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História Dr. Pepper - O blazer ficou no elevador


Escrita por: yookione

Notas do Autor


OIII NOVAMENTEEEEE
desculpa mesmo a demora :((((
foram as provas, eu fiquei doida que só a porra e tudo o que eu queria era postar um capítulo novo aqui, mas tava complicado.
Enfim, agora ta aí.

Como sempre, muito muito obrigada pelo carinho <33

boa leitura ^^

Capítulo 10 - O blazer ficou no elevador


Fanfic / Fanfiction Dr. Pepper - O blazer ficou no elevador

 

Sentamos lado a lado para assistir à premiação. Embora eu tente, não consigo soltar sua mão; me deixa nervoso. Há muita gente importante aqui. Gente que eu pensava que nunca iria sequer ver um dia.

Quando a premiação começa, nomes são anunciados um por um, seguidos por uma salva de palmas e discursos. Chanyeol sempre tem algo a falar sobre cada um deles, e nós conversamos juntos, opinando sobre o prêmio e para quem ele deveria realmente ser.

Vez ou outra, vídeos aparecem nos telões, com frequentes homenagens a pessoas que foram muito importantes para a cultura coreana. No mesmo telão, aparecem os nomes de quem está concorrendo em cada categoria.

É tudo muito grande, e, de repente, eu estou com frio.

Por isso, me agarro ao braço de Chanyeol, tentando me aproveitar o máximo do seu calor.

A categoria de melhor escritor é anunciada quase no final da premiação, quando eu já estou com o rosto apoiado no ombro de Chanyeol, louco para dormir, e tentando me esquentar em seu blazer também. Fico pensando se as pessoas em suas casas ainda estão assistindo ou se essa categoria é colocada no final de propósito, pois não é considerada tão importante.

Só que, pensando bem, é Park Chanyeol que está competindo. E ele não é apenas um “escritor qualquer”, ele é um ídolo adolescente.

Com certeza ainda há pessoas assistindo.

Quem informa os candidatos é um escritor chamado Lee Minhyuk. Ele não está competindo esse ano, mas ganhou ano passado, e possui todo o direito de estar com o peito estufado como está agora ao bradar os nomes dos escritores que estão concorrendo.

Percebo o de cabelos vermelhos se empertigar na cadeira com a menção de seu nome, e então faço o mesmo, pensando que já não é mais razoável estar tão calmo com a cabeça em seu ombro. Isso é muito importante.

– Relaxe – cochicho.

Rufem os tambores! Quem será o melhor escritor?

Lee Minhyuk abre o envelope como se estivesse com preguiça, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Eu só gostaria de poder bater o pé ao seu lado e gritar em seu ouvido PARA ABRIR ISSO LOGO.

Vamos, vamos.

– Park Chanyeol!

Meu coração quase pula pela boca ao ouvir seu nome limpo e grandioso. Começo a tremer descontroladamente, escondendo as mãos nos bolsos da calça formal. Embora eu soubesse que Chanyeol seria o escolhido, por ter se destacado dentre todos os outros concorrentes, eu ainda não consigo afastar minha surpresa.

Ele realmente ganhou um dos prêmios mais importantes da coréia. Bem na minha frente.

Quando percebo, o holofote já está apontado para si, e, consequentemente, para mim também, que imediatamente tiro a expressão de surpreso e coloco um sorriso no rosto. Mas, afinal de contas, não é tão difícil.

Eu estou alegre. Quase soltando fogos de artifício.

Chanyeol, sorridente como uma criança, se levanta da seu lugar, me chamando com a mão. Por um milésimo de segundo, hesito na poltrona. Porque raios ele está me chamando para ir junto? Ninguém quer me ver.

Mas eu não tenho muito tempo para ficar confuso, e apenas seguro os seus dedos e deixo eles me levarem.

Caminhamos de mãos dadas pelo corredor de cadeiras. Sinto uma pequena lágrima escapando do meu olho direito, e imediatamente tento secá-la. Com o holofote apontado exatamente para nós, e com o pensamento de que estamos sendo transmitidos em rede nacional de televisão, lembro-me de como fico feio chorando.

