulho mais alto que o normal, uma forma sucinta de chamar atenção.

Masato olhou para a porta, despertado pelo clique da fechadura. Seus olhares se encontraram e Ren sorriu calorosamente para ele, parando no meio do quarto com os braços abertos. O coração de Masato bateu forte no peito enquanto caminhava para ele, não conseguindo evitar de sorrir também.

Então seus corpos finalmente se encontraram. Masato o abraçou forte. Por ser meia cabeça mais baixo, repousou-a confortavelmente na curvatura do pescoço do loiro.

- Bem-vindo, meu amor. - Cumprimentou Ren. - Estou feliz por estar de volta.

- Eu também...

Ren depositou um beijo no topo de sua cabeça.

- Passou o mau humor?

- U-hum...

Foi a vez de Masato depositar um beijo no pescoço de Ren. Então ele ergueu a cabeça e beijou sua face, em seguida beijando seus lábios com afeto. Foi apenas um selinho, que o azulado prolongou o máximo que pode. Então ele voltou para a posição original.

- Como Tokiya está? Esganaram bem ele?

Ren riu.

- Felizmente ele está bem. Infelizmente não pudemos esganá-lo.

- Por que?

Ren lhe contou o pedido de Otoya.

- Otoya gosta mesmo dele. - Admirou-se Masato.

- Pois é. Outros no lugar dele já teriam desistido.

- E como Camus e Ranmaru se saíram? - Não era segredo pra ninguém que os dois eram os que mais hostilizavam o Ichinose.

- Ah, eles se saíram bem, até. Tirando a parte que quando eles sorriam pareciam que estavam rosnando, deu tudo certo.

- Que bom.

Ele suspirou, sentindo aquela fragrância que sentira tanta falta.

- Hum... - Hesitou.

- Diga. - Ren o encorajou.

Ele sentiu o coração de Masato martelar em suas costelas, e de alguma forma, soube o que ele ia dizer em seguida. Seus lábios se curvaram em um sorriso cálido.

- Eu amo você.

Ren o apertou em seus braços, a felicidade explodindo em seu peito. Era a primeira vez que Masato dizia aquilo sem que Ren o fizesse antes. Ele mal pode acreditar que há uma semana eles estavam brigando.

- Eu também te amo, querido.

Com uma das mãos, afagou seus cabelos, desarrumando-os. Ele tentou se livrar do abraço, mas Masato o apertou com força. Ren sabia o porquê, o azulado devia estar muito vermelho de vergonha. Ele riu de forma meiga.

- Você já tomou banho?

- Já.

- Então vem, vamos dormir.

Ren o soltou, despindo-se e ficando apenas de cueca. Masato hesitou, o coração palpitante.

"Eu sei o que eu preciso fazer, mas..."

Ren se deitou e abriu espaço para ele.

- Vem.

O corpo de Masato praticamente se moveu sozinho. Em sua mente, ele se censurou pela sua fraqueza. Ele se despiu também e deitou-se nos braços do amado, apreciando seu cheiro e seu calor.

- Hum... - Hesitou novamente.

- O que?

"Ele vai ficar bravo de novo... " Mas ele decidiu jogar tudo pro alto por uma noite. Família, preconceito, nada disso teria espaço em sua mente. Somente aquela pessoa que ele amava tanto. Ele se aconchegou mais ao corpo do maior.

- Deixa pra lá, não é nada.

Mas ele sabia que no dia seguinte não poderia adiar sua decisão.

oOo

No café da manhã, todos estavam animados, ou pelo menos fingiam estar. Natsuki acenou vigorosamente para Tokiya assim que ele apareceu no refeitório, e o moreno não pode deixar de associá-lo a um coqueiro balançando em dia de temporal. Ele se aproximou e os outros abriram um espaço no meio deles.

- Pode sentar aqui. - Ofereceu Masato.

- Ok. - Concordou, estranhando o fato de até Masato estar lhe tratando bem.

Conversas banais percorreram a mesa e Tokiya, se sentindo deslocado, não sabia como interagir com eles. Então se limitou a escutar a conversa.

