Segunda-feira. Como eu amo esse dia.
Espreguicei-me na cama ainda com bastante sono, o pessoal tinha ido embora bem tarde ontem. Abri os olhos com má vontade e esperei até me acostumar com a claridade do quarto.
- Bom dia, dorminhoca. - ouvi a voz do Nathaniel, que já estava de pé arrumando o cabelo em frente ao espelho.
- Bom dia. - murmurei. Ainda me sentia cansada, mas infelizmente as provas começariam hoje e eu não posso me dar ao luxo de faltar nenhuma delas.
- Sua mãe ligou ontem depois que você dormiu... - o loiro se aproximou da cama, sentando ao meu lado. Eu o encarei um tanto preocupada.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, ela só queria saber de você. - disse e eu suspirei aliviada. - Ela sente sua falta.
Encarei o teto por alguns segundos. Eu também sentia a falta dela, mas infelizmente não posso voltar a morar com Castiel.
Nathaniel apenas me deu um selinho e foi terminar de se arrumar, me deixando imersa em meus pensamentos.
*
- Eu não acredito que consegui responder todas aquelas questões. - disse assim que Rosalya e eu entramos no refeitório.
- Também, depois do tanto que estudamos ontem, era o mínimo que merecíamos! - Rosalya falou enquanto escolhia um sanduíche. Colocamos tudo o que íamos comer nas bandeijas e fomos até uma mesa, logo os outros começaram a chegar aos poucos.
- Vocês estão com uma cara ótima! - íris falou assim que se sentou na mesa juntamente com Priya.
Olhei para a entrada do refeitório e percebi que Armin estava olhando para nossa mesa, mas deu meia volta assim que seu olhar se encontrou com o meu. Será que ele estava arrependido?
- Chloe, está tudo bem? - Nathaniel levou uma de suas mãos até meu ombro.
- Está sim, eu só... Acho que esqueci meu celular na sala, vou lá buscar.
Nathaniel assentiu ainda meio hesitante e eu levantei, indo em direção aos corredores. Andei até o final, encontrando Armin sentado nas escadas com seu psp na mão.
- Que droga! - reclamou enquanto desligava seu jogo com raiva, guardando-o bruscamente no bolso da sua calça. - O que você está fazendo aqui? - perguntou após virar a cabeça em minha direção, finalmente notando minha presença.
- Vi que saiu do refeitório assim que me viu. Eu achei que já estava tudo explicado sobre...
Armin apenas começou a rir, não me deixando sequer terminar de falar o que eu queria e levantou-se em seguida, ficando frente a frente comigo.
- Chloe, o Nathaniel é seu namorado. - disse ironicamente - Ele inventaria qualquer coisa pra te proteger. - revirou os olhos, levando a mão direita até a cintura.
Eu o olhei incrédula, ele realmente havia dito aquilo para mim?
- Escuta aqui... - continuou, mas eu reagi, interrompendo-o.
- Escuta aqui você. - levantei uma de minhas mãos, levando meu dedo indicador até seu peito. - Eu não tenho culpa se você é um covarde e não conta sobre seus sentimentos para a Íris, então não seja babaca descontando todo esse ressentimento em mim. Você sempre fez questão de bater no peito pra dizer o quão homem é, mas saiba que o que está fazendo não é ser homem, Armin. Você está sendo apenas um idiota mal amado.
Ele pareceu ficar surpreso com o que eu disse e com o tom de voz que usei para falar. Não esperei resposta, apenas dei meia volta e saí dali, deixando-o sozinho. E eu achando que ele estava arrependido...
Fui direto para a sala que aconteceria a última prova do dia, e por mais que eu estivesse irritada, sabia que uma hora essa raiva se tornaria tristeza.
*
- Chlo, está tudo bem com você? - escutei a voz do Alexy atrás de mim.
- Está sim, Alexy. - respondi terminando de guardar minhas coisas.
- Percebi que você e meu irmão não estão nada bem...
Suspirei antes de me virar e responder.
- Desculpa, Alexy, mas seu irmão é um babaca!
- O que ele fez?
