Quase duas semanas se passaram. Nathaniel me ajudou a ver alguns apartamentos pequenos e baratos para que eu alugasse, mas não cheguei a escolher um ainda.
- Aqui não é bom? Pequeno e aconchegante, mobiliado, aluguel barato, é perto do centro, do colégio... - senti os braços do loiro envolverem minha cintura por trás enquanto eu olhava a vista pela janela - Da sua mãe...
Suspirei, virando-me de frente para ele e segurando seu rosto em minhas mãos.
- Hora errada? - ele disse me fazendo rir fraco.
- Você tem razão, é perto de tudo mesmo - dei um selinho nele e apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Então... Já decidiu? - perguntou e eu assenti - Tudo bem, vou falar com o...
- Nath, deixa que eu resolvo isso - afastei minha cabeça de seu ombro, olhando-o nos olhos.
- Você sabe que isso não é problema nenhum pra mim, não é? - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Sim, mas pra mim também não.
Ele pareceu pensar por um tempo.
- Dividimos o aluguel, então - concluiu - Desse jeito ninguém sai triste.
Concordei com ele, me aconchegando novamente em seus braços.
[...]
Fui para o colégio normalmente no dia seguinte, porém, dessa vez com uma preocupação: o prazo de entrega do trabalho de artes estava chegando ao fim.
- Ei, terra para Chloe! - Rosalya estalou os dedos perto do meu rosto, me fazendo "acordar".
- Oi, Rosa, desculpa. O que você disse?
- Está acontecendo alguma coisa, Chlo? - ela perguntou preocupada.
- Não, nada - dei um sorriso fraco.
Ela me olhou desconfiada, mas continuou a falar.
- Então, esse seu lance com o Nath tá sério mesmo, né? - perguntou com um sorriso malicioso. Revirei os olhos, me arrependendo de ter contado para ela sobre o apartamento.
- Não começa, Rosa.
- Ok, ok - levantou as mãos em sinal de rendição - Mas você sabe que uma hora ou outra eu vou querer saber o que tá rolando.
Eu desviei o olhar. Eu não poderia falar para ela sobre uma coisa que nem tinha ficado tão sério ainda.
- Mudando de assunto, parece que o pai do Kentin tá aí no colégio.
- Você acha que ele vai pedir uma transferência pro Kentin? - perguntei, mesmo sabendo da resposta.
- Bom, não teria outro motivo para ele estar aqui, se não fosse isso - Rosalya deu de ombros, triste.
- Fico pensando em como ele deve estar agora... Ele finalmente teve alguma coragem para "se assumir" na nossa frente e de cara já acontece isso.
Aproveitei que o sinal para ir embora havia tocado e saí da sala. Andei pelos corredores indo em direção à sala da diretora e parei ao lado da porta, tentando escutar algo.
- Senhora, eu deixei meu filho num colégio militar para tornar-se um homem. Não vou deixar todos esses meses irem por água a baixo por causa de más influências nessa escola. - o pai de Kentin falou.
- Sinto muito que as coisas tenham chegado a esse ponto, senhor Giles. Vou preparar tudo o que for necessário, não se preocupe.
Eles falaram sobre outra coisa, mas eu não consegui ouvir. A maçaneta virou e eu rapidamente saí de frente da porta, fingindo estar mexendo em um dos armários.
O pai de Kentin me olhou feio e saiu pelos corredores, Kentin estava atrás dele com um olhar triste.
Fui atrás deles até a saída, Rosalya e Alexy já estavam me esperando. Alexy parecia estar tão triste quanto Kentin, isso era bem vísivel.
- CALA A BOCA! - escutamos alguém gritar e nos viramos, dando de cara com um casal que estava discutindo na calçada. A mulher estava chorando, e o cara parecia estar bem irritado. Ele continuou gritando com ela, até que os gritos e broncas se tornaram algo mais violento.
Kentin foi até eles, pedindo para que o cara se afastasse da mulher.
- Tá achando que você é quem, garoto?! Sai daqui antes que sobre pra você também - disse e deu um empurrão em Kentin, que não deixou aquilo passar, dando um soco no homem.
- Eu acho que é você quem deveria sair daqui - Kentin falou e o homem foi na direção dele, revidando. Logo os dois começaram a brigar.
- Ei, chega! - uma outro homem chegou, os separando. Ele aparentava ter uns 50 e poucos anos - Francamente, Victor. Estou decepcionado com você - disse enquanto balançava a cabeça em negação - Vamos embora logo antes que eu chame a polícia.