Pelo canto do olho, percebeu alguém passar às suas costas.

- Bom dia. - Cumprimentou Otoya. Todos responderam.

Mas Tokiya abaixou os olhos, encarando a mesa, acompanhando-o com a visão periférica para ver onde ele se sentaria e evitar olhar para lá. Mas ao invés de se sentar com eles, o Ittoki passou direto e se sentou em outra mesa. Tokiya estranhou e comentou o fato com Ai.

- Ah, vai ver ele só não está a fim de conversar. Todos temos dias ruins.

O moreno pensou que talvez não fosse isso. Talvez ele não quisesse se sentar ali porque ele estava lá. De longe, o olhou disfarçadamente.

O machucado em seu rosto tinha melhorado um pouco. Não estava mais com aquele tom roxo escuro. Sem aviso, Otoya virou a cabeça e seus olhares se cruzaram. Ao perceber que o Ichinose o encarava, ele fechou o rosto e desviou os olhos. Nem chegou a ver que Tokiya fizera o mesmo.

O moreno relembrou a noite anterior.

"- Nós nos beijamos?"

"- Sim, nos beijamos."

Por algum motivo que não soube explicar, ele sentiu vergonha. Isso era estranho, pois não era o primeiro homem que ele beijava.

- Cuidado. - Disse Ai do seu lado. - Se você encarar ele assim, ele pode pensar que você está preocupado com ele.

Só então Tokiya percebeu que todos o encaravam. Provavelmente tinham visto a troca de olhares entre os dois e agora o olhavam com curiosidade.

- Parem de me olhar assim. - Pediu, com vergonha.

- Ele tá vermelho! - Dedurou Reiji. - Alguém, pelo amor de Deus, tira uma foto desse momento!

Já preparado, Cecil bateu uma foto um segundo antes do Ichinose esconder o rosto.

- Consegui!! - Vibrou.

- Apaga isso! - Ordenou o Ichinose, ficando cada vez mais vermelho.

- Relaxa, Ichi. - Disse Ren. - Ela não vai parar no facebook.

- Instagram talvez, facebook não. - Syo continuou a brincadeira.

- Se vocês fizerem isso, eu acabo com vocês.

Todos riram da carranca de Tokiya, se divertindo com seu constrangimento. Era tão raro vê-lo agir dessa forma que não podiam perder a oportunidade de zoar o amigo.

- Quer ver como ficou? - Perguntou Cecil.

- Não.

- Que pena. Ficou uma graça. - E mostrou a foto para Camus, sentado do seu lado. Imediatamente ele caiu na gargalhada, segurando a barriga quando esta começou a doer.

- Você é tão fotogênico, Ichinose!

- Quase tanto quanto você. - Devolveu.

Mas seu sarcasmo não o afetou e ele continuou rindo da cara de Tokiya.

Enquanto isso, na outra mesa, Haruka já havia se juntado a Otoya e ele já tivera tempo de explicar a ela o motivo de eles não poderem ficar junto dos amigos.

- Parece que eles estão se divertindo. - Observou ela.

Otoya deu de ombros, continuando a comer.

- Parece até que você está zangado com ele.

- Eu estou.

- Por que?

- Porque Tokiya fala demais. - Respondeu uma voz atrás dela. Era Hayato, que havia acabado de descer.

- Ichinose-kun, bom dia. - Cumprimentou a moça.        

- Bom dia.

Otoya se levantou para ajudá-lo a se sentar, mas ele recusou.

- Eu estou bem melhor hoje. - Ele se sentou com uma careta de dor. - O que tem pra comer?

- O de sempre. - Respondeu Otoya. Seu tom era levemente azedo, ao contrário do habitual. Os outros dois se olharam, surpresos, e Otoya percebeu sua grosseria. - Desculpem, eu não quis ser grosso.

- Não, tudo bem. - Respondeu Hayato.

