História D.R.a.C.O - But my jolly sailor bold

12  –  But my jolly sailor bold

Harry POV

 – Harry! Harry!

Gemi qualquer coisa ao ouvir a voz baixinha chamar, um tanto abafada.

 – Harry!

Abri os olhos, ou talvez não.

Porque me senti desperto, e tentei levantar, mas percebi que não conseguia, assim como não consegui ver nada ao abrir os olhos.

Sentia que as pálpebras não estavam juntas, mas não enxergava nada além de uma profunda escuridão assustadora e gelada.

Muito gelada.

Encolhi-me em mim mesmo ao sentir frio, mas me distrai disso ao lembrar que tinha ouvido meu nome.

 – Quem? – Questionei grogue.

 – Harry? – Novamente ouvi a voz baixinha ecoar, e pisquei atordoado, sentando.

Sentia a minha cama abaixo de mim, embora ainda não pudesse enxergar nada.

Eu nunca havia ouvido aquela voz em toda a minha vida.

Nunca.

Mas de alguma forma que eu não sabia explicar, eu sabia exatamente quem me chamava.

 – Draco?

 – Harry – Ouvi novamente meu nome, seguido de um suspiro – O que você acha que está fazendo?

 – Draco, é você não é? Eu sei que é – Questionei, sentindo que minhas mãos tremiam – O que está havendo? Como estou ouvindo você?

 – Harry, você precisa parar com isso. Precisa parar de me procurar.

 – O que? Não! Draco! Eu... Eu preciso te encontrar! Preciso achar você, e te dizer que...

 – Harry, pare com isso! Você deve ficar na terra! Lá é seu lugar! O mar é perigoso!

 – Eu sou um pirata!

 – Um pirata que liberta prisioneiros? – Ouvi a voz doce, que me fazia querer sorrir – Harry, o mar não é para você. Você é bom demais para estar envolvido nisso. A pirataria não é seu lugar. Você precisa me esquecer.

 – Draco, eu jamais consegui te esquecer. Lembro-me de cada detalhe de...

 – Harry, me escute com atenção. Nós, as sereias, quando temos muito medo, conseguimos enfeitiçar as pessoas. Conseguimos encantar e seduzir, de um jeito que você vai pensar e sentir coisas... Que não são reais. Eu queria ser solto, e eu te enganei. Eu sinto muito por tudo isso, Harry. Mas eu precisava fugir. A minha vida dependia disso.

 – Não é verdade.

 – Harry, você precisa acreditar em mim. Isso tudo o que vem vivendo é uma mentira. Eu te usei para fugir, porque é assim que as cosias funcionam.

 – Você está aqui? Está no barco? Perto?

 – Não, Harry. Eu não estou aqui.

 – E como posso te ouvir? Isso é real? Ou esteve acontecendo apenas em minha mente?

 –  Claro que está acontecendo em sua mente, Harry, mas por que isto significa que não é real?

 – Porque está dizendo essas coisas? Draco, nós precisamos conversar e... Você me disse que não podia falar...! Então como...!

 – Harry, me esqueça. Na próxima vez, pode acabar ferido por uma de minhas irmãs. Eu te avisei. Me esqueça.

 – Mas Draco, o que aconteceu naquela época...

 – Não significou nada para mim. Adeus, Harry Potter.

E de uma só vez eu senti minha visão voltar, fazendo meus olhos queimarem com força, e olhei confuso ao redor, tentando me situar.

Ainda estava no meu quarto, e tinham manchas de sangue na minha cama, porque o ferimento da mão estava sangrando.

Mas eu estava sozinho.

Levantei num pulo, saindo do quarto atordoado, olhando ao redor.

Ainda não conseguia compreender o que havia acontecido, mas eu precisava ver com meus próprios olhos.

Caminhei trôpego pelo convés, vendo que tinham poucos marujos ali, parecendo cansados.

Já era noite, e provavelmente estavam revezando o turno para poderem dormir, afinal os marujos designados para a missão não eram com piratas, e eles domiam em camas, e não caídos no convés após beberem até não se aguentarem em pé.

 – Harry! – Arfei de susto ao sentir um toque no meu ombro, e me virei assustado, vendo Remo me olhando sem entender, com certa preocupação – O que houve, querido? Parece assustado?

 – Ele está aqui!

 – Como? – Questionou sem entender, e eu caminhei apressado, até poder olhar para fora, e ver o mar calmo abaixo de nós.

 – Ele está aqui! Eu ouvi, ele falou comigo!

 – Você tinha dito que ele não podia falar.

 – Mas ele falou comigo! Eu ouvi, padrinho! Ele falou comigo, aqui, na minha cabeça – Resmunguei, e Remo arregalou os olhos, e de uma forma que eu jamais tinha visto, ele me agarrou pelas roupas e me empurrou com força – O que foi?