Cubro a boca com a mão que não segura a de Chanyeol, esperando que isso possa disfarçar o bastante. Estou  tão instável em meu próprio corpo que sinto que posso estar fazendo uma careta ridícula e não percebendo, e com o pé dormente, propenso a tropeçar.

Graças aos céus, eu não tropeço. Nem mesmo quando temos que subir os famosos degraus para chegar ao palco. Consigo seguir Chanyeol porque eu sei que é ele quem estou seguindo. E eu acompanho bem seu ritmo.

Quando chegamos ao microfone, posto em uma espécie de púlpito que de repente parece muito pequeno para o tamanho de Chanyeol, ele parece apertar mais forte a minha mão, o que me deixa com um pouco de dor – bem desprezível se comparada à felicidade que sinto por estar aqui com ele.

Eu aperto sua mão de volta.

Todas essas pessoas importantes, inteligentes, bonitas e talentosas se estendem abaixo de nós. Toda a glória, paixão, e poderes da vida, se ajoelhando a nós. Tudo isso nos olhando com um olhar escuro, como pupilas negras de um monstro. Mas ainda assim, um monstro que nos faz sentir poderosos por não conseguir nos alcançar.

Eu mal posso imaginar o que ele mesmo deve estar sentindo nesse momento.

Lee Minhyuk coloca a medalha de ouro no pescoço de Chanyeol, qual o agradece com uma reverencia. A medalha parece pesada. É brilhante e cheia de detalhes, digna de ser uma medalha de Chanyeol. Ele segura forte a medalha como se pudesse segurar em sua mão toda a importância que ela tem para ele.

– Obrigado, Seul. Obrigado, Cult Seul – ele começa seu discurso, com um sorriso de orelha a orelha. – Obrigado a todos aqueles que leram algum livro meu, ou sequer deram alguma importância a qualquer frase minha. Obrigado também ao meu namorado Baekhyun – ele olha para mim e pisca –, por ter vindo aqui me apoiar, e por ter comprado meus livros mesmo antes de nos conhecermos.

 A platéia ri.

– Acho que ser um escritor é algo de muita responsabilidade e coragem. Mais ainda para mim, com os temas que escrevo e o público para qual me direciono. Entretanto... mesmo com toda a vaia, com toda a discordância, e com todas as críticas que eu pudesse levar, eu nunca desistiria de fazer o que eu faço. Nunca.

Uma pausa para os aplausos.

– Porque, para mim, escrever se faz de vida, de fazer com que um final feliz dure para sempre. Se faz de construir uma história e depois destruí-la, se faz de deixar uma história para o mundo. Se faz de tornar personalidades imortais, mas também, infelizmente, matar outras. Se faz de sorrisos, lágrimas, loucura e, sem dúvida, sanidade. A todos os escritores do mundo, famosos ou não: por favor, não parem de escrever. Deixe o mundo ter a oportunidade de ouvi-los. E, quanto a mim, vou sempre estar aqui, por quanto tempo me permitirem. Isso é tudo. Muito, muito obrigado mesmo.

Os aplausos invadem meus ouvidos como um tsunami, parece mil vezes mais forte.

 

...

 

– Tem certeza que não vai ficar para a festa? – pergunto. – Você parece se dar bem com todo mundo.

– Lugar de poetas não é em festas – dá um meio sorriso. – É como se você tentasse encaixar um cilindro em uma abertura triangular naqueles brinquedos de crianças de quatro anos.

– Ok... – digo, pensando nos outros que também saíram do evento, enquanto Chanyeol ainda se despedia de todo mundo. – Mas você não é um escritor qualquer...

– Ainda assim, um escritor – ele toca o dedo na ponta do meu nariz.

Estamos caminhando pelo enorme estacionamento que fica nos fundos do teatro, procurando o carro negro de Chanyeol. Pegamos a chave em uma pequena cabine na saída, onde uma senhora monitorava uniformizada. Ela olhou para Chanyeol, sorriu, e pegou sua chave em um dos vários compartimentos na parede. Disse que adorava seus livros e o parabenizou pelo premio. Ela era bem simpática.

– Aqui! G26 – diz ele ao achar sua vaga, destravando o carro.