Na verdade, ele estava mal humorado porque queria estar na outra mesa, junto de todos os amigos, com Tokiya ou sem Tokiya, ele não se importava. Mas o plano nunca daria certo se ele mesmo não cumprisse sua parte. Ele se amaldiçoou por se importar tanto com o Ichinose.

- Opa. Estou captando umas energias negativas por aqui. - Brincou Hayato.

Ele se inclinou e colocou as duas mãos acima da cabeça do Ittoki e fez alguns movimentos circulares com as mãos, fazendo Haruka rir.

-     Um encanto vou lançar, 
                naquele que emburrado está.
                Pois um sorriso eu quero ver nascer, 
                tão lindo quanto o amanhecer.
                Otoya, Otoynha 
                se gostou dessa rima, dê uma risadinha.

Otoya bem que tentou segurar o riso. Ele tentou mesmo. Mas ele fracassou lindamente em sua tentativa e caiu na gargalhada, levando Hayato e Haruka a rirem também.

- Desculpa... - Disse ele enxugando os olhos.

Hayato balançou a cabeça, dispensando o pedido de desculpas. Ele preferia esse Otoya, sorridente, ao invés do preocupado e carrancudo que estivera ali há pouco.

- Mas vem cá... - Continuou o ruivo. Um sorriso brincalhão moldava seus lábios. - Conta pra gente, não é você que escreve as suas músicas né?

- Hum? Sou sim, por que?

- "Otoya Otoynha, se gostou dessa rima dê uma risadinha"?

Ele voltou a cair na gargalhada. Hayato lhe deu um safanão na cabeça, fingindo estar zangado.

- Você não aprecia uma boa rima.

- Mas ficou bem estranha mesmo. - Concordou Haruka.

- Vocês dois estão conspirando contra mim? A minha rima é maravilhosa, ouviram?

- Claro, claro. - Respondeu Otoya. - Ó deus das rimas perfeitas.

Ele e Haruka fingiram reverenciá-lo.

Com o canto do olho, Haruka percebeu que Tokiya os encarava e seu olhar foi instintivamente atraído para ele. Ela o encarou e pode perceber a carranca que se fazia em seu rosto. Otoya percebeu seus olhares em direção a outra mesa.

- O que foi, Nanami?

- Ele não para de olhar para cá.

Sem discrição, Otoya se virou e flagrou o olhar do outro.

- Deve estar cuidando de Hayato.

O Ichinose bufou.

- Ele pode estar cuidando de qualquer coisa, menos de mim.

Otoya e Haruka se entreolharam. Então Otoya se inclinou e colocou as duas mãos acima da cabeça de Hayato, imitando seus movimentos de antes. Antes mesmo de começar, os três já estavam rindo novamente.

oOo

Eichi estava furioso. Da sua mesa, ele observava com os dentes cerrados Tokiya brincando com os amigos. Desde que chegara, o Ichinose ainda não o havia procurado, isso o estava intrigando. Seria isso um indicativo de que ele estava tentando se livrar dele? Estaria ele rompendo a "amizade"? Na verdade, ele não sentia nenhum tipo de empatia por Tokiya, sua "amizade" era apenas interesse em conseguir acabar com a concorrência. Ele faria de tudo para ser a estrela suprema da agência e provar para o pai que não dependia dele.

Seu pai era concorrente da Shining, agência fundada e administrada por Shining Saotome, diretor da escola onde estudava. A agência de seu pai era quase tão famosa quanto esta e havia descoberto inúmeros talentos da música, era mais do que natural que Eichi quisesse que o pai patrocinasse sua carreira. Mas seu pedido fora veementemente negado por ele. Foi-lhe dito que, se Eichi quisesse mesmo ser um ídolo, teria que brilhar por mérito próprio. Então ele decidiu que faria sua estreia através da maior rival de seu pai, mas para isso teria que eliminar possíveis ameaças.

E o Starish era uma grande ameaça.

Ele sorriu de forma medonha ao relembrar a ideia de Nagi na noite anterior. Se Tokiya estava achando que era tão fácil se livrar dele, estava muito enganado.