- Não se preocupe com isso. Eu vou indo agora, nos vemos amanhã. - dei um beijo em sua bochecha e saí sem dar chance de ele responder.
*
A semana passou sem muitos acontecimentos, as provas me deixavam cada dia mais cansada e o mesmo acontecia com Nathaniel, o que fez com que nos afastassemos um pouco. Mas felizmente amanhã tudo chegaria ao fim.
Senti meu celular vibrar debaixo do travesseiro, o que me fez resmungar baixinho contra o tecido que cobria o colchão.
Peguei o aparelho e atendi a chamada sem sequer ver quem estava ligando, eu apenas queria mandar essa pessoa para um lugar bem longe e voltar a dormir.
- Chloe, eu preciso da sua ajuda.
- Priya? Aconteceu alguma coisa?
- Desculpa ligar assim do nada, é que eu realmente preciso de você. Eu acho que sei quem compartilhou a foto da Íris.
*
- Ambre?! Mas por que ela faria isso? - perguntei enquanto tentava acompanhar Priya, que andava de um lado para o outro em seu quarto.
- Não faço ideia, mas eu tenho andado de olho nela nesses últimos dias, e quando ela estava mexendo no armário, percebi que tinha um celular muito parecido com o de Íris lá.
- Mas o celular não estava nas minhas coisas? - perguntei confusa.
- Sim, mas depois que fomos embora Íris acabou dando bobeira e o celular acabou sumindo de novo. O que significa que o culpado está bem perto de nós...
- E você quer o que, exatamente?
- Eu preciso da sua ajuda, Chloe. Você é a melhor pessoa que conheço que sabe entrar e sair dos lugares sem ser notada. - Priya sentou ao meu lado na cama. - Por favor, eu não aguento mais ouvir as piadinhas sobre a Íris nos corredores.
- Tudo bem. - vi um sorriso de formar em seu rosto. - Mas me diz, como vão as coisas entre vocês duas?
- Eu realmente gosto dela. Não consigo passar um dia sequer sem pensar em sua voz, seu cheiro, seus toques... Tudo nela é tão perfeito. - sorriu boba.
- Você realmente se apaixonou. - brinquei e ela apenas riu.
Esperamos mais algum tempo e quando anoiteceu, fomos até o colégio. Entramos pelos fundos e conseguimos passar pelo segurança sem sermos pegas.
Passamos pelos armários até finalmente chegar ao de Ambre, e quando já estávamos frente à ele, Priya hesitou por um momento.
- Ei, o que houve? - perguntei, tirando-a do transe.
- Eu não sei o que sou capaz de fazer se realmente for ela... - suspirou. - Eu nunca vi uma pessoa sofrer tanto como Íris sofreu essa semana. Eu nunca me senti tão culpada em toda a minha vida!
- Vai ficar tudo bem, Priya. Nós vamos deixar o celular aí e contar a diretora, ela saberá o que fazer. - falei e Priya apenas assentiu, pegando o clipe em suas mãos e abrindo o cadeado após alguns segundos.
- Você é realmente boa nisso! - a elogiei e ela sorriu. Liguei a lanterna do meu celular e apontei diretamente para a parte de dentro do armário.
Priya ficou remexendo por alguns minutos, até que finalmente parou.
- E então, achou alguma coisa? - perguntei assim que percebi que ela estava parada há um tempo.
Ela não respondeu, apenas tirou do fundo do armário um celular, o qual imediatamente reconheci ser de Íris.
- Eu vou matar aquela patricinha mimada! - Priya disse com os punhos cerrados.
- Eu te ajudo nisso! Mas você tem que deixar o celular aí. - falei e ela fez o que pedi.
Fechamos o armário e seguimos lentamente pelos corredores, percebi que Priya estava um pouco inquieta, o que acabou chamando a atenção do segurança que estava do lado de fora.
- Vem comigo! - peguei em sua mão e fomos até o jardim. Me escondi atrás de uma árvore e ela atrás de outra mais afastada.
Vi a lanterna iluminar a parede ao meu lado, o que fez meu coração acelerar. Eu não podia ser pega ali de jeito nenhum.
