História D.R.a.C.O - I fear you'll ne'er return again

8 – I fear you'll ne'er return again

Harry POV

–É inadmissível! – Ouvi o grito forte, que me fez suspirar ao vê–lo bater em punhos novamente na mesa, e Remo apertou os dedos na ponte do nariz, com impaciência.

–Sirius, pare de gritar – Pediu com calma – Harry, querido, você entende o que fez? O que...

–Padrinho, eu não tenho mais dez anos – Falei paciente com o tom de pai repressor que ele usava – Eu entendo o que...

–Você não pode estar consciente, Harry! Todo e qualquer pirata vai te considerar um traidor!

–Eles já me acham pirado, então...

–Harry, é diferente te acharem estranho e te acharem traidor. Sabe que as penas para traição são as piores. O lugar mais perigoso para você será no mar. Qualquer um que souber disso e te encontrar, irá te caçar, antes que os cace. Você se colocou em perigo.

–Qual o preço?

–Como?  – Me virei para Sirius, que parecia impaciente.

–Qual o maldito preço disso, Harry? O que vale a sua vida? As nossas vidas?

–Eu não pedi para me acompanharem. Quando retornar, posso bancar vocês dois para que fiquem a salvo e...

–Eu não quero esse dinheiro sujo! – Sirius rugiu irritado, e Remo deu um fraco sorriso.

–O dinheiro da coroa britânica não é sujo, querido.

–Dinheiro sujo! – Resmungou – Dinheiro de traição! Dinheiro que paga o sangue dos nossos colegas de profissão!

–Por deus, Sirius, pirataria não é profissão!

–E eu sou o que, Remo? Um vagabundo? – Rugiu, e mesmo sabendo o que se passava pela cabeça do meu padrinho, vi que ele conteve qualquer comentário, e voltou a olhar para mim.

–Harry, essa sua busca por criaturas marinhas...

–Criatura. É apenas uma – Corrigi, e ele suspirou.

–Eu ainda não compreendo o que...

–Harry, eu sempre te falei que sereias eram o caminho fácil para a riqueza, mas você acabou de fazer o fácil se tornar impossível! – Sirius resmungou, batendo a porta com força ao sair, e eu me atirei em uma cadeira, suspirando ao ouvir o barulho de outra ser arrastada e logo Remo estava ao meu lado, e eu sentia que me olhava.

–Harry, eu sinto que essa sua obcessão sempre teve uma razão. E eu e Sirius queremos estar ao seu lado e cuidar de você. Mas precisa ser sincero conosco.

Suspirei, sabendo que seria a condição de Remo, e estava mais que disposto a compartilhar.

–Lembra quando eu era garoto, em uma viagem que o padrinho encontrou e capturou uma sereia?

–A sereia imaginária de Sirius?

–Não era imaginária, padrinho. Ela realmente existia. Eu a vi, nos dias que fiz a ronda.

–Eu sempre digo que você ficou assustado ao cair no mar, e que era apenas provavelmente um corpo ou peixe qualquer que...

–Não, padrinho. Eu vi – Reforcei, me virando para ele – Eu o vi, olhei nos olhos dele, nós até...

–Ele? Sereias não são...

–Não. Não necessariamente. Ele me disse que existem homens e mulheres.

–Ele disse? Como assim ‘disse’, Harry? A criatura falou com você?

–Ele não fala. Nenhum deles fala. Conversamos por gestos. Ele entende nossa linguagem e grande parte das coisas que dizemos. Mas não tem voz. Então conversamos por mímica, e ele me contou algumas coisas.

–E o que houve?

–Eu o soltei – Confessei – Abri o cofre, e o libertei. Um pouco antes de chegarmos na capital. Ele me puxou para o mar, para me mostrar as estrelas.

–Estrelas?

–Estava tentando me dizer o nome dele. E me mostrou as estrelas. Lembra do peixe dragão que tinha na minha mão quando me resgataram? Foi outra dica para me dizer que o nome dele é Dragão. Como a constelação.

Remo parecia extremamente confuso ao me olhar, e eu suspirei.

–Harry, o nome do seu navio é...

–Dragão Negro – Concordei, vendo ele franzir o cenho, e sabia que estava lembrando de quando me questionaram no porque do navio ter esse nome.

–Você... se apaixonou por ele naquela época?

–Não – Sorri fraca e tristemente – Eu sou apaixonado por ele até hoje.

–Mas, Harry...

–Eu não poderia deixar que o ferissem se o entregássemos, e o soltei. Pedi que fugisse. Mas eu quero encontrar o Dragão, Remo. E eu vou.

–Harry!

–Eu passei doze anos no mar, e passarei cem se for necessário para encontrar meu Dragão. Nada pode me impedir. Então... eu realmente espero que você me entenda.

Ele suspirou, se levantando e eu o segui com os olhos, duvidoso sobre seus pensamentos quando ele se sentou na mesinha de canto, suspirando pesadamente ao puxar alguns papeis.

–Remo? O que está fazendo?

–Bom, traçando rotas. Nós vamos para as Canárias buscar seu dragão, não é? Vamos reabastecer aqui, e acredito que em oito dias, no máximo... Estaremos lá – Começou a falar enquanto traçava coisas em uma folha, e eu sorri ao pensar que tinha padrinhos incríveis.

Sai do quarto deles e segui para o convés, vendo Sirius sentado no chão, com seu cantil de rum ao lado, olhando para o céu noturno.

–Padrinho? – Chamei e ele olhou para mim e suspirou, voltando a olhar ao céu.

–Todos os dias eu me pergunto, antes de dormir, se seus pais estariam decepcionados pelo caminho que eu te levei a tomar, garoto.

–Sirius...

–Sua mãe, eu sempre soube que não queria essa vida. Mas sempre me apaguei ao fato de que James teria orgulho de ver o filho sendo um capitão. De ver o filho seguindo seu caminho. Mas... você é como um filho para mim, Harry. E por deus, eu não o quero no meu caminho!

–Você está sempre feliz, sempre bebendo e tem uma pessoa incrível – Tentei brincar e ele suspirou.

–Eu nem estaria mais vivo se não fosse por ele – Olhou de canto para a direção onde estava seu quarto e seu companheiro – Piratas tem dias contados, Harry. A cada dia de vida, é um dia de sorte. Porque todos os dias é nosso dia de morrer.

–E é por isso que cada dia é importante, Sirius. Todo dia é um bom dia para morrer – Falei e ele riu, dando um soco no meu ombro com um sorriso.

–Mas nenhum dia estamos preparados para ver nossos afilhados teimosos morrer.

–Bom, se ele for teimoso de verdade, não vai morrer – Brinquei e ele riu nasalado e assentiu.

–Eu o perseguiria pela eternidade se tiver atrevimento para isso.

–Eu não desafiaria o Capitão Black.

Ri, olhando para o céu, e assim como todas as noites desde aquela, sentia as esperanças vivendo em mim.

Sim, eu iria encontrar meu dragão.