Ele esperou a turma se dissipar e o Ichinose ficar sozinho com Natsuki. De longe, o seguiu até que ele ficasse sozinho. Quando passaram pela entrada dos banheiros, Eichi o segurou pelo braço e o puxou com tudo para dentro. 

- O q-

O susto de Tokiya só não foi maior do que daqueles que já estavam dentro do banheiro, que os olhavam de olhos arregalados e expressões surpresas.

- O que você pensa que está fazendo?! - Esbravejou o Ichinose.

- Essa pergunta é minha, não acha?

- Do que você está falando? - Tentou desconversar.

Eichi o segurou pelo colarinho, colocando-o contra a parede. Os outros ocupantes do banheiro fingiram que não viram nada e saíram sem alarde.

- Não se faça de idiota, Ichinose. Eu vi a "festinha" de vocês ontem. Você não está me traindo, está?

- Te traindo? Falando assim até parece que temos um caso. - Debochou. - Até onde eu saiba, nós não temos acordo nenhum.

O sorriso diabólico do Otori arrepiou os cabelos da nuca de Tokiya.

- Não temos acordo nenhum? Será que você se esqueceu de todas as informações sobre eles que você vem me passando todo esse tempo? Ou você prefere que eu desenterre algum segredo do seu irmãozinho pra se lembrar disso?

- Não se atreva!

O sorriso no rosto do Otori morreu, dando lugar a uma máscara cruel e implacável. Tokiya quase desejou que ele sorrisse novamente.

- Ainda acha que precisamos de acordo?

Ele balançou a cabeça negativamente.

- Então explique. - Ele o soltou.

- Eu também não sei. - Respondeu enquanto desamassava a gola da camisa. - Eles começaram a me tratar assim de repente, não sei o que tá acontecendo.

Eichi o olhou com desconfiança por um longo tempo, mas concluiu que Tokiya não tinha motivos para mentir. Se o fizesse, o único prejudicado seria ele mesmo.

- Tá ok. Mas eu quero que você prove que não está mentindo.

- Provar como? Quer que eu arraste um deles pra cá e torture até contar o que tá rolando?

- Não seria uma má ideia. Mas não, o que tenho em mente é diferente. Você sabe que o Jinguji e o Hijirikawa têm um romance, não sabe?

Todo mundo sabia, negar seria se entregar ao inimigo. Ele assentiu.

- Você sabe que eles estão quebrando regras da escola, já que eles querem estar no mesmo grupo quando se formarem. - Ele assentiu novamente. Não estava gostando do rumo daquela conversa. - Eu quero algo que prove esse romance. Uma foto, pode ser, em um momento íntimo deles, mas tem que ser algo que não deixe dúvidas, entendeu?

- O que você vai fazer com isso?

- O que você acha?

Tokiya o olhou horrorizado quando entendeu o plano dele.

- Você vai expor eles. Fazê-los decidir entre o romance ou a carreira. - Isso era a cara do Otori. Seu sorriso macabro confirmou suas palavras. - E se eu não conseguir?

- Então eu vou expor você. - Tokiya arregalou os olhos. - Eu vou contar pra eles tudo o que você tem me contado todo esse tempo e então vamos ver se eles vão querer fazer uma festinha pra você depois disso.

Tokiya ficou petrificado. Durante todo o tempo em que contara coisas ao Otori, ele sempre dava um jeito para que ninguém fosse prejudicado. Mas ele achava que os amigos não iam acreditar nisso.

- Faça isso e eu vou acreditar que não tenho motivos pra prejudicar o seu irmão. Eu te dou uma semana.

E saiu.

oOo

Natsuki seguia para a sala quando foi parado por um grito estridente.

- Natsukiiiii!!

O loiro olhou para trás e deu de cara com Syo, parado no fim do corredor, suado, ofegante e branco como um papel.

- Syo-chan! - Ele correu até o menor. - O que aconteceu? Você está passando mal?