 – Vem – Bradou entre dentes, me empurrando para dentro do meu quarto novamente, e fechou a porta atrás de nós.

 – Padrinho?

Ele parecia nem me ouvir, pois me fez sentar, se ajoelhando na minha frente e desenrolou meu ferimento com pressa.

 – O que houve com a tatuagem?

 – Tatuagem?

 – A sua tatuagem, Harry! – Falou com urgência, e eu ainda não entendia nada, ainda mais quando ele arfou assustado ao ver finalmente o meu ferimento – Por Medusa – Bradou, descrente.

Olhei sem entender para a tatuagem, que Siris havia me feito fazer há anos atrás, que dizia "O mar não pode me ferir”

A navalha havia sido afundada perto do ‘r’, e era ali que sangrava.

 – O que tem?

 – Não essa! Essa! – Virou um pouco meu pulso, me fazendo ver que o corte se estendia até uma das pontas da cruz que Remo havia feito eu e Sirius tatuamos, por ser uma proteção de sua religião que ele cismou que deveríamos fazer.

 – Padrinho, eu não estou entendendo o que está havendo – Afirmei, e ele me olhou temeroso.

 – Harry, o que foi que Dragão te contou?

 – Ele... Me disse que usou um dom que ele tem para me encantar e eu o soltar. Disse para eu sair do mar, porque é perigoso. E... Que não significou nada para ele tudo aquilo. Mas eu não entendo. Porque ele só disse agora? Porque não veio antes me dizer que não é para procurar por ele?

Remo suspirou, ainda ajoelhado.

 – Porque a sua tatuagem o impedia te encontrar sua mente e de falar com você.

 – Como? Não entendi – Afirmei, ainda confuso.

Eu estava sonhando ainda?

 – Essa tatuagem, Harry. O desenho, na realidade. É como... Como a cruz funciona com demônios. Te protege deles. Esse símbolo não deixa nenhuma criatura em água ou terra invadir seus pensamentos, ou falar com você – Contou por fim, e eu o olhei sem entender.

 – Não tinha dito que era sua religião?

 – Eu posso ter precisado mentir – Confessou rindo baixinho – Não conte a Sirius, tudo bem? Eu descobri esse desenho em uma biblioteca, em uma das ilhas do Caribe. É muito legal, e eu li que é uma proteção contra qualquer influencia. Boa ou ruim, isso te protege de qualquer coisa que queira te encontrar, manipular ou falar com você por métodos... Não usuais. Eu achei que seria importante nos protegermos.

 – Mas você disse que nunca foi de acreditar nessas coisas.

 – Eu sempre disse que só acredito no que posso ver – Me corrigiu – Mas isso não significa que as coisas não existam - Sorriu bondoso - "Há mais coisas entre o céu e na terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia” - Recitou uma de suas frases preferidas, que eu nem se quer conseguia me lembrar de onde vinha.

 – Eu estou confuso. Então... Agora ele pode... Sabe, encontrar a minha mente e dizer coisas?

 – Pode, mas pela conversa de vocês, acho que ele não vai.

Suspirei, olhando para minhas próprias mãos, um tanto perdido.

 – O que acha que eu devo fazer?

 – Eu acho que você deve encontrar ele, Harry. Não é isso que seu coração quer?

 – Sim, mas...

 – Você é um pirata. Não obedece a ordens – Brincou e eu ri, dando de ombros.

 – Eu descobri que o nome dele é Draco. E não dragão - Contei por fim, afinal desde a conversa com a agressiva sereia horas anteriores, eu não tinha conversado com o padrinho sobre nada – Draco Mal-Foy.

Remo ergueu o rosto, um tanto pálido.

 – Mal-foy? Você disse Mal-foy? HARRY! – Bradou assustado, tampando a boca com as mãos.

 – O que?

 – Os Mal-Foy são a mais antiga e poderosa família em todo os sete mares!

 – Eu nunca ouvi falar deles – Franzi o cenho, e Remo suspirou.

 – Do outro lado dos sete mares – Apontou para baixo.

 – Padrinho, você está me confundindo.

 – Os Mal-Foy existem desde que o mundo é mundo. São os mais antigos ancestrais da natureza. São tão poderosos e...

Franzi o cenho e ele parou de falar.

O assombro ainda estava na feição dele, que pareceu aos poucos ter se arrependido de ter dito algo.

Eu jamais tinha visto Remo, sempre sereno e calmo com tanto tormento na expressão, de choque e surpresa.

 – Você... Como sabe disso se...

Silenciei-me, sem saber ao certo o que dizer.

Meu padrinho bondoso e cético, agora parecia ser um expert em sereias e suas famílias?

De certa forma, quando ouvi sua frase, eu já esperava por ela.

 – Eu sou um deles, Harry.