Rio ao entrar no banco de passageiro.

– Se você tivesse decidido ficar na festa, esse carro iria ficar aqui? – pergunto, quando ele entra. – Eu não iria dirigir bêbado, e muito menos você.

Ele olha para mim, rindo.

– Qual a parte do “poetas não se encaixam em festas” você não entendeu?

Ergo os ombros.

– Só pensando.

Olho para a janela quando saímos do estacionamento e as ruas da cidade aparecem. As luzes, o céu negro, os prédios sombrios – fechados.

Não todos os prédios, porém, já que o teatro da Cult Seul ainda está bem iluminado pelos seus holofotes que dançam pelo céu. É impossível passar por ele e ignorar todo seu brilho, suas lâmpadas e resplandecência.

– Tenho que falar com Kyungsoo e Yooa – digo. – Falei para eles que iria dar sinal de vida quando saísse.

– E seu avô? Vai falar com ele?

– Ele provavelmente dormiu depois que você ganhou o premio – rio. – Duvido muito que vá atender alguma ligação minha.

Mando uma mensagem para o grupo dos dois.

[Estou indo para casa, foi tudo muito bonito]

Yooa: [Ai que booom Baekhyun! Eu assisti tudo, você estava tão lindo!]

Kyungsoo: [Mas que diabos? Eu ‘tava esperando uma mensagem às cinco da manhã, e não à meia noite! O que aconteceu com o After Party?]

[Chanyeol não quis ir, ele diz que não é um lugar para poetas]

Yooa: [HAHAHHAHAHA ele ta certo!!]

No mesmo instante, meu celular começa a tocar. É Kyungsoo.

– Alo??? – fico desnorteado com a ligação.

É sério esse negocio do After party?

– É bem sério – rio. – Estamos indo para casa.

Meu rabo! Tava pensando que você ia realmente ficar doido nessa festa – ele fala, então suspira. – Mas tudo bem, acho que não está tudo perdido.

– Perdido? Não tem nada perdido, ta tudo bem. – falo, com segurança, olhando para a cara confusa que Chanyeol me lança. Faço um gesto com a mão para ele deixar para lá. – Porque você me ligou Kyungsoo?

– Chanyeol está ouvindo?

Olho para o de cabelos vermelhos, atento ao transito.

– Não.

– To ligando para me certificar de que você transe, idiota.

– O QUE? – eu grito, e Chanyeol até freia por um momento, em reação ao susto que toma. – Que merda é essa Kyungsoo? É claro que eu... Eu... Eu s-sei me virar sozinho.

Chanyeol ri, e eu me pergunto por quê. Será que ele está escutando?

– Claro que sabe. – Ouço a voz cínica de Kyungsoo. – Escuta, Baekhyun, é bom que você faça o que eu to falando, entendeu? Você vai pedir para ele te deixar dentro do apartamento, do apartamento, Baekhyun! Não quero porra nenhuma de “na frente do  prédio, beijinho, e tchau!” entendeu?

Levo a minha mão à testa.

– Eu não acredito que...

Baekhyun, você sabe por que eu estou me preocupando. VOCÊ AGE COMO SE FOSSE UMA GAROTINHA DE QUINZE ANOS! Desse jeito, coitado dele, só vai transar contigo depois de um ano de abstinência.

– Kyungsoo.

Ah, e não ouse me confrontar, você sabe que...

– Pinguinzinho...

– Ta – ele cede. – Parei. Eu vou dormir. Esquece de mim um pouco, foca no objetivo.

MEU DEUS!

– Kyungsoo, não tem objetivo!

– Boa noite, Baekhyun!

Ele desliga, e eu não ouço mais nada.

Olho para a tela do celular, me perguntando o que acabou de acontecer aqui. Imagino Kyungsoo em sua cama, com a sua expressão gloriosa de quem sabe que tem razão e que sabe de tudo. É típico dele.

– O que ele queria? – Chanyeol pergunta enquanto troca de marcha.

– Encher meu saco.

A risada de Chanyeol me penetra os ouvidos como se fosse uma pequena aranhinha caminhando pelo meu corpo.

– Porque está rindo?? Porque riu?