- Precisamos conversar em outro lugar. - Ele pegou a mão do Shinomiya e o conduziu pela escola, até seu local secreto, um depósito de livros que era pouco usado e sempre estava trancado. É claro que ele tinha dado um jeito de fazer uma cópia da chave quando teve oportunidade. Agora aquele lugar era o refúgio do grupo, para quando precisavam conversar longe de olhares curiosos, como era o caso.

- Senta. - Pediu o menor.

- Syo-chan, o que aconteceu? Estou preocupado.

- Acredite, você vai querer estar sentado.

Natsuki se sentou, sério.

- O que houve?

- Eu estava no banheiro, e ouvi uma conversa entre o Otori e Tokiya. Eu... não acredito que ele fez isso!

Syo passou as mãos no cabelo, transtornado. Natsuki colocou suas mãos em seus ombros.

- Se acalme. Sente aqui. - Natsuki sentou-o do seu lado. - O que você escutou?

- Tokiya tem contado nossos segredos pra ele!

- Não é possível. Tokiya não faria isso.

- Ele fez, eu ouvi. Otori disse que quer uma prova de que ele não o traiu, quer uma foto que comprove o envolvimento de Ren e Masato pra acabar com o namoro deles!

- Então ele está chantageando Tokiya?

Syo não tinha pensado por esse lado.

- Tecnicamente falando, sim. Mas-

- Então nós temos que ajudar Tokiya a se livrar da chantagem!

- Quê? Não, não, não! Presta atenção, Natsuki, Tokiya está contando coisas sobre nós pra ele! Esse é o ponto aqui, entendeu? Ele não estaria sendo chantageado se nunca tivesse dito nada, pra começar.

O Shinomiya ficou pensativo, a mão no queixo.

- E se ele fazia isso no começo, se arrependeu e está tentando achar um jeito de se livrar dele? Ele pode estar precisando de nós. Não vai ser uma chantagem se conversarmos com ele e ele confessar que está arrependido, não é?

Syo bateu na testa. Natsuki sempre via o lado positivo das pessoas.

- Certo, vamos supor que o convençamos a confessar. Se ele sobreviver ao Ranmaru e o Camus, acha que alguém mais vai confiar nele algum dia?

Natsuki estava em conflito. Ele gostava de Tokiya e não achava que ele havia feito o que fez por mal.

- Isso acabaria com todos os esforços do Otoya... Eu não suportaria ver a decepção dele.

- Eu sei, também pensei nisso.

- Qual seria a sua ideia então?

Os ombros de Syo caíram.

- Eu não sei o que fazer. - Confessou.

- Vamos ficar de olho nele. Não vamos dar oportunidade de ele ficar sozinho e conseguir a foto que o Otori pediu. Ele deve desistir se ficar muito difícil.

O Kurusu já estava balançando a cabeça antes mesmo dele terminar de falar.

- O Otori deu uma semana pra ele. Se ele não conseguir, vai contar pra nós que Tokiya é um traidor.

- Então o que vamos fazer, Syo-chan?

- Eu... eu vou tentar conversar com ele depois. Ver quais são as intenções dele e tentar convencê-lo a parar com isso.

oOo

Otoya percebeu que Masato esteve distraído e cabisbaixo a manhã toda. Na hora do almoço, esperou todos saírem e se aproximou do amigo.

- Masa, tá tudo bem?

O azulado suspirou.

- Tá tão óbvio assim?

Otoya assentiu. Masato passou a mão nos cabelos, bagunçando-os.

- Eu preciso fazer uma coisa que eu não quero. Isso tá me deixando louco.

Otoya se sentou na cadeira à sua frente.

- Tem algo a ver com o seu pai?

Foi a vez de Masato assentir.

- Ele quer que eu troque de quarto...

- Por que?

- Ele não gosta do Ren... Ele descobriu sobre a sexualidade dele sabe-se lá como e ficou o fim de semana inteiro me infernizando com isso!

- Mas qual o problema com a sexualidade do Ren?

- Ai, ai... Continue sempre assim, Ittoki.

O ruivo o olhou interrogativamente.

- Como assim?

- A questão é que ele não quer que Ren "me leve pro mal caminho".

Otoya riu.

- Ele não sabe que você já está no mal caminho?