O homem parecia respeitá-lo, pois mesmo com raiva, o seguiu. A garota ainda estava ali, mas não estava mais chorando.
- Eu nem sei como te agradecer - ela disse para Kentin, que deu um sorriso fraco - Você foi muito corajoso.
- Não foi nada, eu só queria ajudar.
- Kentin, vamos embora. Chega de confusão por hoje. - o senhor Giles aproximou-se dos dois, com sua típica voz ríspida.
- É raro ver alguém realmente disposto a ajudar numa situação dessas... - ela olhou para o pai de Kentin - Parabéns, seu filho é um grande homem!
O senhor Giles pareceu ficar mexido com aquelas palavras. Ele foi até seu carro que estava estacionado do outro lado da rua e chamou o Kentin, entrando no veículo em seguida.
- Bom, é isso... - Kentin se despediu da gente, ainda triste. Alexy o abraçou forte e logo ele partiu com seu pai.
Senti uma mão em meu ombro e me virei para ver de quem era, dando de cara com Lysandre.
- Ah, oi - o cumprimentei - Eu queria mesmo falar com você.
- Bom, nós já vamos indo, Chlo - Rosalya e Alexy me abraçaram - Boa sorte com o apartamento! - disseram antes de ir.
- Você queria falar comigo sobre o trabalho, suponho - Lysandre disse e eu assenti - Eu também. A entrega é para amanhã, não é?
- Sim. Olha, eu não sei se vamos poder fazer na minha casa. Eu posso ir na sua para fazermos?
- Claro, te espero lá - ele sorriu e deu meia volta, virando a esquina.
- Te dou um beijo se você adivinhar o que tem dentro do meu bolso - escutei uma voz masculina sussurrar em meu ouvido.
- Um beijo? - arqueei uma sobrancelha virando-me de frente para o loiro que tinha um sorriso largo e encantador em seus lábios.
- Ok, quantos você quiser - riu - Mas tem que adivinhar.
- Ah não, não me diz que... - eu o olhei e ele tirou dois chaveiros com uma chave do seu bolso - Eu não acredito! Você disse que só conseguiria pegar as chaves semana que vem!
- Eu dei meu jeito - me deu um selinho - Gostou da surpresa?
- Claro que sim - sorri - E quando nós vamos poder ir?
- Quando você quiser.
Suspirei, aliviada. Pelo menos essa parte dos meus problemas já estava resolvida. Castiel não iria mais nos atrapalhar.
[...]
Chamei Lysandre para vir no meu apartamento, já que eu não precisava mais ficar fugindo da minha própria casa. Não demorou muito até ele chegar.
- Oi, pode entrar - abri mais a porta para que o platinado entrasse.
- Uau, seria estranho se eu dissesse que é a sua cara? - ele perguntou deixando a mochila no sofá. Fechei a porta rindo antes de ir até ele.
- O Nathaniel disse a mesma coisa - falei sem pensar. Lysandre me olhou confuso.
- Vocês dois estão mesmo juntos? - ele questionou com a testa franzida.
- Eu acho que não estamos aqui para discutir minha vida amorosa - falei sentando no sofá - O que temos aí?
Lysandre suspirou e sentou-se no chão, do outro lado da mesinha de centro.
- Como o assunto é algo que seja importante... Me diga se não gostar da ideia, mas eu pensei em desenharmos algo relacionado à música - Lysandre falou e eu pensei na ideia.
- Parece bom - sorri - Sim, vamos fazer isso.
Ele pareceu se animar e decidimos fazer apenas um desenho para nós dois, já que o assunto era o mesmo. Acabamos tendo que nos sentar perto um do outro, para nos ajudarmos.
Ficamos a tarde toda no desenho, e até que não ficou ruim. Já estava de noite quando terminamos.
- Ficou perfeito - falei enquanto admirava o desenho. Realmente tinha ficado bom - Considerando que eu não sei desenhar, claro.
- Não tanto quanto você... - eu o olhei e ele pareceu não acreditar no que havia dito - quer dizer, eu...
- Lysandre... - ele me encarou. Eu me afastei um pouco dele, mas ele se reaproximou - Eu acho melhor você ir agora.
- Quer saber? Eu não estou nem aí pro representante - eu o olhei confusa.
- Espera, o que...?
Eu não pude terminar de falar. O Lysandre se aproximou rapidamente de mim, juntando nossos lábios. A porta se abriu e eu o empurrei.
- Estou atrapalhando? - olhei para Nathaniel que estava parado nos olhando com os braços cruzados.
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