– Nada – ele fala, tentando disfarçar o riso, desviando o olhar do meu. – Nada mesmo.

Eu suspiro, e me distraio com a minha janela.

– É bom você não ter ouvido...

– Eu não precisava ouvir, Baekhyun... – ele descansa a mão em minha coxa, chamando minha atenção. – Seu rosto vermelho já dizia muita coisa.

Eu reviro os olhos e suspiro.

– Ah não...

Ele ri com aquele sua risada arreganhada como a de uma criança, e tira a mão da minha coxa, voltando a atenção para o transito. Eu não mereço Chanyeol, mesmo.

Tento não me preocupar muito com o que Kyungsoo falou. Quer dizer, eu sou tão tapado assim? Eu tenho meus complexos, mas não sabia que isso estava afetando, ainda, minha relação com Chanyeol. Não era para estar. Como Kyungsoo sempre diz: eu deveria ter superado isso há muito tempo.

Mas, vai ver eu sou assim, e não tem mais jeito. Foi o que o tempo me tornou. Careta, tradicional, que brinca com massinha, e escasseia sexo para o próprio namorado. Eu não sabia que iria ficar assim.

Quando percebo, minha visão se desvia para Chanyeol, enquanto ele dirige. Caramba, não é como se eu não tivesse vontade, sabe? As veias saltadas de seu pescoço, a sua cara séria (quando ele consegue permanecer em uma), o seu corpo enorme... tudo isso me deixa maluco. Tudo isso.

Paramos em um sinal vermelho, e ele percebe meu olhar pousado em si. Não desvio, já que não tenho vontade. Então ele se aproxima e me beija, com uma mão na barra da minha camisa. Nossos lábios guerreiam tanto, em uma batalha tão lenta, que chega a fazer pequenos estalos dentro do carro.

Sua mão adentra minha camisa, acaricia a pele.

E então, o sinal abre.

 

...

 

Eu não sabia que ia ser assim tão fácil. Quando Kyungsoo falou, pareceu até difícil.

Mas a verdade é que quando entramos no elevador, já estamos nos beijando enfurecidamente, mordendo os lábios, consumindo-os. Eu estou sendo queimado por Chanyeol novamente e eu não consigo parar.

Agarro seu pescoço, como fosse enforcá-lo, de tanta obsessão. Ele agarra meus quadris e traz-me mais para perto de si, enquanto suas mãos de repente estão passando pela pele do final da minha costa. Estão apertando a carne ali, como se fosse uma das minhas massinhas. Ele vai me modelar até eu estar todo vermelho.

Não consigo falar, só fazer.

Embora meu andar seja próximo, dá tempo de eu tirar seu blazer, algo que parece que ele estava muito ansioso para fazer. Assim, seu peitoral aparece para mim, de repente, como uma paisagem esplêndida, coberto apenas por aquele pano branco de camisa social, frágil, que parece muito fácil de rasgar. E como eu quero rasgá-lo.

O elevador para em meu andar, e as portas se abrem. Não consigo largar Chanyeol pelo caminho. É uma cena até engraçada, nós dois andando juntos, colados, enquanto eu tento tirar sua camisa, botão por botão. Ele sela minha face e desce pelo meu pescoço enquanto desabotôo sua camisa, com um beijo gostoso e quente.

Ele ri. E eu rio.

Porem alguém precisa destrancar a porta. E enquanto eu faço isso, ele não sai de trás de mim, beijando meu pescoço, com a sua respiração perto da minha orelha. Suas mãos apertam os lados dos quadris. Acho que eu nunca me senti tão desejado.

Finalmente, por tudo que é mais sagrado, eu abro a porta.

É como se eu tivesse aberto a porta para um furacão, porque é isso que somos. Nós giramos como um, como se estivéssemos dançando pela minha sala de estar, e somos selvagens como um. Consigo tirar a camisa de Chanyeol, finalmente.

Fico atônito por um momento, não sabendo o que fazer. Até parece que, por agora, eu perdi toda a minha experiência com peitorais de homens. Não sei o que fazer com toda essa carne, essa pele, esse peito impecável na minha frente.

Chanyeol faz por mim.

Ele me empurra.