- Não. E eu não tenho coragem de contar. Não depois de descobrir que ele "prefere um filho morto do que homossexual".

- Ele falou isso?

- Falou...

- Que horror.

- Eu sei que ele vai arrumar um jeito de checar se eu troquei de quarto ou não, então eu não tenho alternativa... Mas Ren vai ficar tão bravo... Eu não sei de quem eu tenho mais medo.

Otoya pensou rapidamente em uma solução.

- Você pode trocar comigo. Podemos fazer de conta que fui eu que pedi, pra fugir do Tokiya.

- Tem certeza? - Os olhos de Masato brilharam de esperança, e Otoya não teve como não rir.

- Claro! Pode ficar tranquilo, eu confirmo caso o Ren me pergunte alguma coisa.

- Obrigado, Otoya!

- Não é nada. Além disso, dividir o quarto com Tokiya é muito estressante. Ele é muito bipolar, tem horas que parece que quer me beijar e horas que não posso falar um "a" que ele explode. Às vezes tenho vontade de jogar ele no lago com um bloco de concreto amarrado no pé.

- "Tem horas que quer me beijar"? Como assim?

Otoya ficou da cor do seu cabelo.

- Eu disse "parece que quer me beijar".

- O que você não ficaria nem um pouco chateado se acontecesse, não é? - Ele ficou ainda mais vermelho. Se Masato soubesse que eles já tinham se beijado... - O que é que você está me escondendo, Otoya Ittoki? - Perguntou com um sorriso cheio de malícia.

- Nada! - Ele se levantou como se tivesse sido picado por um inseto. - Vamos logo, eles já devem estar esperando você.

oOo

Tokiya estava estressado. Nem conseguiu almoçar direito e ele sabia que os amigos tinham percebido sua mudança de humores. Aliás, a forma com que os amigos o tratavam ainda o intrigava. Ele ainda achava que isso era obra de Otoya, mas não tinha como confirmar.

No fim das aulas, ele estava cansado, mal humorado e faminto. A única coisa que queria fazer nesse momento era jantar e dormir.

Enfrentar a multidão a caminho do dormitório não ajudou a melhorar o seu humor. Ao entrar no quarto, Otoya já estava lá, se trocando. Seu peito estava despido e em suas costelas havia um grande machucado que tinha o mesmo tom de roxo que seu rosto. Então Otoya se virou e o viu parado à porta.

- Tokiya?!

Ele tentou se cobrir, mas Tokiya encerrou a distância entre eles a passos largos e segurou seu braço, impedindo que ele fugisse.

- Que machucado é esse!?

Otoya puxou o braço, sem conseguir se soltar.

- Não é nada de mais. Me solta!

- Não. Você está todo machucado, quem fez isso com você!?

Otoya desviou o olhar.

- Não foi ninguém. Por favor... - Suplicou.

- Não vai me dizer que caiu da escada né?

- Claro que não. Nem eu sou tão idiota assim. Foi só um acidente, nada de mais.

Nesse momento, a porta se abriu, interrompendo-os. Os dois se assustaram ao ver Syo parado, estático, olhando para os dois de forma surpresa.

- O que você tá fazendo com o Otoya?

Tokiya olhou para suas mãos e soltou Otoya rapidamente, e este aproveitou para se vestir antes que Syo também visse seu machucado.

- Não é o que parece.

- É verdade. - Defendeu-o Otoya. - Ele não fez nada.

Como Otoya confirmou, Syo acreditou em suas palavras.

- Otoya, eu preciso falar com Tokiya. Pode nos deixar sozinhos?

Os dois o olharam interrogativamente.

- Hã... Claro.

Tokiya teve um mal pressentimento quando Otoya deixou o quarto.

- O que foi?

Durante as aulas da tarde, Syo ficou pensando em diversas formas de conversar com Tokiya sem ser espancado por ele. Decidiu que a melhor forma era ser direto, sem rodeios.

- Hoje de manhã eu escutei a sua conversa com o Otori.