- Ratos idiotas. - ouvi o segurança dizer assim que virou a lanterna par ao outro lado, indo embora do jardim. Soltei todo o ar que eu estava segurando.
- Essa foi por pouco! - Priya sussurrou andando em minha direção. - Desculpa, se eu tivesse ficado quieta...
- Shh, ele já foi. Agora vamos antes que ele resolva vir atrás dos "ratos" de novo. - disse fazendo-a rir fraco.
Priya assentiu e conseguimos sair do colégio sem mais problemas.
*
- ESTAMOS LIVRES! - Alexy gritou assim que fomos liberados da última prova da semana. O corredor estava bem movimentado, aparentemente os outros alunos estavam loucos para irem pra casa também.
- Nem me fale, Alexy. Eu preciso de um fim de semana bem relaxante para me recuperar dessas provas! - Rosalya respondeu e eu apenas ri de todo o drama que ela estava fazendo.
- Onde está o Nath, Chlo? - Alexy perguntou e eu apenas dei de ombros. Logo o avistamos saindo do grêmio com uma enorme caixa de papelão cheia de decorações dentro dela.
Rosalya acenou para ele, que veio até nós e deixou a caixa no chão, me dando um selinho em seguida.
- Como foram as provas? - perguntou passando um de seus braços em volta de minha cintura.
- Nem consigo acreditar que finalmente acabou! - Rosalya respondeu soltando um suspiro aliviado em seguida. - O que são essas coisas?
- Decorações para o baile de formatura. - respondeu sorrindo. - Estou levando para o ginásio, vou começar a preparar tudo hoje.
- Podemos ajudar! - Alexy se ofereceu e Rosalya concordou.
- Tudo bem, a Alexa já está esperando eu chegar com as coisas. - Nathaniel falou e eu não pude deixar de revirar os olhos ao ouvir o nome da garota ser pronunciado.
Rosalya me olhou como se estivesse lendo meus pensamentos e abriu um sorriso em seguida.
- Podemos ir agora, então. - Alexy falou - Você vem, Chlo?
- Não, eu passo.
Nathaniel se afastou de mim e pegou a caixa novamente em seus braços.
- Nos vemos mais tarde. - ele beijou minha bochecha e deu meia volta, saindo dos corredores seguido por Alexy.
- Não se preocupa, eu fico de olho nela. - Rosalya piscou para mim antes de sair atrás dos dois.
Dei uma risada fraca, mal podia acreditar que estava realmente com ciúmes.
- Ei. - ouvi uma voz masculina atrás de mim e me virei, dando de cara com Castiel. - Está tudo bem?
Apenas assenti com a cabeça e fechei meu armário, me preparando para ir embora o mais rápido possível.
- Espera! - ele pegou delicadamente em meu braço, fazendo-me parar ainda de costas para ele. - Você esqueceu isso...
Virei-me novamente para Castiel, que agora segurava uma fita cassete e um caderno com a capa de couro meio velha.
- Esse caderno... - tentei falar, mas fui interrompida.
- É seu. - estendeu para mim, junto com a fita - Onde estão suas músicas. E essa fita é uma gravação sua cantando uma delas.
- Eu nem lembrava dessa gravação... - sorri fraco enquanto pegava os objetos de suas mãos. Eu sequer havia me lembrado do meu caderno de músicas. - Obrigada.
Ele apenas assentiu e deu meia volta, sumindo em meio aos corredores.
- Finalmente te achei! - Priya veio em minha direção. Ela parecia tensa.
- Vamos? - perguntei e ela apenas assentiu, andando lado a lado comigo em direção à sala da diretora.
Paramos em frente a porta, Priya encarava a pequena parte de vidro que dizia "diretoria" há um bom tempo.
- Está pronta? - perguntei, chamando sua atenção.
- Pronta. - ela suspirou. Levei uma de minhas mãos até a maçaneta da porta e a abri.
- Pois não? - a diretora olhou em nossa direção assim que fechei a porta atrás de mim, deixando sua caneta de lado.
Olhei para Priya que parecia ter congelado e peguei em sua mão, encorajando-a. Ela me olhou de volta e abriu um sorriso fraco.
- Precisamos contar uma coisa muito séria.
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