Me empurra pelo corredor, me olhando com uma expressão selvagem, eu consigo ver que ele está morrendo de vontade e isso me faz morder o lábio inferior, provocativo.

Eu o conduzo até meu quarto, ou ele me conduz? Só sei que acabamos lá, e mais uma vez, Chanyeol me empurra, dessa vez contra a minha estante, com prateleiras de vidro. Eu ouço as coisas tilintarem, mas não me importo, porque um Chanyeol seminu está sobre mim, acabando comigo. Sua língua e a minha se confrontam em uma competição tão forte, tão molhada, sobre quem consegue ir mais fundo. Eu não consigo pensar em mais nada.

Eu não consigo pensar em mais nada quando ele me joga na cama.

Quando ele tira minha blusa.

Quando ele tira minha calça. Como se eu fosse uma criança.

Quando ele simplesmente me queima de novo, me fazendo ir desde o céu até o inferno e voltar.

Não consigo pensar em nada enquanto admiro a prazerosa expressão de Chanyeol de angústia e desejo pensando com orgulho que fui eu qe fiz isso com ele. E ele suprime vários gemidos que ousam sair de sua boca, insano pelo ato que se desencadeia em meu próprio  quarto. Eu não suprimo nenhum, somente porque eu não consigo pensar em nenhuma consequência sequer.

Me sinto livre.

 

...

 

Eu não me lembro do meu sonho quando acordo, até porque não tenho muito espaço para lembrar.

A linha fraca entre o sono e o acordar é gradualmente dispersa com a textura úmida e quentinha em meu rosto, que ao abrir os olhos demoro um tempo para descobrir que são beijos do de cabelos vermelhos. Minha visão embaçada os visualiza primeiro, como se fossem uma fogueira que estala quando me toca, e depois consigo enxergar toda a expressão extremamente carinhosa dele.

– Bom dia.  – diz ele, lentamente tirando meu cabelo do meu rosto.

Suspiro em sua frente, enquanto tento acordar do meu estado de torpor. Ele é tão lindo, tão precioso, ainda não consigo acreditar que possa ser presenteado com algo tão enorme em minha vida. Ainda mais nessa manhã ligeiramente fria, onde sou acordado por beijos quentes.

Arregalo os olhos quando olho para a sua roupa. Ele não está deitado comigo, como eu pensava que estaria, mas está fora da cama, ajoelhado ao meu lado, com a blusa social que usou ontem toda amassada, e a calça formal.

Ajeito-me na cama, me sentando devagar.

– Não se levante, continue dormindo, por favor... – ele pede.

– Ah, sai fora, Chanyeol – reclamo, tentando cobrir meu peito magro e nu com o lençol, e ainda me manter digno diante de um Chanyeol todo arrumado. – Porque você está vestido? Porque não me acordou antes?

Ele ri.

– Tenho algumas coisas para fazer na editora. Não posso ficar aqui por mais tempo.

Estreito os olhos para si, desconfiado.

– Tem certeza?

– Tenho – ele assente. – Só vim aqui me despedir. Eu amei cada parte, Baek... Tudo.

Abano a cabeça em decepção.

– Palhaço.

– Ei! – ele protesta, com um sorriso. – Você fica de mau humor mesmo de manhã, hm? Eu fui fazer café para você, mas só tinha chocolate quente...

– É porque eu não gosto de café.

– Jura? – Chanyeol sorri de lado, como se esse fato fosse muito interessante.

– Juro – digo, encolhendo os ombros.

– Eu amo café!

– Eu percebo, Chanyeol, você praticamente cheira a café toda vez que eu te vejo.

Ele parece concordar por um instante.

– Isso é ruim?

– Claro que não!  - rio levemente, cutucando sua testa. – Não acredito que realmente está indo logo de manhã...

Me faz pensar que ele nem me aguenta mais.

– Eu tenho que ir, Baekhyun. – ele segura minhas mãos, olhando em meus olhos. – Me ligaram agora de manhã. Eu também odeio te deixar só agora, mas eu preciso, ok?

Ele começa a dar beijo estalados em minhas mãos, e eu rio com todo esse afeto.

– Tudo bem... Pode ir.