Tokiya levou exatos 5 segundos para entender a que ele se referia. Quando a ficha caiu, seu coração bateu como louco e a cor sumiu do seu rosto.

- Ah não! Aquele idiota! - Praguejou. Ele se dirigiu à janela. - Veio querer saber se é verdade tudo que você ouviu pra poder ir correndo contar pros outros?

- Eu não vou fazer nada disso. Eu quero saber o que você pretende. Vai dar a ele a prova que ele quer?

- E eu tenho escolha?

- Já pensou em recusar?

- E dar a ele o prazer de espalhar por aí o que eu fiz? Eles vão me esfolar vivo.

- Ah, isso com certeza. - Tokiya levantou uma sobrancelha. - Mas devem haver outras opções.

- Se encontrar uma me avisa, porque eu não tô vendo.

Syo suspirou.

- Por que você fez isso, Tokiya? Por que nos traiu?

A palavra "traiu" atingiu Tokiya como uma facada.

- Você não entenderia. Ninguém me entende.

- Também, você não explica!

- Foi numa época que eu estava magoado com vocês. Na verdade, eu não lembro direito. Ele chegou como quem não quer nada e quando eu vi já estava nessa furada!

Syo bateu na testa.

- Você só dá trabalho, francamente.

- Desculpe.

- Olha, ele sabe pedir desculpas. - Debochou.

- É sério. Eu não queria ter feito nada disso.

- Por que será que eu não consigo acreditar?

O Ichinose deu de ombros.

- Acredite no que quiser. Você vai me ajudar ou não?

- A trair Ren e Masato?

Tokiya revirou os olhos.

- Claro que não, idiota. Me ajudar a sair dessa sem prejudicá-los.

- Vou pensar em algo. Até lá, não se atreva a agir sozinho. Prometa.

- Você confia mesmo em mim.

- Prometa!

- Tá bom, eu prometo!

- Até que tomemos alguma decisão, Natsuki e eu vamos ficar de olho em você.

O moreno bufou.

- Claro que você tinha que ter contado pra ele.

- Lógico que eu contei pra ele. Eu precisava contar pra alguém, melhor ele do que o Camus.

Tokiya teve que concordar.

- O fato é que vamos vigiar você. Se você sair um dedinho da linha, você não vai precisar se preocupar se o Otori vai nos contar seu segredo ou não, porque eu mesmo vou contar.

Dizendo isso, o menor saiu a passos duros.

- Por que não mais uma chantagem pra encerrar o dia?

E se jogou na cama. Poucos instantes depois, Otoya voltou acompanhado de Masato. Este último trazia nos braços um punhado de cobertas dobradas e um travesseiro. Ele olhou com curiosidade o Ittoki retirar as próprias cobertas da cama e dobrá-las.

- O que você está fazendo? - Não resistiu à curiosidade.

- Masato e eu estamos trocando de quarto. - Declarou.

- Por que?

- Por que você acha? - E lhe deu as costas, voltando a reunir alguns de seus pertences pessoais.

Claro que ele sabia. Otoya estava bravo o suficiente com ele a ponto de querer trocar de quarto.

Tokiya pensou. Talvez não fosse tão ruim essa troca, desse modo, Ren e Masato passariam menos tempo juntos e não dariam a ele oportunidade de fotografá-los.

- Ren sabe dessa troca? Ele não vai chegar aqui furioso porque não sabia de nada, não é?

- Eu contei pra ele. - Respondeu Masato.

- E como ele reagiu?

- Como você acha?

Tokiya levantou uma sobrancelha.

- Eu sei lá. Por acaso tenho cara de adivinha?

Ele olhou de um para outro esperando uma resposta, mas nenhum dos dois se deu o trabalho de fazê-lo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado dessa grande reviravolta. A história finalmente está tomando o rumo que eu queria e talvez tenha sido isso que me inspirou a escrever rápido hehe Vamos rezar pra essa inspiração permanecer comigo kkkkkkkk
Se curtiu, deixe um comentário pra eu saber ;)
Até a próxima, minna!
Beijos da Hime <3


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