Ele me dá um beijo demorado na testa, e olha nos meus olhos novamente por um momento. Parece hesitar em ir, mas, antes que possa mudar de ideia, se afasta de mim com um salto, e começa a andar com passos largos.

– Não esqueça de tomar o chocolate em cima da mesa! – Ele fala, saindo do quarto, mas ainda consigo ouvi-lo pelo corredor. – Nem de comer o Kimchi que eu preparei para você!

Desde quando ele conhece a minha cozinha para fazer Kimchi??

De repente, me lembro de algo.

– Chanyeol – chamo, e ouço seus passos voltando no corredor. Ele coloca a cabeça para dentro do quarto, espreitando. – Cadê o seu blazer?

Ele ri, com um riso sapeca, e coloca as duas mãos atrás da costa.

– Acho que deixamos no elevador.

Um riso se prende em minha garganta.

– Foi o que eu pensei.

 

...

 

Essa segunda-feira... Ah, essa segunda parece ser melhor que todas as outras.

Talvez fosse pelo céu cinza em que Seul amanheceu, ou pelo chocolate mais doce que já tomei ter vindo na minha mesa hoje, e o Croissant também estar quentinho quando comecei a comê-lo. Talvez fosse pelo jornal – já que ninguém me encheu o saco no domingo, e fiz todo o meu trabalho direitinho.

Ou talvez... Só fosse por Chaneyol mesmo.

O sentimento parece que me persegue. Não se vai com ele, quando ele parte, mas perdura dentro de mim, me fazendo sorrir em cada ação simples e estar de bom humor em plena Segunda. Faz com que meu positivismo volte, e que eu ache que tudo no dia pode dar certo.

Eu nem olhei feio para Nayeon quando nossos olhares se cruzaram.

Talvez meu dia esteja realmente sendo bom, afinal.

Quando arrumo minhas coisas na mesa, e saio do trabalho para almoçar com meus dois melhores amigos, percebo que estar sorridente talvez não seja tão bom assim.

Sentamo-nos para comer em um restaurante de esquina, as pessoas conversam baixinho e a cidade de Seul acontece lá fora. Tomo meu suco pelo canudinho, um olhar desconfiado pros dois, que se mantém calados em suas cadeiras.

– O que foi? Vocês não vão falar nada? – digo, pegando os hashis na minha bandeja e os desembrulhando – Ficam olhando para mim com essa expressão pretensiosa de vocês, como se fossem fiscais.

– É que você está bem sorridente, Baekhyun – comenta Kyungsoo.

– E normalmente você não é tão sorridente assim – Yooa apenas completa.

Alterno o olhar entre os dois.

– Não... posso estar feliz? Todos no trabalho me parabenizaram hoje por me verem com Chanyeol na TV, por estar feliz e...

De repente, uma tempestade cai em cima de mim. Os dois me atacam com xingamentos, ofensas, buscas por satisfação. Jogam tudo em mim como pedras que jogavam nas jovens adúlteras do passado. São tantos palavrões que não consigo identificar um sequer.

– Parem, parem! – Peço, olhando para os dois em cima de mim. Eles levantaram de suas cadeiras, prontos para me bater (destaca-se Kyungsoo nesse quesito). – Parem! Pelo amor de deus, o que vocês querem tanto saber?

– Você não contou nada pra gente da premiação.

– Ficou desviando das perguntas.

– Ontem estava praticamente inacessível.

– Quero saber se acha que somos palhaços, Baekhyun.

– Eu... – tento falar. – Estava trabalhando.

– Trabalhando meu rabo! – Kyungsoo se exalta. – Aposto que você nem lembrou de ter trago o autografo de...

– Song JoongKi? – interrompo – Eu trouxe. – Abro minha bolsa e começo a procurar na minha agenda. Arranco as folhas. – E trouxe o autógrafo de Lee SangYoon para a  você também, Yooa.

Entrego as folhas a eles, que ficam abismados olhando para os pedaços de papel. Esses mal crescidos... Depois me chamam de adolescente!

– Ta vendo? – falo. – Era só dar tempo ao tempo, que eu daria para vocês. Vocês são muito apressados. Como eu disse, eu estava trabalhando ontem.

Coloco um pouco do meu ensopado na boca, satisfeito com o meu desempenho até aqui. Então olho para suas feições, e noto que eles ainda não parecem convencidos com nenhuma palavra do que eu disse.

Yooa, de braços cruzados, solta:

– Eu quero uma Noitada.

Kyungsoo apenas concorda, erguendo as sobrancelhas.

– O que? Uma Noitada? Não sabia que estávamos no pique pra uma – digo, com um leve sorriso.

Kyungsoo revira os olhos.

– Bom, depois que alguém aqui acabou sendo totalmente sugado por um escritor bonitão, acho no mínimo justo entrarmos no clima para uma.

– O que? – protesto. – Do que você tá falando?? Eu não fui sugado, nem nada. Pelo amor de deus, quem são vocês? Eu continuo a mesma pessoa com vocês que sempre fui há cinco anos.

– Não mesmo.

– De jeito nenhum.

Deixo meus ombros caírem, e assim também descanso a colher em cima da mesa. Não é possível que eles estejam falando isso veemente, de pés juntos. Não é justo comigo. Eu não mudei nada!

Mas é fácil me colocar no lugar deles. Nós sempre fomos muito unidos, unidos demais para falar a verdade. Quando Yooa arranjou alguém, ano passado, também foi assim, eu e Kyungsoo nos unimos contra ela, como se ela estivesse nos desprezando. E, mesmo que não fosse tão grave, nós nos sentíamos colocados de lado, e era isso que importava.

– Ok – falo por fim. – É uma noitada que vocês querem, é isso que vocês vão ter.

Yooa levanta as sobrancelhas. Quando se empertiga na cadeira, seus cabelos laranja caem ao lado de seu rosto,.

– Sério?

– Tem que ser na sua casa – Kyungsoo logo se impõe, desembrulhando seus hashis.

– Que seja. – Concordo, colocando um pedaço de batata na boca. - Mas vocês têm que trazer tudo.

Logo, nós começamos a nos organizar, mas nada muito diferente da ultima vez que nos reunimos. Yooa com as bebidas, Kyungsoo com os vídeo-games, e eu com os salgadinhos. Irá começar na sexta, então tenho que visitar meu avô antes disso, para não ficar sem visitá-lo durante a semana. Nós três teremos que adiantar trabalho, e deixar algumas responsabilidades na mão de outros, o que pudermos, já que vamos ficar desligados por pelo menos trinta e seis horas.

Já está tudo combinado quando Yooa faz um comentário sobre a última vez que viramos a noite; Kyungsoo vomitou umas duas vezes e mesmo assim não parava de beber. Também falo que ela mesma não estava muito sã naquela noite, já que quebrou todos os meus porta-retratos que estavam na estante.

 Logo Kyungsoo entra, lembrando do vídeo que gravaram de uma cena em que eu estava cantando alegremente “My Heart Will Go On” junto a uma vassoura. Eu rodopiava com o utensílio pela sala como se estivesse no filme A Bela e a Fera.

 Eles não me dizem onde está o vídeo, mas deixam claro que está bem escondido e que eu nunca vou tocar um dedo nele. Faço um bico, dessa vez intencionalmente. Assim, eles riem mais ainda, lembrando um ao outro dos meus tropeços enquanto dançava a música.

– Baekhyun não sabe conduzir nem uma vassoura! – Kyungsoo fala, às gargalhadas, quase chorando de tanto rir.

E eu acabo por não segurar a risada também.

 

...

 

– Então, como estava seu avô? – Chanyeol me pergunta gentilmente, abrindo a porta do café para me deixar entrar primeiro.

Ele me buscou no hospital, onde visitei meu avô, prometendo me levar para um café ali próximo, para podermos comer e conversar. Ele segura minha mão durante todo o percurso, o que é, sinceramente, um tanto reconfortante.

 – Estava bem, ele gostou de ter me visto na premiação.

Hoje é quinta, um dia antes da Noitada e eu estou com os nervos à flor da pele de tanta ansiedade. Ainda não falei sobre ela para Chanyeol, estou adiando esse momento, empurrando-o com a barriga. Admito ficar com medo do que ele irá pensar quanto a isso; não parece que ele irá ficar animado tanto quanto eu.

Olho aos redores; é difícil achar uma mesa. Há muitas pessoas comendo nesse horário, no final da tarde. Elas conversam tranquilamente enquanto tomam suas bebidas quentes.

– Boa tarde, sejam bem vindos – uma recepcionista vem em nossa direção, com um sorriso estático. – Aqui em baixo não há muitas mesas, como podem ver, há muita gente hoje. Gostariam de ir para o segundo andar? Está bem mais tranquilo lá e imagino que a privacidade também os agrade.

Faço uma careta com a menção de um segundo andar.

– Não, desculpe. – Chanyeol sorri. – Ele não gosta de altura, não tem uma mesa para dois aqui mesmo?

Arregalo os olhos para ele, mas passo despercebido.

– Claro que sim, sigam-me.

Então, a mulher sai na frente, desfilando com seu salto alto, e nós vamos atrás. Dessa vez, eu cutuco Chanyeol, e enfim consigo sua atenção.

– Chanyeol, como raios você sabe que eu tenho medo de altura?

Ele franze as sobrancelhas e desvia os olhos. Abre a boca uma vez para falar, e então repensa.

– E-eu não sabia... – gagueja. – Não sabia. Só falei aquilo para... Para não ter que subir a escada.

Ele sorri para mim, procurando meu sorriso de volta, mas não acha.

De repente Chanyeol parece nervoso? Sem resposta? Ele fica procurando palavras em pontos aleatórios ao redor, sua mão levemente tremendo junto a minha; dá até vontade de rir, mas não tenho humor para tanto.

– Pois é – falo, emburrado. – Eu tenho problema com altura.

Não acredito em nenhuma silaba do que ele disse. Ele parecia bem convencido quando falou com a garota que eu tinha medo de altura, então é claro que ele já sabia. Alguém deve ter lhe contado, alguém que claramente quis zoar com a minha cara. Yooa e Kyungsoo, dois nomes óbvios para tal ato.

Eu não gosto que isso se espalhe. Nunca gostei de falar desse problema, me sinto vulnerável quando ele vem à tona.

Sentamo-nos à mesa, um ao lado do outro no sofá. Ele continua com o mesmo olhar preocupado, até mesmo quando eu pego o cardápio tentando escolher o que vou pedir. Não olho para ele.

– Você quer falar sobre seu problema com altura?

– Não.

– Está com raiva?

– Talvez.

– E porque?

– Porque alguém te contou isso, e eu odeio que falem sobre isso.

– Ninguém me contou Baekhyun... Eu nem sabia!

– Ah, não fode, Chanyeol  – empurro-o com a mão para longe de mim.

Então o silêncio se instala na mesa. Um silêncio que eu acho justo. Nós dois sentados ali, ele se aproximando, com a cabeça em meu ombro, tentando ver o cardápio também, e eu com um bico no rosto. Nós dois com o mesmo objetivo: esperar minha raiva passar.

Depois de um tempo de puro silêncio, eu falo.

– Vai ter uma Noitada.

Chanyeol se empertiga na cadeira, procurando meus olhos.

– O que?

– Vai ter uma Noitada. Vou te deixar com a chave de casa. Quero que você entre apenas se acontecer alguma merda e não acordamos até segunda.

– O que seria uma... noitada? – ele pergunta, confuso, a cabeça inclinando levemente para o lado.

Balanço a cabeça, ainda de mau humor, e abaixo o cardápio para procurar uma garçonete. Já escolhi o que irei pedir.

– Você vai ver, Chanyeol – falo sem olhar para ele.

Você vai ver.


Notas Finais


É issoooooooo

Eu sei que eu demoro, mas um dos motivos para eu demorar tanto é que eu gosto de deixar os capítulos bem feitos, e encaixados uns nos outros. Cada um tem uma importância enorme para mim, e eu tento meu máximo deixar eles o melhor possível :')

Muito obrigada pelo carinho.
Até o próximo! Que eu espero não demorar ^^

[p.s: não me matem pelo não-lemon pelo amor de deus, ta na indicação da fic. Amo vcs bjs]


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